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Tópicos - flávio

#51
Pelo 7° ano consecutivo, a empresa de consultoria Morgan Stanley, em parceria com a LuxeConsult, disponibilizou um profundo estudo sobre o mercado relojoeiro suíço. As tendências verificadas em 2022 persistiram e intensificaram-se: incremento da polarização, com as maiores empresas adquirindo parcelas cadas vez mais expressivas do mercado; e a "premiumização", a criação de produtos mais caros e que reflitam a posição social do consumidor. Indicarei em uma sequência de postagens os mais relevantes dados extraídos da pesquisa. É importante ressaltar, inicialmente, que os smartwatches, ao contrário do propalado há alguns anos, pouco impacto tiveram sobre a indústria suíça de relógios como um todo: com a reabertura do mercado chinês, a Suíça ultrapassou, pela primeira vez, a barreira de 50 bilhões de francos em vendas em 2023, um crescimento de 8%. Duas exceções à "premiumização" foram verificadas: a Swatch teve o maior crescimento entre todas as empresas analisadas (faturamento 63% maior) e contribuiu com 75% do aumento de volume de vendas de toda indústria (900 mil unidades a mais); a Tissot, por sua vez, aumentou em 14% o seu faturamento, impulsionada pela linha PRX (60% de seu crescimento se deve a esta linha específica). Rolex, Audemars Piguet, Patek e Richard Mille subtraíram parcela de mercado de todas as outras empresas, intensificando a polarização: elas respondem sozinhas por 43,9% de todo faturamento da indústria. Os grandes grupos (Richemont, LVMH e Swatch) foram os maiores "doadores" de parcela de mercado, em virtude da performance discrepante de suas marcas. Swatch, Tissot, Vacheron Constantin e Cartier, por exemplo, tiveram bom desempenho; por outro lado, IWC, Panerai, Jaeger Le Coultre e Piaget não, o que impactou o faturamento total dos grupos aos quais pertencem. A Rolex se mostrou como a principal ganhadora de fatia de mercado das demais, ultrapassando, pela primeira vez na história, 10 bilhões de francos em faturamento. Seu domínio de mercado (30,3%) é algo sem precedentes na indústria do luxo (a título de exemplo, a Louis Vuitton, considerada exemplo de concentração o mercado de luxo, detém "apenas" 19% de todo mercado de bolsas).




#52
Fórum principal / Longines Ultra Quartz
06 Março 2024 às 15:16:47
Texto publicado agora no Instagram

Em 1927, enquanto trabalhavam nos laboratórios da Bell Telephone para criar um método confiável para determinação de frequências de transmissão de rádio, Warren Marrison e Joseph W. Horton acidentalmente fabricaram o primeiro relógio a quartzo da história: ao utilizarem um circuito eletrônico para dividir a frequência de um oscilador a quartzo, eles conseguiram acionar um motor síncrono que movimentava ponteiros. No entanto, o aparelho, que funcionava com válvulas, ocupava o volume de um aposento. O relógio a quartzo de pulso, assim, já existia como conceito, bastando "apenas" reduzir o tamanho do modelo de Marrison a míseros 3 cm³... As empresas suíças de relojoaria se interessaram pela tecnologia pouco tempo depois, sendo que Omega e Longines cronometraram os Jogos Olímpicos de 1952 com relógios a quartzo de fabricação própria. Em 1954, a Longines obteve o recorde de precisão nas competições de cronometria de Neuchatel, com um relógio a quartzo pouco maior do que uma caixa de sapatos. O próximo caminho era a miniaturização do modelo. Em 1964, a Longines firmou uma parceria com a empresa de engenharia eletrônica Bernard Golay, com o intuito de fabricar um relógio de pulso. Em 1967, no entanto, o CEH, que inclusive era patrocinado pela Longines, apresentou o 1° protótipo de relógio de pulso da história (Beta 1) que, submetido às competições naquele ano, pulverizou todos os recordes. O modelo, porém, utilizava um divisor de frequência flip-flop. O sistema em desenvolvimento pela Longines, muito mais simples, não utilizava divisores de frequência e, em tese, poderia ser produzido em massa em menor tempo. Então, apressou seu desenvolvimento e, em 20 de agosto de 1969, 4 meses antes do Seiko Astron e 8 meses antes do Beta 21, apresentou ao público o "Ultra-Quartz", o "primeiro relógio a quartzo comercializado do mundo". Em 2010, em um canto obscuro do Museu de Relojoaria de La Chaux de Fonds, deparei-me com algo de que nunca ouvira falar, um módulo do "Ultra-Quartz", um emaranhado de componentes eletrônicos soldados à mão. A realidade é que a marca só conseguiu comercializar os primeiros modelos em 1971, transformando-o em um rodapé na história da relojoaria....




#53
Excelente vídeo publicado recentemente pelo Tim Mosso, ajustando vários tipos de calendários:

- Patek, o tradicional, com a necessidade de prestar atenção nas horas de ajuste e com necessidade de utilizar chave para acionadores;
- IWC, mecanismo engenhoso que pode ser ajustado somente pela coroa, muito embora só ande para frente (se você errar a data para mais, tem que esperar o dia chegar com o relógio parado...) e necessite também de horário especial para mudança dos parâmetros
- Ulysse Nardin, tudo pela coroa, para frente e para trás, sem horários e o relógio ainda leva em conta os erros do calendário gregoriano
- Moser: Idem, mas mais simplificado ainda, já que só mostra ao usuário o que ele precisa saber, dia e mês


https://www.youtube.com/watch?v=5aZ8_P9Ecas&t=82s
#54
Olha que legal essa passagem do Signo dos Quatro



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#55
O Jack Forster, que contribuía para o Hodinkee, quem diria, e hoje está no Watchbox, é um dos poucos jornalistas de relojoaria que tenho paciência de acompanhar com afinco. Vale a pena ler este texto dele publicado agora, cujo resumo está neste parágrafo

"Se os preços continuarem a subir, a disponibilidade continuar a ser escassa e as marcas continuarem a pensar nos seus clientes como possuidores de fundos ilimitados e de paciência ilimitada, posso ver a indústria a entrar numa fase moribunda na qual terá de trabalhar arduamente para recuperar o sentimento de interesse, entusiasmo e prazer de possuir que deveria caracterizar a alta relojoaria".



https://jackforster.substack.com/p/its-2024-is-this-the-year-everyone
#56
Olha que post legal. O relojoeiro que toma conta do Big Ben contou como foi apreensivo ajustar o relógio para a batida o mais correta possível na virada do ano, o que foi obtido mediante o acompanhamento diário de marcha e utilização de moedas menores para os ajustes.

Texto aqui, em inglês:

https://www.ahsoc.org/blog/ringing-in-the-new-year/

E já passado no tradutor aqui para os preguiçosos

Esta postagem foi escrita por Andrew Strangeway

Como relojoeiro ou relojoeiro praticante, há um momento específico enquanto espera o relógio bater quando o tempo parece desacelerar. Este momento é mais assustador quando as ruas lá fora estão repletas de 100.000 pessoas e outros milhões estão assistindo ao vivo pela televisão, e streaming, esperando ouvir o relógio tocar.

No dia 31 de dezembro tudo se resume a um único momento, quando a nação observa e espera que o Big Ben toque e sinalize o início do novo ano. Nos bastidores, porém, são necessários meses de preparação para garantir que este primeiro golpe de martelo seja acertado na hora certa. Além da instalação de equipamento de transmissão adicional, manutenção regular e corda três vezes por semana, há também cronometragem: garantindo, literalmente, que o relógio esteja na hora certa.

Nos meses que antecederam o final de 2023, a cronometragem do Grande Relógio foi o foco principal. Após o intervalo de seis anos durante a manutenção do relógio e da torre, os sinos ao vivo duas vezes ao dia finalmente retornaram às ondas da rádio BBC em 6 de novembro. Este Ano Novo marcou o 100º aniversário desde que os sinos foram transmitidos ao vivo pela primeira vez na véspera de Ano Novo. Era uma questão de orgulho que o relógio funcionasse bem e batesse na hora certa.

