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Garantia da Rolex

Iniciado por Lupferreira, 09 Setembro 2014 às 21:05:07

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Lupferreira

Como funciona a garantia de um Rolex? Mesmo depois de 2 anos, se der um problema em uma peça eles trocam? Um amigo disse que se der um problema no pino de uma pulseira, eles dão outro relógio, isto procede? Ouvi falar também que qualquer conserto, mesmo sendo uma peça como uma coroa, o relógio tem de passar por uma revisão que custa mais de R$ 3.000,00, ou seja, no mínimo o cliente vai gastar R$ 3.000,00, é isto?

flavio

Não. Garantia é garantia, cobre todos os serviços. Não também quanto à segunda pergunta, porque os preços não são esses. Uma revisão na rolex tem girado em torno de dois mil reais. E agora minha espetada: a concorrente direta dela lá de biel está dando quatro anos de garantia. Flávio

FPiccinin

Lupferreira, eu ouvi falar que quem te falou não sabe nada. :P

Adriano

Citação de: flavio online 09 Setembro 2014 às 21:28:36
Não. Garantia é garantia, cobre todos os serviços. Não também quanto à segunda pergunta, porque os preços não são esses. Uma revisão na rolex tem girado em torno de dois mil reais. E agora minha espetada: a concorrente direta dela lá de biel está dando quatro anos de garantia. Flávio

Duas observações: garantia nenhuma cobre todos os serviços. Sei que não foi o que quis dizer, ms disse. Então, garantia cobre defeitos de fabricação e não cobre peças externas, nem peças sujeitas ao desgaste breve pelo uso ou desgaste natural, como pulseiras de couro, borracha e não cobre baterias. E obviamente, não cobre defeitos causados por mau-uso, acidentes ou o desrespeito às orientações do manual.

É assim para 99% das marcas. Pode haver uma variação dos termos aqui ou ali.

E sobre a garantia da Omega, é de 4 anos apenas para mecanismos com co-axial e espiral de silício, extensível para os primeiros 8500 com espiral comum. Ainda que quase toda a linha ofereça isso, há ainda os que tem co-axial mas sem espiral de silício, como os F. Piguet, os mais antigos baseados no 7750 e os 2500, que recebem 3 anos e os que não oferecem nem um nem outro, oferecem 2 anos, ou seja, apenas os quartz e o Moonwatch.

Abraços!

Adriano

jfestrelabr

Citação de: FPiccinin online 09 Setembro 2014 às 21:42:48
Lupferreira, eu ouvi falar que quem te falou não sabe nada. :P

Cara serio nunca li tanta besteira.
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

Lupferreira

Citação de: jfestrelabr online 09 Setembro 2014 às 22:30:12
Citação de: FPiccinin online 09 Setembro 2014 às 21:42:48
Lupferreira, eu ouvi falar que quem te falou não sabe nada. :P

Cara serio nunca li tanta besteira.

Eu sei disto, também achei um absurdo. A intenção é mostrar a ele opiniões de especialistas como vocês para parar de falar besteira.

flavio

Claro Adriano, foi o que quis dizer. Caso contrário, próximo do fim da garantia o cabra jogaria o relógio ao chão para pedir um novo. E valeu a complementação quanto à omega, poderia ter explicado mais. Aliás, uma curiosidade. A ebel oferecia cinco anos de garantia nos calibres 137, algo que até usei. E isso há quinze anos! A omega hoje estabeleceu o parâmetro e acho que deveriam segui la, muito embora as fábricas já tenham melhorado, pois o padrão era um ano. Flávio

Lupferreira

Ficou tudo confuso, vou enumerar:
1- Mesmo depois de 2 anos, se der um problema em uma peça eles trocam? A garantia é eterna?
2- Um amigo disse que se der um problema no pino de uma pulseira, eles dão outro relógio, isto procede?
3 -Ouvi falar também que qualquer conserto, mesmo sendo uma peça como uma coroa, o relógio tem de passar por uma revisão que custa R$ 2.000,00(conforme Flávio) ou seja, no mínimo o cliente vai gastar R$ 2.000,00, é isto? O que quero dizer aqui é que qualquer reparo a fazer, tem de pagar o preço da revisão?

