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Omega Reduced - sistema de carga...

Iniciado por Enéias, 24 Agosto 2010 às 12:30:20

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Enéias

... é ruim. Tenho dois, sem contar o vermelho. Esta semana resolvi separar dois para uso e dei carga em ambos. Utilizei um ontem e estou com o outro hoje. Incrível: a despeito da carga dada pela coroa e pelo uso, os dois, hoje cedo, estavam parados. A carga não durou muita coisa. Não sei quanto tempo leva para ter carga completa e também quanto tempo dura essa carga (com o relógio em repouso).

:-\

igorschutz

Também já tive problemas de carga com um Speedmaster Reduced amarelo.
Foi o único relógio que tive que deu problema semelhante.

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

flávio

Vale a pena procurar o tópico - não lembro onde foi - onde discuti isso. Não é só o reduced. Todo movimento com base no 2892.


Flávio

Wilson


Adriano

Realmente, é um probema que acomete todo 2892 e derivados. Mas que ele parece se agravar nos Reduced, isso lá é verdade.

Eles carregam direitinho... quando carregam!  ;D ;D

O problema é bem mais raro nos calibres retrabalhados da Omega, como os 1120, 2500, e etc. Mas nos 1140 e irmãos, sabe-se lá por que raios, o sistema é o originaç da ETA. Aí...

O que é uma pena, pois o 2892, de resto, é um puta trator... acho que funciona até com areia dentro... A robustez dele é invejável, ao contrário do que pensam. Já vi relógio equipado com essa máquina, que parece que veio do Iraque... e a porra lá, funcionando, com amplitude e precisão!

Abraços!

Adriano

FALCO

Porque isto ocorre?
É o rotor que gira pouco?
Este giro é pouco aproveitado?
Ou algo mais?
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

Wilson

Citação de: broker online 25 Agosto 2010 às 08:12:31
Porque isto ocorre?
É o rotor que gira pouco?
Este giro é pouco aproveitado?
Ou algo mais?

acho que o rotor deveria ser um pouco mais pesado e o tambor de corda um pouco maior,

já desmontei vários e todos apresentam os mesmos problemas citados pelo Flávio,

sempre achei o rotor levinho demais e o tambor de corda muito pequeno, ou seja,

sendo o tambor um pouco maior, a mola da corda poderia ser um pouco maior também, claro

não sei, acho que é por aí...


abraços,


wilson

Alberto Ferreira

Salve, amigos!

Prosseguindo com o debate.

O que os amigos nos disseram faz sentido...  ::)

Seria um "erro" (ou, pegando mais leve, uma "inadequação"...) de projeto...

E aí fica a, provocativa, pergunta.

Por que permaneceu assim?

Abraços,
Alberto

Adriano

O problema é que a massa do rotor é inadequada para o sistema usado. O sistema do 2892 é um dos mais antiquados que há. Ele é exatamente o mesmo sistema originalmente mostrado pela Eterna lá na década de 40, com uma roda inversora só. O sistema usado no 2824, com dus rodas inversoras, é uma evolução dele.

O sistema usado no 2892 foi escolhido assim por uma economia de espaço: queria-se um mecanismo de baixa altura, pois era a moda. Por sua baixa altura, ele se mostrou bom para adição de módulos também. O boa parte da rodagem do automático do 2892 fica embutida dentro do mecanismo, na mesma altura do resto da rodagem. Com o sistema do 2824, com duas rodas inversoras, isso não é possível.

O resultado é que o sistema do automático tem arraste demais, com rodas relativamente grandes girando sobre eixos pequenos, com pressão relativamente grande. O rotor, por seu rolamento grande, fica com pouco momento de inércia (resolvido pela Omega com um rolamento menor nos calibres 1120 e derivados). Funciona bem enquanto a lubrificação está perfeita, sem óleo de menos e principalment sem óleo demais, e enquanto não houver nenhum desgaste. Logo que uma dessas condições se altera, o carregamento começa a ficar deficiente até o ponto de simplesmente não carregar mais nada.

Outro detalhe, aprendido há poucos dias com um mestre: nos calibres 1120 da Omega, muitas peças são selecionadas, pra que se tenha uma qualidade de precisão melhor. A corda usada nos Omega 1120, por sua vez, possuem menos tensão e conseguem dar o mesmo nível de amplitude de uma ETA 2892. Essa mola com menos tens
ao facilita um bocado o carregamento. Tanto que, se utilizar em um calibre 1120 uma corda do ETA 2892, provavelmente sofrerá rebatimento, devido à tensão maior da corda dos ETA, a ponto de até danificar o tambor de corda do Omega.

