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Tudo pela metade

Iniciado por solano, 27 Novembro 2010 às 08:45:57

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solano

Tudo pela metade

Um amigo carioca morando muitos anos na França fica impressionado como estamos acostumados com a favelização no Rio de Janeiro e com o famoso "Isso sempre foi assim, não tem jeito" dos familiares que por aqui habitam. Somos assim, brasileiros em geral e com mais malandragem os cariocas: Nada seguem com perseverança até o fim! Comecemos pelos políticos, que não sabem além do benefício partidário e pessoal, os bons programas já implantados e bem sucedidos morrem pela metade ou até menos. Idéias geniais e objetivas morrem de inanição. O Darcy Ribeiro fez um trabalho primoroso e criou os CIEPs, colocando as crianças em tempo integral nas escolas, focando na educação, alimentação e laser. Cadê essas escolas? O programa não foi seguido, deu certo enquanto gestão daqueles políticos e de resto foi abandonado. Não há solução sem educação, isso é o básico do básico. E no passado mais longe a favela do Pinto foi removida da lagoa Rodrigo de Freitas, difícil, mas deu certo e as outras que cresciam sem controle? Nada feito...
O Rio, hoje, sofre de câncer, incurável e está sofrendo uma pequena cirurgia que pode prolongar a sobrevida e até minimizar o sofrimento, mas é uma doença lenta e progressiva. Alguém aí já chegou ao Rio de avião e teve a curiosidade de olhar prá baixo procurando o Cristo ou Copacabana? Viu quantos e quantos quilômetros de casas apinhadas em ruas estreitas? Percebeu que o que sobra nos morros são a pedra dura e o abismo? O resto é gente pobre e sofrida se espalhando morro acima, que vai morrer de tiro ou da chuva, morro a baixo, tristeza. O problema é imenso, social e político, o destrato e abandono foi total, e o que se fez é sempre pela metade.
Cidade da música Veja:

"A Cidade da Música será um complexo cultural localizado na cidade do Rio de Janeiro. Seria inaugurada no dia 26 de dezembro de 2008, mas a inauguração foi adiada. [1][2]
Recentemente foi declarado que ainda não há previsão de inauguração para 2009. Todos os eventos de inauguração e a programação para 2008 e 2009 foram cancelados.
Após investimentos de R$ 518 milhões e muita polêmica, a inauguração da obra foi realizada pelo prefeito do Rio de Janeiro César Maia.[3] O investimento bancado pela Prefeitura do Rio custou quatro vezes mais do que outro grande projeto cultural de Maia: a Cidade do Samba, inaugurada em 2006 com custo de R$ 102 milhões, em valores da época.[2] Segundo a secretaria municipal das Culturas, o complexo cultural deve consumir só para manutenção – que inclui custos de água e luz, por exemplo – R$ 7 milhões por ano.[4]
"

Vamos brincar de ser rico? Primeiro mundo é ótimo! Os filhos da puta roubaram minha gente, e muito! Para fazer o inútil ser útil aos bolsos famintos desses safados! E aí, pela metade, está lá o elefante branco, parado de frente para os enormes engarrafamentos, nobre, belo, inacabado como tudo que se faz!
Vamos criar a rede de esgoto da barra da tijuca? Cadê, o emissário funciona pela metade, a elevatória também, as redes não chegam às casas e tome merda na lagoa. Não quero ser chato e menos ainda um jornalista, quem quiser pode colher os dados e perceber que o que nos faz pequeno é a nossa metade nunca atingida, não temos nada completo, acostumamo-nos ao incompleto e tocamos nossas vidas elegendo os meio-políticos, meio - cobrando, meio - aceitando.
Carioca é assim, pela metade mesmo, se faz um tempo nublado vai prá praia assim mesmo, se o chopp não está gelado toma uma cerveja, se o Mengão não ganha deixa prá lá... O salário está pouco, vai melhorar... A mulher está gorda e chata, deixa prá lá... Nada nesse mundo nada vai tirar a MINHA paz e a tranqüilidade do bom malandro carioca segue, ele sabe tão bem viver e ser feliz com tudo pela metade.

"Deixa a vida me levar, vida leva eu... Deixa a vida me levar"

Um meio abraço a você "mermão" que leu até a metade esse texto e foi fazer coisa melhor, gente boa, eu também sou carioca e vou parar por aqui, cansei, fui...

