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Diamantes de sangue e ouro de sangue

Iniciado por admin, 30 Setembro 2015 às 19:32:20

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flávio

Todos já devem ter assistido pelo menos ao filme do De Caprio. Há, também, um documentário premiado sobre os chamados diamantes de sangue, que trazem riqueza para alguns (os produtores e comerciantes), mas desgraça e pobreza para populações inteiras sobretudo da África.

Será lançado agora novo documentário, sobre o "ouro de sangue" e, coincidentemente, lia hoje um artigo na revista Watch Around sobre o futuro do mercado de luxo e a preocupação com o economicamente viável e honestamente obtido.

Acredito que tais considerações serão amplamente consideradas em futuro próximo por consumidores, em todos os segmentos. Ninguém quer utilizar um produto que foi fabricado com mão de obra escrava, cujos diamantes foram obtidos em zonas de conflito ou cuja empresa não está nem aí para o meio ambiente.

Algumas empresas do ramo de relojoaria tem aderido às certificações "não obtido em zona de conflito", etc, o que é bastante razoável e, de quebra, ainda faz um "merchand" da sua preocupação com tais questões.

Um texto publicado hoje no HH aborda o tema:


https://journal.hautehorlogerie.org/en/article/the-curse-of-gold/


Flávio

wrocha

O ouro é outro problema cabeludo. Quem já visitou ou viveu em região de garimpo sabe o quão perniciosas são essas áreas, também para o meio ambiente mas principalmente para as pessoas, que de uma forma ou de outra sofrem os efeitos da exploração em condições absolutamente miseráveis.

FPiccinin

A HStern diz e apresenta certificados que os diamantes comercializado por eles são de áreas fora das zonas de conflito....mas....será que é possível olhando toda a cadeia produtiva e de comercialização afirmar que algum ouro ou diamante não é gerador de conflitos?

Abs

JotaA

O Diamante através de testes é possível saber sua origem. Talvez tenha alguém no fórum que possa nos explicar melhor. Quando ao ouro não sei dizer.

Abraços

CSM

em tempo, o filme é do caraleo! e tive um breitling chono avenger durante muito tempo como o dicraprio no filme... só me faltou a jennnifer connely  ;D ;D ;D.

abraços
Membro do RedBarBrazil

vinniearques

Citação de: cesar online 01 Outubro 2015 às 12:33:28
em tempo, o filme é do caraleo! e tive um breitling chono avenger durante muito tempo como o dicraprio no filme... só me faltou a jennnifer connely  ;D ;D ;D.

abraços

e ser mais bem apessoado tambem né??


huzhuhuauhuahuah

Seedorf

No Brasil um professor criou um estudo/padrão para identificar (a olho nu) de qual região os diamantes saíram do Brasil. A PF já utiliza o tal estudo.

Dicbetts

Identificar não é difícil, difícil é confiar nos atestados de procedência. Depois das guerras em Serra Leoa e na Libéria (retratadas, aliás, no filme do DiCaprio), a comunidade internacional tentou estabelecer um sistema de controle. Mas, como todo sistema de controle, é necessário que governos locais se engajem e levem a sério. É aí que o bicho pega.

Como acreditar em certificados emitidos por governos corruptos, como os de Serra Leoa e da Libéria? Ou o de Angola? Ou mesmo o da África do Sul, que, num continente em que reina o banditismo e a bandalheira, é o menos pior?

E algo assim interessa a De Beers, a maior prospectora/negociadora de diamantes do mundo? Claro que uma parte daquilo que negocia é "por dentro", pagando impostos e coisa e tal. Mas o "por fora" é impossível mensurar. Mesmo porque, em muitos casos, é mais barato corromper autoridades e bancar senhores da guerra locais do que pagar tributos.

As casas negociadoras londrinas estão interessadas em certificados de procedência? E a bolsa de diamantes em Antuérpia? Ninguém. É papel, e como dizia o Camarada Mao, "papel aceita tudo". O que existe é um fingimento generalizado de que a coisa entrou nos eixos.

No caso do ouro é a mesma coisa. O que há de contrabando de ouro do Brasil para o Suriname é uma fábula. E esse ouro não vai por "teletransporte"; vai pela corrupção mesmo. E nisso muita gente se envolve, desde caciques políticos locais a policiais (federais, civis e militares), auditores da receita (federal e estadual), fiscais do DNPM, o cacete.

Não haverá jamais (repito: jamais!) um sistema eficiente e honesto de certificação de procedência. Por que? Porque não interessa a ninguém.

Dic

Spring

Conheço de perto o sistema de alguns países da africa, Dic, você resumiu bem a situação dizendo que é um continente em que reina a bandalheira. Começou tudo torto, um povo explorado desde os primórdios e um continente saqueado para enriquecer outros. Certificação de procedência? No que depender do que vi e vivi pode esquecer ...
No masterpiece was ever created by a lazy artist.