flavio

Não. Não. Depende. E o depende aí foi discutido no tópico preço da revisão omega. Minha opinião é conhecida: deu problema numa coroa, por exemplo? Troca e cobra só a troca e trabalho de troca. Eles não podem te obrigar a uma revisão total e, como disse no tal longo tópico, se assim o fizessem comigo tomariam um processo na cabeça no mínimo. Disse no mínimo. Mas tudo isso, como disse, está discutido no tópico preço revisão omega. Flávio

flávio

#9
Resolvi pegar meu notebook a escrever respostas pelas metades. Pois bem. Vamos analisar o óbvio da nossa legislação consumerista, que de qualquer forma é bem lógica.

Nenhuma garantia é eterna, A NÃO SER QUE A FÁBRICA, por uma relação contratual, assim o defina. A Rolex "firma" um contrato com seus consumidores garantindo, nos moldes do óbvio, como disse o Adriano, garantia de dois anos. Mas há algumas fábricas por aí que garantem seus produtos pela eternidade. Querem exemplos? Fábricas de bicicletas. Normalmente fábricas de bicicletas garantem seus quadros por toda vida. Mas isso não autoriza o proprietário a usar, abusar e quebrar propositalmente o quadro para ganhar outro. Não vou entrar no casuísmo.

Outra coisa completamente diferente é a empresa garantir peças de reposição, AINDA QUE FORA DA GARANTIA, para que o reparador possa fazer o serviço. Nossa lei exige pelo menos 10 anos de peças de reposição após o fim da fabricação do produto. Na indústria relojoeira, porém, vão além, e costumam guardar por décadas!

Pino de pulseira... Imaginemos que você comprasse um carro, um Golf GTI turbo, e este apresentasse apenas defeito no turbo. Você, em regime de garantia, teria direito a outro carro? Não, é claro que não. Portanto, se uma peça apresenta defeito, a obrigação da fábrica é reparar o bem ao estado original, no caso do seu exemplo, trocando apenas o elo.

O tal depende que eu disse, mas que já foi discutido no tópico ressaltado, mas que resumo aqui. Vamos ao óbvio. Imaginemos que seu carro (os exemplos com carros são sempre claros...) apresente defeito na dobradiça do capô. Pode a concessionária obrigá-lo a retificar o motor? Não, claro que não. Isso é óbvio e nossa legislação inclusive tem norma expressa que veda as chamadas "vendas casadas" (que incluem, é óbvio, para repetir a palavra, serviços "casados" desnecessários).

O problema é que a nossa própria legislação criou um... Problema para os reparadores. Exige-se, também, garantia de serviço prestado.

Partamos para os relógios. Imaginemos que o Rolex apresente, COMO NO SEU EXEMPLO (e aqui estou sendo casuísta, nesses casos não tem como não ser...), defeito específico na coroa. O que se deve fazer para substituir uma coroa? Abertura do relógio, desmontagem da tige, coroa, e mecanismo anexo (keyless). No seu caso, é fácil separar "sistemas" no relógio. Não é necessário de modo algum tocar em qualquer outro sistema a não ser o de keyless, afinal, só coroa quebrou.

Trabalho? Troca da junta, se necessário, lubrificação de todo sistema keyless e troca da coroa. Você não precisa desmontar platinas, escapamentos, etc, para trocar uma coroa.

Imaginemos, porém, que seja necessário trocar a roda de centro. Para acessá-la, você deve desmontar TUDO! Não tem como. Então, o serviço de troca da roda envolve, NECESSARIAMENTE, a desmontagem e consequente revisão de todo movimento.

O problema para a concessionária de serviços é a tal garantia... Imaginemos, no primeiro caso, que o relógio apresente defeito, dois meses depois da troca da coroa, no escapamento. E aí? Você estaria coberto pela garantia de serviço? É óbvio que não, porque nem mexeram no escapamento!

A garantia que tem é da troca da coroa e serviços anexos.

Mas como especificar isso se por política de marca eles inventaram a "renovação" da garantia de dois anos para a revisão completa, que acabam exigindo que você faça, tanto para resguardo deles (afinal, se acontecer algum problema, eles de fato sabem que a culpa é deles, e não um defeito preexistente) como seu?

