Menu principal

Novo Laboratório de Certificação - COSC corre perigo?

Iniciado por Sifion, 27 Abril 2014 às 15:12:55

tópico anterior - próximo tópico

Sifion

Saiu esses dias uma matéria no Ablogtowatch sobre a criação de um novo "programa" de certificação de relógios, o Observatoire Chronometrique.

Esse certificado está sendo desenvolvido e oferecido pela Timelab, empresa que administra o "Selo de Genebra", para relógios montados no cantão de Genebra.

Esse novo certificado estará aberto para qualquer relógio suíço e testará o relógio montado, ao invés de somente o movimento como o COSC. Ele também testará resistência à água, magnetismo e reserva de marcha.

O Observatoire usa a mesma norma do COSC, ISO 3159 (que eu acabei de descobrir que existia), para certificar a precisão do relógio, com a vantagem (é uma vantagem, não?) já mencionada dele ser testado depois de montado.

A Timelab ainda está em fase de implementação e constatação de que ela poderá certificar os relógios, mas parece que, se algumas marcas maiores aderirem, poderá causar problemas ao COSC.

Fonte:
http://www.ablogtowatch.com/observatoire-chronometrique-certification/

e aí, quem acha que as marcas sairão do já reconhecido COSC para essa nova certificação que promete ser mais completa.... como ficará a questão de manutenção do acabamento do relógio, já que eles serão testados já montados?

Abraços.

flávio

Eu acho que quem certifica com o COSC permanecerá lá. Eh... Diga-se de passagem, no final das contas o COSC trabalha mesmo para a Rolex e Omega, que respondem pela vasta maioria das certificações. Acredito que fábricas que ainda não certificam seus relógios possam vir a fazê-lo no novo laboratório.


flávio

dsmcastro

Tb vi essa matéria dias atrás e acho que servirá para marcas mid-end principalmente, pois isto tende a dar mais credibilidade e pode dar um 'up' para o marketing. Quanto a questão do acabamento dos relógios, acho que não afetará em nada, boa parte das empresas suíças já fazem processos de controle e testes em todos os relógios que produzem e não afetam a qualidade final, aliás, apenas reforçam a boa qualidade da maioria. Um Rolex por exemplo, passa por quase um ano de testes antes de ser vendido, dificilmente testes de laboratórios poderão causar algum tipo de dano, e se causar, a culpa tende a ser mais do fabricante, do que do laboratório...
www.marciomeireles.com.br
www.behance.net/marciomeireles

Adriano

Bem, eu gostaria de ter sabido mais sobre isso, e eu ia escrever uma matéria na Pulso sobre, SE tivesse havido alguém da Timelab no local e horário previstos no convite feito à imprensa durante Baselworld... Não fui só eu, outros jornalistas estavam lá também e deram com a "cara na porta".

Enfim, acho exagero já especular o fim do COSC ou algo assim. O COSC não vai acabar; e sim; quase todo o trabalho do COSC é para a Rolex e Omega. Acredito que quem quiser chegar hoje e agendar certificações, vai ter que esperar pois a capacidade deles já deve estar no limite, há anos.

Sobre certificar o relógio montado... SE for uma certificação que certifica o relógio todo, tipo uma Cronofiable, obviamente requer que todo o relógio seja testado. Caso contrário, se a certificação é meramente de precisão, dentro da norma ISO, não apenas não faz sentido algum mandar o relógio completo como só há desvantagens. Aliás, é por isso que não se faz isso hoje no COSC.


Questão de praticidade:

- primeiro porque devem saber que o relógio certificado nunca é vendido com exatamente a mesma marcha que foi constatada na certificação. Se for, é por acidente, pois os relógios são re-regulados antes de serem vendidos, justamente porque foram enviados por dias e dias para fora da fábrica, voltaram e tiveram que ser montados para venda.

- mesmo que os relógios fossem mandados montados, duvido que um fabricante sério botaria os relógios a venda sem retestar tudo, vedação, etc. Ou seja, mandar relógios montados só dobraria o trabalho. Especialmente se forem reprovados.


Questão de segurança elementar:

- duvido que fabricantes estejam muito dispostos a mandar milhares e milhares de relógios caríssimos todas as semanas, montadinhos, dentro de um caminhão, andando por aí por quilômetros. 

- duvido também que os laboratórios esteja muito dispostos a manter sob seus cuidados milhões e milhões de CHF por vez. Podem fazer, mas haja segurança e seguros.

- vão dizer: "ah, mas na Suíça não tem grilo". Bancos na Suíça possuem cofres, boutiques de relógios possuem portas monstruosas, vidros blindados...

