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Relógio da Igreja do Sr. Bom Jesus do Bonfim - B.A.

Iniciado por vizel, 26 Novembro 2013 às 17:00:59

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vizel

Olá amigos

Estive visitando a Igreja do Sr. Bom Jesus do Bonfim em Salvador e pude ver um belo exemplar da relojoaria

Trata-se de um relógio de coluna de madeira..  :)

Fui dar uma espiada na plaqueta de identificação e entre várias informações ela mostra o ano em que o mesmo foi adquirido.

1848 !!!!

Só não sei se ele foi fabricado e adquirido em 1848 ou foi fabricado antes disso.

A questão é que a relíquia tem pelo menos 165 anos e está em perfeito estado de conservação e funcionamento... A peça tem em torno de 1.90m de altura

Abraços

vizel

Adriano

Quando estive no Pelourinho na última vez, em 2010, entrei no museu da Igreja de... algum lugar. Estava com muitas caipirinhas na cabeça, por isso não lembro bem, mas havia um relógio de pêndulo que achei um completo lixo, que faltava peças, tinha ponteiros obviamente adaptados, numa tentativa desastrosa de restauração... Era, para mim, apenas um caixote de madeira com um mostrador e ponteiros se passando por o que um dia foi um relógio. Por que falo assim? Porque acho vergonhoso ver isso depois de ver relógios de pêndulo em museus suíços. E não é só isso, é tudo: é uma piada o estado de conservação de peças históricas, isso quando não há sinais de restaurações absolutamente amadoras. Você vai em qualquer museusinho na Europa e encontra objetos perfeitamente preservados que são de um tempo que ninguém nem sonhava que haviam terras que hoje chamam de Américas...

Vou ver se acho fotos do tal relógio, que pelo que tudo indica não é o mesmo, já que esse está funcionando perfeitamente.

Abraços!

Adriano

igorschutz

O foda é que aqui no Brasil se tem o costume de usar tudo até acabar, até literalmente esfarelar, para então tentar correr atrás e ver como arrumar. Nem preciso dizer que, normalmente, essas restaurações envolvem verdadeiras gambiarras que descaraterizam definitivamente o original.

E esse costume não se restringe aos relógios não, mas também em construções em geral, estradas, praças, monumentos, infraestrutura elétrica, hidráulica, veículos, nossa própria saúde... Raros são os casos de manutenções preventivas ou restaurações bem feitas.

Você vai em qualquer grande cidade européia, e vê imóveis construídos há 150/200 anos que são utilizados normalmente como casa ou escritório e com toda infraestrutura de aquecimento, hidráulica e elétrica modernas. Aqui em SP, o mais comum é você ir num prédio de 50 anos e ele estar todo arregaçado, trincado, canos hidráulicos de cobre todo furado, com água barrenta, fiação remendada quase pegando fogo...
Aqui é assim, você usa até acabar e depois muda pra outro lugar novinho e chique, deixando aqueles restos degradados para os pobres. Ninguém cuida, ninguém que fazer manutenção preventiva porque é "caro" e "não compensa".

Falando de relógios, não vou mencionar o nome, mas tem uma relojoaria paulistana tradicional que teve a ousadia de jogar fora um daqueles movimentos 'dead beat' de um lindo relógio de mesa Omega que fica em sua vitrine e substituir por um quartzo sem vergonha xingling.
Pô, se a própria relojoaria (repito: tradicional, que possui/possuía [não sei] relojoeiros qualificados) não se importa de manter funcionando uma preciosidade dessas, como é que a gente pode querer que uma igreja cuide de um "relógio velho"? Mais fácil colocar uma máquina de pilha com aqueles pêndulos movidos a motor elétrico...
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Adriano

Quando estudante de arquitetura, fui algumas vezes ao DPH (Departamento do Patrimônio Histórico, que é da prefeitura) e ao CONDEPHAAT (Conselho de DEFESA do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, que é do governo estadual). Já na época, inexperiente, conclui algo que mantenho com cada vez mais certeza: nunca conheci um local de "trabalho" mais sossegado que esses escritórios e "ateliês". Não se faz absolutamente nada nesses lugares, nada. Isso foi apenas confirmado por um colega que fez estágio num desses lugares. E não estou culpando quem trabalha lá, simplesmente, que talvez sejam os menos responsáveis pela situação.

O próprio Pelourinho é uma piada. A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, que é a que tem a fachada mais complexa, é um pretume de sujeira que encardiu a fachada ao longo dos séculos. E adivinhem? Na porta tem uma orgulhosa plaqueta do IPHAN. Salvo engano, essa igreja foi tombada pelo IPHAN na década de 1930 ou 1940. Não precisa ser especialista para perceber que o IPHAN e nada nesses 80 anos foi a mesma coisa.

