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Rolex com bracelete Made in Japan?

Iniciado por flávio, 02 Junho 2021 às 13:02:34

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flávio

É fato que o país de origem de um produto influencia o processo de decisão de compra de uma pessoa, uma vez que funciona como "garantia" de qualidade e posicionamento no mercado.  Percebo, no entanto, certo desconhecimento por parte dos consumidores a respeito da certificação "Swiss Made" dos relógios. O selo surgiu em 1971, quando a indústria suíça, depois de décadas de cartelizaçāo, resolveu flexibilizar suas regras, diante da competição internacional. A medida foi pragmática: buscava manter a competitividade e empregos suíços, através da transferência da produção de componentes de baixo valor agregado para a Ásia. Atualmente, um relógio pode ser considerado suíço se 60% do valor de custo do seu mecanismo houver sido contabilizado na Suíça. Isso significa que um relógio pode ser quase que totalmente fabricado alhures, mas ter, por exemplo, apenas seu escapamento, algo caro, fabricado na Suíça, e ainda ostentar o selo "Swiss Made". É um engodo? É... Sinal dos tempos...
O relógio da fotografia, anunciado em leilāo da Philips, antecede a regulamentação de 1971 (é de 1963), e ostenta o "Swiss" no mostrador, mas "Made in Japan" no bracelete.





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Noriedo

Poxa mas, nada melhor que juntar essas duas escolas em um só relógio kkk.

Jefferson

Certamente é o sinal dos tempos... Tempos de mercados globalizados, livre concorrência, sustentabilidade do negócio. Essa coisa do relógio 100% feito dentro da Suiça, com componentes, matéria prima e quem sabe até mão de obra suiça é bem romântica e pouco prática no mundo globalizado de hoje. Acho muito complicado para as grandes marcas relojoeiras atender este sonho romântico.

Vamos pegar o exemplo dos produtos da Apple (tudo bem, a Apple não é um país, nem traz a cultura e tradição que o nome "Swiss Made" carrega em relação aos relógios), que é uma marca de reconhecida qualidade e bem valorizada. Tenho vários produtos da Apple e posso, por experiência própria, atestar sua qualidade superior. Muito pouco ou quase nada é produzido nos USA. Mas em todos os produtos tem escrito "Apple Design", ou seja, o projeto e a garantia da qualidade é 100% Apple. Já li que eles fazem um rigoroso processo de qualificação dos seus fornecedores, fiscalização e auditorias para garantir a qualidade Apple. Imagino que o mesmo deve acontecer com as grandes marcas de relógios que fabricam parte dos seus componentes fora da Suiça. Se um destes componentes apresentam problemas, o cliente não vai culpar a fabrica chinesa que fabricou e sim a marca suiça que colocou seu nome no relógio. Simples assim...

Então, talvez o enfoque de marketing deva mudar para ver o "Swiss Made" como a garantia da marca que aquele relógio carrega a qualidade superior de um relógio suiço. Claro que tem os puristas e os conservadores que vão ver dificuldade em assumir esta nova abordagem por conta da questão cultural que associa a fabricação de relógios suiços a Suiça. Acho isso uma bobagem...

Pegando um outro exemplo, do Cognac Francês, que só pode ser assim chamado, se for produzido nesta região da França e com vinhos de uvas exclusivos desta mesma região, poderíamos ter um paralelo romântico e pouco pragmático do relógio verdadeiramente "Swiss Made". Mas já existe este relógio verdadeiramente suiço e similar ao Cognac, que são os relógios produzidos pelos independentes de raiz.

O que falta, na minha humilde opinião, mas as grandes marcas relojoeiras e o governo Suiço jamais permitirão, é ter a justa diferença entre o autentico "Swiss Made" e o relógio com garantia de qualidade 100% suiça, como no exemplo do Cognac Francês, Conhaque Francês ou até Conhaque de outro país.

Recentemente paguei R$ 164,00 num legitimo e bem avaliado Conhaque Francês, por não ter sido produzido em Cognac, não podia ostentar este nome no seu rotulo. Também tinha a opção de comprar um legitimo Cognac Francês, mas estes estavam com preços acima dos R$ 400/500. Será que fiz uma boa compra? Acho que sim, mas só saberei quando receber minha encomenda e provar. Se não gostar, da próxima vez, talvez pense em comprar um Cognac ou mais provável experimentar um conhaque produzido na Espanha e também muito bem avaliado, que descobri na minha pesquisa.

Mas, um dia, quem sabe não degusto um bom e legitimo Cognac Francês, acompanhado de um bom Charuto Cubano e chocolates amargos "Swiss Made".

Saudações,

Jefferson. 

flávio

Com certeza! E vou além: essa história de produção totalmente centralizada, feita por uma pessoa e com pouca distribuição de trabalho, como Daniels, Pratt, etc faziam, não é coisa do passado, mas do presente! Na época de ouro da relojoaria, aquela na qual o próprio relojoeiro assinava o seu nome nos "seus" relógios, como Tompion, Graham, Breguet, etc, o que eles próprios menos faziam era... Fabricar relógios! O que eles possuíam era uma reputação a zelar, portanto, os projetos eram feitos por terceiros contratados em várias etapas, mas seguindo o seu controle de qualidade e especificações.

Portanto, guardadas as devidas proporções, nada mudou, e não só as designações de origem como a reputação da marca são o que são: uma "garantia" ao consumidor de que produto x ou y tem certas características, de qualidade e procedência, que o identificam como tal. Todos sabem, por exemplo, que a Mercedes é alemã, tem "dna" alemão em seu design e carrega a qualidade intrínseca que tornou a marca conhecida. E ninguém está nem aí se o veículo foi fabricado na Alemanha ou, como ocorria há algum tempo, no Brasil...

Mas que o label "swiss made" ou qualquer coisa "made" acaba sendo um engodo para o consumidor, não resta dúvida, pois certamente o bem tem o dna de onde a marca surgiu mas... É fabricado "mais ou menos" por ali...


Flávio