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Roda de coluna

Iniciado por Atalo, 10 Abril 2012 às 18:32:01

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Atalo

Pessoal,

A roda de coluna é uma peça importante para os cronógrafos, se bem que existem muitos movimentos de cronógrafo construidos de forma diferente, que não utilizam tal roda.

E mesmo tendo lido muito sobre cronógrafos, não consigo entender a função (ou funções) desempenhadas por ela no relógio.  Então recorro aos colegas aqui no forum em busca de uma luz  ???.

Então as perguntas são:

Quais são as funções da roda de coluna?
Como ela executa essas "atividades"
Que outras complicações além do cronógrafo podem utilzar a roda de coluna?

Agradeço antecipadamente.

Grande abraço

Átalo

Adriano

Amigo Átalo! Vou tentar ser o mais claro possível, embora seja mais fácil visualizar com ilustrações. Aí recomendo o meu paleolítico artigo no site principal sobre o Seiko 6139.

Quando falamos em cronógrafos mecânicos (não levar em conta os stopwatches, que funcionam diferente), qualquer que seja, de qualquer época, estamos falando de máquinas muito semelhantes entre si. O cronógrafo é um relógio comum. Ele tem um segundeiro ou pelo menos uma roda de segundos, que dá uma volta em 60 segundos. Vou falar o óbvio, que todo mundo sabe: o que o cronógrafo faz é permitir a medição de tempo independente de um evento, ou seja, sem interferir na contagem de tempo do relógio em si. E ele faz isso acoplando uma roda ligada à um ponteiro de segundos à roda de segundos original.

Isso envolve dois sistemas: o sistema de acoplamento, ou embreagem, que pode ser horizontal, quando uma roda presa à uma alavanca se desloca horizontalmente para engatar na roda do cronógrafo, ou vertical, quando a roda do cronógrafo e a roda de segundos do relógio compartilham o mesmo eixo e se engatam por um deslocamento vertical.

O outro sistema fundamental do cronógrafo é o comando: é aí que entra a roda de colunas. Para que a embreagem funcione, ela precisa receber um comando que é dado pelo pulsador na caixa. Um sistema precisa converter o movimento do pulsador em um movimento que desloque a embreagem. Esse sistema, o comando, pode ser um came, que é uma peça de forma esquisita onde nela se encaixam as pontas das alavancas. O came é pivotado e muda de posição quando o pulsador o empurra, normalmente girando para lá ou para cá, num vai e volta. Quando você aciona, ele muda de posição e desloca a alavanca da embreagem (e o freio, quando existente) fazendo a roda do crono se acoplar. Quando acionado denovo, o came muda denovo de posição e desacopla a embreagem. E quando se aciona o pulsador de zeramento, o came entra em uma terceira posição, na qual libera o deslocamento do martelo, que vai zerar o cronógrafo.

A roda de colunas faz a mesma coisa, mas um pouco diferente. O came tem uma forma peculiar para cada mecanismo, e funciona num movimento de vai e volta. Já a roda de colunas gira sempre no mesmo sentido. A roda de colunas nada mais é do que um comando mecânico com cheios e vazios, uma espécie de "0" e "1". As pontas das alavancas podem cair no cheio, que é a coluna da roda, ou no vazio, que é o espaço entre as colunas. As colunas são espaçadas de modo que sua combinação de cheios e vazios permite o deslocamento de uma alavanca enquanto bloqueia outra. Um exemplo de combinação possível: quando se aciona o pulsador, a roda de colunas gira e cai em uma combinação que libera a alavanca da embreagem e bloqueia a alavanca de zeramento. Quando se pára o cronógrafo, a roda de colunas gira novamente e a alavanca da embreagem se desloca e a do zeramento é desbloqueada. Ambas ficam desbloqueadas, pois uma vez parado, você pode acionar denovo ou zerar. Se optar por zerar, o martelo é liberado, junto com o freio (se houver).

Aí há pequenas variações de combinações, pois por exemplo, o martelo de zeramento pode ir e voltar, ou seja, ele pode zerar e voltar à posição de repouso, e as rodas ficam paradas por um freio, ou pode ir e permanecer em repouso em contato com o came-coração enquanto o relógio estiver zerado. Outra opção, independente desta primeira, o martelo de zeramento pode ser conduzido pelo comando do pulsador de zeramento, ou pode ser apenas liberado pelo botão de zeramento, e seu deslocamento se faz por ação de uma mola. O Omega 861 é um caso clássico dessa segunda opção.

Sei que não é tão simples mas tentei ser o mais claro possível. Nada substitui você observar ao vivo o funcionamento. Quando tiver a oportunidade de pegar um na mão com fundo transparente, acione as funções e observa como ela funciona.

Abraços!

Adriano

Filipeandrade

Gostei muito da explicação Adriano. Abraços

Doce é a vida do operário que se basta a si próprio;
  Vivendo assim, encontraras um tesouro!

Alberto Ferreira

Salve!

Para variar,  ;)...

Muito bem explicado, amigo Adriano!
Suas palavras valem (pelo menos) por mil das minhas...  ::)  :-[

Mas, por falar em mil palavras, talvez as quatro aí abaixo sirvam como algum tipo de "ilustração" (de mero complemento).









Na seqüência em que aparecem, de cima para baixo, elas mostram o acionamento descrito pelo Adriano.

As imagens aparecem (brevemente) no final deste vídeo promcional da Longines.
http://www.youtube.com/watch?v=u47QXDv6Tkk

Certamente há outras imagens, até mais didáticas, mas enquanto elas não aparecem por aqui, fiquem com estas.
8)

Abraços a todos,
Alberto

Paulo Sergio

Muito boa essa escrita amigo Adriano!!! ;) ;) ;)
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Atalo

Adriano,
Muito obrigado.
Já tentei entender o funcionamento no olhômetro, mas é difícil acompanhar todas as etapas.
Agora, com esse detalhamento fica mais fácil entender.
Abraços.
Átalo

zandorman

Perfeito! Parabéns pela explicação mestre Adriano!