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Parte 2 da saga da ressonância: Antide Janvier

Iniciado por flávio, 31 Maio 2023 às 14:09:44

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flávio

Por volta de 1780, com o aumento da precisão dos relógios de pêndulo, Antide Janvier percebeu que estes eram prejudicados pelas pequenas vibrações de carroças circulando nas ruas e pessoas próximas caminhando. Revisitando os experimentos de Huygens, o relojoeiro imaginou que poderia construir um relógio de pedestal mais preciso se utilizasse dois pêndulos conectados vibrando em ressonância. A ideia era plausível, uma vez que se um dos pêndulos fosse perturbado por algum tipo de vibração, a energia dissipada pelo outro em pouco tempo reestabilizaria o sistema. Janvier, provavelmente o melhor fabricante de relógios de pedestal de sua época, então, construiu 3 modelos nos quais dois movimentos completos montados em conjunto, com dois pêndulos, funcionavam em sincronia, com o intuito de aumentar a precisão. Tais relógios constituíam o ápice de uma produtiva carreira na qual centenas de modelos, sobretudo com complicações astronômicas, haviam sido fabricados. O advento da Revolução Francesa, porém, trouxe diversos problemas a Janvier, em virtude da sua proximidade com a Aristocracia, maior consumidora de suas criações. Grande parte das encomendas feitas antes da Revolução não foram honradas e Janvier passou a viver com parcos recursos financeiros. No entanto, conseguiu adaptar-se aos novos tempos e, aliás, entre 1794 e 1802, vivenciou a mais prolífica fase da sua carreira, fabricando cerca de 400 relógios no período. O alto custo de produção de suas criações, a pequena margem de lucro e o descontrole financeiro de Janvier, porém, fizeram-no ir à falência em 1822. Seus projetos, relógios (inclusive modelos de duplo pêndulo ainda não vendidos) e biblioteca, então, foram adquiridos por outro relojoeiro que também se interessava pelo fenômeno da ressonância. Sobre sua vida, Janvier escreveu: "iniciei minha infrutífera carreira aos 15 anos de idade e, durante o tortuoso período de 60 anos, depois de gastar 25 mil francos na minha própria educação e na prazerosa difusão gratuita dos conhecimentos que adquiri, tive apenas um pouco de glória, abandono, pobreza e esquecimento". Janvier morreu na miséria em 28 de setembro de 1835, aos 84 anos de idade.