Há um choque aí, que deveria ser resolvido, como EM TODO SERVIÇO, com um contrato claro, que assegurasse tanto a empresa de litigantes de má fé, quanto o consumidor, que não pode ser obrigado a pagar a maior pelo que precisou fazer.

Por isso o depende. Há coisas que são óbvias. Se acontece algum problema no bracelete de um Rolex, não podem te cobrar uma revisão geral para repará-lo e, como disse no looooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooongo tópico Omega, se assim o fizessem, eu os processaria de forma tão intensa que, enterrados, precisariam de arqueólogos para se encontrarem de novo. E creiam, no meu caso, seu eu precisasse colocar o MP inteiro para isso, por ser política de empresa claramente em afronta a nossa legislação, eu o faria.

Mas imaginar um defeito no bracelete, num cristal, numa caixa, etc, ou mesmo na tal coroa, é algo simples. Mas e a "penumbra"? Na relojoaria, até mesmo pelas diminutas tolerâncias, é difícil, para não dizer impossível, detectar o problema sem desmontar tudo. Ou seja, o serviço para descoberta do problema é necessário e deve ser cobrado. E depois de feito, como a empresa teve que desmontar tudo, TUDO será garantido, até mesmo porque eles querem se prevenir de consumidores que depois venham alegar que surgiu outro defeito, não porque havia defeito, mas porque o relógio foi reparado de forma incorreta.

Eu sei que isso não é feito assim em todas as fábricas, mas o óbvio é o seguinte: se é possível claramente separar, desmontar e revisar o sistema onde o problema ocorreu, apenas isso deve ser cobrado E APENAS ISSO GARANTIDO. Afinal, uma fábrica não pode garantir na troca de um elo defeituoso, no seu exemplo, um problema no interior do relógio.

Em suma, o depende é depende mesmo e DEPENDENDO da fábrica (para esculhambar a frase de vez), eles acabam fazendo vendas casadas para se prevenir de futuras ações de consumidores e vira tudo uma zona.

Cada caso, portanto, é um caso e, especificamente quanto a Rolex, que eu saiba ninguém nunca precisou fazer revisão geral para trocar um elo quebrado. Por outro lado, não acharia desarrazoado cobrar revisão total para troca de uma roda. Por outro lado também, há uma linha tênue aí, como trocas de coroa: salvo engano o Adriano acha que esse serviço não deve ser cobrado de forma parcial, porque a fábrica irá garantir tudo novamente, no prazo contratual, não legal. Eu já discordo. Essas questões deveriam ser resolvidas com especificação clara do problema e garantia específica, QUANDO POSSÍVEL. Mas não vou voltar no conceito do quando possível, porque aí retornarei ao... Depende.

Sacou? Rogo a Deus, no entanto, que este tópico não se transforme em outro "preço revisão Omega", caso contrário vou fundir os dois.

Esse assunto gera discussões intermináveis, sobretudo quando entro no meio, porque não concordo com muita coisa praticada pelas autorizadas no Brasil.

Flávio

Lupferreira

Obrigado Flávio, esclarecedor!!

jfestrelabr

Ficou tudo confuso, vou enumerar:
1- Mesmo depois de 2 anos, se der um problema em uma peça eles trocam? A garantia é eterna?

R Depois dos 2 anos de garantia vc tem pagar pela revisão e pelas peças que serão substituídas nela, não tem nada eterno não hehhe.

2- Um amigo disse que se der um problema no pino de uma pulseira, eles dão outro relógio, isto procede?

R Se tiver um problema no pino da pulseira e o relógio estiver dentro da garantia de 2 anos eles vão lhe trocar o pino, nunca lhe dar outro relógio, se for após a garantia vc terá que pagar pelo pino.

3 -Ouvi falar também que qualquer conserto, mesmo sendo uma peça como uma coroa, o relógio tem de passar por uma revisão que custa R$ 2.000,00(conforme Flávio) ou seja, no mínimo o cliente vai gastar R$ 2.000,00, é isto? O que quero dizer aqui é que qualquer reparo a fazer, tem de pagar o preço da revisão?

