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Cronômetro Certificado a Corda Manual

Iniciado por Almir07, 26 Maio 2014 às 13:42:34

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Almir07

Procurei no fórum e não encontrei nada sobre essa questão.

Porque não vemos relógios a corda manual com certificado de cronômetro?

Existe alguma impossibilidade técnica?




Alberto Ferreira

Não Almir, a sua premissa está equivocada.
Há, sim, cronômetros certificados e de corda manual.

Veja um exemplo...





Inclusive há movimentos a quartzo também, embora neste caso os parâmetros para a certificação sejam outros.

Alberto

shun


Alberto Ferreira

Sim...

E ressaltando apenas que nem todos os cronômetros certificados o são pelo COSC...

...

Alberto

Adriano

Nenhuma. É apenas uma coincidência o fato de haver poucos cronômetros, hoje, de corda manual.

Um motivo é simplesmente histórico:há muitos cronômetros hoje em dia e há poucos relógios de corda manual, logo, hoje há poucos cronômetros de corda manual.

Basta lembrar que um relógio automático nada mais é que um relógio de corda manual cuja corda se carrega com o movimento do pulso.

Vale lembrar também que um dos lançamentos da Tissot na Baselworld deste ano foi justamente um cronômetro de corda manual, basicamente o mesmo que vendeu o Concurso Internacional de Cronometria de 2013.

Abraços!

Adriano

shun

Adriano, teria alguma foto desse Tissot?

Fiquei curioso mas nao encontro na internet.. Só dos Powermatic 80

Alberto Ferreira

E vejam este Glasshütte...



Que não tem apenas um ponteiro, aliás ele é um regulador, portanto não confundir...
...é certificado pelo German Calibration Service (DKD), portanto não é COSC.

Veja ---> http://horologium.com.au/2013/05/16/baselworld-2013-glashutte-original-senator-chronometer-regulator/

Alberto

Adriano

Apenas por curiosidade, o padrão do COSC e do DKD é o mesmo. O COSC segue a ISO 3159 e o DKD a DIN 8319, que são normas idênticas exceto pelo limite de variação média aceitável para calibres com 20mm de diâmetro ou menos, que é de 3,4s/dia para a ISO e 2s/dia (igual a de calibres com mais de 20mm) para a DIN.

O padrão, para efeitos gerais, é o mesmo, mas o método é diferente. O método do COSC é óptico (já discutido em outros tópicos), enquanto do DKD é acústico, ou seja, com o uso de aparelhos Witschi (o que permite também o teste dos relógios montados).

Abraços!

Adriano

Adriano

Citação de: shun online 26 Maio 2014 às 15:02:41
Adriano, teria alguma foto desse Tissot?

Fiquei curioso mas nao encontro na internet.. Só dos Powermatic 80

É este:


Fonte: www.160.tissot.ch

Abraços!

Adriano

Almir07

Valeu pessoal!  8)

Eu realmente por nunca ter visto tinha essa dúvida, também não conhecia esse outro órgão certificador o DKD

Outra curiosidade que tenho é a respeito da precisão dos relógios das manufaturas que não submetem suas peças ao COSC ou outro órgão.

Tais como PP, VC, AP entre outras, essa precisão é igual ou melhor que o padrão COSC por exemplo?

Alberto Ferreira

Citação de: Almir07 online 26 Maio 2014 às 15:45:34
...

Outra curiosidade que tenho é a respeito da precisão dos relógios das manufaturas que não submetem suas peças ao COSC ou outro órgão.

Tais como PP, VC, AP entre outras, essa precisão é igual ou melhor que o padrão COSC por exemplo?


Almir,
Eu penso que esta seja uma pergunta que "habita" muitas das nossas "cucas"...  ;)

Bom,...
Sem a pretenção de ser "técnico" ou de falar "de cátedra" ou de experiências pessoais comparativas, ok?
Eu apenas diria algo, para pensarmos...

A certificação não aumenta a precisão, claro! Ela apenas atesta, e assim mesmo sob certos parâmetros fixos e comparativos.

Eu creio que o Adriano, por sua experiência real e de dentro da indústria, possa nos aclarar e comentar melhor.

Alberto

mestreaudi

Omega Estrela Vermelha Teddington entra nessa conta né?

