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Aprender a fazer ou pagar pelo serviço; eis a questão!

Iniciado por hottuning, 11 Agosto 2021 às 15:46:58

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hottuning

Caros colegas, eu tenho um problema... E esse problema é querer ter autonomia de saber dar a manutenção em tudo o que eu tenho. Esse problema (mais para frente explicarei o motivo de ser um problema), me levou a aprender mecânica, elétrica, psicologia e pintura (e por consequência conceitos relacionados à polimento). Agora estou querendo me aprofundar na relojoaria. Até bem pouco tempo, não pensava sobre me aventurar a desmontar relogios. A questão é que estudar sobre os mecanismos, os sistemas de carregamento, a forma como a força é transmitida da corda para o balanço, a forma como os ponteiros são fixados e se movem independentes aparentando estar no mesmo eixo... Tornou-se algo corriqueiro. Eis que agora me pego verificando marcha e erro de batida em um arremedo de timegrapher no celular, pensando em comprar um rodico, uma lente de aumento e algumas ferramentas mais especializadas. De repente levar em um relojoeiro não só se tornou algo que dói um tanto no bolso, como me sinto perdendo a graça de diagnosticar e ajustar algo que é meu...e só fui perceber o quão incomum isso é, no dia de ontem, ao levar o citizen 8110 na autorizada e pedir para o relojoeiro verificar se existia erro de batida, porque a marcha eu tinha conseguido ajustar. Os olhares de estranheza, principalmente depois que eu pedi para verificar se não havia empeno na tige, deixaram a situação clara: a maioria das pessoas não faz a menor ideia do que existe dentro de um relógio, e ter esse conhecimento é algo realmente reservado a um universo um tanto quanto fechado.

Pois bem, hoje chegou um "erro" de compra da Índia (onde eu estava com a cabeça?). Um "oris" com calibre fhf st 96 de corda manual. 18.000 bph. Paguei cerca de 70 reais na coisa, mas vai servir de escola. Esse eu vou desmontar, lavar e relubrificar. Se quebrar, ok...mas quero ser capaz de dominar essa habilidade.

Talvez o grande problema, do problema que eu citei anteriormente é que: ao aprender a fazer, nos tornamos mais donos daquilo que temos. Mais íntimos da máquina que carregamos... E talvez, pelo menos para mim, será extremamente difícil entregar meus relógios nas mãos de outras pessoas.

Alguém mais se identifica com essa situação? Segue a foto do indofranken.

Aquele que melhor goza a riqueza é aquele que menos necessidade dela tem.

Epicuro

igorschutz

Acho muito legal você ter a iniciativa e o entusiasmo para querer aprender, mas acho, também, com toda a sinceridade, que você está subestimando o ofício quando pensa que "ajustou a marcha" do seu Citizen tão facilmente.

A manutenção de relógios não é uma coisa mística, que só super-seres conseguem, mas também não é uma coisa leviana que se aprende só de ler fóruns na internet e ter um movimento sobrando como cobaia. Requer tempo, dedicação e muito treino.

Assim sendo, desejo toda sorte no seu desenvolvimento e paciência para persistir na busca por conhecimento.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

M4RC0S

Tenho o mesmo tipo de "problema".

Fuço em tudo que vejo pela frente.

Só mando algo para o conserto ou chamo alguém para consertar depois de dar uma xeretada.

Mas, relógio, por mais que já tenha visto inúmeros vídeos, e lido alguma coisa, não me atrevo a mexer em hipótese alguma. O máximo que cheguei, e vou ficar por aí, foi comprar um kitzinho básico no mercado livre para ajustar meus braceletes.

Não vou além disso.

Como disse o Igor, isso demanda muito estudo e treino, e não tenho tempo pra isso.

flávio

#3
Eu me enveredei pela desmontagem e remontagem de sucatas, com limpeza e lubrificação, sem fazer ajustes, quando comecei a mexer com relógios lá pelo ano 2000. Foi uma experiência valorosa por cerca de uns 6 meses, mais para compreender o que lia em livros do que efetivamente pensar em aprender mesmo a revisar relógios. Muito embora eu tenha comprado na época boas ferramentas (meu jogo de chaves de fenda completo é da AF, minhas pinças Precista, etc), eu perdi o interesse com os tais 6 meses, mais até porque estava atarefado na época e iria me mudar de casa em breve. Mas se você quer de fato ir pelo caminho, indico um livro: Practical Watch Repairing do Donald de Carle. Ele é algo dos anos 60 e... A bem da verdade, pouca coisa mudou de lá para cá... Sim, ele aborda a limpeza manual e individual de componentes, algo que nenhum relojoeiro da prática faz hoje, até mesmo porque máquinas ultrassom custam uma merreca para o hobbista. E o timer revolucionário da época era o vibrograph analógico (que não tem muita diferença dos digitais atuais, a bem da verdade...). Creia: nada sobre relojoaria prática foi escrito melhor do que este livro, e olha que tenho vários, como o do Fried, do Mick Waters, etc. Há também hoje cursos online, tinha um com vídeos bem bacanas que já divulguei aqui... É que estou teclando com pressa, senão procurava.

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igorschutz

Ah, no mais, faz tempo que vejo você falando aqui que vai levar seu Chifrudinho na Autorizada Citizen para manutenção... Tô bem quieto, no melhor estilo "eu conto ou vocês contam" 🙊, só esperando o resultado da sua visita à Autorizada.

Eu me surpreenderei MUITO se a Autorizada brasileira da Citizen de fato der manutenção no seu relógio, e me surpreenderei MAIS AINDA se ela tiver peça para esse modelo.
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hottuning

Pessoal, muito obrigado pelas respostas. Pois bem... Sei que empurrar um braço de ajuste de um balanço de um lado a outro está muito, mas muito longe de me habilitar a qualquer coisa neste campo. Sei também do valor imenso que tem o profissional relojoeiro e, de forma alguma acredito que faria um serviço superior em curto espaço de tempo. Seriam realmente talvez alguns bons meses de estudo para conseguir fazer algo que preste. Com relação ao citizen, levei na autorizada e sim eles fazem. A questão toda é que eles só fazem o serviço completo, ou seja, se negaram a fazer só a parte de vedação e troca da tige... Mas de qualquer forma, o relógio foi posto no timegraph, e não existia desalinhamento do balanço... Entretanto, existia um adiantamento de 1minuto ao dia. Achei muito estranho, uma vez que eu tinha conseguido ajustar através do crono uma precisão de cerca de 6s. Cheguei em casa e fui comparar mais uma vez com o crono... Adiantamento de 1 minuto por dia. Botei no "timegraph" do celular, marcha variando de - 7 a +5. Aí eu me liguei... O 8110 é um crono de embreagem vertical. Existe um sistema que modula o tanto de força que é transmitida da quarta roda para o segundeiro e subdials. Em suma, o relógio mantém o horário perfeitamente, mas o crono apresenta adiantamento. Provavelmente erro de lubrificação. A questão é que a manutenção completa está na casa dos 700 reais. Sinceramente, um desvio de 2,5 segundos por hora no crono não é o suficiente HOJE para que eu faça a a manutenção completa. Vou deixar para a próxima revisão.
Aquele que melhor goza a riqueza é aquele que menos necessidade dela tem.

Epicuro

hottuning

Citação de: flávio online 12 Agosto 2021 às 11:20:30
Eu me enveredei pela desmontagem e remontagem de sucatas, com limpeza e lubrificação, sem fazer ajustes, quando comecei a mexer com relógios lá pelo ano 2000. Foi uma experiência valorosa por cerca de uns 6 meses, mais para compreender o que lia em livros do que efetivamente pensar em aprender mesmo a revisar relógios. Muito embora eu tenha comprado na época boas ferramentas (meu jogo de chaves de fenda completo é da AF, minhas pinças Precista, etc), eu perdi o interesse com os tais 6 meses, mais até porque estava atarefado na época e iria me mudar de casa em breve. Mas se você quer de fato ir pelo caminho, indico um livro: Practical Watch Repairing do Donald de Carle. Ele é algo dos anos 60 e... A bem da verdade, pouca coisa mudou de lá para cá... Sim, ele aborda a limpeza manual e individual de componentes, algo que nenhum relojoeiro da prática faz hoje, até mesmo porque máquinas ultrassom custam uma merreca para o hobbista. E o timer revolucionário da época era o vibrograph analógico (que não tem muita diferença dos digitais atuais, a bem da verdade...). Creia: nada sobre relojoaria prática foi escrito melhor do que este livro, e olha que tenho vários, como o do Fried, do Mick Waters, etc. Há também hoje cursos online, tinha um com vídeos bem bacanas que já divulguei aqui... É que estou teclando com pressa, senão procurava.

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Muito obrigado pela orientação! Vou procurar o livro, Flávio!
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Epicuro

Devenalme Sousa

Eu também tenho esse problema de querer mexer em tudo. Em parte, isso é motivado por curiosidade, mas em outra parte é por falta de verba mesmo! Eu me atrevo, às vezes, a mexer numas coisinhas, mas nada que exija muito conhecimento. Gosto de fazer umas coisinhas com madeira, faço pequenas instalações elétricas, mexo em uma ou outra coisa eletrônica, mas quando vejo que o negócio exige muita habilidade e saber técnico, eu deixo pra lá. Em relação a relógios, o máximo que eu ouso fazer é retirar ou pôr elos de pulseira e trocar bateria de relógio velho cujas juntas de vedação não interessam mais. Até tenho vontade de ir além, mas minha habilidade manual não é lá essas coisas. Porém, tenho a pretensão de, algum dia, estudar um pouco de relojoaria, ainda que seja pra desmontar e montar tranqueiras.