Dicbetts

Citação de: Spring online 01 Outubro 2015 às 16:51:43
Conheço de perto o sistema de alguns países da africa, Dic, você resumiu bem a situação dizendo que é um continente em que reina a bandalheira. Começou tudo torto, um povo explorado desde os primórdios e um continente saqueado para enriquecer outros. Certificação de procedência? No que depender do que vi e vivi pode esquecer ...

Spring,

O padrinho do meu pai teve uma importante joalheria, no Rio, que sobreviveu até meados da década de 1980.

Eu já era grandinho e universitário, e lembro bem que ele dizia que era um negócio sem controle, em que reinava o contrabando e a corrupção.

Mais: por ser estrangeiro e europeu, fartou-se de dizer que a lógica era a mesma em todo o mundo, sem exceção.

Quer dizer: essa certificação aí é conversa para boi dormir, conto da carochinha, historinha que só ingênuos acreditam.

Dic

FPiccinin

Citação de: Dicbetts online 02 Outubro 2015 às 11:24:15
Spring,

O padrinho do meu pai teve uma importante joalheria, no Rio, que sobreviveu até meados da década de 1980.

Eu já era grandinho e universitário, e lembro bem que ele dizia que era um negócio sem controle, em que reinava o contrabando e a corrupção.

Mais: por ser estrangeiro e europeu, fartou-se de dizer que a lógica era a mesma em todo o mundo, sem exceção.

Quer dizer: essa certificação aí é conversa para boi dormir, conto da carochinha, historinha que só ingênuos acreditam.

Dic

Concordo DIC. Se as pontas (extração e venda) são complicadas, não adianta um "governo" no meio, que também é complicado querer certificar o incertificável.

Abs.


ogum777

"Gold is dirty. Gold kills. Gold causes environmental destruction and puts populations at risk."

de fato. o mercado de luxo está sempre ancorado em sangue. vide o marfim: sua extração quase extinguiu elefantes.

material pra relógio deveria ser só aço e titânio. há como fazer tratamentos e ligas pra deixar com brilho dourado, que muita gente gosta.

e se limitar o uso do ouro para aquilo que realmente dele necessita.

mas para isso as pessoas precisam aprender o quanto dourados são bregas, de mau-gosto e etc, ou melhor ainda, horrendo, incorreto e etc.. o que será difícil de acontecer num prazo curto, dado que uma figura como a a abaixo tem milhões de seguidores...



de fato, assim como não há como uma peça em marfim ser bela, uma vez que importou na morte dum animal, uma peça de ouro amarelo seja na verdade muito mais vermelha do sangue e suor de muita gente.

mas costumes e sensos de estética não se mudam tão rapidamente. mas graças a deus mudam, senão ainda estaríamos nos vestindo assim:







Alberto Ferreira

Bom dia!

Ogum777,
Você tem razão...

Mas,...
Aproveitando o gancho do seu comentário final eu (me) faria uma pergunta, ou uma reflexão.  ::)

<QUOTE>
...
...mas costumes e sensos de estética não se mudam tão rapidamente. mas graças a deus mudam, senão ainda estaríamos nos vestindo assim:



<UNQUOTE>


A (minha) pergunta...
Será que mudou mesmo, ou a ostentação e a espoliação daquelas épocas apenas mudaram de...
...roupagem.


Dá para pensar, ou refletir, não é mesmo?  8)

Alberto

ogum777

Citação de: Alberto Ferreira online 07 Outubro 2015 às 09:40:27
Bom dia!

Ogum777,
Você tem razão...

Mas,...
Aproveitando o gancho do seu comentário final eu (me) faria uma pergunta, ou uma reflexão.  ::)

<QUOTE>
...
...mas costumes e sensos de estética não se mudam tão rapidamente. mas graças a deus mudam, senão ainda estaríamos nos vestindo assim:



<UNQUOTE>


A (minha) pergunta...
Será que mudou mesmo, ou a ostentação e a espoliação daquelas épocas apenas mudaram de...
...roupagem.


Dá para pensar, ou refletir, não é mesmo?  8)

Alberto

sim, espoliação e ostentação apenas mudam de roupagem.

talvez sejam, alberto, a eterna luta pra ficar na frente da manada. com uma manda de cavalos fugindo dum tigre.

eu li há muitos anos um artigo sobre classe média ascendente em n. york, com estratificação de etnia. brancos ricos consumiam entradas de museus, viagens. e moravam em locais bem localizados do ponto de vista do transporte, não do status. isso valia pra brancos com riquezas de mais de uma geração (lembrando que não se herda muita coisa nos e.u.a., uma vez que a tributação é alta, e americano paga escola pra filho, não deixa casa - como bill gates, com mais de um bilhão de patrimônio deixando US$ 10 milhões pra cada filho, e dizendo que já estão começando com muito mais que ele).

