Há muito, muito tempo (uns 10 anos, para ser mais preciso), brincava de desmontar, lubrificar e colocar para funcionar sucatas de relógios. Ainda tenho o básico em casa, e de boa qualidade, um dia volto (pinças Precista, chaves AF, etc). Como o que me interessava era ver na prática o que lia em livros e, não dispunha de uma máquina de lavagem, fazia tudo pelo método tradicional, tal qual descrito no livro do De Carle, na "munheca" e com benzina.
Mas...Fiquei a pensar hoje. Eu desmontava o balanço, entenda-se, desconectava-o do suporte via piton. Então, palitava as pontas dos pivôs, rubi de impulso e dava um banho rápido de benzina. Montava novamente o conjunto (algumas vezes "consegui" entortar molas ao apertar o maldito piton!), mas lubrificava o anti-choque e colocava no lugar ANTES de encaixar o balanço no suporte (na platina, cock, como queiram).
Na prática diária, porém, vejo os relojoeiros colocando o balanço inteiro, fixo pela mola ao seu suporte, na máquina de lavar, de cabeça para baixo.
A pergunta que não quer calar: como encaixam as contra-pedras nessas situações? Por acaso os relojoeiros profissionais encaixam, já lubrificado, o anti-choque da parte de baixo (do outro lado da platina), colocam o conjunto completo do balanço sem o anti-choque (já fiz isso, é até mais fácil, pois o buraco onde o pivô terá que entrar é maior e com menos chance de quebra) e, só depois, o instalam, quando tudo já está "vibrando"?
Como é feito isso?
Flávio
Flávio, não sei se entendi direito a questão, mas vamos lá.
O balanço não precisa ser desmontado para lubrificar a contra-pedra. A não ser em relógios antigos em que tem que se desparafusar o chaton da contra-pedra por baixo da ponte. Mas com amortecedor de choques, o bloco sai inteiro. Nada justifica remover o balanço da ponte. Até porque isso implica em alteração do ajuste, da altura da montagem do piton, do index do regulador, etc. etc. Se não é necessário, não há porque fazer.
É ruim lavar o balanço com sua ponte solta na máquina de lavar. O troço chacoalha de um lado par ao outro e pode detonar a espiral. O certo é montar a ponte com o balanço na platina e lavar assim. As o bloco do amortecedor de choques e sua contra-pedra já estão removidos e serão lavados em uma cestinha especial.
Na montagem, lubrifica-se a contra-pedra fora do bloco, monta-se ela no bloco e primeiro monta o bloco da platina. Depois monta o balanço e por fim o bloco da ponte do balanço. Mesmo que ele já esteja funcionando, não há muito problema na ordem desse processo. É porque simplesmente é mais fácil montar o bloco da ponte do balanço com ela montada e devidamente apoiada na platina.
Continua a dúvida?
Abraço!
Adriano
Não, já fiz assim também. Bloco embaixo lubrificado, balanço completo colocado, ele começa a funcionar (com folga, já que não há o bloco superior) e, depois, encaixava o superior já lubrificado. É isso?
Flávio
Exatamente isso! O balanço fica lá meio "bobo" sem o bloco superior, funcionando meio capenga.
Mas se o fato de montar o bloco com ele funcionando te incomoda, é só fazer isso com a corda descarregada.
Abraço!
Adriano
como sempre o mestre Adriano preciso em suas explicações.
nada a acrescentar.
faço rigorosamente a mesma coisa.
e nunca coloco o balanço separado da platina. uma vez perdi uma espiral assim, pois ela enrolou de uma forma inacreditável.
obrigado mestre, pela aula.
abraços.
Meus amigos,
Sei que o que eu faço é prá lá de artesanal, em todas as minhas aventuras, sempre retiro o balanço com espiral, ponte, tudo junto e deixo de "molho" na benzinha por um tempo. Depois, deixo secar, coloco aquela gotinha mínima de óleo no rubi da platina e "quebro a cabeça" para conseguir chegar com o óleo no outro rubi, o da ponte.
É nuito bacana quando depois de montado de volta, ele começa a oscilar... demorei para conseguir acertar a posição da elipse, no começo, eu montava e desmontava varais vezes até que estivesse tudo no lugar.
É isso, vivendo, tentando, errando e aprendendo.
Abraços
Átalo