Abraços!

Adriano

watchgirl

Quebrou? Envelheceu? Descarte e troque por um mais moderno, infelizmente a cada nova geração essa mentalidade tem se fortalecido. Lógica capitalista do menor custo e maior lucro atingindo seu ápice? Não sei, mas sei que esse consumismo desenfreado do quebrou joga fora está gerando vez mais problemas que vão  se tornando aparentemente insolúveis, como excesso de resíduos, obsolência programada por parte das empresas e um modelo de administração e vendas no comércio e indústria que vai ficando cada vez mais insano. Quero só ver onde isso vai dar...

Sobre os imóveis no País é realmente lamentável o que acontece, os colegas tem toda a razão, imóvel de 50 anos está caindo aos pedaços, será que as pessoas não acham que valha a pena conservá-los, será que sou só eu que acho que um imóvel com história é muito mais belo e interessante que um apartamento novo todo pintado de branco, estéril, com cara de cápsula espacial?
''All we are is dust in the wind.''

Abraços da Watchgirl!

Alberto Ferreira

Relógios públicos...
Ah! Os "pobres" relógios...
"São velharias, que só dão trabalho..." Pensam...

E, no geral, pode ser ainda pior. Creiam...

Os objetos e produtos tecnológicos, além da famigerada "obsolescência programada", dita na linguagem "bonitinha" dos fabricantes que só querem mesmo é vender outra vez...
Mas há um outro problema, mais grave, o próprio comprador, que no fundo não compra a função, ou o trabalho a ser executado pelo item, mas sim a oportunidade de ostentar o novo, o último lançamento.
E esta "ciranda-cirandinha" gira, por vezes, em poucos meses.

Dia destes, eu ouvi algo assim, num papo entre duas moças, provavelmente estudantes...
- Eu vou comprar outro, não tô sabendo usar este, ou tem algo errado com ele...
- Mas este seu celular não é novo?

- É, Ele tem dois meses...
- E não tem garantia, ele custa caro...

- Tem... Mas é mais fácil comprar logo outro, já saiu um modelo novo...



Quanto aos imóveis e demais patrimônios públicos, não se trata nem do,...
...quebrou, envelheceu, é mais para deixar quebrar, cair aos pedaços, para fazer um novo.

Os nossos políticos e empreiteiras adoram isto.


Uma coisa que eu venho observando...
As pontes estaiadas são bonitas, quase monumentos esculturais, além de mais rápidas e baratas para projetar e construir,...
...uma beleza para inaugurar...

Elas estão pululando por aí, várias, eu disse várias, em cada cidade.
Tentem visualizar as das suas, as feitas nos últimos cinco-dez anos.

Manutenção? Zero. E não há planos para isso.
Dentro em breve, vai ser um "Deus-nos-acuda", com todas elas prontas para "cair", mais ou menos ao mesmo tempo.
Um exemplo? Vejam aquela lá do lago, em Brasília, belíssima, e que já está com "restrições" de tráfego.
O que por si já é um absurdo.

Aí... Quando tudo estiver "no bico do corvo"...   Sai de baixo.
Ou, certamente o pior, sairá é dos nossos (sempre contribuintes) bolsos, naquele regime de emergência de que eles, os citados aí acima, tanto gostam.

E nós, silenciosamente, permitimos.
:P

Alberto

flavio

Problema da terceira Ponte de Brasília é outro: há uma ação do MP daqui pedindo 100 milhões de reais por desvios de grana na contratação. Como sempre acontece, ninguém será preso, o dinheiro não será recuperado... Flávio

Dicbetts

Houve época em que pensei que boa parte dessa cultura fosse pelo fato de sermos um país jovem (500 anos, convenhamos, não é nada e matéria de humanidade). Ouvi bons argumentos sobre isso, sobretudo de que é preciso que séculos se passem para que uma identidade nacional se forme.

(As unificações da Itália e da Alemanha, por exemplo, não se encaixam neste formato, pois como reinos separados e a liga-los a mesma língua, era natural que se juntassem. Mesmo os EUA seguiram padrão diferente.)

Prosseguindo...

Até que concluí que não era por sermos um país jovem, mas por causa do patrimonialismo que nos corrói. O público é privado - de uns poucos, mas é.

Há empresários, aqui em Brasília, que têm coleções de arte sacra em casa. Como conseguiram isso? Roubo, é claro. Mercado negro. Incluo nesse rol um conhecido deputado federal, cujo apartamento é repleto de estátuas das mais variadas fases do Barroco brasileiro. Ninguém me contou, eu vi.

(Com o pai que tem, que fez de um museu na capital do seu estado um verdadeiro mausoléu pessoal, não seria de se estranhar. Quem ligou os pontos já sabe de quem se trata pai e filho.)