Questão de segurança quanto a danos:

- shit happens, nem fabricantes nem o laboratório devem estar muito a fim de se responsabilizar por caixas riscadas, e etc. Ah sim, podem botar aquela parafina anti-riscos? Sim, mas o trabalho para remover isso tudo antes de retestar e vender...


E o que considero o principal, a questão técnica:

- o COSC não é uma salinha com meia dúzia de relógios sendo testados num Witschi. São equipamentos enormes para testar centenas, milhares de relógios por vez.

- os relógios são avaliados opticamente. Para que o equipamento faça a leitura precisa, os mecanismos têm que ser montados com mostradores especiais e ponteiros de alto contraste. Além disso, as máquinas são montadas em suportes padronizados para se fixarem nos aparelhos de testes. Essa montagem dos mostradores, ponteiros e suportes padrão são feitos pelo fabricante.

- isso significa também que, pelo menos a aparelhagem do COSC, não é capaz de ter relógios completos com caixa e tudo pois eles não podem ser fixados no mecanismo e nem conseguem fazer a leitura em mostradores sem contraste e principalmente SEM MARCAÇÃO DE SEGUNDOS.

- ou seja, é preciso todo um novo sistema para testes, para ser possível testar todo e qualquer relógio montado. E sim, pode ser que tenham feito isso. Mas gostaria de saber principalmente como é feita a aferição, pois se for óptica, não dá para fazer co. qualquer mostrador de fábrica. É impossível certificar, por exemplo, um Rolex com 12 diamantes no mostrador e nada mais.

Por isso creio que, recapitulando, se a idéia é testar de acordo com a norma ISO, só há desvantagens em testar o relógio completo. E norma é norma: se for isso, ele será apenas uma nova alternativa de certificação cronométrica. Não é melhor nem pior.

O que é totalmente diferente de selos, como o de Genebra ou de Fleurier...

Abraços!

Adriano

edson rangel

Os relógios que foram aprovados podem ter seus valores acrescidos em função desses novos testes?
FIQUEM  TODOS NA PAZ DE DEUS !!!!

Sifion

Talvez tenha exagerado no título, realmente é um tanto quanto difícil competir e, principalmente,  "fechar" o cosc de uma hora pra outra.

Mas se o próprio COSC já está com a capacidade no limitr muitas empresas menores podem achar aí uma alternativa. Com um maior volume de relógios certificados o premium pago por um pode diminuir também,  não?

Adriano,

Gostei da explicação,  muito obrigado.

Esse mesmo tipo de mostrador e ponteiros não poderia ser colocado no relógio montado para os testes? Eles teriam sim mais trabalho de qualquer forma, entretanto como é testado a resistência à água também ele ou é enviado montado ou é testado pra marcha e depois volta pra fábrica é colocado na caixa e volta pro teste de resistência.

Abraços.




dsmcastro

Mas, o COSC testa todos os movimentos individualmente. Mas será que este Observatoire Chronometrique vai testar um por um? Não pode ser um tipo de análise por amostragem de lotes de produção? Pois, se não me engano, na indústria automobilística é assim, recebe-se o ISO por amostragem de produção, e não carro por carro individualmente.

Se bem que com o tanto de recalls que todas as montadoras tem feito, estes ISO's parecem não servir pra muita coisa.
www.marciomeireles.com.br
www.behance.net/marciomeireles

Adriano

Não existe certificação por amostragem nesse caso. Assim como o COSC, se for dentro na norma ISO, tem que ser um por um, o certificado tem que ser emitido com o número de série do relógio e também tem que ter um boletim de marcha que comprove a aprovação ou não.

Certificar um relógio custa dinheiro. Lógico que dá para diluir isso num relógio de dezenas de milhares de francos. Mas nos relógios por aí que existem versões com e sem COSC, que custam menos de CHF 2k, não tem como não cobrar um plus pelo COSC nem que seja por questões mercadológicas.

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: Sifion online 27 Abril 2014 às 17:27:27
Talvez tenha exagerado no título, realmente é um tanto quanto difícil competir e, principalmente,  "fechar" o cosc de uma hora pra outra.

Mas se o próprio COSC já está com a capacidade no limitr muitas empresas menores podem achar aí uma alternativa. Com um maior volume de relógios certificados o premium pago por um pode diminuir também,  não?

Adriano,

Gostei da explicação,  muito obrigado.

Esse mesmo tipo de mostrador e ponteiros não poderia ser colocado no relógio montado para os testes? Eles teriam sim mais trabalho de qualquer forma, entretanto como é testado a resistência à água também ele ou é enviado montado ou é testado pra marcha e depois volta pra fábrica é colocado na caixa e volta pro teste de resistência.

Abraços.





