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E SE ENTRAR ÁGUA?

Iniciado por Paulistano, 24 Janeiro 2012 às 23:11:04

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alexandreriz

Entendi, só não sei na cidade tem profissionais preparados com esse equipamento, esse equipamento custa caro? quanto costuma se cobrar o teste de vedação e caso preciso vedar de novo?

Alberto Ferreira

#21
Salve!

Os modelos mais comuns são relativamente simples e não devem ser muito caros.

Eles têm este aspecto...




Neste modelo da foto o funcionamento é basicamente simples e seguro.

- O compartimento é abastecido com água até o nível indicado, aquela linha visível no vidro.
- A tampa superior é aberta e o relógio é pendurado no gancho em forma de T, ficando fora da água.
- O conjunto é fechado hermeticamente.
- Com a alavanca "bombeia-se" ar para dentro da câmara, até a pressão de teste, lida no manômetro.
- Caso haja falha na vedação, o ar entra no relógio, que continua a seco, ainda fora da água.
- O relógio é abaixado até ficar dentro da água e a pressão é aliviada, pressionando o botão apropriado existente na tampa do aparelho.
- Se os retentores estiverem falhos, o ar que penetrou no relógio vasa de volta por onde entrou, e bolhas saem do(s) ponto(s) em questão.
- Como o teste é feito de maneira rápida, a água não entra na caixa, pois a pressão interna permanece sempre maior do que a atmosférica.

É mais ou menos isso...   ;)

Mas há aparelhos mais sofisticados, claro!

Abraços,
Alberto

Byron

Perfeita explicação, Alberto.
Com a gentileza de sempre.
" J'ai plus de souvenirs que si j'avais mille ans."  C. Baudelaire

vinniearques

Quase uma aula Alberto, muito obrigado pelo conhecimento compartilhado

Adriano

Há tempos postei uma explicação bem completa sobre testes de resistência a água.

Sobre a pergunta original do tópico, é impossíve dizer. Há relógios que parece não acontecer nada, há relógios que apodrecem em dias. Depende também da origem dessa água. O que tenho notado é que, se entrar muita água, é melhor deixar molhado e levar desse jeito para o relojoeiro do que tentar secar de maneira caseira. O processo de oxidação não acontece durante o contato com a água, mas durante a secagem. Isso é química elementar. Quem oxida é o oxigênio, muito mais presente no ar do que na água. Por isso estraga menos ficando molhado por alguns dias do que tentando secar lentamente de maneira caseira. Tem que ser seco de uma vez só e de maneira rápida, com desmontagem parcial das peças e do mecanismo, para que se possa minimizar os estragos.

Por isso levar em um relojoeiro o mais rápido possível é a melhor coisa. Ou, melhor ainda, é evitar que isso ocorra, respeitando os limites do relógio ou dando a manutenção adequada à ele, e testando de tempos em tempos.

Uma coisa é certa: por menor que seja a umidade, e mesmo que inofensiva, sem deixar marcas nas peças, o relógio precisará de revisão completa pois a lubrificação está definitivamente comprometida.

Abraços!

Adriano

flávio

Vale a pena ver de novo. Este relógio em particular possui resistência à pressão para 100 metros e, olhando para o movimento, a olho nu, não via nada. Foi para revisão, em virtude do péssimo carregamento. Voltou para a revisão depois, na garantia, porque um parafuso soltou. Mas, apesar dos pesares, continua sendo o relógio com a melhor "performance" de vibrograph que tenho, muito embora ele não carregue muito bem no meu pulso, em virtude dos meus hábitos. No WW ele está funcionando direto há quase um mês, sem problemas, no caso um Órbita Rotorwind, mas tem que ser no programa de girar de 10 em 10 minutos. No de 15 em 15, para. Gosto do relógio, enfim, apesar de ele também ter uma idiossincrasia inexplicável, porque o contador de minutos, costuma, com o passar do dia, adiantar milimetricamente para a frente, sobretudo após a passagem da data (vá entender...). Você zera tudo ao normal acionando e resetando o crono. Pior: deixei o crono acionado direto por uma semana e...Parou de acontecer, vá enteder de novo!

Enfim, a história está toda aí, não havia penetrado água nele, e olha que já nadei no mar com esse troço, não estava nem aí. Penetrou um pouco de umidade. O resultado?

Está na review. Mas tudo foi ajustado e o relógio está como se houvesse saído da loja, como as fotos comprovam.

http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=5765.msg106873#msg106873


Flávio

igorschutz

Eu não sei como o mostrador se comportaria nessas condições, mas, se determinado relógio encharcou de água por dentro, e você não tem condições de levá-lo imediatamente ao relojoeiro, uma forma de combater a oxidação por um tempo seria mergulha-lo em óleo e deixá-lo ali.

Corroborando com o que o Adriano escreveu, o movimento não ficará exposto ao oxigênio e, consequentemente, não oxidará enquanto estiver no óleo.
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Gravina

Citação de: igorschutz online 31 Janeiro 2012 às 07:26:23
... uma forma de combater a oxidação por um tempo seria mergulha-lo em óleo e deixá-lo ali.

..., o movimento não ficará exposto ao oxigênio e, consequentemente, não oxidará enquanto estiver no óleo.

;)

Como bem destacado, presumo que o problema estaria no mostrador ???..., mas que a fórmula é boa, não resta dúvida........isso é química, né?

Com esta coisa de óleo, lembrei desta ilustração



Abs

Gravina



Gravina

Citação de: Alberto Ferreira online 28 Janeiro 2012 às 17:17:18
Os modelos mais comuns são relativamente simples e não devem ser muito caros.
Mas há aparelhos mais sofisticados, claro!

