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Novo conceito de escapamento da Ulysse Nardin

Iniciado por TUZ40, 28 Agosto 2014 às 10:22:44

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TUZ40

O Monochrome mostrou hoje uma peça, para estudo interno, que utiliza o novo escapamento "ancora" da U.N.

Parece que em Basel 2015 já vão apresentar modelos comerciais. Segue o link:
http://monochrome-watches.com/introducing-the-ulysse-anchor-escapement/

"All your base are belong to us"



Heu

não tenho capacidade e nem conhecimento para analisar tecnicamente...
mas achei achei bem bonito  ;D

Adriano

#4
Cara, esse é um escapamento com várias vantagens: livre de lubrificação, baixo consumo de energia, força constante com o uso de uma física moderna, que até onde sei apareceu no Girard Perregaux.... ou seja, "corrigindo" (no melhor sentido da coisa) o título do tópico, o conceito não é novo. Mas o lance aí o fato de ser um escapamento de força constante que pode ser produzido e usado em massa e "adaptado" em um mecanismo já existente, em teoria pelo menos.

Agora esse relógio... se pegasse esse relógio e tapasse esse buraco no mostrador, entraria para a minha lista dos relógios mais lindos que já vi. E sei que é apenas uma caixa simples para demonstração. Não é um modelo de produção. Talvez por isso mesmo...

Abraços!

Adriano

JotaA

A âncora é feita de uma peça única, juntos com as "molas"?

Bacana demais!!!


guilherme1983

Adriano, uma pergunta que pode ser besta, mas quando tu fala em livre de lubrificação, é livre mesmo, ou é como no co-axial da Omega, em que o livre de lubrificação acabou sendo lubrificado?

Abraços!

Guilherme.

flávio

#7
Pelo conceito é livre, pelas propriedades do silício utilizado nas levees. Mas vejam, muito se falou neste artigo sobre a desnecessidade de lubrificação como a grande vantagem do conceito, e isso é de somenos. Digo isso porque qualquer escapamento, mesmo o de âncora tradicional, que utilizasse uma roda de escape em silício e uma levee também em silício não precisaria de lubrificação. Quem é mesmo que está usando um modelo assim, onde o escapamento é absolutamente tradicional no seu projeto, mas utilizando materiais modernos que não precisam lubrificação? Salvo engano Seiko ou Patek, confiram isso aí para mim, esqueci.

Mas enfim. A diferença deste escapamento é evitar a flutuação de torque no sistema e, portanto, buscando manter o absoluto isocronismo de tudo. E sem a utilização de "mandrakes" que sempre foram utilizados na indústria de relógios (sobretudo os reguladores astronômicos), os chamados "remontoires" (na indústria de relógios de pulso são raríssimos, só lembro da Lange utilizando isso).

Não entendi porra nenhuma, dirão. Voltemos ao conceito básico de escapamento. Uma mola armazena energia, que flui por um conjunto de engrenagens, até chegar na roda de escape. "Do outro lado" da roda de escape, desconectado de forma quase absoluta, existe o balanço, este sim o mecanismo que está "guardando" o tempo, funcionando como se pêndulo de relógio de parede fosse. No entanto, se pegarmos um pêndulo na mão e o deixarmos vibrar de um lado para o outro, em pouco tempo este irá parar, por atrito com ar, mão, etc. Mesma coisa o balanço do relógio. Se de tempos em tempos este não sofrer um impulso, ele para. O que dá impulso ao balanço? A roda de escape que, no escapamento de âncora, "raspa" as levees (igual usavamos a palheta para dar impulso ao jogador de botão na nossa infância), que por sua vez "petelecam" o balanço e o mantém vibrando.

Tá. E daí?

E daí que é fácil perceber que devido à variação de tensão da corda e outras coisas, como atrito entre pivôs, etc, nem sempre (nunca, para dizer a verdade), esses petelecos são dados com a mesma "força".

Tá. E daí?

E daí que no conceito desse sistema da UN, o peteleco é dado não para impulsionar o balanço, mas para "carregar" uma lâmina de silîcio que está incorporada no próprio suporte do balanço, e esta sim, ao "dobrar", irá dar o impulso. Imaginem uma carta de baralho dobrada na mão, naquele limite que quando você dá uma apertadinha nela, ela dobra para o outro lado? É mesma coisa.

Ou seja, a grande sacada TEÓRICA deste escapamento é fazer com que o impulso que a roda de escape dá nas levees não chegue diretamente ao balanço, mas apenas "carregue" um sistema intermediário (que age como um remonotire), que são as lãminas em silício.

O fato de a roda de escape e levees serem de silício é de somenos importância aí, e os caras do Monochrome, com o devido respeito, parecem nem ter se atentado para isso. A grande sacada é um "remontoire", por assim dizer, feito em lâminas de silício, incorporado à propria estrutura do balanço.

Não sei se me fiz entender.


Flávio

TUZ40

Matou a pau a explicação.

Voltando a colocação do Adriano, o sistema adotado pela G.P. tem o mesmo fundamento?
"All your base are belong to us"

flávio

Citação de: Schütz online 28 Agosto 2014 às 15:34:30
Matou a pau a explicação.

Voltando a colocação do Adriano, o sistema adotado pela G.P. tem o mesmo fundamento?


Sim, o conceito é absolutamente o mesmo, mas essa versão da UN é muito mais "limpa". Visualmente não é algo "mutante" como o da GP, que necessita de malabarismo estético para se integrar ao relógio, é simplesmente um escapamento de âncora tradicional com um sistema de força constante adaptado. É bem provável que, respeitadas as dimensões (de tudo, diâmetros, pivôs, etc), seja possível incorporá-lo a modelos já existens. Por exemplo, poderia você enviar um relógio da UN tradicional para revisão e eles, com o intuito de fazer um upgrade, apenas colocariam o novo escapemento no lugar do antigo. Veja, não estou dizendo que isso vá ocorrer, até mesmo porque não sei quais são as dimensões do sistema. Mas se, por exemplo, essa roda de escape possuíssse as mesmas dimensões de uma eta usada no 2824, balanço, idem, assim com seus pivôs, bastaria colocar o novo escapamento no lugar do antigo. Repito mais uma vez: não estou dizendo que isto vá acontecer ou que seja um pensamento futuro da marca, mas que se quiserem é possível, porque não há malabarísmo de design no sistema, pois tudo foi incorporado, de forma "limpa", a um conceito já existente há séculos, o tradicional escapamento de âncora.


Flávio

AlexandreMed

Flavio.. parabens pela explicação! tive a mesma dúvida do Schutz ja também devidamente esclarecida.

lucius

Corruptissima re publica plurimae leges

flávio

O vídeo do sistema esclarecerá muita coisa. Vejam:

[youtube=425,350]Nu5Xe51Q_oE[/youtube]


Flávio

Fe

Obrigado pela explicação Flávio!
Quem sabe um dia, com os novos materiais, o relógio inteiro não vai precisar ser lubrificado.

BigPaul

Este tipo de noticia é sempre bom saber, pois a industria de relogios mecanicos esta sempre buscado aperfeiçoamentos e com isso prova que os relogios mecanicos terao vida longa pela frente, digo isso por causa de algumas previsoes onde dizem que os chamados relogios digitais dos tipo da Samsung, Sony, Apple etc por exemplo tomarao conta do mercado