No Brasil, quem pode se serve do estado e suga-o de todas as maneiras. E uma dessas formas é decretar a obsolescência antes do tempo. Os barões ganham duas vezes: primeiro, porque fazer algo novo é sempre caro; e segundo porque de alguma forma vão faturar com o antigo - seja botando abaixo para abrir espaço para uma nova construção, seja na sua revitalização.

Não admira que os organismos de preservação atuem precariamente. São feitos para não funcionar e para encabidar apadrinhados políticos. Os poucos que conhecem do riscado e que trabalham, são esparedados pela falta de recursos.

"Ah, mas a iniciativa privada podia dar uma contribuição maior".

Menos, menos. Leis de incentivo viciaram que deseja investir na recuperação da memória. E o vício, claro, levou à distorção. Hoje, o cara entra com um pedido de renúncia fiscal pela Lei Rouanet no Ministério da Cultura, levanta 100 e investe 30. E faz uma prestação de contas tabajara, que vai e volta, e se perde na burocracia.

Mas, antes disso terminar e com outra razão jurídica, já espetou ou projeto no MinC. Que, naturalmente, será aprovado.

igorschutz

A minha teoria para este comportamento em nossa terra é que temos uma cultura de colônia de exploração, onde o objetivo é vir pra cá, enriquecer a qualquer custo, e cair fora pra um lugar "melhor" (metrópole). Então explora-se tudo até o final, até acabar, detonar, chegar num ponto sem volta, fazer sua vida e cair fora pra outro lugar.

Vai lá no centrão de SP. Você verá prédios lindos, bem construídos, mas que foram usados à exaustão e não tiveram a devida manutenção, e agora estão podres, não prestam mais. Agora que já gastou, vende pra um qualquer, vem pra Av. Paulista, num prédio novinho. Quando estes prédios da Paulista ficarem velhos, detonadões, vamos ver pra onde a gente rica vai... Faria Lima? Nações Unidas? Berrini?

Esse é o comportamento de quem só quer explorar e cair fora, achando que "lá" ele terá uma vida melhor, e não de quem quer cuidar daqui para deixar pra geração futura. Não é a toa que achamos que países europeus/EUA/Japão são paraísos livres de chagas; que achamos que os habitantes de lá são melhores do que nós; que achamos normal juntar aqui e ir lá fora para gastar (ao invés de nos indignarmos e exigir que tenhamos tudo aqui e num preço justo); que queremos importar tudo ao invés de fazermos aqui; que ao invés de nós mesmos fazermos aqui, queremos que os estrangeiros venham aqui e façam pra gente...

A indústria automobilística nacional é o maior exemplo do que é nosso país. Nós somos um dos cinco maiores mercados do mundo, cheio de incentivos do governo, o sistema rodoviário é o meio de transporte mais utilizado, estamos geograficamente isolados (ou seja, sem outros países fortes logo ao lado para desestimular nossa indústria) e, mesmo assim, não temos uma fábrica genuinamente nacional que deu certo!
No Brasil só deram certo as empresas de fora, os projetos de fora, que levam uma grana preta pra fora daqui e em contrapartida mantém calhambeques como o antigo VW Golf (só recentemente substituído), o Hyundai Tucson, Fiat Mille, etc., sob a alegação de que fabricar outra coisa vai custar muito caro, como se já não custasse...

E esse nosso comportamento se repete em maior escala, com brasileiros que acham que só o importado é bom, e em menor escala, com gente do interior que acha que só o que é da capital é bom.

Em contraste, vejam como estado-unidenses, canadenses, australianos, neozelandeses, etc., que tiveram outro tipo de colonização, cuidam da sua terra e do que é seu, e compare conosco... O americano fala: "Você viu aquele treco sinistro que os alemães inventaram? Vamos fazer uma versão nossa aqui também!"; já o brasileiro fala: "Você viu aquele treco sinistro que os alemães inventaram? Espero que um dia eles tragam aquilo pro Brasil!"

É mais ou menos por aí...
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Alberto Ferreira

E já que estamos falando de nossa "evolução"...

Tem outra coisa, que eu sinto (nos ossos!) aqui em Brusque...
E que os "canários da terra" me desculpem o desabafo e a maneira de me expressar...  :-[

O pessoal da terra, com as "honrosas exceções" de praxe, acha que "civilizado" e "moderno" é calçada cimentada, sem árvores, que cortam, talvez para ficar parecido com os "grandes centros"...
:P

Tudo bem...
Não é propriamente uma crítica, feita assim por nada...
É um susto, uma decepção, e uma tristeza...

Afinal, o alienígena, o pardal, por aqui sou eu...
Mas que isso (me) choca, lá isso choca.

Alberto