Não é COSC, mas é Kew-Teddington!

Conversamos sobre esse modelo neste tópico clássico:
http://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=7489.0

Abs!
Rafael.

Neme

Adriano, me responde uma dúvida aqui :-\ :-\

No caso de relógios à corda manual, sabemos que o melhor é dar corda a cada 24hs...correto? Pois bem, nos automáticos,(que segundo consta, são a mesma coisa que os à corda, porém sempre carregando "sozinhos"), penso o seguinte:....... há uma grande diferença em relação à marcha diária, precisão, etc etc entre ambos, pois ora, um passa 24hs carregando,com corda total, e o outro passa as mesmas 24hs só descarregando... (claro que se estivessemos pensando em um uso de 24hs no pulso).

Então pq não é recomendado se dar corda + de uma vez????  :-\ :-\   já que o automático "se dá" corda a toda hora???
Abs.
Neme!

Adriano

O raciocínio está parcialmente correto. O automático não passa 24 horas com corda total, a não ser que você seja sonâmbulo. Não é brincadeira, é um dado técnico concreto: mesmo sendo automático, o relógio passa pelo menos 1/3 do dia só descarregando, pois está fora do pulso ou está no seu pulso, mas parado, pois você está dormindo. Então é incorreto pensar que o relógio automático passa 24 horas por dia com a corda em tensão máxima. Como disse, ele passa pelo menos 1/3 do dia descarregando e dependendo da sua atividade pode levar mais 1/3 do dia para carregar denovo aquilo que perdeu enquanto não carregava, para só daí estar denovo com a corda cheia.

Segundo que o relógio automático, como sabem, possui brida deslizante, ou seja, a corda nunca chega ao fim. Por essa razão, simplificando, sua tensão máxima nunca será a mesma da de um relógio de corda manual. Mesmo com a corda cheia, a tensão máxima é menor. Pois na verdade ela nunca fica completamente cheia; a brida desliza antes disso acontecer.

A curva de tensão das cordas não é linear, ou seja, com metade da reserva de marcha, ela não tem só metade da tensão. Ou seja, em outras palavras, um relógio com reserva de marcha de 48 horas não terá só metade da tensão da corda após 24 horas, terá bem mais. As cordas são calibradas para isso. Num relógio de automático você tem quase a mesma tensão desde a corda toda carregada até quando tiver mais ou menos 1/4 de corda. Ou seja, não interessa se o relógio está com corda cheia ou com meia corda, você tem a mesma tensão e se o relógio for bom e tiver bom isocronismo, a diferença de marcha será mínima entre a corda cheia e meia corda. É isso, inclusive, que o COSC testa, entre outras coisas. É por isso que o relógio, no COSC, fica dois dias na mesma posição, e é feita uma medição com corda cheia e outra depois de 24 horas na mesma posição. Se o relógio for bom, a marcha variou pouco nesse intervalo, chamado de variação.

Já no relógio de corda manual, a calibragem também é deita da mesma forma, mas por sua natureza, quando a corda está cheia, totalmente cheia, a tensão máxima é maior e permanece assim por cerca de uma ou duas horas para só daí entrar numa faixa normal de tensão e permanecer assim por horas e horas, mais do que 24 horas. A marcha é sempre regulada para melhor desempenho nessa faixa de tensão e amplitude, e não com corda cheia.

Você pode dar corda mais de uma vez por dia num relógio de corda manual? Pode. Pode dar corda de 10 em 10 minutos se quiser. Mas vai manter a corda sempre "no talo" e o relógio vai funcionar por mais tempo com tensão fora do normal. Você vai ter desempenho de marcha pior do que se deixar ele quieto por 24 horas antes de dar corda denovo.

Tá na dúvida? Faça o teste. Pegue um relógio de corda manual que esteja em perfeita ordem e bem ajustado e regulado. Use ele por uma semana dando corda 5 vezes por dia e tire a média ao fim dessa semana. Depois use mais uma semana dando corda somente a cada 24 horas e tire a média denovo. E verá com qual método o desempenho foi melhor.

Abraços!

Adriano

Neme

Caramba............. ::) ::) isso sim foi uma aula hein. E o melhor, com outras dúvidas tbm resolvidas  ;)
Abs.
Neme!