"Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio

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jungman

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #20 Online: 03 Janeiro 2014 às 14:39:12 »
É absolutamente impossível de dizer o nível de desgaste do mecanismo só por palpite. Isso depende de tantas, mas tantas variáveis, que é impossível dizer. Pode simplesmente não acontecer nada e estar tudo perfeito, precisando só de limpeza e lubrificação, ou pode estar a beira de parar de vez e ter uma situação semelhante à do relógio objeto do tópico.

Agora, pode-se dizer com certeza que a chance de ter um problema ou desgaste excessivo é exponencialmente maior usando o relógio nessa condição. É muito provável que ele esteja danificando o relógio ao usá-lo assim. Se isso vai acarretar em troca de peças, ou outro tipo de danos, e em quanto tempo, ou se já alcançou esse estágio, aí é impossível dizer.

Eu sempre gosto de fazer a analogia com carros, já que seu motor é uma máquina, como a de um relógio: você encontra um carro na garagem, que ficou parado por muitos anos. Apenas coloca um gole de gasolina, dá uma carguinha na bateria, dá na chave e ele pega. E aparentemente funciona normal. Você pegaria esse carro e sairia andando com ele numa boa, sem preocupações, já que, afinal de contas, aparentemente está normal?

Outra analogia: creio que todos nós aqui trocamos o óleo do carro regularmente, mesmo que não apresente defeito, certo? Ninguém espera o carro parar de vez, ou começar a demonstrar algo errado, para só aí trocar o óleo, certo? Mecanicamente, não há diferença nenhuma entre agir assim com um carro ou com um relógio. A única diferença aí está no nível de transtorno que um carro pifado causa e um relógio causa: fazemos isso com o carro pois esperar ele parar, para dar manutenção é arriscado, prejudica sua vida, seus compromissos, e pode colocar você em risco, até de vida. Com o relógio não, o risco é muito menor. Não nem para dizer de preço: revisar um relógio fuzilado pode ser facilmente mais caro do que retificar um motor que fundiu por problema de lubrificação.

Então, do ponto de vista prático, há uma diferença enorme em fazer manutenção preventiva em um carro e em um relógio. O prejuízo, como um todo, é bem maior quando se fala em um automóvel. Mas do ponto de vista técnico, não há diferença nenhuma: o prejuízo é o mesmo em se negligenciar a manutenção de uma máquina, como a de um relógio. Se você deixar a coisa estourar para dar manutenção, vai ser mais complicado, mais caro, e mais demorado.

Melhor frase do tópico, do mecânico do pai do nosso amigo Veiga: "o paralama cai não quando cai o último parafuso, mas o primeiro". Simplesmente perfeito.

Abraços!

Adriano



X2; o mestre Adriano disse tudo; tenho a ousadia de acrescentar: Prevenir ainda é a melhor opção. Isto vale para os carros e também evidentemente para os relógios.
Acompanhei estas imagens, simplesmente não dá para acreditar que isto possa acontecer dentro de um relógio; são imagens de terror realmente; me vi vendo o exorcista pela primeira vez, é aquela velha estória, quanto você mais vê, mais aterrorizado fica....

Um abraço

Flavio

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #21 Online: 03 Janeiro 2014 às 15:32:07 »
Pois é, Adriano. Eu tanto entendo que já insisti demais para que ele pare de usar o bendito relógio e me dê para levá-lo para fazer uma revisão. Mas é complicado quando a pessoa não consegue visualizar esse tipo de situação. De qualquer maneira, vou precisar levar um relógio pra revisão na próxima semana e o farei ir comigo. Pegarei o B & M e deixarei com o relojoeiro para análise  ;D

Obrigado pelo retorno!

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #22 Online: 03 Janeiro 2014 às 15:34:45 »
Sim, Jungman. Uma coisa é a pessoa que procura se instruir e cuidar dos seus relógios; outra é quem só usa como mero "mostrador de horas" (maioria das pessoas).

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Offline Dicbetts

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Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #23 Online: 03 Janeiro 2014 às 15:38:10 »
Ouso acrescentar o seguinte: o maior culpado pelo problema é o próprio dono.

