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Seiko raro no eBay (VFA)

Iniciado por Bernardo, 20 Maio 2013 às 15:47:01

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ESTRELADEDAVI

Essa história é fantástica, porém fico aqui imaginando com os meus botões, quantos desses 250 realmente foram preservados e ainda estão em algum lugar do mundo dando show de precisão e competência do "saber fazer" dos japas?
E o lado triste e melancólico, quantos desses não passaram por uma "metamorfose" e se transformaram em alianças de casamento pelo mundo afora? Uma coisa é certa, o Museu da Seiko no Japão deve ter um exemplar desses, e os outros 249 que faltam...?

Abraços

Weber
"A felicidade de sua vida depende do caráter dos seus pensamentos." (Marco Aurélio)

Adriano

Citação de: melao online 05 Julho 2013 às 10:29:12
Já que o assunto aqui nesse topico sao relogios de alta precisao,me bateu uma duvida meio boba e talvez até simplista.Mas gostaria de ter esse conhecimento.
A maioria dos relogios complicados e de alta precisao sao a corda manual,tanto antigamente quanto nos dias atuais.A minha duvida é se os relogios a corda manual favorecem a precisao e as complicaçoes mais do que os automaticos.Tanto na parte de engenharia,como na parte de regulagens e tal?
Será que algum dos nossos mestres poderia ajudar a esclarecer.
Grato desde já.Um abraçao.

Não, a corda manual não favorece em nada a precisão nem complicações. Existe um, ou mais, motivos para que relógios de alta precisão e complicados sejam mais abundantes à corda do que automáticos, mas não é por causa de precisão, desempenho, nem nada do gênero. Pois um relógio automático, só é diferente até a força chegar na corda. Da corda para a frente, não muda absolutamente nada, e é da corda para frente onde "mora" a precisão.

Ok ok, se você levar a questão no limite, você até pode dizer sim, que talvez, talvez, se você focar o isocronismo do seu movimento na corda, talvez você consiga calibrar mais uma corda de corda manual, pois você sabe sempre exatamente qual sua tensão a qualquer momento de seu desenvolvimento. Com a brida deslizante do automático, você sempre vai ter uma tensão máxima variando ligeiramente e normalmente isso tem reflexo zero sobre o isocronismo, tanto que em cronômetros de produção comercial isso é irrelevante e quase todos são automáticos.

Mas a sua observação está correta: é frequente que relógios complicados e relógios de alta precisão sejam a corda. E quando falamos de relógios de alta precisão, não é COSC não, mas certificados por observatório, cronômetros de competição e etc. Os motivos existem, mas são bem mais simples do que se imagina:

- mecanismos de competição não são feitos, a princípio, para serem usados no pulso. Essa é a simples explicação do porque mecanismos de competição não são automáticos. Logo, a corda automática não apenas não faz nenhum sentido como apenas adicionaria complicação ao movimento. Tudo o que um mecanismo de alta precisão precisa é ser simples, mesmo que planeje-se usá-lo em linha para relógios de pulso.

- Além disso, qualquer movimento do automático alteraria, ainda que infimamente, a tensão da corda. Logo, para testes, sendo de corda manual você consegue controlar melhor o desenvolvimento da corda, e tem a certeza de que seu desenvolvimento não foi alterado quando alguém mudou o relógio de posição ou algo assim. Você sempre terá certeza absoluta de que, quando fizer o teste de 24 horas, a corda terá se desenvolvido exatamente essas 24 horas.

- Já nos complicados, a razão é diferente. Há complicações que não fazem diferença nisso, mas outras necessitam de cordas com tensão bem mais alta. O próprio turbilhão consome um bocado de energia e requer cordas de muita tensão. O sistema do automático precisa ser bem "reforçado" para dar conta de meter a tensão total na corda sem desgaste excessivo. O outro motivo, também dependendo da complicação, é simplesmente de espaço. Sim, existem complicados extra-planos. Existe calendário perpétuo extra-plano, mas normalmente complicados são altos. Ao meter um sistema de automático, a altura aumenta ainda mais. Por isso o micro-rotor costuma ser uma boa alternativa. Mas às vezes, nem espaço para eles existe num super-complicado.

Abraços!

Adriano

M_R_V

Fantastica sua explicação, Adriano!
Desculpe a rasgação de seda mas é que fico feliz com o tanto que tenho aprendido com voces aqui no FRM.
Obrigado!  :)

Rafaexp

 :D :D :D :D Ahhh adriano...sempre vc! hahahahah

Que show de explicação!!!!

Rasgando seda mesmo!!!!

PS: a dúvida do Estrela tb é bem interessante...alguém se habilita???

abraço

Rafa

flávio

Sobre os outros 249, não sei, mas em regra não havia movimentos de fato projetados para competições de observatório. O que havia eram relojoeiros muito fodas que os ajustavam a mão, faziam modificações no escapamento, etc, como se fosse uma divisão M da BMW. A regulagem da competição já foi há muito! Mas nas competições, os caras usavam muita malandragem, e isso deve ter permanecido nos relógios, como raspar o balanço em certas áreas, mudar profundidade das levees, contorno da mola, etc.


Flávio