Logo, uma corda de menor tensão, pelas selecionadas mesmo no sistema do automático, e rotor com mais inércia praticamente eliminam o defeito no Omega. Os calibres 1140, com módulo, não sei o motivo, ainda usam o sistema igual ao do ETA e ainda sofrem com esse problema do carregamento.

A solução para os relógios que não carregam é a troca de quase todos os componentes e em alguns casos até da ponte, caso um dos eixos estejam desgastados.

Abraços!

Adriano

Alberto Ferreira

Citação de: Adriano online 28 Agosto 2010 às 16:44:52

...
...A corda usada nos Omega 1120, por sua vez, possuem menos tensão e conseguem dar o mesmo nível de amplitude de uma ETA 2892. Essa mola com menos tensão facilita um bocado o carregamento...
Tanto que, se utilizar em um calibre 1120 uma corda do ETA 2892, provavelmente sofrerá rebatimento, devido à tensão maior da corda dos ETA, a ponto de até danificar o tambor de corda do Omega.
...



Salve!

Grato pela explicação, Adriano.

Mas eu vou aproveitar o trecho que grifei aí acima para lhe fazer uma outra pergunta.

Dias atrás, quando o colega Chip questionava sobre o adiantamento da marcha de um relógio seu, eu falei na possibilidade de "encurtamento" da espiral do balanço, seja pela presença de óleo ou de magnetismo "colando" as espiras.

Em seguida ele perguntou o que mais poderia causar um efeito de aceleração da marcha.
Sem entrar em detalhes eu apenas mencionei que a corda (sua tensão) deveria ser verificada e trocada.

A minha pergunta, Adriano, seria.

Como ocorre este "batimento" que você acaba de mencionar?
Ou, melhor dizendo, qual a conseqüência imediata de tais "batimentos"?

Grato e um abraço!
Alberto

flávio

O mistério que me vem à cabeça parte da resposta do Adriano e da experiência que já havia relatado aqui sobre os calibres 1120 e derivados: se a Omega resolveu o problema e faz parte do Swatch Group, que é dono na ETA, por que a evolução não foi levada a todos os movimentos 2892? Não entra na minha cabeça!
E o pior é que é bem capaz de os movimentos da Omega nem serem modificados na planta dela, mas na própria ETA, em Grenchen. Vá entender...


Flávio

Adriano

Salve!

Alberto, o rebatimento e o nome que se dá quando o balanço ultrapassa sua amplitude normal de giro e o rubo de impulso bate no verso da âncora. Normalmente isso ocorre com amplitude superior a 330 graus. Esse defeito é notado pelo imediato adiantamento exagerado do relógio, e pelo som errático, algo como um "pocotó-pocotó" ao invés do "tic tac".

Abraços!

Adriano

Alberto Ferreira

Salve!

Obrigado, Adriano.
É o que eu imaginava, que o rebatimento também provocaria uma aceleração, embora errática, da marcha.

Mas, contrariamente ao que eu pensei quando comentei aquilo com o colega Chip, o que provocaria o rebatimento e a aceleração seria uma tensão maior da corda.
E, portanto, não ocorreria pela perda de "tensão" devida ao seu "envelhecimento", mas sim se ela eventualmente houvesse sido substituída por uma inadequada, mais "dura", de maior "tensão".

Um abraço,
Alberto

JeanFabricio

Que aula!  :)

Parabéns aos colegas por compartilhas tudo isso!  :D

Adriano

Citação de: Alberto Ferreira online 30 Agosto 2010 às 02:03:52
Salve!

Obrigado, Adriano.
É o que eu imaginava, que o rebatimento também provocaria uma aceleração, embora errática, da marcha.

Mas, contrariamente ao que eu pensei quando comentei aquilo com o colega Chip, o que provocaria o rebatimento e a aceleração seria uma tensão maior da corda.
E, portanto, não ocorreria pela perda de "tensão" devida ao seu "envelhecimento", mas sim se ela eventualmente houvesse sido substituída por uma inadequada, mais "dura", de maior "tensão".

