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Bremont e seu polêmico calibre "in-house"

Iniciado por dsmcastro, 27 Julho 2014 às 14:50:29

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dsmcastro

Semana passada a inglesa Bremont apresentou seu primeiro calibre "in-house" e de acordo com o press release, desenvolvido e produzido inteiramente na Inglaterra.

http://www.hodinkee.com/blog/introducing-the-bremont-wright-flyer

Porém, nos comentários do artigo choveram acusaçōes de que se tratava de um calibre feito pela suíça (mas que pertence a Citizen) La-Joux Perret e que não seria propriamente in-house. Inclusive apontando que o mesmo movimento (porém modificado) estaria em um relógio da Arnold & Son.

Agora a Bremont vem a público tentar esclarecer a história, dizendo que o press release, ou 'alguém' publicou informaçōes incorretas, pois o projeto do movimento teria sim sido desenvolvido em parceria com a LJP, porém, construído e modificado na Inglaterra, caracterizando assim como 'in-house'.... Situação semelhante ao que aconteceu com a TAG Heuer que comprou um projeto da Seiko e o produziu na Suíça lançando-o como in-house.

http://www.ablogtowatch.com/real-story-behind-bremont-wright-flyer-in-house-made-bwc01-london-watch-movement/

De uns tempos para cá este afã pelo in-house, que tem um forte apelo de marketing, tem levado marcas a maquiarem informaçōes tentando elevar a percepção e reputação de seus produtos.




www.marciomeireles.com.br
www.behance.net/marciomeireles

flávio

Eu li este artigo hoje e pensei em publicá-lo com algumas considerações, como o fez. O problema é que achei que já tinha publicado coisa demais neste final de semana, e deixei para lá. Mas... Alguns comentários. Confesso que não dei muita bola para o assunto, sobretudo porque acho que a Bremont não está com essa bola toda no mercado a ponto de causar algum "frisson", pelo contrário. Na verdade, acho que a marca é super pretensiosa e, se pretendia conquistar o mercado de "puristas" com calibres feitos em casa, deveria ter pensado muito bem antes de lançar essas edições que estão fazendo há algum tempo que, com o devido o respeito, soam-me muito "forçadas".

No final das contas, o impacto da notícia - se é que houve - foi muito menor do que o 1887 da Tag, que estava projetado para ser feito às centenas de milhares, não em pequena produção como esse da Bremont.

Uma coisa, porém, é certa: alguns fabricantes ainda insistem em não ser claros nas suas políticas, sabendo que todos os seus relógios, em tempos de internet, serão escrutinados por malucos como nós.

Flávio

dsmcastro

Bem colocado, Flávio. Porém, este tipo de atitude manchará todos os próximos lançamentos in-house da Bremont, mesmo que eles desenvolvam tudo do zero. E tem o fato de querer afirmar que produzem fora da Suíça, e hoje na Inglaterra quem produz movimentos próprios? Até onde eu sei só o Roger W. Smith em escala mínima. Ou seja, queriam mostrar uma força do produto puramente inglês, e não é bem assim.

Que a Bremont não tem tanta expressão, isso é certo, mas compare com o que fez a Ch. Ward, outra marca de origem inglesa e menor expressão que recentemente apresentou seu 'in-house' eles deixaram muito bem esclarecido que o calibre exclusivo não foi inteiramente feito por eles, mas sim uma parceria com a Synergies Horlogères, que é suíça.

A Bremont, se tivesse feito o mesmo teria evitado uma má-reputação que, entre os mais aficcionados, vai ser difícil de digerir.

Claro que para um público generalizado o impacto possa ser menor, mas pense num comprador mais leigo, que resolve entrar no fórum (aqui ou qualquer outro) perguntando se vale a pena comprar um Bremont que ele achou bonito... Irão chover de comentários sobre este imbróglio e talvez o comprador até desista, mesmo sem ter nenhum conhecimento técnico mais aprofundado e pelo fato da marca não ser muito conhecida e etc...

Se alguém chegar agora e postar dizendo que quer comprar um TAG com calibre 1887... Mesmo sendo uma marca pra lá de tradicional, aparecerão comentários sobre o enrolo com o projeto da Seiko... Por ser uma marca conhecida e tradicional o peso é diferente e talvez o comprador até resolva comprar o relógio sem se importar muito com este aspecto, pois a marca é mais famosa.

Enfim, um enrolo que parece ter acontecido movido por uma certa vaidade de querer ser mais do que realmente é... E que agora, vai pesar para eles chegarem onde queriam.

Abs!
Márcio
www.marciomeireles.com.br
www.behance.net/marciomeireles

Lupferreira

Que os modelos são lindos, ah isto são. Mas não estamos aqui falando de beleza.

Dicbetts

Citação de: dsmcastro online 27 Julho 2014 às 14:50:29

Agora a Bremont vem a público tentar esclarecer a história, dizendo que o press release, ou 'alguém' publicou informaçōes incorretas, pois o projeto do movimento teria sim sido desenvolvido em parceria com a LJP, porém, construído e modificado na Inglaterra, caracterizando assim como 'in-house'.... Situação semelhante ao que aconteceu com a TAG Heuer que comprou um projeto da Seiko e o produziu na Suíça lançando-o como in-house.


O problema da Bremont me parece ser a autossuficiência, como observou o Flávio.

Isso que "alguém publicou informações erradas" é groselha. Fizeram o famoso "se colar, colou". Se ninguém contesta, passava reto essa história do "in house".

Nessas horas é que vejo o quanto faz falta uma boa assessoria de imprensa. A desculpa pode custar mais caro do que a esperteza.

Mas, sobre os "in house", creio que seja uma classificação cada vez mais desmoralizada. Breitling, Montblanc, IWC, TAG são rainhas em dizer que alguns dos seus calibres são "in house", quando, na realidade, apenas reproduzem aquilo que outros desenvolveram.

Turbinar e melhorar algumas coisas não quer dizer que criaram. Mas querem fazer crer exatamente isso.

Brabus, AMG, Henessey, Mugen criam alguma coisa? Não, melhoram (e isso, claro, tem imenso mérito) . Só que os carros continuam sendo Porsche, BMW, Mercedes, Honda, Chevrolet Corvette ou Camaro.

Dic

dsmcastro

E um dos fundadores, Nick English (por mais irônico que pareça) explicando o imbróglio e curiosamente dizendo que a definição de in-house não é muito clara e que ele ainda considera o movimento in-house, numa definição menos estrita.

https://www.youtube.com/watch?v=7eg81-b-Jko

http://www.hodinkee.com/blog/video-bremont-co-founder-nick-english-responds-to-questions-about-new-movement
www.marciomeireles.com.br
www.behance.net/marciomeireles

FALCO

Lendo e ouvindo tudo aqui eu acho que, mais uma vez, estão fazendo "tempestade em copo d'água". Assim como no caso da Tag, o conceito não exato de in-house foi explorado de forma defensável, assim como diversas outras marcas também o fazem.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!