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Quando foi instalado pela primeira vez, o Grande Relógio era, com alguma margem, um dos relógios públicos mais precisos do mundo. A especificação original do relógio, estabelecida em 1846 por George Airy, o Astrônomo Real, exigia que "o mecanismo de toque fosse organizado de modo que o primeiro golpe de cada hora tivesse precisão de um segundo". Como relojoeiros, o nosso trabalho é garantir que o relógio permaneça fiel a este propósito original. Para nossa vantagem, temos cronometristas altamente precisos para comparar o Grande Relógio e, armados com essas informações, podemos regular o pêndulo com cuidado e, na verdade, exceder confortavelmente a meta original de precisão.

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Desde que comecei no Palácio de Westminster em agosto de 2023, implementei o uso de um novo cronômetro personalizado para aumentar a precisão da cronometragem do primeiro golpe do martelo da hora e um regime aprimorado de regulação da velocidade do relógio. pêndulo. A mecânica central da regulação permanece a mesma: a colocação ou remoção de pesos, na forma de moeda antiga, numa pequena plataforma a meio caminho do comprimento da haste do pêndulo. Notoriamente, um centavo pré-decimal adicionado acelera o relógio em cerca de 2/5 de segundo em 24 horas. Eles são um pouco pesados ​​​​e o ajuste é muito grosseiro se se deseja um grau de precisão mais preciso. Comecei a usar centavos e centavos para regulamentação, gentilmente emprestados para esse fim por meu colega da equipe de relógios, Ian Westworth. Estes aceleram o relógio em cerca de um quarto de segundo por dia e um décimo de segundo por dia, respectivamente.

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Nos últimos dias que antecederam a véspera de Ano Novo, eu estava no topo da torre, na hora certa, durante todo o dia, para fazer a leitura do tempo da batida e fazer pequenos ajustes para acertar o relógio com precisão. Por sorte, na noite do dia 30, sofremos ventos fortes, que atingiram a torre e foram suficientes para atrasar o relógio em 0,2 segundos na manhã da véspera de Ano Novo. Consegui corrigir isso à noite. Chegou a meia-noite e o Big Ben soou, e a vista dos fogos de artifício do topo da Torre Elizabeth foi surpreendente. Foi incrível ver os fogos de artifício perfeitamente sincronizados com o toque do sino.

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Meus esforços de cronometragem foram recompensados ​​quando medimos o tempo do ataque a partir da gravação de som em comparação com um relógio GPS – esses resultados foram generosamente fornecidos por Mark Powell da DeltaLive. O resultado foi que o Big Ben bateu meia-noite exatamente às 23:59:59.981, menos de um quinquagésimo de segundo da meia-noite. Isso é menos de um quinto do tempo que leva para piscar os olhos. Devo confessar que estou bastante satisfeito com isso!

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#57
Fórum principal / O Galeão Mecânico
26 Janeiro 2024 às 17:32:58
Texto do Instagram que publiquei agora

Os convidados de Rodolfo II, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico, sentaram-se à mesa para mais um banquete. De repente, uma miniatura de um galeão que estava sobre a mesa passou a movimentar-se, causando espanto em todos os presentes. Pequenas figuras existentes na nau, compondo uma banda militar, começaram a tocar seus tambores e flautas, acompanhados por uma melodia executada em um mini órgão. Enquanto as bandeiras contendo o brasão de armas dos Habsburgos tremulavam em seus mastros, o timoneiro, uma reprodução em miniatura do próprio Imperador, conduzia o navio à apoteose: o disparo de dezenas de canhões.
Rodolfo II era um dos mais excêntricos monarcas europeus, patrono dos melhores artistas, mas também seguidor da astrologia, ciências ocultas e alquimia. E a relojoaria era mágica no século XVI... Em 1585, ao contratar o relojoeiro alemão Hans Schlottheim para construir a réplica do navio, Rodolfo sabia que impressionaria os mais importantes convidados do reino com um aparato que somente poderia ser descrito como "mágico". Mas não só... Mostraria às mais influentes pessoas sentadas à mesa uma metáfora, o navio representando o Estado, tendo como seu timoneiro o monarca Rodolfo. A ideia do Estado como navio e do governante como capitão estava introjetada na cultura europeia, e nada melhor do que utilizar a representação da máquina de guerra mais poderosa da época, o galeão, para enfatizar isto. Hans Schlottheim, ciente disto, produziu outros navios. Um deles, exposto atualmente no British Museum e fabricado para o Príncipe Eleitor Augusto da Saxônia, também por volta de 1585, contém uma procissão de figuras em miniatura de todos os Eleitores em saudação a Rodolfo, o Imperador. Tudo aquilo que o Galeão Mecânico buscava representar, a disciplina, ordem e perfeição do Estado europeu, não se refletiu nos destinos do Sacro Império Romano-Germânico. Rodolfo tentou impor à força o catolicismo em todo o Império, o que finalmente acarretou a Guerra dos 30 anos. O Império foi formalmente dissolvido em 06 de agosto de 1806, quando o último imperador, Francisco I, abdicou após sofrer uma derrota pelos franceses, sob comando de Napoleão....



#58
Fórum principal / Postagem de fotos e cobrança
16 Janeiro 2024 às 13:36:28
Recebi uma mensagem agora de usuário reclamando que o Tapatalk passou a cobrar pela postagem das fotos, que só podem ser colocadas no fórum através de pagamento de mensalidade. Eu sinceramente desconhecia isso... O Tapatalk só cobra para postagens em alta resolução e, que eu saiba, talvez eu seja o único usuário do fórum que posta eventualmente em alta resolução, porque eu tenho mesmo que pagar para sequer ter a conta de administrador. Mas usuário? Nunca ouvi falar nisso. Alguém vem enfrentando o mesmo problema ao postar fotos?

Flávio
#59
Fórum principal / O relógio de Lawrence da Arábia
15 Janeiro 2024 às 10:14:32
Eu não sabia que este relógio tinha sido achado assim... Vejam o vídeo abaixo. Depois disso aí (ano 2000), a Omega comprou o relógio em leilão por 85 mil dólares e o colocou no seu museu.

https://www.youtube.com/watch?v=UJJJc0f_OYc&t=15s
#60
Fórum principal / E agora os piores de 2023
10 Janeiro 2024 às 14:30:59
Na minha opinião...



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#61
Fórum principal / Oa melhores relógios de 2023
09 Janeiro 2024 às 13:12:53
Segundo minha opinião




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#62
Acho que este é um dos posts, senão o post mais inusitado que já escrevi. Coloquei agora no Insta

A relojoaria francesa, sobretudo a construção de reguladores de pedestal, seguiu um caminho completamente diferente da escola britânica. Na Inglaterra, tais relógios eram vistos apenas como instrumentos científicos que tinham como objetivo a melhor precisão possível, razão pela qual mecanismos que interferissem na marcação do tempo – como batidas de horas – eram considerados supérfluos. Na França, porém, os relógios eram projetados para decorar, ao lado de móveis suntuosos e pinturas, as salas de ricos e poderosos: frequentemente utilizavam gabinetes elaborados com inserções em bronze. Os franceses utilizavam o pêndulo "grelha" com compensação para temperatura, mas enormes quando comparados aos britânicos e, conquanto mais ostentativos, piores, em virtude da quantidade maior de metal utilizado.
Em 1811, o pintor oficial de Napoleão, Jacques-Louis David, foi contatado para um inusitado trabalho.... Na época, França e Inglaterra estavam em guerra, mas Alexander (futuro Duque de Hamilton), que já fora parlamentar britânico e atuara como embaixador na Rússia, queria decorar sua mansão com um retrato do "Grande Homem", segundo suas palavras. Hamilton genuinamente admirava Napoleão e isso nunca interferira nas suas obrigações militares e políticas com a Coroa Britânica. Napoleão não posou para David, mas considerando a posição política do cliente, certamente precisou dar seu aval antes da remessa da pintura concluída. O que o Duque recebeu foi uma das reproduções mais conhecidas de Napoleão e um potente instrumento de propaganda até hoje. Na pintura, Napoleão é mostrado aos 43 anos, vestindo o fraque azul dos Granadeiros, com as insígnias de General e Imperador. Sua mesa de trabalho contém um manuscrito do Código Napoleônico e um mapa enrolado indica seus estudos militares. Mas os detalhes cruciais estão no regulador com pêndulo "grelha" ao fundo, que mostra 4:13, e nas velas quase extintas: Napoleão é o estadista que nunca dorme e trabalha incansavelmente para guiar a Nação. O relógio, que poderia ser uma invenção de David, de fato existiu: num retrato de Luís XVIII feito após a queda de Napoleão, aparece na mesma sala e posição. Desconheço seu paradeiro atual.



