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Review dos cronógrafos vintage Longines no Hodinkee

Iniciado por admin, 27 Janeiro 2016 às 13:14:11

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flávio

Bom texto... Como já tive oportunidade de ressaltar aqui, do fim do século 19 a meados dos anos 30, as fábricas mais conhecidas na Suíça eram Longines, Omega e Zenith. Longines e Zenith, como já aborado em alguns textos, possuem posição emblemática na indústria por terem sido as primeiras a se verticalizarem totalmente, além de serem fábricas enormes para a época. Aliás, são enormes até hoje, muito embora o espaço ocioso da Longines, para citá-la, tenha se transformado em fábrica de movimentos para o Swatch Group, sobretudo para a Omega (que paradoxo!), como pude verificar in loco.

Com o reconhecimento da Rolex a partir dos anos 30, esta também passou a integrar o grupo das "majors" suíças, mas ainda teria que comer muito arroz com feijão para alcançar a grandiosidade das três citadas acima que, como é notório, já estavam no mercado há muitas décadas.

Fato é que a Longines, com um volume de produção espantoso para a época e know how, de fato fabricava tudo em casa, inclusive cronógrafos, e os modelos 13 ZN e 30CH se tornaram verdadeiras lendas, sobretudo pelo seu design avançado, até mesmo para os dias atuais, com flyback, e arquitetura agradável aos olhos. Aliás, concordo com o articulista que tais movimentos, que possuíam acabamento bastante razoável, mas desenho absurdamente agradável, estão entre os mais belos já produzidos.

É certo que o Swatch Group, por opção mercadológica, rebaixou a Longines dentro do seu pool de marcas, para que esta não competisse com a Omega. A Longines de hoje, conquanto apresentando produtos BASTANTE interessantes e honestos, nem de longe é a Longines do passado, que competia no mercado suíço com as grandes e tinha o reconhecimento de público como verdadeiro patrimônio nacional.

Vejam:

https://www.hodinkee.com/articles/longines-13zn-history


Ps. Lembram-se que sempre ressaltei que um bom relógio suíço nunca foi barato, mesmo no passado? Pois bem, os Longines 13 ZN custavam, nos anos 40, cerca de 120 dólares! Parece pouco, mas isso era muita grana na época, sobretudo se considerarmos que um Speedy, no início dos anos 70, custava uns 180, e um Submariner, por volta de 120. Eram relógios, porém, para toda vida, como de fato atestam os vintages que sobreviveram até hoje.

pedrobotelho

Bem bacana os dois textos, obrigado por compartilhar. Essa é precisamente uma razão pela qual ja vi alguns colecionadores de Brasilia que têm antigos Longines no seu portfolio, mas não têm nenhum novo. A Rolex, por sua vez, nunca se deixou vender (pelo que eu saiba, ela ainda é uma fundação) para grupos.

michelim

Gostei muito do texto, obrigado por compartilhar!
"The Quality Remains Long After the Price is Forgotten."

Spring

Fico pensando na decisão do swatch group em rebaixar a Longines para não competir com a Omega. Dificil decisão, agora a questão é: Baseado no que escolheram a Longines para ser a rebaixada ? 

Uma curiosidade do post, e que eu nem imaginava, é em relação ai preço do Speedy e do Sub. Hoje a realidade é totalmente diferente.
No masterpiece was ever created by a lazy artist.

Henk

Muito bom conhecer o momento histórico em que esses instrumentos surgem.

Não eram simplesmente artigos de luxo.

Agora bateu uma dúvida... A função cronográfo como medida de precisão está diretamente relacionada com a precisão da marcação das horas do movimento? Parecia lógico, mas a questão da vantagem em poder iniciar e zerar a contagem não deixou claro sobre a necessária precisão do movimento.

Henk


flávio

A precisão, no texto, refere-se à qualidade de construção, que implica em melhor funcionamento. O que se espera de um cronógrafo é precisão de operação, porque a contagem de tempo, falando de forma simples, está vinculada à qualidade não do sistema em si, mas do próprio relógio (o mecanismo de "contagem de tempo"). Espera-se de um cronógrafo, pois, que o acionamento dos botões seja preciso, macio - mas nem tanto - , com feedback, e sem saltos. O grande problema dos sistemas de embreagem horizontal é que existe uma roda continuamente girando (do "relógio", do que marca o tempo, por assim dizer) que deve ser acoplada, através de deslocamento horizontal em uma alavanca, por outra roda, para que o sistema de crono funcione. E é claro que se esse sistema não estiver bem "azeitado", quando a roda do crono for deslocada lateralmente para se acoplar à roda continuamente girando do "relógio", ocorrerá trancos, sobretudo em virtude de um dente de uma roda encaixar-se não em um "vale" da outra roda, mas numa "montanha". Isso é uma qualidade de projeto como ajuste do relógio, e os Longines são bons nesse quesito.