Um abraço,
Alberto

Mas está correto Alberto, o rebatimento ocorre com tensão elevada da corda. E não precisa ser necessariamente corda errada, com tensão errada, espessura errada ou material errado: a própria corda original, se deformada, ou manipulada inadequadamente, muda sua curva de tensão (a curva de descarga de tensão), fazendo-a fraca com meia ou pouco corda, e forte demais com muita corda, arruinando o isocronismo e a estabilidade de marcha, e provocando rebatimento com corda cheia. Esse é inclusive um truque que "relojoeiros" pouco estudados pensam ser a solução quando o relógio está com corda velha e com pouca amplitude: entorta a corda de tal forma para que ela promova maior tensão, maquiando uma necessidade de troca da corda. O resultado é esse que falei. A corda vem perfeitamente calibrada de fábrica e não deve ser manipulada. Perdeu tensão, tem que se trocar. Isso é fundamental para a boa estabilidade de marcha e ainda me impressiona como a troca de corda ainda espanta ditos "entendidos" e até "relojoeiros", que sempre dizem que "não precisa trocar a corda". É realmente impressionante o desconhecimento da importância da corda e como o assunto é negligenciado até por "profissionais". Bastam poucos anos (às vezes bastam 5) de uso para que uma corda seja recomendavelmente trocada, e não algumas décadas, como muitos pensam.

Voltando ao assunto, no exemplo que usei, a corda da ETA tem tensão maior que a usada pela Omega. E se colocar uma corda de ETA 2892 em um Omega 1120, ele sofrerá rebatimento e danos ao tambor.

Abraços!

Adriano

Alberto Ferreira

Salve!

Mais uma vez obrigado, por confirmar, Adriano.

Esses "detalhes", a ação e "truques" de relojoeiros menos "avisados"  :P, são mesmo um problema.

Eu já vi tambores (peças avulsas, de sucata) bem danificados pela corda.

Um abração!
Alberto

Marcelo Costa

Olá Amigos,

eu já tinha ouvido falar desses problemas do Reduced e agora entendi muito bem o que realmente acontece pelas explicações do Adriano.

Muito obrigado por postar essas informações aqui Adriano!

Ainda bem que temos gente assim no fórum! Com esse conhecimento e paciência para explicar aos leigos, como eu, o que realmente acontece nos bastidores!

Tenho 2 reduced e ainda não notei esse problema. Ainda! Mas acho que não é uma questão de sorte...é uma questão de tempo mesmo!

Acho muita "sacanagem" isso! Compramos um Omega achando que estamos adquirindo o "fino da bossa" em matéria de relógios!  ;)

E na verdade....nos bastidores...ou por baixo dos panos....os caras estão vendendo um movimento cheio de gambiarras!

Acho os Reduced bonitinhos...mas o triste é descobrir...que talvez sejam também ordinários!  :-X

E o preço deles nas autorizadas não tem nada de Reduced!!  :-X

Abs

Marcelo

Enéias

Concluo, portanto, que preciso encaminhar meus relógios à revisão. O reduced vermelho está se comportando bem melhor.

Adriano

Mas colegas, vejamos que a manutenção é necessária. O sistema não é ruim num geral: ele é sensível e necessita de atenção na manutenção.

Eu não atribuiria o problema à uma falha de projeto: é uma característica de projeto, isso sim. E sim, existem uma série de projetos melhores. Os caras da ETA e muito menos da Omega são burros. Não colocariam um porcaria no mercado, muito menos par enganar o consumidor. Até porque o 2892 com módulo DD da Omega é um dos mais baratos do mercado. Tem marcas usando o ETA 2894 com preços na casa dos R$ 20.000,00.

Ocorre que os problemas são exacerbados por negligência na manutenção e manutenção inadequada. Os Reduced que recebem manutenção adequada não apresentam esse problema.

E tem mais: muitos Reduced ou outros 2892 não têm problemas de desgaste, mas não carregam por lubrificação inadequada, principalmente em excesso. Aí não é problema de projeto, mas de desconhecimento do profissional que fez a revisão. Como a distância entre as peças é muito pequena, qualquer excesso "cola" tudo e a roda inversora não funciona.

O 2892 não é mau: só está na hora de mudar nos moldes da Omega, ou se aposentar.

Abraços!

Adriano

Wilson

Para quem não viu...

aqui estão fotos de um 2892-A2 (Hublot) desmontado,
para ilustrar o que o Adriano está falando :

http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php/topic,94.0.html

abraços,

wilson