R As revisões são tabeladas pois todas incluem troca de jutas e polimento, portanto não sei qual o preço mínimo, mais gira em torno de 1500,00 a 2000,00 mesmo, agora se o problema do relógio for só a substituição de uma pela em especial não será cobrado uma revisão para tal (ex Safira) apenas a peça e a mão de obra, sei que uma safira de um Sub por exemplo custa 600,00 paus e com a mão de obra 800,00, portanto não é assim, entrou na rolex gastou 2k.

Nossa o Flavio tava inspirado hehehehhe, credo uma página. :P
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

igorschutz

O que o Flávio escreve é muito bonito, mas tudo dele é extremamente dependente de interpretação do Judiciário, pois pra ele o Judiciário funciona. Pra mim o Judiciário não funciona, e se eu for depender dele pra resolver alguma coisa na minha vida, tô fu****!

Pra começar, esse exemplo que ele deu de exigir revisão total para mexer em elo de pulseira não existe, nunca existiu e nunca existirá, então não sei porque foi utilizado. É tão absurdo quanto a hipótese da revisão do motor para mexer na dobradiça do capô.

Falando em possibilidades reais, isto é, de revisões parciais na máquina e a necessidade de garantir apenas aquela área parcial que foi mexida, acho muito difícil de se pôr em prática. Primeiro que toda a máquina é um "ecossistema" só.

É lógico que, por exemplo, a simples retirada de uma tige não afeta o funcionamento da máquina e a AT não precisaria revisar toda a máquina só porque tirou e recolocou essa peça, mas, outro exemplo, você não chega numa AT falando que seu relógio está com problema de carregamento, e o cara apenas revisa o módulo do automático; isso não existe, a não ser em casos excepcionalíssimos, penso.

O Flávio propõe que o técnico revise apenas o módulo do automático e dê garantia apenas em relação a essa parte. OK, mas como distinguir qual é essa parte aos olhos de um leigo? Como distinguir quais eventuais futuros defeitos devem ser cobertos por essa garantia parcial? Deixa que o consumidor decida? Deixa que o próprio técnico que deu a garantia decida? O FRM vai criar uma Junta Técnica independente que vai julgar esses casos? Difícil, hein? Meio parcial isso aí... Nessa horá o Flávio vai mandar você ir ao Judiciário, para que o juiz convoque um perito para avaliar........... vixe, esse problema vai ficar para seus filhos então, pois até o Judiciário resolver isso...

Enfim, pra prática isso nunca iria funcionar. Papel aceita tudo, fórum de internet também. É fácil falar, mas na hora que surgir o pepino, ninguém vai querer sentar em cima.

Penso que o método utilizado hoje é o correto: revisões parciais só existem em casos excepcionalíssimos, onde exige-se manutenção localizada em determinada área e haja clara evidência que o restante da máquina esteja funcionando como nova. De resto, se precisar mexer na máquina, é revisão completa e acabou.

Aí garante-se tudo e qualquer problema que surja dentro da garantia será coberto. Mais fácil, limpo e correto!
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

jfestrelabr

"O que o Flávio escreve é muito bonito, mas tudo dele é extremamente dependente de interpretação do Judiciário, pois pra ele o Judiciário funciona. Pra mim o Judiciário não funciona"

+ 1 kkkkkkkkkkkkkkkk
Rolex ou Rolex.

Fórum Genérico, respostas genéricas.

vinniearques

Citação de: igorschutz online 10 Setembro 2014 às 09:19:38

Penso que o método utilizado hoje é o correto: revisões parciais só existem em casos excepcionalíssimos, onde exige-se manutenção localizada em determinada área e haja clara evidência que o restante da máquina esteja funcionando como nova. De resto, se precisar mexer na máquina, é revisão completa e acabou.

Aí garante-se tudo e qualquer problema que surja dentro da garantia será coberto. Mais fácil, limpo e correto!