#63
Confesso que sequer acompanhei o evento e, para dizer a verdade, há algum tempo eu apenas passei o olho nos indicados em cada categoria. Rápidos comentários:

- O óscar geral foi para um AP Super complicado da linha CODE (o troço tem super soneria, algo que eu sequer sei o que seja. Soneria em relógio normal é o carrilhão, como de relógios de pedestal, algo raro em relógios de pulso). Eu sinceramente não vejo mais muita graça em relógios super complexos, que me parecem tour de forces absolutamente inúteis, muito embora saiba do histórico que tais relógios possuem. E vou além: a AP tenta, de qualquer modo, enfiar pela goela dos seus consumidores o tal Code, que eu sinceramente acho um relógio genérico. Não vi graça no visual do troço.

- Piaget feminino. É.... Bonita jóia, muito embora não saiba quem estava competindo, então sequer posso opiniar.

- Dior feminino complicado. Eu sequer sei o que o relógio faz mas, também concordo com o articulista do texto abaixo do hadunken: para que uma categoria de relógio feminino complicado?

- Simon Brette. Sou suspeito. Para mim este é um dos melhores lançamentos da relojoaria dos últimos anos e TINHA, DISSE TINHA, um preço até justo de lançamento, na casa dos 50 mil francos. Certamente os novos modelos virão com preços pega idiota muito maiores.

- Voutlanien world timer. A complicação é padrão, a caixa não, estou tão acostumado com os modelos comuns do cabra que achei até estranho. Sei lá se gostei...

- Iconic. É... Para que essa categoria, para que? Sério, para que isso? Mas enfim, gosto muito dos Freak e já coloquei até post no insta (feed) sobre o modelo. Teria um facilmente. Gostei

- Cronógrafo. Eh... Eu gostei muito deste Peterman Bedat, muito embora ache que o preço é completamente fora da realidade, mesmo para o mercado atual. Mas curti

- Tudor Pelagos. Adoro este relógio e acho que a Tudor oferece muito a preços justos. Na gringa, claro. A autorizada do Brasil seguiu margens da Rolex e, portanto, não vale a pena, na minha opinião: Tudor não tem imagem nem bala na agulha para competir em preços com Omega, e é o que está ocorrendo no Brasil

- Bell Canto da Ward. Adoro este relógio e tem preço justo. Sem mais

- Raymond Weill. Gostei muito deste modelo e custa "barato". Teria um facilmente.

Artigo aqui

https://www.hodinkee.com/articles/all-of-the-2023-gphg-winners-and-our-quick-takes
#64
O Adriano acabou de lançar um livro, que já pode ser baixado imediatamente em ebook para Kindle na Amazon BR. Como prefiro livro físico, também pode ser comprado na Amazon USA por cerca de 250 reais, entregue em casa. Link abaixo

https://www.amazon.com/dp/B0CL8X7YKP?ref_=cm_sw_r_mwn_dp_SM385F71HCQBXCM5JTDD&language=en_US

Eu sequer vou rasgar seda para o Adriano, quem quiser entre agora nos stories do @relogiosmecanicos para ver o que disse. Para mim é um marco, não há obras em português sobre relojoaria e o Adriano tem um conhecimento e facilidade na sua exposição melhor do que qualquer gringo atual. Aliás, aguardando a versão em inglês do livro!
#65
Para quem é da prática, essencial esta tabela, sob pena de os resultados de leitura de amplitude nos timers serem errados

https://watchguy.co.uk/cgi-bin/lift_angles
#66
Fórum principal / O caso Jean-Pierre Jaquet
20 Setembro 2023 às 19:42:37
Em janeiro de 2002, um furgão contendo mil caixas em ouro de relógios deixou a Rolex para que fossem polidas na Miranda, uma companhia especializada situada em La Chaux de Fonds. Logo após estacionar na porta da Miranda, o motorista foi rendido por assaltantes com armas de fogo e toda carga foi roubada. Em julho do mesmo ano, criminosos armados ingressaram na fabricante de componentes RSM, situada em Le Locle, renderam funcionários e subtraíram 12 quilos em ouro de um cofre. Finalmente, cerca de 20 relógios foram roubados da Ulysse Nardin, inclusive um modelo ainda em fase de protótipo, que acabou anunciado em leilão realizado pela Antiquorum, em março de 2003. Alarmada, a Polícia Suíça começou a investigar os fatos e rapidamente prendeu um cidadão bósnio envolvido no roubo ocorrido na Miranda. Interrogado, o bósnio comprometeu um dos maiores expoentes da indústria suíça de relógios, Jean-Pierre Jaquet. A Polícia, então, passou a interceptar suas comunicações telefônicas.... Jean-Pierre iniciou sua carreira como vendedor de relógios antigos, tendo sido condenado em 1983 e 1990 pela prática de furto e receptação. Logo após, ao notar a necessidade do mercado por movimentos complexos, Jean-Pierre fundou a Jaquet-Baume SA, que rapidamente se tornou fornecedora da Franck-Muller, Girard Perregaux, FP Journe, Sinn e quase todo grupo Richemont. A companhia especializou-se na modificação do movimento ETA 7750, adicionando-lhe diversas complicações exclusivas. Em 1995, associou-se a Ernst Thomke, um dos idealizadores do Swatch, e relançou as marcas Graham e Arnold & Son. No dia 07 de outubro de 2003, em seu escritório, Jean-Pierre foi preso. Ao realizar buscas na sede da empresa, a Polícia descobriu um esquema sofisticado de falsificação de relógios, no qual cópias de movimentos Rolex fabricados pela Jaquet-Baume eram inseridos nas caixas roubadas da Miranda. Jean-Pierre, concluiu a Polícia, associara-se ao dono da Miranda e funcionários da Ulysse Nardin para praticar os crimes. Em 2008, Jean-Pierre foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão e multa de 750 mil francos. Afastado da companhia, esta mudou seu nome para La Joux-Perret.


#67
Texto publicado agora no Istagram

Em 1504, em uma taberna de Nuremberg, o chaveiro Peter Henlein se envolveu em uma briga com um certo Georg Glaser. Acusado de homicídio, Henlein buscou refúgio no Mosteiro de Nuremberg, onde permaneceu entre os anos de 1504 a 1508. Na época, a cidade de Nuremberg era o cavalo motriz da Renascença Germânica e o Mosteiro Franciscano vivia o auge da sua vida religiosa e científica. Henlein, então, teve acesso a conhecimentos matemáticos, astronômicos e metalúrgicos que lhe permitiram construir os primeiros relógios portáteis da história. Ainda em 1511, por exemplo, Johann Cochlaeus descreveu como um certo "Peter Henlein, com um pouco de ferro, constrói relógios com várias engrenagens, que podem receber corda, sem pêndulo, e que funcionam por 48 horas, podendo ser carregados em uma bolsa ou junto ao peito". Um documento de 1524, por sua vez, assegurava que Henlein havia vendido um dos seus relógios portáteis pela quantia de 15 florins e tinha em sua lista de clientes Martinho Lutero, o Príncipe Eleitor Frederico III e Filipe Melâncton. Acreditava-se, porém, que nenhum exemplar fabricado havia resistido ao decurso do tempo... Em 1987, um aprendiz de relojoeiro estava em Londres quando adquiriu, em uma feirinha de antiguidades, uma caixa contendo relógios antigos, pela quantia de 10 libras. Na caixa, encontrou um pequeno modelo que parecia muito antigo, mas não lhe deu valor, repassando-o a um comprador. Algum tempo depois, o novo dono, imaginando tratar-se de uma falsificação, vendeu o relógio. O novo proprietário, intrigado com o objeto, contatou especialistas em metalurgia e horologistas para o analisarem. Com a utilização de escaneamento a laser, raio-X e fotografia microscópica, diversas inscrições "PH" foram encontradas nas peças, assim como o desenho de uma torre de Nuremberg cujo perfil só podia ser visto por quem estivesse dentro do Mosteiro Franciscano. Finalmente, o escrito "MDVPHN" (1505 Peter Henlein Nuremberg) confirmou as suspeitas: tratava-se do relógio mais antigo já encontrado. O item, comprado originalmente por 10 libras, foi avaliado em 70 milhões.


