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Seiko lança movimento com escapamento de impulso direto

Iniciado por flávio, 05 Março 2020 às 14:52:06

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flávio

Vou partir do pressuposto que o básico do escapamento de âncora é conhecido por todos. Se não é, cliquem aqui:

https://relogiosmecanicos.com.br/curiosidades/o-escapamento-de-ancora/

Pois bem, no escapamento de âncora, a cada vai e vem da âncora em si (que está conectada INDIRETAMENTE AO BALANÇO POR UMA HASTE), esta bloqueia e libera a roda de escape. E a cada liberação, a roda de escape dá uma "raspada" nas alavancas em rubi (levee), que INDIRETAMENTE, através da tal haste e pino em rubi, mantém o balanço girando.

No escapamento Coaxial, as coisas são um pouco diferentes, "híbridas": a cada oscilação, há um impulso DIRETO do rubi do platô do balanço (mostrado EXATAMENTE AOS 59 SEGUNDOS DO VÍDEO ABAIXO), e um indireto, através da âncora (se é que podemos chamar a âncora do escapamento coaxial de âncora, mostrado EXATAMENTE AOS 1.09 do vídeo abaixo).

https://www.youtube.com/watch?v=3mJDk4e_AbU&feature=emb_logo


A Seiko lançou agora um movimento completamente novo com alta reserva de marcha, free sprung, espiral de Breguet, escapamento feito em fotolitografia, o escambau, o que por si só teria o condão de aumentar a precisão de seus já ultra precisos movimentos GS, mas não só... Vejam a foto no texto abaixo, o escapamento é totalmente novo e lembra MUITO os princípios do coaxial, com um impulso indireto e outro direto.

https://www.ablogtowatch.com/grand-seiko-debuts-updated-9sa5-hi-beat-movement-in-slgh002-60th-anniversary-watch/


Tentei formular mentalmente o funcionamento do troço e é deveras parecido com o coaxial, porém, tenho a impressão, até mesmo pelo formato dos dentes da roda de escape, que o escapamento, pelo menos no impulso INDIRETO, funciona com transmissão da energia por atrito deslizante, como no âncora, e não por "peteleco", como no Coaxial (o que simplificou demais o desenho, não posso negar, eis que o Coaxial é algo complicadéeeerrrrimo).

https://watchesbysjx.com/2020/03/grand-seiko-60th-anniversary-hibeat-slgh002.html


Mas aí vem a novidade. Tudo bem que é um relógio em edição limitada de 100, mas todos os GS o são... Tudo bem, ainda, que o relógio é em ouro... Tudo bem, ainda, que se trata de um movimento novo cheio dos paranauê mas... O acabamento, pelas fotos, é industrial. Então me pergunto: que diabos de saquê estão tomando os japas para colocarem o preço nisso em 43 mil dólares? Pô caras, quando falo para vocês que eu ainda sou apaixonado pela história da relojoaria, 700 anos de ciência, estudo, etc, mas tenho cada vez mais ficado PUTO com as empresas, alguns ainda me questionam. Pomba, 43 mil dólares nisso? Puta que pariu!


Flávio

Adriano

Meus dois centavos: por alto, também não vi diferença entre isso e o Co-axial, exceto o fato de que tudo ocorre em um mesmo eixo, e que o impulso é por deslizamento e não tangencial.

Qual a vantagem então? Talvez apenas o fato de ter um impulso - pelo menos um deles - sendo dado diretamente no platô, o que é mais eficiente, mais consistente e menos "perturbador" para o balanço. E provavelmente, com um ângulo de levantamento reduzido, tal como no Co-axial, o que se traduz também em menos perturbação à oscilação natural do balanço.

Abs.,

Adriano

Devenalme Sousa

Flávio, concordo que esse preço está exorbitante, tal qual o preço de um Rolex novo.
Na sua opinião, qual seria o preço justo desse Seiko?

flávio

Cara, não há nada mais difícil do que determinar preços de produtos de luxo, sobretudo porque o custo de produção, que tendemos a analisar quando pensamos nisso, é apenas uma fração, e muitas vezes a menor fração, do conjunto da obra... Quando um produto tem uma produção extremamente limitada e o custo de produção não se dilui, vá lá. Mas estamos falando da Seiko, que faz tudo em massa e em casa! Portanto, eu não sei quanto deveria custar isso, mas tecnologia por tecnologia, um Omega Coaxial tem as mesmas coisas e, mesmo nas suas versões em ouro, custa pelo menos a metade. Comparando maças com maças, ou seja, coisas produzidas por empresas que fazem tudo com robôs e em massa, eu acho este Seiko super overpriced.

Flávio

Devenalme Sousa

Pois é. E, entre a Omega e a Seiko - apesar de todo respeito que esta merece -, aquela tem um prestígio bem maior.

flávio

#5
Uma análise do modelo em aço com o novo movimento. Basicamente o texto resume o que já era minha opinião quando lancei o tópico: o movimento é sim uma evolução, pois com melhor transferência de energia, consegue uma reserva de marcha significativa, sem precisar alterar a frequência de 36 mil batimentos.

O escapamento, a bem da verdade, como já disse alhures, lembra muito o Coaxial, pelo menos nos princípios.

O acabamento dos movimentos japoneses está cada vez mais parecido com os suíços, o que lhes tira identidade. Foram-se, por exemplo, as Listras de Tokyo para algo mais parecido com as de Genebra. Na prática, o que caracterizava o nome dado às tais listras de Tokyo eram sua profundidade e... Querem que eu seja bem honesto, eis que já tive um Gs em mãos? Um acabamento com marcas de usinagem que eram muito porco para meu gosto, mas que deixava as listras bem aparentes e profundas.

O preço do relógio parece-me completamente desconectado da realidade do mercado, são 10 mil dólares, mais do que um Rolex Submariner, que é, gostem ou não, o parâmetro do termômetro para relógio de aço de luxo.

Vejam:

https://watchesbysjx.com/2021/05/grand-seiko-60th-anniversary-hi-beat-slgh003-review.html



Ps. Há alguns detalhes nos ponteiros do relógio que são muito singulares e, para dizer a verdade, até mesmo curiosos. O ponteiro de horas, por exemplo, tem 3 tipos de acabamento, prestem bem atenção: "frosted" numa listra central, escovado no resto e polido nas bordas!