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The art of Breguet

Iniciado por flávio, 20 Outubro 2021 às 17:56:26

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flávio

Post que lancei agora no @relogiosmecanicos

Em 1975, George Daniels publicou "The Art of Breguet", o resultado de 15 anos de trabalho nos quais fotografou, desmontou e analisou pessoalmente a maioria dos relógios fabricados (ou concebidos) enquanto o mestre ainda estava vivo (Breguet faleceu em 1823). Nos dias atuais, a obra certamente não teria sido realizada, em virtude da paranoia dos donos (seja museus ou particulares) com questões relacionadas à segurança.
Na época, para concluir o trabalho, Daniels precisava analisar a gigantesca coleção de David Salomons, que incluía o famoso relógio "Maria Antonieta". No entanto, apesar de protestos de Daniels, todos os relógios haviam sido transferidos para o Museu de Arte Islâmica, situado em Jerusalém. Daniels questionou, não sem razão, o motivo de objetos genuinamente europeus serem expostos em uma instituição criada para enaltecer cultura diversa.
Porém, logo após os relógios serem depositados no museu israelense, Daniels foi chamado para catalogar a coleção, algo que aceitou prontamente, eis que poderia concluir seu livro. O trabalho não foi simples e demorou 7 anos para ser encerrado, levando em conta o tamanho da coleção. Logo após Daniels concluir seu trabalho, a coleção – inclusive o "Maria Antonieta" – foi furtada do museu....
Então, advogados do museu entraram em contato com Daniels para solicitarem-lhe que, caso algum relógio aparecesse no mercado secundário, a instituição fosse avisada. Daniels respondeu: "Em primeiro lugar, vocês nunca deveriam ter deixado os relógios irem para Israel.... E se reaparecerem no mercado, o que é realmente possível, preferirei comprá-los para minha própria coleção!" Daniels nunca mais teve notícia dos tais advogados....
Por vários anos tentei comprar o livro, cuja edição estava esgotada há muito tempo.... E no ano 2010, enquanto visitava o epace horloger, na distante Le Sentier, lar de Blancpain, Audemars Piguet e Dufour, por acaso deparei-me com um exemplar na livraria do local e trouxe o calhamaço para o Brasil.... Ps. O livro foi reeditado e atualmente pode ser adquirido no conforto de casa através da Amazon, embora por quantia não irrisória.



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flávio

Publiquei hoje a continuação da história no Instagram

Em 2006, a advogada Hila Efron-Gabai entrou na loja de antiguidades de Zion Yakubov, em Tel Aviv, e pediu-lhe para avaliar alguns itens. Zion e Efron-Gabai, então, seguiram até um depósito no qual se encontrava uma caixa antiga, com itens embalados em papéis amarelados pelo tempo. Ao retirar os papéis, Zion percebeu que estava diante dos relógios Breguet furtados 23 anos antes do Museu de Arte Islâmica de Jerusalém.
Zion não conseguiu dormir naquela noite e, no dia seguinte, seguiu ao Museu de Arte Islâmica, onde se encontrou com a curadora, Rachel Hasson. Um encontro entre Rachel e Efron-Gabai foi combinado... Quando Rachel abriu a caixa no qual os relógios estavam guardados e se deparou com o famoso "Maria Antonieta", caiu ao chão e começou a chorar....
Efron-Gabai narrou-lhe que havia sido contratada por uma cliente dos Estados Unidos cujo marido, em suas últimas horas de batalha contra um câncer, havia lhe confidenciado possuir os relógios. A cliente queria que os relógios retornassem ao museu, sob a condição que sua identidade fosse mantida em segredo. Então, sem muita fanfarra, os relógios foram devolvidos.
A Polícia de Jerusalém só teve conhecimento do fato através da imprensa e, considerando o acordo de confidencialidade firmado, não conseguiu obter informações que desvendassem o crime.
Com base em vagas declarações de Zion, no entanto, policiais conseguiram descobrir o depósito onde os relógios tinham ficado guardados e encontraram um documento contendo o nome de uma mulher, Nili Shamrat. Através de pesquisas, a Polícia localizou uma fotografia da imprensa, datada de 2004, na qual um famoso ladrão de arte e bancos que estava hospitalizado com câncer, Na`Aman Diller, encontrava-se com sua esposa. A mulher chamava-se Nili Shamrat e o crime finalmente foi solucionado.
A maioria dos relógios foi novamente depositada no Museu de Arte Islâmica em mostruários blindados, mas alguns ainda permanecem desaparecidos. Será que George Daniels comprou algum e o escondeu em um depósito secreto na Ilha de Man? Só o tempo dirá....



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