#68
O calibre 4030, como todo sabem, é baseado no Zenith El Primero, com modificações. Já li textos dizendo que as modificações alteravam 50% da peças mas, após ler o texto abaixo (está em italiano, usem o tradutor, como eu fiz), percebi que não chega a tanto. Mas tem muita coisa modificada. O acabamento é totalmente diferente e, nesta versão antiga do El Primo, melhor no Rolex. Mas ouso dizer que o acabamento Zenith, pelo menos do meu relógio, que é um El Primo de 2014, parece similar, senão melhor. Mas onde estão as modificações técnicas. Basicamente, de cabeça, são essas:

- Massa oscilante diferente no Rolex, para melhor amortecer choques
- Rodas reversoras diferentes, melhor na Rolex, que usa cliqués tradicionais internos, e não dois araminhos externos, como na Zenith
- Roda de transmissão do cronógrafo diferente, perfil dente reto na Rolex, epicicloidal na Zenith (não sei o que é melhor)
- Perfis internos de todas as rodas Rolex diferente, o que não afeta em nada o desempenho (as Zenith tem melhor acabamento)
- Retém dos acionadores dos cronos diferentes (não sei se um é mais vantajoso que o outro)
- Balanço, ponte do balanço, espiral, roda de escape, etc, ou seja, todo escapamento, completamente diferente no Rolex. Aliás, como a rodagem foi mantida no Rolex (número de dentes), eu presumo que a alteração de frequência (para o balanço "casar" com a rodagem) se deu na roda de escape: a Zenith tem 21 dentes, a Rolex 20. Confere isso? Porque não teria como simplesmente manter toda relação de rodagem e simplesmente mudar o balanço, a frequência não seria alterada para 28800. Tá certo isso Adriano e demais da labuta?
- Diferenças em perfis de algumas alavancas do crono, muito embora os pontos de contato sejam os mesmos
- Ausência de todo mecanismo de data no Rolex, apesar de mantida a mesma platina inferior (as furações estão lá...)


Acho que são essas coisas. Se eu fosse chutar, eu diria que mais de 50%, para dizer a verdade quase tudo, tem um acabamento diferente na Rolex. Porém, em funcionalidade mecânica, ou seja, em alteração funcional, eu chutaria uns 25%. Certamente as peças idênticas podem ser substituídas entre si, inclusive rodas. O resto não.

Vejam

http://www.orologeria.com/italiano/rivista/rivista019.html
#70
O Sílvio Pereira, que contribui no Instituto Português de Relojoaria, tem uma série de artigos sobre o tema, bastante completos, em em português! Aliás, são tão completos que ainda não tive tempo de ler todos, mas vale muito a pena. Fica aqui o perfil dele para acompanharem os artigos:

https://www.institutoportuguesderelojoaria.pt/profile/sp/profile
#71
Fórum principal / Blog Grailwatch.com
11 Julho 2023 às 15:27:31
Já indiquei aqui o blog, mas o faço novamente, pois é atualmente o maior repositório de textos FODA sobre relojoaria raiz, aquele troço da pesada que te exige concentração e tempo para ler, mas te dá um conhecimento absurdo. Nada dessas bostas de Tik Tok e redes sociais dos dias de hoje, o bom e velho texto gigante com referências a dar com o pau e com muito conteúdo. Fica a dica e nem há a desculpa atualmente da língua, basta clicar com o botão do mouse direito e traduzir.

https://grail-watch.com/
#72
Este é o 4o e último post a respeito da história da ressonância, publicado no Instagram

Em 1982, um jovem relojoeiro chamado François-Paul Journe, que se formara na Escola de Relojoaria de Paris em 1976, trabalhava como aprendiz de seu tio, o também relojoeiro Michel Journe. Então, Michel recebeu do Museu de Artes e Ofícios de Paris um relógio fabricado por Breguet para restauração. Curioso, Paul Journe percebeu que o relógio continha dois pêndulos, algo que nunca havia visto, e passou a questionar a utilidade do sistema. Ao desmontar o relógio, percebeu que os pêndulos funcionavam unidos a um mesmo suporte e mantinham excelente precisão. Fascinado com o mecanismo, ponderou se conseguiria fazer algo semelhante. Encerrado seu aprendizado, Paul Journe se tornou relojoeiro independente e fabricou seu primeiro modelo, um relógio de bolso com turbilhão. Em 1984, um colecionador encomendou a Journe um novo relógio e ele vislumbrou uma oportunidade. Em vez de replicar seu primeiro modelo com turbilhão, propôs ao colecionador a construção de um relógio de bolso com dois balanços sincronizados, a exemplo do que Breguet já fizera antes. Após um ano e meio de tentativas e, para frustração do colecionador, Journe desistiu do projeto: era o 2º relógio que tentava construir na sua carreira e suas capacidades técnicas não estavam desenvolvidas o bastante. Em 1995, já famoso no mundo da relojoaria, a ideia de um modelo com dois balanços sincronizados retornou à sua mente. Em 1999, na Feira da Basileia, Journe apresentou ao público um relógio de pulso que eclipsava sua tentativa frustrada de fabricação de um modelo de bolso, o "Cronômetro à Ressonância". O relógio, aclamado pela sua performance, vinculava os criadores do passado, como Antide Janvier, ao presente. Por fim, no ano de 2015, os pesquisadores portugueses Henrique Oliveira e Luís Melo comprovaram e validaram o modelo de Huygens criado mais de 350 anos antes, indicando que a transferência de energia entre os pêndulos ocorria através de ondas sonoras.



#73
Olha que interessante essa passagem do livro, quando os pequeninos fazem um inventário dos bens de Gulliver

De fora do bolsinho direito pendia
uma grande corrente de prata, com uma maravilhosa máquina na extremidade.
Pedimoslhe que tirasse para fora do bolso tudo o que estava preso à corrente, e
pareceu-nos ser um globo parte de prata e parte de metal transparente. Pelo lado
transparente vimos certas figuras esquisitas traçadas num círculo; julgámos que
lhes poderíamos tocar, mas os dedos foram retidos por uma substãncia luminosa.
Aplicámos essa máquina junto aos nossos ouvidos; fazia um ruído contínuo,
semelhante ao de um moinho d'água, e conjecturamos que, ou é qualquer animal
desconhecido, ou, então, a divindade que adora; no entanto, inclinamo-nos mais
para esta última opinião, porque nos afirmou, (se nós assim o compreendemos,
pois se exprimia muito imperfeitamente), que raramente fazia qualquer coisa
sem que o consultasse; chamava-lhe o seu oráculo, e dizia que designava o tempo
para todas as ações da sua vida.


O livro é de 1727, mas já demonstra a total imersão da sociedade no controle feito pelo tempo.


