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Patek Cronógrafo de décimos

Iniciado por flávio, 07 Abril 2022 às 10:41:19

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flávio

A Patek lançou ontem um cronógrafo que, a exemplo do EL primero, tem a possibilidade de marcar décimos de segundos. E, a exemplo também do El Primero, também marca os décimos numa rápida visualização em escala ao redor do mostrador. Mas ao contrário do El Primero novo, que tem uma escala de décimos específica e um giro rapidíssimo do ponteiro (foi usado um conjunto de engrenagens a mais), a Patek seguiu um caminho muito, mas muito, mas muito mais complexo, simplesmente adicionando um novo módulo de cronógrafo completo ao mecanismo de cronógrafo existente. Aliás, a Patek é mestre em fugir do KISS (keep it simple stupid. Mantenha tudo simples, idiota), ao projetar mecanismos extremamente complexos para fazer coisas simples. Não é a primeira vez... O Patek calendário anual, sabe-se-lá o motivo, possui mais componentes do que o calendário perpétuo! E mesmo o calendário perpétuo deles, tradicional, tem trocentas peças a mais do que projetos mais "atuais" como, por exemplo, o da Frederique Constant.

O movimento tem um monte de inovações técnicas, sobretudo "freios" em rodagem e alavancas, para permitir um acionamento mais preciso, sem saltos de ponteiros e aspereza nos engates.

Mas o mais interessante é o escapamento, todo em silício, que inclusive sequer usa uma roda de balanço, mas uma "massa" em formato diferente. Tudo em silício (roda de escape, âncora, etc).

Mas... Não dá para levar a sério uma Indústria (falo da Indústria com I maiúsculo, toda indústria de relógios) na qual um produto é lançado por um preço inacreditável de 380 mil dólares. Sim, são 380 fucking mil dólares, o equivalente, no exterior, ao preço de 3 Porsches GT3, o carro mais caro que a fábrica que só fabrica carros ultra mega caros fabrica. E haverá uma quantidade inacreditável de IMBECIS dispostos a pagar não 380, mas milhões por um.

A impressão que tenho é que os CEOs atuais da indústria definem seus preços jogando d100s de RPG: a centena que cai eles definem o preço, independente de custo de produção, marketing, etc.

Flávio

Devenalme Sousa

Queria ver esse bicho funcionando. Tem algum vídeo, Flávio?
O movimento só não é mais bonito justamente por causa da inovação no escapamento.  Destoa muito do resto do mecanismo.

flávio

Tem o vídeo oficial da Patek, mas creiam: uma volta a cada doze segundos não é assim tão rápido...

https://www.youtube.com/watch?v=KG6ujuW8Fus&t=1s

Devenalme Sousa

#3
Que coisa linda o giro desse ponteiro de décimos de segundos.
Há algum outro relógio com esse recurso além do Zenith e desse Patek?

flávio

Citação de: Devenalme Sousa online 11 Abril 2022 às 18:31:35
Que coisa linda o giro desse ponteiro de décimos de segundos.
Há algum outro relógio com esse recurso além do Zenith e desse Patek?


Exatamente deste modo não. Mas há cronógrafos fondroyante no mercado há séculos. O Zenith é um pouco diferente, ele gira uma vez a cada 10 segundos e existe uma escala específica não coincidente, como a do Patek. Eu acho o Zenith, ao que se propõe, mais azeitado na visualização. E muito mais simples na construção, claro, pois a Zenith simplesmente colocou uma engrenagem a mais de redução conectada à roda de escape e pronto. A Patek colocou outro mecanismo inteiro de cronógrafo dentro do já existente.

igorschutz

Tem aqueles TAG Heuer de pulso que marcam 1/100 de segundos...
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

igorschutz

Tem o Duometre Chronograph da JLC que marca 1/6 de segundo.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Enéias

O que tem me chamado a atenção, nos últimos tempos, pois estou prestes a completar 60 anos de idade, é o valor dos relógios. Também a tentativa persistente em aperfeiçoar a marcação do tempo. O que me causa espécie é pensar que o principal objetivo não é saber as horas, pois podemos vê-las em qualquer canto da casa ou nas ruas em painéis, celulares, objetos eletrônicos. É como se o homem estivesse em competição com os produtos à pilha (será?). Qual seria, então, o sentido de se pagar milhares de dólares por um produto que não é mais necessário, quando se fala de sua principal função?


flávio

Essa a grande questão... Quando os relógios mecânicos se tornaram obsoletos como objetos ÚTEIS, coube à indústria suíça mudar seu foco, transformando-os em objeto de desejo e luxo. Ou seja, a função principal dos relógios mecânicos, desde sua obsolescência, não é sua utilidade, mas sua função como acessório e luxo.
Meus 2 cents. Mesmo sendo obsoletos, eu sinceramente acho interessante que fábricas se disponham a levar a tecnologia (obsoleta) ao limite da precisão, que afinal era a busca até meados dos anos 70. É um contrassenso, mas... Fazer uma Ferrari para ser usada na rua a 60 km por hora também é, e o maior público da marca certamente não é de automobilistas...
Por outro lado, a questão de preços é algo que tem soado bizarro nos dias atuais, porque os produtos eram EXATAMENTE os mesmos dos anos 70 (a exemplo da Rolex) e custam mmmmmmmmmmmmmmmuuuuuuuuuuuito mais caro hoje. Quando o preço sobe demais, para quem se importa, como eu (pois 99,99 por cento do consumidor alvo não está nem aí), começa a existir um descompasso entre o que o produto é como produto, o que ele oferece, e o que custa.
A título de exemplo, e citando a Rolex, eu tenho um Explorer I comprado lacrado em 2008 por 9 mil reais. Hoje, se me oferecessem o mesmo relógio por 9 mil eu declinaria, pois não acho que ele valha isso como produto que é (é uma porcaria em aço e, no meu caso, ainda com os toscos braceletes Oyster com fecho estampado). Se você mostrar um Rolex a qualquer pessoa que nunca tenha ouvido falar na marca, ela certamente dirá que é algo que vale uns 2000 reais. Porque ele provavelmente deve custar a metade disso para fazer... Mas... Custa 50. O que determina isso? Mercado: enquanto houver idiota pagando, tem esperto vendendo.

E não há crítica ALGUMA da mídia especializada sobre o que o produto oferece como produto, pois a maioria dos blogs gringos (todos...) vivem de "jabá". Ou seja, a gringolândia acha que é normal a Seiko aparecer com um maldito turbilhão com não sei o quê e cobrar 300 mil dólares nisso. Não é normal...


Flávio