Sobre a escolha do Swatch Group, bem... Nada posso falar, pois mesmo após ler muito, as decisões internas do Swatch Group não estão disponíveis assim. Resta conjecturar porque escolheram a Omega e não Longines para ser o carro chefe no "preço médio", até 10 mil francos. Eu não sei... Talvez, imagino, porque a Omega possuía uma linha mais coesa, com produtos de fato conhecidos do consumidor, em linhas, o que a caracterizava como marca facilmente reconhecível. A Longines só passou a seguir esse lance de linhas mais tarde... Ademais, talvez, por a Omega ser a concorrente direta das empresas médias no passado, sobretudo nas competições de cronômetros. Mas não tenho uma resposta efetiva e interna, ou seja, o que de fato foi decidido pelo Swatch Group na época para tomar essa decisão.


FLávio

Dicbetts

Me arrisco a dizer as razões do rebaixamento da Longines.

1) jamais teve um ícone na indústria. A Omega tem o Speedy Moon, a Rolex tem o Sub, a Breitling tem o Navitimer, a Breguet o Type XX, a Blancpain o FF... E a Longines? Um movimento, por mais formidável que seja, não é o fator definitivo de compra por ninguém. Todos compram pela beleza, pelo que veem. Nós não somos parâmetro para o consumidor médio. A Longines tinha grandes relógios, mas ícone, não.

2) linha errante. Conversando com um amigo, dias atrás, disse-lhe que minha paixão por relógios foi reacendida por um Longines comemorativo da Olimpíada de 1972, que vi num antiquário em Basileia. Um Conquest que não passou no teste do tempo, pois que era horroroso (como constatei rápido). Peguem a linha Longines dos anos 1970 e 1980 e comparem com a da Omega. Verão que a da Omega, apesar dos vários equívocos, era mais bem resolvida.

Assim, a Longines JÁ chegou rebaixada quando o SG a assimilou.

E dependendo da percepção que o consumidor médio tiver, não vale à pena apostar numa recolocação mais elevada.

Dic

GuilhermeAzeredo

Flávio, seria essa a vantagem de um crono com roda de coluna para esse outro sistema horizontal? Ou não tem nada a ver?

Abraços!

flávio

#9
Guilherme, não, não tem nada a ver. Imagine um cronógrafo (e é mais fácil imaginar isso num cronógrafo modular), como dois sistemas em um, que unidos formam o relógio completo. E cada um sendo independente: um mecanismo para marcar as horas, outro para marcar lapsos de tempo. O mecanismo de marcar as horas está sempre funcionando, o de marcar lapsos (o cronógrafo), não. Para que o cronógrafo passe a funcionar, a força motriz do primeiro sistema deve ser transferida para o segundo, e isso ocorre, no sistema de EMBREAGEM HORIZONTAL, o tradicional, através do deslocamento de uma alavanca no qual ao final existe uma engrenagem. Havendo o contato dessa engrenagem (roda) com a roda em constante movimento do sistema do relógio, o crono passa a funcionar.

Na embreagem horizontal, a alavanca indicada na seta desloca-se e encosta na outra roda, fazendo o crono movimentar-se. Veja:

http://1.bp.blogspot.com/-1wYmFjbGwoQ/TuS7Lg_8PGI/AAAAAAAALUA/iIGk9gPMG4U/s400/Junkers+berwap+air7.JPG

No sistema de embreagem vertical, a roda do sistema de relógio está se movendo de forma coaxial à roda do crono, que permanece desengatada através de dois "garfos" que a mantém deslocada acima. Quando se aciona a alavanca do crono, ela se desloca para baixo e por fricção engata-se de fato no pivô da roda do relógio e passa funcionar o crono.