Flávio
#74
Foto do Puristspro



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#75
Quando Antide Janvier faliu, ninguém menos do que Abraham Louis Breguet, o relojoeiro mais famoso do mundo naquele momento, adquiriu todo seu espólio, inclusive relógios de pedestal de pêndulo duplo. Breguet, no início dos anos de 1800, já havia notado que o pêndulo de um relógio costumava sincronizar com o peso fixado ao cabo para dar corda, que também passava a vibrar. Imaginou, assim como Janvier, que dois relógios conectados entre si poderiam influenciar um ao outro tornando o conjunto mais preciso. Breguet, porém, era principalmente um fabricante de relógios de bolso e, assim, buscou adaptar o sistema de pêndulos duplos ao que sabia fazer melhor. Construiu, então, três relógios de bolso que efetivamente continham em seu interior dois movimentos completos, com dois balanços bem próximos um do outro. Em seu diário, Breguet afirmou que o sistema havia se mostrado um sucesso: "o primeiro destes relógios duplos ficou 3 meses nas mãos dos senhores Bouvard e Arago, sem que o ponteiro se desviasse da menor parte de um segundo; ele foi colocado duas vezes no vácuo e mantido no absoluto vazio por 24 horas, bem como foi usado, deixado no plano e pendurado a uma corrente sem sequer ganhar um segundo". Breguet, com estes experimentos, teorizou que a sincronização das rodas de balanço dos relógios dependia da transmissão de pequenas vibrações pela estrutura metálica do mecanismo, e não através do ar. Os 3 relógios construídos acabaram sendo vendidos para o Rei George IV do Reino Unido, Luís XVIII da França e um certo senhor Garcia, de Londres. Quanto aos relógios adquiridos de Janvier, a suspeita que se tem hoje é que foram assinados por Breguet e vendidos como se fossem sua criação, algo não incomum na época. Quase 200 anos passariam até que um relojoeiro voltasse a aplicar os conceitos de balanços sincronizados a um relógio portátil...


Fotos por Sothebys

#77
Recebi este comunicado do provedor e, considerando que pode acontecer algum tipo de problema, muito embora eu já tenha verificado nos sistemas que tudo está certinho, fica o aviso:

Prezados usuários,

Estamos prestes a realizar uma atualização substancial no nosso sistema operacional. Como consequência, a versão atual será descontinuada, e todas as contas migrarão para a nova plataforma.

A migração ocorrerá em 02/06/2023, após o término do horário comercial. Se você tem seguido o padrão que sempre divulgamos por email, ou seja, utilizando os DNS da Integrator sem recorrer ao uso de IPs, não haverá motivo para preocupações.

Entretanto, é essencial frisar que, se estiver usando o IP diretamente em sua aplicação, site, sistema ou conexão com o banco de dados, haverá alteração. Portanto, solicitamos que substitua o IP pelo seu nome de domínio.

No início da migração da sua conta, você receberá um aviso por e-mail, e um novo aviso será enviado ao final do processo. Durante esse período, é aconselhável evitar alterações no seu ambiente. Caso você opere aplicativos Java, estes serão temporariamente desativados.

Após a conclusão da migração, será enviado um comunicado contendo instruções detalhadas para o uso do novo serviço.

A transição pode acarretar alguns problemas comuns:

Erros de conexão com o banco de dados: Se o seu aplicativo/site está configurado para apontar diretamente para o IP do servidor, poderá enfrentar problemas após a migração. Por isso, recomendamos que altere imediatamente o host para "localhost" ou revise essa configuração, caso ocorram problemas na data da migração.

Erros em aplicativos e sites: Se o seu aplicativo/site estiver configurado para apontar para o IP do servidor, também enfrentará problemas após a migração. Sugerimos que altere o host para o nome do seu domínio o mais rápido possível.

Erros com tabelas, views, functions: Clientes que utilizam o MySQL e fazem uso de relacionamentos entre tabelas de diferentes bancos de dados, como o uso de views ou programação compartilhada, como functions, podem encontrar erros durante a migração.

Incompatibilidade com o sistema operacional: Caso haja incompatibilidade da versão do novo sistema operacional com o seu aplicativo/site, apenas o desenvolvedor/programador será capaz de resolver tais questões.

NOTA FINAL:

Ressaltamos que a migração é um requisito obrigatório e irreversível, dado que é impraticável manter sua conta em um servidor sem as atualizações necessárias do sistema operacional. Esta medida é crucial para garantir a segurança dos nossos clientes. Portanto, todos os usuários deverão se adaptar ao novo sistema operacional, independentemente de possíveis incompatibilidades.

É fundamental que o acesso a qualquer serviço NÃO seja feito via IP. Recomendamos fortemente que utilize sempre o nome do seu domínio.

Atenciosamente, Equipe Integrator Host do Brasil
#78
Fórum principal / Tissot Sideral
01 Junho 2023 às 15:08:11
Eu sinceramente gostei destes lançamentos e achei o preço justo, sobretudo pela caixa em fibra de carbono, um troço só encontrado em relógios metidos a ser caros (Richard Mille, AP, etc). O movimento é o Powermatic 80 que, sinceramente, não consegui distinguir se é ou não com escapamento em polímero. Teria um fácil, custa menos de 1000 dólares. Vejam

https://www.ablogtowatch.com/new-release-tissot-sideral-watch/
#79
Por volta de 1780, com o aumento da precisão dos relógios de pêndulo, Antide Janvier percebeu que estes eram prejudicados pelas pequenas vibrações de carroças circulando nas ruas e pessoas próximas caminhando. Revisitando os experimentos de Huygens, o relojoeiro imaginou que poderia construir um relógio de pedestal mais preciso se utilizasse dois pêndulos conectados vibrando em ressonância. A ideia era plausível, uma vez que se um dos pêndulos fosse perturbado por algum tipo de vibração, a energia dissipada pelo outro em pouco tempo reestabilizaria o sistema. Janvier, provavelmente o melhor fabricante de relógios de pedestal de sua época, então, construiu 3 modelos nos quais dois movimentos completos montados em conjunto, com dois pêndulos, funcionavam em sincronia, com o intuito de aumentar a precisão. Tais relógios constituíam o ápice de uma produtiva carreira na qual centenas de modelos, sobretudo com complicações astronômicas, haviam sido fabricados. O advento da Revolução Francesa, porém, trouxe diversos problemas a Janvier, em virtude da sua proximidade com a Aristocracia, maior consumidora de suas criações. Grande parte das encomendas feitas antes da Revolução não foram honradas e Janvier passou a viver com parcos recursos financeiros. No entanto, conseguiu adaptar-se aos novos tempos e, aliás, entre 1794 e 1802, vivenciou a mais prolífica fase da sua carreira, fabricando cerca de 400 relógios no período. O alto custo de produção de suas criações, a pequena margem de lucro e o descontrole financeiro de Janvier, porém, fizeram-no ir à falência em 1822. Seus projetos, relógios (inclusive modelos de duplo pêndulo ainda não vendidos) e biblioteca, então, foram adquiridos por outro relojoeiro que também se interessava pelo fenômeno da ressonância. Sobre sua vida, Janvier escreveu: "iniciei minha infrutífera carreira aos 15 anos de idade e, durante o tortuoso período de 60 anos, depois de gastar 25 mil francos na minha própria educação e na prazerosa difusão gratuita dos conhecimentos que adquiri, tive apenas um pouco de glória, abandono, pobreza e esquecimento". Janvier morreu na miséria em 28 de setembro de 1835, aos 84 anos de idade.
#80
Texto publicado no Instagram

Em 1657, baseando-se nos estudos de Galileu, o polímata holandês Christiaan Huygens inventou o pêndulo e contratou o relojoeiro Salomon Coster para construir um relógio baseado no seu projeto. O modelo acarretou um salto na precisão da marcação do tempo, variando apenas 15 segundos ao dia, ao contrário dos 15 minutos dos outros relógios, e Huygens se propôs a encontrar uma solução para o problema da Longitude. Em 1664, realizou um experimento no qual dois relógios de pêndulo foram instalados em um navio, cada qual servindo de back up ao outro. Os relógios, então, foram ajustados ao horário do local de partida através da observação do zênite solar. O navegador embarcado no navio deveria comparar o horário do local onde o navio estivesse (também através do zênite solar) com aqueles mostrados pelos relógios: cada hora de discrepância entre o horário obtido no local e aqueles indicados pelos relógios embarcados corresponderia a 15º de longitude, em virtude do período de 24 horas de rotação da Terra. Nesta viagem, realizada em mar calmo, o experimento se mostrou um sucesso. Huygens percebeu, no entanto, que era impossível construir dois relógios que marcassem exatamente o mesmo horário durante toda viagem. Como sincronizar os dois relógios? Enquanto enfrentava a questão, Huygens percebeu que os dois relógios que usava em seus experimentos, que estavam fixados na mesma viga da sua residência, acabavam por oscilar seus pêndulos em sincronia, muito embora em direções opostas. Inicialmente ele pensou que os relógios entravam em ressonância (usado aqui no sentido de sincronia) em virtude das correntes de ar. Depois, concluiu que o fenômeno ocorria por causa das vibrações compartilhadas pela viga. Se dois relógios em ressonância fossem instalados em um navio e um deles parasse, o outro manteria o horário correto. Huygens testou a hipótese em um navio, mas uma tempestade parou os dois relógios, fazendo com que ele abandonasse a ideia. Como sabemos, a solução do problema da Longitude só ocorreu em 1759, através de John Harrison. O conceito de pêndulos sincronizados, porém, seria abordado mais de um século depois de Huygens por um dos maiores relojoeiros franceses...