Na minha coleção, dentro da categoria "Odiados pela patroa :'(", tenho estes aqui...........ultrapassados, lógico :P

Tenho um outro que é o mais antigo, que foi desenvolvido pela Rolex - ainda vermelho/não verde, mas que não tenho fotos.......ele passa por um processo restauração/recuperação, e está com um  super amigo que foi relojoeiro da Rolex.......por alguns anos, apenas 50.



Este desenvolvido pela Omega Electronic (Uma divisão da Omega Watch Co), é de 1970. Tem motor elétrico, e super sofisticado para a época..............o vermelho é da década de 1960, manual








O Begral: Creio que é fabricado até hoje este modelo.



Abs

Gravina

Adriano

Mostrador e ponteiros normalmente são os primeiros afetados, principalmente o material luminoso, que é altamente higroscópico. Danos no mostrador e ponteiros ocorrem mesmo com pouquíssima entrada de umidade e normalmente são essas peças que "entregam" a entrada de umidade para efeitos de diagnóstico.

Abraços!

Adriano

Paulistano

Citação de: Adriano online 30 Janeiro 2012 às 23:23:27
Há tempos postei uma explicação bem completa sobre testes de resistência a água.
Sobre a pergunta original do tópico, é impossíve dizer. Há relógios que parece não acontecer nada, há relógios que apodrecem em dias. Depende também da origem dessa água. O que tenho notado é que, se entrar muita água, é melhor deixar molhado e levar desse jeito para o relojoeiro do que tentar secar de maneira caseira. O processo de oxidação não acontece durante o contato com a água, mas durante a secagem. Isso é química elementar. Quem oxida é o oxigênio, muito mais presente no ar do que na água. Por isso estraga menos ficando molhado por alguns dias do que tentando secar lentamente de maneira caseira. Tem que ser seco de uma vez só e de maneira rápida, com desmontagem parcial das peças e do mecanismo, para que se possa minimizar os estragos.
Por isso levar em um relojoeiro o mais rápido possível é a melhor coisa. Ou, melhor ainda, é evitar que isso ocorra, respeitando os limites do relógio ou dando a manutenção adequada à ele, e testando de tempos em tempos.
Uma coisa é certa: por menor que seja a umidade, e mesmo que inofensiva, sem deixar marcas nas peças, o relógio precisará de revisão completa pois a lubrificação está definitivamente comprometida.
Abraços!
Adriano
MESTRE, ERA ESSA A RESPOSTA QUE EU QUERIA OUVIR. MUITO OBRIGADO.
ABRAÇOS.

Adriano

Em outras palavras, como preferirem: tenho a impressão (é uma impressão, não é ciência, especialmente porque as variáveis são inúmeras) de que ocorrem menos estragos com um relógio que chega ao relojoeiro ainda com muita água dentro depois de um acidente há 6 dias do que um que chega já seco depois de um acidente a 2 dias atrás.

Abraços!

Adriano

Paulistano

é isso aí.
rapidez sim. histerismo não.
abraços.

Alberto Ferreira

Salve!

Ah!
Pois é...
Mas não custa lembrar...
Quem oxida é o oxigênio e não (intrinsecamente falando) a água, né?


Prova disso?
Huuuummmm...  ::)

Basta dar uma olhada lá na pia da cozinha...
Provavelmente, por alguém ter aprendido na prática, de mãe para filha, o Bom-Bril estará dentro de um recipiente, totalmente imerso em água...  ;)

Agora puxe uma pontinha dele para fora...
Volte na hora do jantar e veja o "estrago".
;)  8)




Experimentos da série, "Dr. Alberto Jekyl e aquela criança que há em nós"...
8)

Abraços a todos!

rtakami

Quando se leva um relógio para revisão, este teste de vedação só é feito se for solicitado?

Alberto Ferreira

Citação de: rtakami online 21 Junho 2012 às 10:07:35
Quando se leva um relógio para revisão, este teste de vedação só é feito se for solicitado?

Salve!

A depender do relógio, por exemplo, se for de mergulho e que tenha reais condições de poder ser "vedado" (alguns vintages, infelizmente, talvez já não possam mais), e se o técnico encarregado do serviço for de fato técnico, e corretamente equipado, eu diria que o teste de vedação deve necessariamente fazer parte dos procedimentos básicos.
Portanto, não deveria ser necessário pedir.
Deveria ser um procedimento final, de rotina.

Em outras palavras, a assistência técnica deve garantir, além dos serviços de troca de peças, também o restabelecimento das características de projeto do relógio.
E isso inclui a vedação, no nível adequado e declarado pelo fabricante.

Mas, por vias das dúvidas, na nossa "vida real", não custa perguntar, antes de deixar o relógio para a revisão.

Abraços,
Alberto

rtakami

Obrigado mestre Alberto, é que a alguns anos atrás meu orient ficou com o vidro embaçado, acho que esqueci de voltar a coroa para a posição normal após o ajuste, e acho que nesse momento fui lavar as mãos e acabou entrando água, levei em um relojoeiro, perguntei se havia trocado as borrachas/retentores de vedação, e ele disse o seguinte: _ Acho que não vai entrar mais água não pois eu passei um silicone liquido na vedação. Fui embora com um pé atrás achando que trocariam as vedações da tige.

Adriano

Bem, em uma autorizada o teste de vedação é feito toda vez que o relógio for simplesmente aberto e fechado novamente. Quanto mais em uma revisão...

Eu acho que, se o cliente precisar perguntar para o relojoeiro se ele verificou a vedação após abrir o relógio ou pior, após uma revisão, talvez eu recomende que se troque de relojoeiro.

Abraços!

Adriano