Aqui há fotos do sistema de embreagem horizontal e, depois, vertical:

https://omegaforums.net/threads/chronographs-vertical-and-horizontal-coupling.5539/


Ou seja, embreagem horizontal e vertical é como o sistema de relógio transmite a força para o crono.


Outra coisa completamente diferente, DENTRO DO CRONO, são os sistemas de came e roda de colunas. Esses sistemas controlam não como o relógio em si se acopla ao crono, mas como ocorre a sequência start stop de todo o sistema.

No sistema de came, a sequência está "programada" em um came com ressaltos. Cada deslocamento lateral das alavancas neste came faz com que os martelos  que agem sobre os cames coração em cada acumulador façam com que  o crono resete o comece a funcionar. Um came:


http://farm3.static.flickr.com/2616/4187695129_5e28419156_o.jpg

A roda de colunas faz exatamente a mesma coisa, mas ao invés das alavancas se deslocarem batendo neste came e, aí, fazendo suas funções, atuam sobre um "castelinho" com ressaltos e cavados: se uma alavanca bate no alto, a função é uma, se bate no baixo, é outra.

A função é exatamente a mesma, mas o custo de produção é maior, pois um came pode ser estampado e produzido mais rapidamente, enquanto uma roda de colunas tem que ser necessariamente usinada.

http://www.thewatchspot.co.uk/images/BlogImages/Large/Welsbro-2.jpg


Resumindo. Came e Roda de colunas CONTÉM A PROGRAMAÇÃO das funções de start e stop do crono e a controlam. Embreagem vertical e Lateral controlam como o crono se acopla ao relógio propriamente dito e passa a funcionar. Uma coisa não tem nada a ver com a outra e ambas podem coexistir.

Qual é melhor? Eh...

Primeiro eu respondo qual é tradicional, o usado no passado distante: embreagem lateral e roda de colunas. E por isso fábricas que prezam pelo tradicional mantém o sistema.

Vantagens para o usuário? Olha, eu sinceramente não vejo vantagem alguma no sistema de came e roda de colunas, se ambos forem bem feitos. E vou além, a maioria dos relógios que já usei tendem a ser mais macios (a precisão para mim é a mesma) nos sistemas de came. Tenho dois relógios espetaculares nesse sentido, o Omega Reduced, que tem um módulo Depraz com came e o Ebel Type E, ambos usam cames. E tenho um que usa roda de colunas que é HORROROSO, duro paca, impreciso na operação, o Longines Avigation, com Eta 2894 com roda de colunas. Para o relojoeiro, dizem as más línguas que o came, por sempre receber os impactos das alavancas num mesmo local, tende a desgastar-se mais rapidamente, enquanto a roda de colunas não, pois distribui a cada operação o impacto em um cavado ou torre do castelinho. Não sei dizer...

Sobre a embreagem vertical, ela elimina sim os pulinhos da embreagem horizontal e, portanto, tende a ser mais precisa. Porém, quando dá pau, você não consegue reparar (a embreagem do Rolex 4130 é reparável, dizem). O sistema de embreagem lateral, neste sentido, tende a ser não mais robusto, mas mais a prova de idiota.


Flávio

GuilhermeAzeredo

Flávio! Obrigado pela aula! Vou dar uma estudada nisso pra compreender melhor! O link que passou é muito bacana! Vlw!

Abraços!

flávio

Imagens dizem mais do que palavras. Ah, e não precisa ouvir o tio com sotaque francês para compreende o paranauê, pulem direto para o 3:14. Aí está demonstrado o funcionamento da embreagem lateral,  controlada, acima do vídeo, pela roda de colunas. Depois, o vídeo mostra a vertical.



Adriano

Com a liberdade de resumir o que já foi perfeitamente explicado pelo Flávio: came ou roda de colunas são tipos de COMANDO de cronógrafo. Embreagem vertical ou horizontal são tipos de ACOPLAMENTO de cronógrafo. São coisas completamente independentes, ou seja, pode haver qualquer combinação entre esses sistemas.

Abraços!

Adriano

GuilhermeAzeredo

Show! Agora entendi!! ;D muito bacana o vídeo!!!

Abraços!!

edson rangel

Review muito bom, pena que não tenho o tempo que gostaria para me dedicar mais ao mundo dos relógios e ficar pelo menos próximos a vocês em conhecimento.   ;)
FIQUEM  TODOS NA PAZ DE DEUS !!!!