#81
Este livro foi lançado há poucos meses e acabei de ler. Foca nos eventos da Exposição de 1876 na Filadélfia, quando a Waltham demonstrou ser superior aos suíços e depois estes se recuperaram, tornando-se os maiores fabricantes do mundo. O dado importante neste livro é a divulgação que Ambrose Webster, ex diretor técnico da Waltham, em clara atitude de espionagem industrial, trocou muita informação com o direitor técnico da Longines na época, Jacques David. Para encurtar a história: um conjunto de más decisões afundou a Waltham numa crise, fatos já abordados neste texto de minha autoria

https://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/o-sistema-americano-de-manufatura/

Gostei muito do livro, leitura rápida, com fatos novos, recomendadíssimo.


Flávio




#82
Fórum principal / Daytona novo vs "antigo"
28 Abril 2023 às 11:22:53
Como já ressaltei nas redes sociais, eu gostei do novo modelo, MUITO EMBORA TENHA DESCONTINUADO a caixa clássica do Daytona, com suas curvas, em prol dessas MEEEEEEEEEERDAS de caixas angulares cujo debut ocorreu com as maxi case, sobretudo pelo aro em aço ao redor do bezel. Eu sempre achei o bezel em cerâmica do Daytona HORROROSO, remetendo-me aos Tag Heuer Carrera com cerâmica. O novo bezel, e também mostrador, ficaram muito melhores. Porém... Se eu fosse realmente escolher um Rolex, seria o pré cerâmica (sinceramente não gosto de cerâmica), qualquer um. Se houvesse reprojetado o atual, teria deixado a caixa anterior, com as mudanças de mostrador e bezel do novo. Enfim, gostei deste artigo porque compara por fotos ambos, nem precisa ler o texto.

Ps. O movimento também recebeu 3 modificações técnicas, além das decorações, que merecem ser lembradas: há, agora, o dobro de esferas no rolamento central, o antichoque é o proprietário da Rolex (ao invés do KIF) e o escapamento o Chronergy.

Vejam

https://www.ablogtowatch.com/the-definitive-guide-to-the-2023-steel-rolex-daytona-watch-vs-previous-116500ln-version/
#84
Detalhe: ambas são de esquerda, mas, ao que parece, bem diferentes em suas visões sobre a Rolex


https://tab.uol.com.br/colunas/michel-alcoforado/2023/04/12/rinha-de-rolex.htm



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#85
Conforme ressaltado na postagem anterior, o mercado suíço de relógios caracteriza-se pela polarização. Neste sentido, entre as 350 marcas suíças de relógios existentes, apenas 7 (Rolex, Cartier, Omega, Audemars Piguet, Patek Philippe, Richard Mille e Logines) detêm juntas 60% do mercado, apesar de só produzirem 28% dos relógios. A Rolex, conforme já ressaltado, representa cerca de 30% de todo faturamento da indústria, aproximadamente 9.3 bilhões de francos anuais. A Cartier, porém, consideradas todas as suas divisões, sobretudo joalheria, é uma empresa maior, com cerca de 10 bilhões anuais em faturamento. O SwatchGroup, que consiste de 16 empresas, possui extrema dependência da Omega, que representa cerca de 2/3 de todo seu faturamento. Audemars Piguet cresceu impressionantes 63% desde 2019, mas se tornou dependente de apenas um produto, o Royal Oak, que representa 90% de todas as suas vendas. A Longines teve 12% de queda no último ano, devido ao mau desempenho do mercado chinês: 70% de todos os seus relógios são vendidos na China. A Rolex não aderiu ao modelo de vendas através de boutiques próprias, preferindo manter os representantes autorizados, com maior treinamento dos vendedores e alterações significativas na arquitetura das lojas. O sucesso da Breitling sob a gestão de Georges Kern pode ser explicado pela maior penetração no mercado chinês, onde a marca era desconhecida, criação de relógios mais caros (linha Premier) e marketing digital eficiente. Um fator preponderante do crescimento da Hermès é o grande interesse do público feminino pelas suas bolsas exclusivas, como a Birkin: o acesso às bolsas só é concedido ao público que adquire outros produtos da marca, como relógios (venda casada). A Richard Mille, que segue um caminho inverso ao da Rolex, preferindo operar exclusivamente através de boutiques próprias, salvo exceções pontuais, opera com a maior margem de lucro do mercado, estimada em 45%. Aliás, a marca é o paradigma no setor de luxo, no que diz respeito à "premiumização" e "bens de Veblen" : o preço médio de cada relógio vendido é de 245.283 francos, contra 11.625 da Rolex.
#86
Pelo 6º ano consecutivo, a empresa de consultoria Morgan Stanley, em parceria com a LuxeConsult, disponibilizou um estudo profundo sobre o mercado relojoeiro suíço. Duas tendências foram verificadas: incremento da polarização, com as maiores empresas abocanhando fatias cada vez mais expressivas do mercado; e a "premiumização", com a busca cada vez maior por produtos mais caros e que reflitam a posição social do consumidor. Colaciono abaixo alguns dados extraídos do estudo, para reflexão de todos. A indústria suíça de relojoaria é composta por cerca de 350 fabricantes, mas os "top 4" detêm 40% de todo mercado. A Swatch é a empresa que mais cresceu no último ano, cerca de 90%, certamente impulsionada pelo sucesso do Moonswatch. No ano 2000, os relógios com preço acima de 3000$ representavam 35% do mercado, hoje cerca de 75%. Isso ocorreu em virtude da popularização dos smartwatches, que acarretaram decréscimo de vendas nas faixas mais baratas do mercado (são vendidos cerca de 100 milhões de smartwatches anualmente). Excluindo Swatch, as empresas que mais cresceram no ano passado foram Ulysse Nardin e Girard Perregaux (cerca de 80%, considerando passivo de estoque, ou 40%, descontado este fator). A Rolex sozinha detém cerca de 30% de todo faturamento da indústria de relógios suíços. Jaeger Lecoultre e Piaget apresentaram queda de faturamento. O SwatchGroup também apresentou queda, sobretudo pela grande dependência do mercado chinês, bastante afetado pela pandemia, bem como pela diminuição de vendas das suas marcas mais baratas, como Tissot. A Breitling, sob gestão de Georges Kern, é um caso de sucesso, com crescimento anual de 25%. Os suíços bateram o recorde anual de faturamento, com cerca de 23 bilhões de francos em vendas. Ressalte-se que este valor corresponde a 45% do faturamento global com a venda de relógios, muito embora os suíços só tenham comercializado 15 milhões de exemplares (1.2 bilhão de relógios foram vendidos em todo mundo no ano passado). O mercado americano voltou a ser o mais importante da indústria, representando 16% de todas as exportações. Na próxima postagem continuarei a relacionar os dados que julguei importantes no estudo.