A grande questão é: qual a vantagem de um laboratório cronométrico testar o relógio montado? A precisão de um relógio não depende de nada além do mecanismo. Se o teste vai além de uma certificação cronométrica, aí o nome tem que ser outro, e tem que ser um selo. Aí o papo é diferente.

Agora, se o testo vai além da cronometria, como sugere a propaganda, aí é outro papo, e se o troço atesta a qualidade do relógio como um todo, aí naturalmente tem que ser feito com o relógio completo. É isso que a nova certificação propõe. E justamente por causa das complicações que coloquei, uma das propostas é a possibilidade de se testar e certificar tudo na própria fábrica.

Agora, entra em discussão dois detalhes: a isenção. Uma das famas do COSC é sua independência e isenção. Estar fisicamente fora de qualquer fábrica é uma das garantias disso. A partir do momento que você começar a fazer isso dentro da fábrica, o COSC vai ter um bom argumento sobre o novo certificado.

Segundo, eu, como fabricante suíço, vendo junto com o relógio minha tradição de qualidade. A partir do momento que eu preciso de uma certificação completa, incluindo coisas simples que pode-se fazer facilmente dentro da fábrica, eu estou assumindo minha incapacidade de garantir isso só com o meu nome.

O teste do COSC é diferente, pois de fato ele testa o relógio com uma metodologia que o fabricante não usa. O teste óptico, o teste de temperatura, o próprio período de testes, não é reproduzido na fábrica. Mas e o teste de vedação? Até a assistência técnica tem equipamentos para testar a vedação com o mesmo método de produção, do fabricante. Precisa mandar para fora para fazer a mesma coisa?

Eu pelo menos quando compro um relógio de CHF 600,00 resistente a 300 metros, suíço, compro de olho fechado de que ele resiste a isso. Duvido que o mercado esteja sentindo falta desse tipo de garantia. Creio que refazer testes com a mesma metodologia de fábrica é apenas uma coisa a mais para vender o relógio, e cobrar por isso.

Enfim, acho que está tudo muito superficial. E acho que perderam uma grande chance de se apresentar quando desapareceram em Basel, apesar do convite. Ao chegar no local, ninguém nunca havia ouvido falar de nada.

Abraços!

Adriano

FALCO

Eu acho bastante lógico testar o relógio com ele já montado e no último processo antes da venda, mas ao mesmo tempo, eu não consigo pensar em algo que eu me importe menos em um relógio do que ele ser certificado COSC ou selo de Genebra ou equivalente.
Muito relógio caído tem COSC e muito relógio muito legal não tem COSC, não é um diferencial.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

Dicbetts

Talvez o âmago dessa questão seja semelhante ao das grandes seguradoras de embarcações.

Explico: na década de 1970, todos os navios da Petrobras eram segurados pelo Lloyds Register, de Londres. Uma empresa que vinha desde as caravelas de Cabral.

Só que foi ficando cada vez mais caro colocar um petroleiro (ou navio químico, ou de gás) nas mãos do LR, tamanhas eram as exigências.

Daí a Petrobras passou a segurar parte de seus navios pelo Bureau Veritas, holandês. Fez assim com as embarcações arrendadas, as mais problemáticas, ou com aquelas à beira da aposentadoria.

Não se poderia aplicar raciocínio semelhante a esses dois certificadores? O COSC seria para a 1ª divisão e o outro para a 2ª?

É minha leitura.

Dic 

flávio

Fugindo ligeiramente do tópico, mas não tanto, o que deveria ocorrer é uma nova análise da norma, que é a mesma desde os anos 70. Não estou dizendo que um relógio certificado seja "carne de vaca", mas para que a certificação DE FATO demonstrasse algo superior, os critérios tinham que ser mais difíceis. Aliás, a norma para quartzos foi revista ou é mais recente, algo assim, e é muito difícil. Traduzindo: é muito mais difícil, tecnicamente falando mesmo, certificar algo como cronômetro a quartz do que mecânico. Um movimento a quartzo que passou num teste de cronômetros é MUITO, mas MUITO superior a um quartzo carne de vaca. Um mecânico? Nem tanto.

Minha opinião, claro.


Flávio

Sifion

Flávio, e os milhões de Rolex e Omega e várias outras marcas que foram vendidos como COSC e com a mudança de norma deixariam de ser, pelo menos se comparada com a norma revista, mesmo que na época fossem.

Isso poderia dar uma má publicidade não? O que era ""TOP"" deixou de ser, agora existe um novo ""TOP"" (vejam as várias aspas) ......acho que nem tão cedo vão rever isso.....mais fácil criarem uma nova norma para além do que o COSC usa......assim não iria desmerecer os antigos mas os novos é que se moldariam a algo novo e não a algo revisto....

