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Lançado um DVD sobre a construção da réplica do H4 por Derek Pratt

Iniciado por admin, 20 Julho 2016 às 22:40:15

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flávio

O Derek Pratt, como já ressaltei aqui, foi um dos maiores relojoeiros dos últimos cem anos, senão o maior. E Daniels? Bem, ele era do quilate de Daniels e inclusive é citado no livro deste. Antes de Daniels ter grana para comprar um torno "de responsa", pegou um emprestado com Pratt, que era britânico, mas trabalhando na Suíça. Só que Pratt era independente numa época na qual estes ganhavam dinheiro fazendo coisas para outros. Pratt ficou conhecido ao trabalhar para a Urban.

Pois em 1997 Pratt decidiu fazer uma réplica PERFEITA do H4 de Harrison e assim continuou até 2009, até que adoeceu. Ele morreu pouco tempo depois e o relógio inacabado ficou em seu espólio, até que a Frodsham que, diga-se, nem sabia que ainda existia (foi a mais famosa fabricante de Cronômetros de Marinha inglesa), tomou à frente do projeto, tendo que fazer a compensação de temperatura, remontoire, etc.

Site deles aqui:

http://www.frodsham.com/


E quatro anos depois eles completaram o projeto e um DVD foi lançado este ano:

http://www.bdvideos.co.uk/site/shop/horology/a-detailed-study-of-h4/

Ora, não bastasse ver as técnicas antigas (vejam como usam só coisas velhas, tudo com limas! Muito foda isso, nem em sonho fabricantes atuais usariam isso!), há imagens de Pratt na bancada!

Só trailler já me interessou.


Vejam a quantidade de informação nesse pequeno trecho de dois minutos!

Eu estou na pilha por esse DVD. Será que roda no Brasil, por conta da região?

http://www.bdvideos.co.uk/site/shop/horology/a-detailed-study-of-h4/


Flávio

flávio


Paulo Sergio

Maravilhoso!!!
Obrigado por compartilhar amigo Flávio!!!
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

flávio


michelim

"The Quality Remains Long After the Price is Forgotten."

michelim

"The Quality Remains Long After the Price is Forgotten."

flávio

Uma pergunta a quem comprou: receberam? Não recebi o meu e mesmo com a eficiência dos correios brasileiros, começo a achar que não vai chegar... Flávio

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flávio

Finalmente chegou. Vou assistir e depois posto os comentários





Enviado de meu Lenovo A6020l36 usando Tapatalk


flávio

Só hoje assisti ao DVD. Alguns comentários.

Inicialmente, é impossível imaginar como os caras antigos faziam esses troços. Ok, as ferramentas que o Pratt e Daniels, por exemplo, usam, na teoria são muito semelhantes às do passado. Tanto Daniels quanto Pratt não usavam esses troços computadorizados dos seus contemporâneos. Tá... Mas no passado os tornos eram impulsionados por força humana! Hoje o troço já é dificílimo, os tornos são muito mais precisos, elétricos e você sequer acredita que estejam fabricando o troço. O vídeo, nesse ponto, é bom porque mostra - ainda que MUITO RAPIDAMENTE - as técnicas envolvidas. É tudo muito rápido no vídeo. Por exemplo, o cara constrói o mostrador em cinco minutos de vídeo, quando é sabido que deve ter demorado, sei lá, um ano.

O DVD, pois, como documento, é bastante válido. O senão está na imagem muito "tabajara", talvez reflexo do momento no qual começou a ser filmado, início dos anos 90. Como é cediço, o Pratt morreu no meio do caminho e quem encampou o projeto foi a Frodsham, que mesmo usando uma equipe de umas 5 ou 6 pessoas, gastou mais uns bons anos para terminar tudo.

Vale a pena para os fãs, não sei se é de tanto interesse para os leigos. Eu curti.


Flávio

flávio

O Quill and Pad está publicando um artigo em 3 partes sobre a reconstrução.