#87
Fórum principal / Podcast comigo daqui a pouco
22 Março 2023 às 08:52:08
1030

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#88
Depois irei compilar todos os textos num artigo completo para o blog, para não ficar perdido no fórum

Quando o Capitão Folger zarpou de Pitcairn com o K2, imediatamente saiu à procura de um local para caçar baleias e focas. Para abastecer seu navio com provisões, seguiu para Juan Fernandez, na costa do atual Chile, na época uma colônia espanhola. O bloqueio naval operado pela Inglaterra durante as Guerras Napoleônicas em curso diminuíra drasticamente o comércio das colônias, e Folger sabia que atos de pirataria poderiam ocorrer. Para se prevenir, pediu permissão para aportar ao Governador de Juan Fernandez, que não só a concedeu como o convidou para almoçar em sua casa. Quando se aproximou da costa, porém, o Topaz foi alvejado por vários disparos de canhão, capturado pelos espanhóis e saqueado: o K2 foi então colocado sob guarda espanhola e levado ao continente. Em 1840, 32 anos depois, a fragata britânica Calliope, sob o comando de Thomas Herbert, aportou em Valparaíso. Ao desembarcar, um certo Alexander Caldcleugh o contatou e disse-lhe que um criador de mulas havia comprado um relógio em Concepcion décadas antes e o trazido através dos Andes até Santiago, em uma viagem de milhares de quilômetros. O criador havia falecido recentemente e sua viúva queria vender o relógio. Espantado, Herbert leu as inscrições no objeto: Larcum Kendall, London, AD 1771. Sabendo tratar-se do famoso cronômetro perdido, o comprou por 50 guineas e, então, zarpou em direção à China para tomar parte na 1ª Guerra do Ópio, onde chegou a bombardear fortes e desembarcar soldados. Em 1843, ao retornar à Inglaterra como herói, Herbert doou o K2 ao museu do United Services Institution. Em 1963, quase 200 anos depois de sua fabricação, o K2 foi finalmente transferido para exposição no local onde tudo começou: o Observatório de Greenwich! Em 2005, após ler a obra Longitude, de Dava Sobel, decidi que era o momento de colocar os pés no meridiano primo e ver os relógios fabricados por John Harrison. Após deixar as lágrimas rolarem em frente aos relógios, dirigi-me ao anexo Museu Naval, onde deparei-me com o K2, uma pequena máquina do tempo, repositório de inúmeras aventuras...




#90
Quando os amotinados capturados no Taiti finalmente chegaram na Inglaterra, foram imediatamente levados à Corte Marcial: 4 foram absolvidos e 6 condenados à morte por enforcamento (3 deles acabaram recebendo perdão do Rei). Depois, a opinião pública esqueceu o caso e a Marinha britânica desistiu de encontrar Fletcher Christian e os demais. Em 1807, 17 anos depois de o Bounty aportar nas ilhas Pitcairn, o capitão Mayhew Folger, no comando do Topaz, zarpou de New Bedford/EUA, para uma expedição de caça a focas e baleias. Após meses de frustração, Folger não encontrou nenhuma colônia destes animais, que na época já estavam ameaçados de extinção. Próximo da Nova Zelândia, resolveu dirigir-se a uma ilha que constava como desabitada nas cartas náuticas e, portanto, tinha a possibilidade de nunca ter sido visitada por um navio baleeiro: Pitcairn. Localizar a ilha se mostrou tarefa complicada, eis que sua posição estava incorreta nas cartas náuticas. Quando finalmente chegou ao local, surpreendeu-se com sinal de fumaça. Não era a ilha desabitada? E logo após vislumbrou um grupo de 3 adolescentes remando um barco em sua direção, sendo que eles perguntaram: "quem é você?" Folger explicou que era dos Estados Unidos, mas eles não sabiam onde ficava o país. E então um dos adolescentes, conhecido por "Quinta Feira", disse: "conhece o Bounty?" E "Quinta-Feira", que soube ser filho de Fletcher Christian, contou-lhe que logo após seu pai e os amotinados chegarem na ilha, um deles ficou louco e se jogou de um penhasco;  outro morreu de febre; 4 anos depois, os taitianos se revoltaram por ciúmes dos ingleses e mataram 6 deles, deixando apenas 1 sobrevivente. Revoltadas, as mulheres na ilha aguardaram os taitianos dormirem e mataram todos. Restaram apenas 8 ou 9 mulheres, as crianças que ali haviam nascido e 1 inglês, que lhes ensinou a língua e a Palavra de Deus. Folger permaneceu 1 dia na ilha e ficou impressionado com o grau de organização social da comunidade de cerca de 30 habitantes. Pouco antes de zarpar, seus habitantes disseram que gostariam que ele aceitasse um presente. E Folger, com lágrimas nos olhos, recebeu o cronômetro K2 e embarcou no Topaz...






#91
Após o motim, Fletcher Christian sabia que teria, pelo menos, um ano de prazo até que a Marinha enviasse alguém à sua caça. De fato, Bligh só conseguiu retornar à Inglaterra em março de 1790. Como havia prometido devolver o K2 ao fabricante após a viagem, uma de suas primeiras providências foi justificar a sua perda ao Almirantado: "Sr., devo informá-lo que o relógio, cuja guarda foi confiada a mim a bordo do HMS Bounty, ficou neste barco, quando tomado do meu comando no motim de 28 de abril de 1789". Enquanto isso, Christian navegava o Bounty até o Taiti, onde o grupo de amotinados se dividiu: alguns ficaram na ilha enquanto outros se juntaram a Christian para procurar um refúgio deserto no qual não pudessem ser encontrados. Assim, 8 amotinados, 6 nativos e 12 nativas resolveram acompanhar Christian nesta jornada. Após consultar as cartas náuticas que tinha, ele decidiu seguir até a ilha Pitcairn, que constava como não habitada na documentação. Para sua surpresa, demorou mais de 2 meses para encontrá-la, uma vez que sua localização estava incorretamente registrada pela Marinha, a 200 milhas de sua posição verdadeira. Após desembarcarem em Pitcairn, o grupo imediatamente incendiou o Bounty, para que seu refúgio não pudesse ser descoberto por outros navegadores que por acaso ali passassem. Em março de 1791, a fragata Pandora, enviada para prender os amotinados, finalmente aportou no Taiti. Então, marinheiros britânicos capturaram 14 amotinados que ali haviam ficado e a fragata zarpou novamente para procurar Christian e o restante do grupo nas ilhas próximas. Durante 3 meses a Pandora aportou em diversas ilhas, sem sucesso. Seu capitão, assim, decidiu que era hora de voltar à Inglaterra. Na viagem de retorno, o navio bateu numa barreira de corais e começou a afundar. Os 14 prisioneiros ainda estavam acorrentados, mas um dos marinheiros conseguiu lhes passar as chaves dos cadeados e 10 conseguiram se soltar. Ao final, 34 tripulantes e 4 prisioneiros morreram afogados. Os 99 sobreviventes dividiram-se em 4 botes salva-vidas e, sofrendo privações de fome e sede, 2 meses depois finalmente conseguiram aportar no Timor...




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#92
Olha que massa essa kickstarter

https://www.kickstarter.com/projects/rantoge-clock/rantogean-electromechanical-cam-clock-that-hears-the-time

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#93
O Taiti realmente se mostrou o paraíso para os tripulantes do Bounty. O capitão Bligh inclusive comentou que "a intimidade entre nós e os nativos era tão ampla que não havia um tripulante que não possuísse seu `tyo´ ou amigo". Inicialmente, os favores sexuais ocorreram através da troca por objetos, mas com o tempo, relacionamentos amorosos genuínos surgiram entre taitianos e ingleses. Como o Bounty havia chegado atrasado ao seu destino, as mudas de frutas-pão ainda não estavam prontas, obrigando os estrangeiros a permanecerem na ilha por 6 meses. Os tripulantes evidentemente não reclamaram, a não ser Bligh, que temia que o excesso de liberalidades afrouxasse a disciplina da tripulação na perigosa viagem de retorno. Durante a estadia, o imediato Fletcher Christian fez várias tatuagens polinésias em seu corpo, o que enfureceu Bligh; 3 marinheiros, ainda, vislumbrando que o retorno ao mar estava próximo, tentaram desertar e fugiram para ilhas vizinhas, tendo sido punidos com chicotadas após serem capturados. No dia 04 de abril de 1789, finalmente o Bounty zarpou do Taiti com sua carga de mudas de frutas-pão e pouco depois a relação entre Bligh e Christian começou a azedar: qualquer deslize do oficial era motivo para um ataque de raiva de Bligh. A gota d´ água ocorreu 3 semanas depois de zarparem, quando Bligh, em mais um ataque de fúria, acusou publicamente Christian de ter subtraído 3 cocos do depósito do navio. No dia 28 de abril, Christian e outros tripulantes invadiram armados a cabine de Bligh, que ainda estava de pijamas, acordaram-no com tapas e o amarraram. Christian bradou: "estou vivendo o inferno com você nos últimos meses!" Então, 23 amotinados isolaram o capitão e 18 leais a ele em um bote salva vidas. Sabendo que a navegação seria impossível sem um relógio, Bligh tentou levar o K2 e um sextante para o bote, mas foi impedido. Deram-lhe apenas um quadrante. Enquanto o bote se afastava do Bounty, os amotinados xingavam seus ocupantes... Após 47 dias no mar e 6700 km percorridos, em um dos exemplos mais fantásticos de navegação da história, Bligh conseguiu aportar o pequeno bote em uma colônia holandesa no Timor, expondo o motim à Coroa Britânica.