já negros estavam na primeira geração - àquela época - na classe média alta. gastavam bastante em imóveis com fachadas impressionantes, com carros caros e com relógios rolex.  ou seja, com formas de mostrar a ascensão, de ostentação.

não difere isso no brasil, embora aqui as riquezas  permaneçam por gerações pela via feudal: herança.  a se notar a alta mortalidade das empresas nas transições de controle por troca de gerações: no brasil, o rico não tem sucessor, tem herdeiro. são pessoas diferentes, né?  ;)

mas se a ostentação permanece, as formas variam de cultura pra cultura. e de geração pr ageração.

por exemplo, a indústria automobilística nunca imaginou quehaveria esse desinteresse por carros nas novas gerações, que já preocupa. nesse sentido esse artigo do n.y. times:
http://www.nytimes.com/2012/03/23/business/media/to-draw-reluctant-young-buyers-gm-turns-to-mtv.html?pagewanted=1&_r=2#

a classe média paulistana demonstra algumas mudanças. a ascendente adora o padrão funk ostentação. modelo? jay-z:  http://blog.luxurybazaar.com/jay-z-x-hublot-shawn-carter-classic-fusion-limited-edition-watches/

a classe média estabelecida tem seus filhos voltando às moradias no centro, à cultura dos clubes noturnos, às viagens, aos cursos fora. esses não  ostentam correntes, mas fotos em locais paradisíacos. e diplomas de caras escolas particulares - as públicas, no ensino superior, continuam sendo limitadas  a um padrão de aluno que parece desprezar tudo isso, colocando-se numa postura olímpica.

a modinha hipster, tal qual em outras grandes capitais, é o mais caro iphone combinado com um casio f91w. e uma bicicleta, claro, uma fixa com quadro em aço cromo, ou um dobrável brompton. entre os mais enriquecidos, locais fechados pras baladas. casas especialmente alugadas, barcos e etc. aí, a ostentação é estar nesses locais, é ter acesso...

agora, nós, que somos de outra geração, e desajustados às nossas gerações, é que somos freaks, gostando de orients kd, colecionando seikos 5, discutindo espirais de silício e cometendo heresias aos olhos alheios: afirmar que um omega 300m é melhor que um seamaster 300m é melhor que um sub 300m, p. ex.

como relógio não tem mais a importância que tinha no século XIX, tanto que muita gente vê horas em celular, ou em quaisquer dos montes de relógios quartz pregados por aí.  então ele só tem duas funções:

- acessório pra ostentação: 


- brinquedinho de doido aficionado:


pq, afinal, quem compra divers automáticos hoje em dia? os mergulhadores atualmente usam computadores de mergulho....

aficionados há em todas as classes sociais, e dialogam entre si. e daí não vale, né? não como recorte de classe. quem num dia tá com um omega e no outro com um KD coloridão... está otivado por outros fatores que não a afirmação social da ostentação. pra nossa sorte, né?  ;D

------

mas sim, a exploração continua. das mais pesadas, no trabalho escravo, às socialmente aceitáveis: não registrar a empregada... ;)

e claro, o eterno espanto com o que deveria ser a regra, como descrito nesse link, sobre um local onde se pode andar com patek no pulso sem se ser assassinado:

http://blog.daniduc.net/2009/09/14/da-relacao-direta-entre-ter-de-limpar-seu-banheiro-voce-mesmo-e-poder-abrir-sem-medo-um-mac-book-no-onibus/

é... todo mundo quer omelete... mas quebrar os ovos ninguém quer.  :-X :-X :-X :-X



Alberto Ferreira

#14
Bom dia!
Pois é, Ogum777 e demais amigos.

Reflexão... Sim, é isso. Esta é a ideia, ou a proposta aqui.
Sem muitas "defesas" e nem "ataques", apenas contrapondo ou justapondo opiniões.

E foi o que você fez, num assunto que pode ser "controverso" e que certamente até poderá ter os seus "defensores" de cada "faceta" (sendo uns até um tanto mais ou outros um tanto menos "veementes"), e é normal que assim seja.

E certamente nós podemos extraplolar o tema básico para muito além dos nossos meros punhos.


Ah!
Algo muito importante, para mim.
Que uma coisa reste bem clara aqui neste meu comentário (estritamente pessoal, como sempre tento fazer nestes casos  8)).

Eu não estou falando especificamente das suas ponderações, Ogum777, e logicamente eu nem teria motivos para tal.
Talvez eu esteja apenas (meio que) me "antecipando" ao que nós já vimos  ::) e por onde muitas vezes nos arrasta este tipo de "discussão".

Ou seja, meus caros...
Sem "cruzados"... Ok?



Até porque, num pretensamente jocoso jogo de palavras,...
...e queiramos ou não, nós já deveríamos estar em tempos mais "reais"...   ::)

Mas será que nós estamos mesmo?
8)


Abraços!
Alberto