Perfeito

flavio

Igor, o que eu disse foi justamente o que você escreveu. E minha birra com o mercado, como sabe, não é essa, mas a cobrança de preços díspares até mesmo dentro da mesma autorizada, mas para serviços idênticos, ou até mesmo mais caro, para serviços simples. E claro, o infame monopólio de peças, iniciado pela própria rolex. Discutimos isso no outro tópico. Flávio

Adriano

#16
Primeiro comentário: minha intenção na minha mensagem anterior é a de clarificar melhor o tema, pois existe uma nova moda surgindo: o consumidor chega na AT, já dizendo o que fazer, o que não fazer, e o que a marca oferece ou não, pois ele "leu num fórum". AT's e revendedores têm sofrido com isso e não há documento que demova o consumidor a acreditar que o que ele leu na internet está certo. Ou seja, ao dizermos que a Omega dá 4 anos de garantia, e não dizermos mais nada, faz o leitor crer que isso vale para todos os relógios.

Aí vai um leitor na Boutique da Omega comprar um relógio que não se enquadra nisso, e ao ser informado de que são apenas 2 ou 3 anos, começa a discutir com a vendedora que ela está errada, que estão tentando enganar ele, porque ele leu na internet alguém dizer que são 4 anos. Aí a compra não de concretiza, a loja vira uma feira com gente falando aos berros, aí entra na jogada o diretor da marca, envolve um carinha da AT para dar mais explicações técnicas, e por aí vai.

Isso não é é invenção, isso já ocorreu, desse modo e de outros (discussões sobre númeração de série, por exemplo, por causa de tabelas mal feitas e imprecisas, não oficiais da marca, mas tomadas pelo leitor como verdade absoluta, por exemplo), e outros problemas continuarão acontecendo por causa de informações erradas na internet.

Abraços!

Adriano

Adriano

#17
Segundo comentário, já sob o risco de virar um segundo tópico sobre a história do preço da revisão, blá blá, e eu havia prometido a mim mesmo não falar mais nesses assuntos... mas aí vou eu, e jogando mais limpo do que jamais joguei por aqui.

Conforme o Igor, na minha opinião, explicou com perfeição, existe um problema legal. Que vou resumir:

- A lei proíbe a venda casada;
- A mesma lei obriga a dar garantia.

Aqui cabe a analogia do carro. Um carro tem muitas peças externas. Muita coisa pode ser mexida sem nem chegar perto do motor. No relógio, entendendo o mecanismo como o motor do carro, é diferente. O relógio é como um carro com apenas uma maçaneta e um botão do lado de fora. Todo o resto, fica debaixo do capô, e um capô que não pode ser aberto facilmente pelo dono do carro, que precisa sempre de um mecânico para fazê-lo. Tudo fica ali dentro.

Como mexer numa coisa sem mexer noutra? Como explicar para o dono do carro que você só apertou um parafusinho do lado esquerdo, e o motor parou de funcionar porque um cabo soltou do lado direito? Ele não quer saber, você abriu, você mexeu, problema seu. Se você abriu o capô e mexeu, tudo ali dentro é problema seu.

Na cabeça do consumidor, ocorre a mesma coisa que na lei: ele nunca (modo de dizer) quer o ônus completo, apenas o bônus completo. Ou seja, quer pagar pela troca do parafusinho, mas quer garantia em tudo.

Dizer que a AT obriga a fazer revisão só por causa de um pino de pulseira, não existe. Isso é lenda, e acredito que tenha sido usada pela primeira vez como força de expressão, mas de tanto ser repetida, tenho certeza de que já tem gente pensando que é assim que funciona, e xingando AT sem nunca ter posto o pé numa. É só ler o fórum, que verão que isso é um fato.

Isso não existe, e se uma empresa faz isso, merece que ateiem fogo nela. Isso não existe.

Agora, existe trocar só a roda a corda quebrada, sem fazer revisão? Lamento, mas não existe.

Existe trocar só a coroa do relógio que caiu, sem fazer revisão? Depende. O cliente diz que a coroa "caiu". Mas em 9 a cada 10 casos a coroa não "caiu", ela foi "quebrada". Se a coroa desrosqueou da tige e realmente caiu, e o relógio funciona perfeitamente - e quando digo funcionar perfeitamente, é tendo isso comprovado por equipamentos de teste, e não no relato do cliente, para quem, quase sempre, o relógio "funciona perfeitamente" - é claro que dá para apenas recolocar a coroa. Esse é só um exemplo, mas há inúmeros outros, onde é possível fazer só um serviço parcial.