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#94
Fórum principal / K2 e o Bounty
25 Fevereiro 2023 às 08:44:22
Essa é a terceira parte da história do K2, publicada no Instagram

Quando o capitão George Vandeput retornou a Londres, o K2 foi imediatamente levado ao Observatório de Greenwich para testes, que duraram 4 anos. Então, em 1781, o relógio foi embarcado no navio de guerra Prince George, que rumava aos Estados Unidos para tomar parte nas operações da Guerra de Independência. O Astrônomo Real, Nevil Maskelyne, indicou seu assistente para acompanhar a missão e realizar medições de longitude com o cronômetro. Em 1785, com o fim da guerra, o K2 foi instalado no navio Grampus, que tinha como objetivo a descoberta de um território na África no qual escravos negros pudessem viver como pessoas livres. Nessas viagens, o relógio não enfrentou nenhum perigo. Em breve, porém, em uma expedição que tinha o singelo objetivo de transportar árvores frutíferas da Polinésia ao Caribe, o K2 faria parte de uma das histórias mais fantásticas da navegação....
Em 1787, o capitão William Bligh foi designado para contatar polinésios que já haviam se encontrado com o Capitão Cook, pedir-lhes mudas de fruta-pão e plantá-las no Caribe para fornecerem alimento barato aos escravos que ali trabalhavam. Bligh já tinha experiência com um relógio de Kendall, o K1, pois tomara parte nas viagens de Cook a bordo do Resolution. Assim, o K2 foi instalado no navio Bounty, que buscaria chegar à Polinésia através do Cabo Horn. Se a travessia se mostrasse impossível, procederiam via Cabo da Boa Esperança. Como Imediato, Bligh designou seu amigo Fletcher Christian, que já fora seu aprendiz. O navio partiu em dezembro de 1787 e em fevereiro de 1788, próximo do Cabo Horn, passou a enfrentar tempestades. Bligh, para desespero da tripulação, tentou a travessia até o mês de abril, quando então desistiu e determinou que novo rumo fosse traçado para o Cabo da Boa Esperança. Em maio, uma tripulação desgastada finalmente vislumbrou a Table Mountain e o navio ancorou na Cidade do Cabo, onde permaneceu até julho. Finalmente, após mais 3 meses de navegação, o Bounty atingiu seu objetivo: Otaheite, o verdadeiro paraíso polinésio. Vários chefes tribais vieram a bordo, trocaram presentes, e se lembraram de Bligh como integrante da expedição de Cook anos antes. O que poderia dar errado?




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#97
Post agora no Instagram, continuando a história do k2

Com o aumento do comércio mundial, o Império Britânico resolveu pesquisar a viabilidade de uma ligação através do Polo Norte entre os oceanos Ártico e Pacífico. Então, em 1773, o Almirantado disponibilizou dois navios, Racehorse e Carcass, e determinou que o capitão John Phipps comandasse uma expedição até o Polo. A Comissão da Longitude aproveitou a oportunidade para testar dois cronômetros de marinha: o K2, de Larcum Kendall, que foi instalado no Racehorse, e um modelo de John Arnold, embarcado no Carcass. Após alguns meses navegando e a apenas 10° do Polo Norte, os navios acabaram presos na banquisa de gelo em situação semelhante àquela que afundaria o Endurance, de Shackleton, décadas depois. Enquanto cercados pelo gelo, um marinheiro em início de carreira chamado Horatio Nelson, que adquiriria fama ao derrotar os franceses na Batalha de Trafalgar, desembarcou do Carcass e resolveu caçar um urso polar. Ao se deparar com o urso, Nelson disparou seu mosquete, que falhou. O animal, então, seguiu em sua direção para atacá-lo, somente sendo afastado por um disparo de canhão de um dos navios. Enquanto isso, um ansioso capitão Phipps ordenava que mantimentos começassem a ser empilhados no gelo, pois o abandono dos navios parecia inevitável. Por sorte, alguns dias depois o vento começou a empurrar os bancos de gelo para o norte e os navios se desprenderam, conseguindo retornar a Londres. O K2, pela primeira vez, foi salvo de destruição que parecia certa.... Em 1775, Logo após ser reajustado em Greenwich, o K2 foi instalado no navio de guerra Asia, sob o comando de George Vandeput, e seguiu para as Colônias Norte Americanas para tomar parte na Guerra da Independência. Enquanto realizava o bloqueio naval do Porto de Nova Iorque, rebeldes americanos lançaram 3 botes em chamas com explosivos contra o Asia. O ataque, porém, não foi bem sucedido, pois os botes desviaram-se do alvo em virtude da correnteza. Na mesma semana, o primeiro submarino da história (Turtle) foi usado como arma, numa tentativa de afundar o navio Eagle, que operava junto ao Asia. Por um golpe de sorte, pela 2ª vez o K2 escapava da destruição.



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#98
Fórum principal / Sobre o Larcum Kendall K2
09 Fevereiro 2023 às 11:58:39
Post feito agora no @relogiosmecanicos

Larcum Kendall nasceu em uma família protestante no dia 21 de setembro de 1719, em Charlbury, Oxfordshire. Em abril de 1735 se tornou aprendiz de relojoeiro de John Jefferys, com quem trabalhou por 7 anos. Após, abriu seu próprio negócio, especializando-se na construção de escapamentos para George Graham, que ficara muito impressionado com o projeto do primeiro cronômetro marítimo de John Harrison e, inclusive, emprestara-lhe dinheiro para sua fabricação. Posteriormente, Kendall auxiliou Harrison na fabricação do seu 4º e mais famoso cronômetro (H4), que efetivamente se mostrou uma solução prática para o problema da longitude. Não é de se estranhar que Kendall tenha comparecido à desmontagem e explicação do funcionamento do H4 por Harrison, condição estabelecida pela Comissão da Longitude para pagamento da metade do prêmio determinado em lei (cerca de 6 milhões de dólares na cotação atual). A Comissão, logo após, determinou que um relojoeiro comprovasse que a reprodução do H4 era possível, de modo a produzi-lo em série. A escolha recaiu sobre Kendall, por quem Harrison nutria efetiva admiração. Após dois anos e meio de intenso trabalho, Kendall concluiu a réplica, denominada K1, que foi imediatamente colocada à disposição do Capitão Cook para sua viagem de circunavegação do globo. Recebeu pelo trabalho 450 libras (270 mil dólares na cotação atual). Em 1769, questionado pela Comissão da Longitude se poderia treinar outros relojoeiros para construir novas réplicas, Kendall asseverou: "sou da opinião de que muitos anos se passarão (caso aconteça) até que um relógio do mesmo tipo daquele de autoria do Sr. Harrison possa ser fabricado por 200 libras (120 mil dólares na cotação atual). Kendall sugeriu à Comissão, porém, que poderia fabricar uma versão simplificada do H4 por 200 libras. Em 1772, Kendall apresentou o K2, que apesar de utilizar o escapamento de Harrison e compensação para temperatura, omitia o mecanismo de força constante ("remontoire"). Em breve o K2 faria parte de algumas das mais famosas expedições marítimas da história...




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#99
Fórum principal / Que horas são na Lua
28 Janeiro 2023 às 12:34:49
Texto da Folha



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