Não só Pratt tentou refazer o relógio, SEM USAR O ORIGINAL COMO MODELO, eis que não o deixariam vê-lo, como buscou métodos tradicionais (nada de CNC aqui!). Fato é que ele teve que se basear em fotos e descrições de antepassados que analisaram o relógio original. Fato é que quando o projeto foi herdado pela Frodsham, o "2d" da coisa, ou seja, o formato das peças no plano horizontal, era sabido (Pratt baseara-se em fotos). Porém, não havia como saber com certeza a altura dos componentes, razão pela qual fizeram um modelo em CAD para testar. Feitos os testes, partiram para a fabricação, toda artesanal e com muita tentativa e erro. O primeiro artigo lida com os rubis e rodagem. Os rubis foram todos furados e polidos à mão e Harrison, como pode ser visto nas fotos, usava um método não tradicional (abandonado por Kendall na sua cópia) de encaixá-los na platina. Ele usava planos deslizantes... Kendall usou o que conhecemos hoje, engastamentos fixos por parafusos.

http://quillandpad.com/2016/12/29/derek-pratts-reconstruction-john-harrisons-h4-worlds-first-precision-marine-chronometer-part-1-3/


O segundo artigo lida com a fabricação da minúscula palheta em diamante, um feito fantástico para a época e mesmo para hoje. Isso ocorre porque o diamante é extremamente duro e quebradiço, razão pela qual seu polimento no torno até o formato desejado não é tarefa simples.

http://quillandpad.com/2017/01/04/making-diamond-pallets-derek-pratts-reconstruction-john-harrisons-h4-worlds-first-precision-marine-chronometer-part-2-3/

O terceiro artigo será publicado em breve.


Flávio

flávio

Saiu a parte final, que analisa rodagem, remontoir, ponteiros e balanço. Confesso que achei difícil compreender o funcionamento dos componentes através das explicações, que não são "passo a passo". Mas vale pelas fotos.

As molas não foram feitas por métodos tradicionais, mas CNC. Lembrem-se que a metalurgia de molas no passado era uma das coisas mais complexas que existia, tanto que uma arte separada na relojoaria. Nunca saberemos se Harrison fez ele próprio as molas ou terceirizou o trampo. Fato é que a Frodsham as fez em CNC.

O correto torque do relógio depende do funcionamento conjunto de quatro molas: a principal, a espiral, a do remontoir e do mecanismo de corda constante. Qual o problema? Como tudo que Harrison fazia, um pouco complicado... Qualquer variação de tensão em uma das molas afetava todo mecanismo e a marcha do relógio. E não há método para ajustar separadamente uma das molas, os ajustes são feitos por tentativa e erro e... DESMONTANDO TODO O MECANISMO CADA VEZ! Se o povo da Frodsham achou isso um tormento, usando Vibrographs eletrônicos da Witschi, imaginem Harrison no passado. "Olha, há um errinho de marcha!" Desmontava todo mecanismo, remontava, confrontava o troço com um regulador padrão e... Esperava um dia para ver a marcha. Não é de se estranhar que, mesmo depois de construído, o AJUSTE do troço tenha demorado tanto...

O balanço, por sua vez, não tem regulador, apesar de existir um índex na platina. Os reguladores eram padrão nos relógio "verge" da época, mas Harrison não utilizou um: o disco presente na platina é não funcional, certamente foi deixado lá por Harrison porque alguma versão anterior do relógio possuía regulador, que foi abandonado com o tempo. O aparato, pois, é free sprung. Mas vocês acham que um free sprung com ajuste de momento de inércia no balanço, como os atuais Patek (Giromax) ou Rolex (Microstella)? Claro que não... Para variar, Harrison usou um método complexo. O balanço era feito um pouquinho mais espesso do que previsto e, então, SE RETIRAVA MATERIAL DELE, raspando-o, até se atingir a frequência desejada, que é de 18 mil batimentos, muito rápida para a época.

Os ajustes finos de marcha eram feito alterando-se o ponto de contato da mola espiral com o pitón.

O relógio, depois dos ajustes, foi trazido a uma marcha diária de +2 pela Frodsham e, testado por 9 dias, permaneceu nessa marcha. Detalhe: a Frodsham não o ajustou para temperatura o que, segundo Rupert Gould na obra the Marine Chronometer, foi algo que lhe deu nos nervos.

Derek Pratt e Frodsham ficaram marcados na platina ao lado do nome de Harrison, de forma bem sutil. Vejam:

http://quillandpad.com/2017/01/11/making-escapement-remontoir-timing-derek-pratts-reconstruction-john-harrisons-h4-worlds-first-precision-marine-chronometer-part-3-3/