Ou a pessoa tem a consciência de que a manutenção é o meio mais fácil de economizar dinheiro, ou vai sempre pagar mais caro depois que a máquina explodir.

As máquinas não param por vontade própria; dão um sinal claríssimo antes. Se o carro começa a queimar óleo, fazendo com que pareça movido a lenha, biela, casquilhos, anéis de segmento e o escambau estão prontinhos para o lixo. Se o relógio começa a atrasar demais, ou a corda fica mais dura sem estar totalmente cheia, algo está fora da ordem.

Vejo isso com muita frequência entre os usados e "vintages", que são os que posso comprar. Daí que, quando obtenho uma peça, acompanho seu funcionamento por algum tempo. Independentemente de qualquer coisa, com sintoma ou não, dou manutenção. Que geralmente se limita à lubrificação e à limpeza.

Creio que seja uma forma coerente de se tratar máquinas. E meu bolso tem agradecido penhoradamente por agir assim.

Dic





Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #24 Online: 03 Janeiro 2014 às 15:43:20 »
Ouso acrescentar o seguinte: o maior culpado pelo problema é o próprio dono.

Ou a pessoa tem a consciência de que a manutenção é o meio mais fácil de economizar dinheiro, ou vai sempre pagar mais caro depois que a máquina explodir.

As máquinas não param por vontade própria; dão um sinal claríssimo antes. Se o carro começa a queimar óleo, fazendo com que pareça movido a lenha, biela, casquilhos, anéis de segmento e o escambau estão prontinhos para o lixo. Se o relógio começa a atrasar demais, ou a corda fica mais dura sem estar totalmente cheia, algo está fora da ordem.

Vejo isso com muita frequência entre os usados e "vintages", que são os que posso comprar. Daí que, quando obtenho uma peça, acompanho seu funcionamento por algum tempo. Independentemente de qualquer coisa, com sintoma ou não, dou manutenção. Que geralmente se limita à lubrificação e à limpeza.

Creio que seja uma forma coerente de se tratar máquinas. E meu bolso tem agradecido penhoradamente por agir assim.

Dic






Meu grande amigo!

Não mudo uma só palavra sua. Nesse meu caso específico, é isso mesmo. E, pior ainda, nem é por falta de aviso.

Abraços.

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Alberto Ferreira

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #25 Online: 03 Janeiro 2014 às 15:46:52 »
E aqui, obviamente, a nossa preocupação é com os mecânicos...   Claro!
E com os seus (inexoráveis) desgastes, quando eles trabalham para nós sem a devida manutenção.

Mas,...
Nos "quartzos" também...
Esqueceu a bateria lá dentro ou, talvez ainda pior, só tentou trocar quando ela já estava "no bico do corvo"?
Deixou que o cabra da esquina colocasse uma daquelas baratinhas, calçada com papel alumínio?

Dançou!
Derreteu, melou lá dentro...   Vai tudo pro lixo. Até a caixa.

Alberto

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Offline Dicbetts

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Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #26 Online: 03 Janeiro 2014 às 16:00:53 »
Ouso acrescentar o seguinte: o maior culpado pelo problema é o próprio dono.

Ou a pessoa tem a consciência de que a manutenção é o meio mais fácil de economizar dinheiro, ou vai sempre pagar mais caro depois que a máquina explodir.

As máquinas não param por vontade própria; dão um sinal claríssimo antes. Se o carro começa a queimar óleo, fazendo com que pareça movido a lenha, biela, casquilhos, anéis de segmento e o escambau estão prontinhos para o lixo. Se o relógio começa a atrasar demais, ou a corda fica mais dura sem estar totalmente cheia, algo está fora da ordem.

Vejo isso com muita frequência entre os usados e "vintages", que são os que posso comprar. Daí que, quando obtenho uma peça, acompanho seu funcionamento por algum tempo. Independentemente de qualquer coisa, com sintoma ou não, dou manutenção. Que geralmente se limita à lubrificação e à limpeza.

Creio que seja uma forma coerente de se tratar máquinas. E meu bolso tem agradecido penhoradamente por agir assim.