Me fiz entender? Acho que mudar o que é cronômetro nem tão cedo mudará, mais fácil criarem um "super cronômetro" que não faria o que são hoje cronômetros deixarem de ser......

Abraços.



Citação de: flavio online 28 Abril 2014 às 17:53:34
Fugindo ligeiramente do tópico, mas não tanto, o que deveria ocorrer é uma nova análise da norma, que é a mesma desde os anos 70. Não estou dizendo que um relógio certificado seja "carne de vaca", mas para que a certificação DE FATO demonstrasse algo superior, os critérios tinham que ser mais difíceis. Aliás, a norma para quartzos foi revista ou é mais recente, algo assim, e é muito difícil. Traduzindo: é muito mais difícil, tecnicamente falando mesmo, certificar algo como cronômetro a quartz do que mecânico. Um movimento a quartzo que passou num teste de cronômetros é MUITO, mas MUITO superior a um quartzo carne de vaca. Um mecânico? Nem tanto.

Minha opinião, claro.


Flávio

Adriano

Citação de: flavio online 28 Abril 2014 às 17:53:34
Fugindo ligeiramente do tópico, mas não tanto, o que deveria ocorrer é uma nova análise da norma, que é a mesma desde os anos 70. Não estou dizendo que um relógio certificado seja "carne de vaca", mas para que a certificação DE FATO demonstrasse algo superior, os critérios tinham que ser mais difíceis. Aliás, a norma para quartzos foi revista ou é mais recente, algo assim, e é muito difícil. Traduzindo: é muito mais difícil, tecnicamente falando mesmo, certificar algo como cronômetro a quartz do que mecânico. Um movimento a quartzo que passou num teste de cronômetros é MUITO, mas MUITO superior a um quartzo carne de vaca. Um mecânico? Nem tanto.

Minha opinião, claro.


Flávio

Concordo totalmente. Um quartz não passa no COSC hoje sem ser termocompensando ou sem ter algum artifício semelhante. Os mecânicos, no entanto, quase tudo hoje consegue COSC, ainda que numa versão superior.

Aliás, eu lembro de ter, de certa forma, "criticado" o COSC há muito, muito tempo... Especialmente certos critérios. Na época, eu pensava justamente na quantidade de calibres massificados de entrada que recebiam COSC. Hoje então, temos o Powermatic 80 com COSC. Ao passo que isso é um PUTA mérito da tecnologia de fabricação desses troços, é meio estranho colocar relógio com escapamento de Co-axial (ou escapamento de silício), duplo tambor de corda, balanço de inércia variáriável e espiral de silício no mesmo saco que um escapamento de polímero que, queira ou não, tem geometria, e portanto, desempenho inferior.

O próprio Powermatic 80 me leva a crer que talvez seja hora de rever a avaliação da estabilidade de marcha baseada num intervalo de apenas 24 horas. O que o Powermatic faz (vide minha matéria da Pulso passada) é justamente driblar o COSC oferecendo uma puta reserva de marcha, de modo que, depois de 24 horas, a amplitude é idêntica a de zero hora. Com esse "artifício" e com um balanço de inércia variável regulado por robôs, ainda que legítimo, até o fraco desempenho do escapamento passa batido. Repito, é um puta mérito tecnológico fazer um troço altamente massificado e com produção 100% automatizada atingir o COSC, mas, coloca tudo no mesmo saco, aos olhos da publicidade e do público pouco informado.

É mais ou menos como se um critério para determinar o que era um "supercarro" fosse baseado numa norma dos anos 1970, que um carro para ser um "supercarro" teria que ter pelo menos X cavalos, e atingir pelo menos Y km/h. Hoje temos fácil motores de menos de 2 litros passando dos 300 cavalos de fábrica! E qualquer coisa hoje bate nos 280 km/h. É um baita mérito sim, mas, coloca carro popular e Porsche 911 no mesmo saco.

Ora, basta ver que tiveram que separar quartz de mecânico. Caso contrário, teria Casio de US$ 12,00 dando pau em todo mundo!

Agora, o lado "B" é justamente como separar as coisas nessa altura do campeonato? Uma opção é ter categorias. Salvo engano os certificados de cronômetros marítimos ou certificações de observatórios tinham diferentes categorias, com nomes até peculiares, tipo "particularmente preciso" ou algo assim.

Mas no fundo, essa discussão toda me faz pensar cada vez mais como é uma bobagem esse negócio de certificação de precisão de mecânicos, ou uma bobagem se prender à isso para avaliar a categoria de um relógio.

Abraços!

Adriano


flavio

Sifion, na verdade sempre houve ajustes das normas. Os critérios antes dos anos 70 eram mais fáceis, mas está na hora de mudar. Já são 40 anos sem mudanças e seguramente a tecnologia melhorou. Flávio