Roberto Solano

" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

Bruno Recchia

Oi Solano,

é isso ai mesmo... malandragem, ginga, nunca foram soluçao pra nada. Carioca infelizmente nao quer levar nada a sério... Nem a propria cidade.

Na minha opiniao, um dos grandes inimigos do desenvolvimento e do progresso no Brasil é o famoso "jeitinho".  é a forma que se achou de contornar os problemas, ao invés de se resolvê-los. Se eu consigo me virar pra resolver o MEU caso, danem-se os outros... Nosso povo tem até orgulho dessa "ginga", mas na verdade, quem sofre com isso é o nosso pais.

Aqui na Europa, hoje o Brasil é visto como O pais que vai estourar, mais até do que a China. Mas pra que isto ocorra, temos que aprender a respeitar  nossa terra, e exigir mais de nossas instituiçoes e politicos.

Hoje em dia, a vida é mais barata na Europa... Casa, carro, escola, saude, tudo isso é mais barato por aqui do que ai... é o famoso custo Brasil... sera que um dia muda ??

1 abraço,

Bruno

solano

 Bruno
Eu tenho um filho que pretende sair do País e eu tenho que concordar com os argumentos sólidos que ele me apresenta; embora ele tenha recursos, boa educação, conforto e opções diversas para ser bem sucedido aqui. a nossa " tragédia social " abala os jovens, que não tem os calos que adquirir a contra gosto. O Brasil tem uma chance única de mudança , mas com as políticas públicas e a IMPUNIDADE que por aqui é adquirida com dinheiro e conhecimento,  Eu não tenho muita fé na solução, pelo menos em 2 décadas... :'( :'( :'( :'(
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

Alberto Ferreira

Salve, amigos!

Eu também sou carioca...
Que apesar de não tê-lo feito por um período tão longo como alguns amigos, o Bruno por exemplo, eu também vivi e convivi fora do Brasil.

Eu estou, por opção, fora do Rio há quase quatro décadas.

A minha "conclusão", e já de muito tempo é que...

Realmente, o Rio é uma cidade bela e cara.
Sim, cara, do ponto de vista da sua manutenção física, aqueles belos morros, florestas e praias, que cada carioca recebeu de graça, não podem ser (como já passou da conta há anos) tratados como lixo.
Pura e simplesmente tem que haver manutenção, constante e efetiva.
Cada carioca deveria aprender isso, nas suas casas e nas escolas.
Isso tem que ser colocado em cada (nova) cabeça (a dos mais "velhos", já era, eles já aceitaram o conceito errado de que tudo fica bem após uma praia e umas cervejas...  :()

A estátua do Cristo Redentor não vai cruzar os braços... Nem tampouco descer o Corcovado para resolver a "parada" e salvar o paraíso.
Ela é de concreto...

Mas os cariocas sim. Só eles podem fazer a diferença.
Mas nós não podemos deixar (ou não poderíamos ter deixado) que os que foram escolhidos (eleitos) para gerir a cidade o façam, apenas "planejando" (a curtíssimo prazo) o que só lhes interessa...

O Brizola, só para citar um exemplo agora tão repetido, foi um deles...
Eu nem vou entrar nas considerações políticas, mas vou apenas lembrar que ele foi eleito e re-eleito pelos próprios cariocas.


O outro custo, o da guerra contra a bandidagem, também terá que ser pago.
E será!
Seja de uma forma ou de outra.

Haverá uma cota de sacrifício e sofrimento e quem pagará serão os cariocas que vivem na sua bela e tão amada cidade.
Ou então, nós todos (cariocas ou não) pagaremos da outra forma, a mais dolorosa.

Abraços,
Alberto

solano

 Concordo Alberto

A grande diferença é realmente da mistura social que o Rio trás. Viver o rico junto do pobre é só aqui ! Quando vou à São José dos Campos, bela cidade planejada de São Paulo, vejo a linha da pobreza na Dutra, um lado é dos mais favorecidos e o outro dos menos, o rico não se mistura com pobre não ! ;) Aqui no Rio não tem jeito, Ipanema tem morro, copacabana, etc... O único bairro mais " filtrado " é o mais americano, a Barra da Tijuca...

Abs,
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana