Revue Thommen Cricket

[flávio]

O texto sobre o Revue Thommen Cricket que comprei em 1999 foi um dos primeiros, senão o primeiro, que escrevi para o blog Relógios Mecânicos (escrevi no ano 2000). Texto muito simples, que refletia meus conhecimentos (e empolgação da época). Está aqui:

https://relogiosmecanicos.com.br/cricket/revue-thommen-cricket/

Mas este relógio me deu uma canseira, mas uma canseira... A história eu resumi num post que fiz agora para o Instagram, que reproduzo aqui:

O desafio imposto a R. Ditisheim foi instalar um mecanismo despertador no diminuto espaço de um relógio de pulso. Como se a miniaturização dos componentes já não fosse algo muito difícil, havia outro problema: obter volume de som razoável, que não fosse abafado pelo pulso do usuário.
Ditisheim, então, com seu vasto conhecimento científico, aplicou no projeto os mesmos princípios de amplificação de som utilizados pelo grilo (em inglês, Cricket).
O inseto, apesar de pequeno, conseguia produzir um som ensurdecedor, pois utilizava suas asas como caixa acústica. No relógio, o som seria criado pelo impacto de um pequeno martelo sobre a tampa traseira e amplificado numa caixa acústica, o que impediria seu abafamento pelo pulso. O desenvolvimento iniciou em 1942 e, em 1947, chegava ao mercado o primeiro relógio de pulso com despertador, o Vulcain Cricket. Em meados da década de 1960, a Vulcain uniu forças com a Phenix, Thommen e Buser. Em 1997, em comemoração ao cinquentenário do Cricket, um novo modelo foi lançado, ostentando a marca Revue Thommen.
Adquiri este relógio em 1999 de um certo Zeetan, representante da marca em Kuala Lumpur. Os tempos eram outros: precisei ir ao Citibank e realizar uma burocrática transferência internacional para efetuar o pagamento... Alguns meses depois o troquei por um Zenith Elite, com opção de recompra futura. O comprador, porém, revendeu o relógio, até que uns 5 anos depois e diversos donos, retornou às minhas mãos, em estado deplorável: não funcionava e precisava trocar inúmeras peças. Com algum poder de argumentação, pedi ao fabricante para enviar-me os componentes. Em mais um reflexo de outros tempos, remeteram, e sem custo! Suficiente dizer que o restauro de um defeito na caixa só ocorreu em 2020, mais de duas décadas depois de comprá-lo.... Dizem que o som emitido pelo Cricket não tem similar no mercado: levanta até os mortos. Talvez tenha sido o responsável por ressuscitá-lo do cemitério dos relógios perdidos....



Ps. Há um vídeo do troço disparando lá no Insta. Quem quiser pode conferir @relogiosmecanicos

[Devenalme Sousa]

Que mecanismo massa! Eu fui ver o vídeo. Não sabia que o bicho era tão barulhento! Parece mesmo um grilo.

[M4RC0S]

Sensacional!!

[flávio]

O mecanismo é um RT 80, com lento 18 mil batimentos por hora (não sei se perceberam isso no vídeo. O ponteiro é MUITO passo lento). Sabe qual atualização teve desde 1947? Zero, o mesmo movimento foi fabricado por décadas sem qualquer modificação. Na época que comprei o relógio, aliás, achei estranho que a Revue Thommen estivesse fabricando de novo esses mecanismos, botando a fábrica para funcionar. Enviei até e mail questionando isso, pois achei que era tudo new old stock que eles restauraram. Mas eles disseram que era tudo novo (mas o projeto, claro, antigo). Quando o Cricket voltou para a Vulcain, eles fizeram um tratamento cosmético no movimento, adicionando parafusos azuis, as rodas rochet com um acabamento "snail" mas... Que eu me lembre, fora isso, nada mudou. Esse mecanismo tem uma coisa estranha no uso: a corda do alarme se dá para cima na coroa; a do relógio, na mesma coroa, para baixo. É estranho, porque você tem que girar a coroa num sentido não usual.

Flávio

[CSM]

segue uma fotinha do movimento "atual" deles.... no caso , no meu Vulcain Cricket Nautical...

abraços