Dic






Meu grande amigo!

Não mudo uma só palavra sua. Nesse meu caso específico, é isso mesmo. E, pior ainda, nem é por falta de aviso.

Abraços.

Luizão,

Posso te dar uma sugestão? Pague o conserto do B&M do seu pai.

Empreste um dos seus em troca da manutenção do dele. Fiz isso com meu pai e funcionou.

O Piaget dele começou a ratear em outubro. Perguntei quando tinha sido a última "ida ao médico". Resposta do meu velho: "Não sei, fazem alguns anos. Acho que uns 30".

Perguntei se estava de sacanagem. Disse que não.

Resumo: me enviou o relógio por courier; enviei para ele meu Reduced. Dei manutenção, aqui em Brasília. No Natal, desfizemos a troca.

Constatação do meu relojoeiro: o Piaget jamais havia sido limpo ou lubrificado. Vinha funcionando assim, e ininterruptamente, há 40 anos. Se exceção à regra ou sorte, só os veteranos daqui podem dizer. Mas creio que meu pai obrou um quilo certinho.

Além disso, um polimento recuperou o viço da peça.

Cometi uma única mancada: não fotografei o antes e o depois para mostrar à rapaziada.

Enfim...

Abração,

Dic

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #27 Online: 03 Janeiro 2014 às 16:19:17 »
Dic,

Por isso que falei que iria levar meu pai comigo no relojoeiro mas seguirei sua sugestão. Farei a revisão e o entregarei de volta como um presente. Com certeza vou me sentir melhor sabendo que o relógio está trabalhando todo revisado  ;)

Grande abraço, meu amigo!

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #28 Online: 03 Janeiro 2014 às 17:25:08 »
Pois é, Adriano. Eu tanto entendo que já insisti demais para que ele pare de usar o bendito relógio e me dê para levá-lo para fazer uma revisão. Mas é complicado quando a pessoa não consegue visualizar esse tipo de situação. De qualquer maneira, vou precisar levar um relógio pra revisão na próxima semana e o farei ir comigo. Pegarei o B & M e deixarei com o relojoeiro para análise  ;D

Obrigado pelo retorno!


Se fosse meu pai eu mostrava logo esse post pra ele... Dava logo o susto...   8);)

Abraços
“O mundo intriga-me. Não posso imaginar que este relógio exista e não haja relojoeiro.” ― William Paley

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vinniearques

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #29 Online: 03 Janeiro 2014 às 17:32:11 »
Eu mostrei pro meu na esperança dele cuidar melhor da coleção dele, e ele olhou, olhou e olhou, sem nenhuma reação e pelo que conheço do velho, não vai mudar nada, ele vai continuar debulhando os coitadinhos..

Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #30 Online: 03 Janeiro 2014 às 21:38:55 »
Meu pai é o mesmo cara que se espanta e me critica por gastar tanto $$ em relógios. Nem posso esperar mudança alguma por parte dele  ;D

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Offline flávio

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Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #31 Online: 06 Janeiro 2014 às 23:22:58 »
Tópico foda publicado na minha ausência! Foda, muito foda! Eu tenho os "dedos sensíveis", mas pergunto-lhe Adriano: seria possível detectar isso no "dedo" dando corda? Digo isso porque uma característica dos 2892 da Omega é a carga por corda literalmente sem esforço e barulho zero (algo diferente do Valjoux 7750). By the way: o relógio menos barulhento para corda e mais macio, chegando a ser ridículo de fácil como se dá corda, é o Nomos que tenho.


Flávio

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Offline Adriano

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Re: "Defeito dominó": catástrofe em cadeia vista pelo microscópio
« Resposta #32 Online: 07 Janeiro 2014 às 09:22:23 »
Na hora! Ainda mais num 2892. Se faltar um dentinho em qualquer parte do trem envolvido, você sente na coroa. Imagine faltarem dois, três, quatro...

O Nomos é derivado do Peseux 7001 que já tem a corda macia. Com o clique especial da Nomos, parece que fica ainda mais macio.

Abraço!

Adriano