Um dado revelador para os adeptos de que a AT só mexe se for revisão geral: sabem qual a proporção entre consertos totais e consertos parciais numa AT, pelo menos nos moldes que eu conheço? 60-40. Ou seja, em cada 10 serviços com custo, são 6 revisões para 4 serviços parciais. E não 98-2 como constuma-se sugerir.

Agora, voltando à coroa que "caiu". E se ela quebrou? Sugere-se que o relógio levou uma pancada. E pela norma da marca, se há sinal de acidente, mesmo que o relógio esteja funcionando, a revisão deve ser orçada. O cliente não aceita, e diz que é venda casada. Pois bem. O que se fazia no passado? Fazia somente a troca da coroa e tige e pronto. Resultado? Dali uma semana, um mês ou um ano o cliente voltava com o relógio parado, dizendo que funcionava perfeitamente e parou depois que a AT mexeu. O que a AT faz? Faz uma revisão de graça e engole o prejuízo.

O que passou-se a fazer nesses casos? Quando cliente não aceita a revisão e quer um serviço parcial, ele dá por escrito que está ciente de que o relógio está acidentado, ciente de que o relógio por essa razão precisa passar por uma revisão para garantir o funcionamento, mas que mesmo assim abre mão desse serviço mas também da garantia de funcionamento. Isso protege um pouco mais a AT. Mas sabe o que acontece na prática de der defeito e o cliente brigar? Mesmo assim, a AT tem que fazer a revisão de graça. Sai mais barato do que levar advogado para fórum, etc. Inclusive porque em processos desse tipo, não existe perícia técnica, não existe nada. O juiz nem lê o processo (sei disso por experiência própria e por experiência de 30 anos ouvindo causos do meu pai, que foi advogado tributarista), ele apenas entende que o consumidor é uma vítima e que a empresa sempre tem dinheiro para pagar pelo problema, e dá ganho de causa para o consumidor.

E esse tipo de prejú, causado por espertinhos, não está na margem de lucro da AT. Não dá para embutir mais isso na margem de lucro e subir ainda mais os preços já caros, e fazer o consumidor honesto pagar pelos malandros. Resta só uma coisa: rezar para isso não acontecer.

Idem para um vidro quebrado. O que vocês fariam? Aí é a situação se "colocar-se nos sapatos do outro". Você recebe um, digamos, Speedmaster Reduced, que sabe que seu vidro acrílico é resistente pacas, e para quebrar, precisa de uma baita porrada. Sabe também que a máquina precisa de revisão periódica para funcionar a carregar bem. Vê que o relógio não passou nunca por uma revisão, nem nunca teve suas juntas trocadas, e sabe que o relógio já tem 12 anos de idade. Vê que o relógio tem sinais claros que que é abusado, usado em piscina, ou no banho (pela inhaca branca acumulada no fecho e na pulseira). Você se mete a trocar o vidro ali na hora? Sabendo que precisa de revisão, que precisa de vedação, e que se a auditoria da Omega passar por ali e pegar você fazendo isso, na melhor das hipóteses avacalha com sua avaliação e na pior te descredencia como autorizado? Ou você orça revisão?

E aí, a reputação da empresa que você trabalha, frente a marca, está nas suas mãos. O que você faz? Arrisca ela? E mais, você, como funcionário, tem que cumprir com as normas da empresa. E aí, você arrisca seu cargo e reputação pessoal também, quando - sem querer fazer chantagem emocional - você tem uma esposa e filho em casa que dependem do seu trabalho? Porque alguém comprou um relógio de luxo caríssimo, arrebentou com ele, e não quer pagar pela revisão?

O que você faz? Vida fácil né?

Não precisam responder. Apenas pensem.

Abraços!

Adriano




flavio

Adriano, seus comentários também em nada diferem do que eu disse, concorda? Flávio

jfestrelabr

Concordo em gênero numero e grau com o Sr.

Quando citei o caso da Rolex e a SAFIRA foi igual aquela vez que você trocou a minha safira do 007, tinha um pique na safira apenas isso, ou seja não era necessário uma revisão, igual a um amigo que trocou a safira de seu Rolex Submariner 116610 pois o pip ou marca d'agua da janela, que é COLADO em cima da safira estava riscado, sim ele tinha alguns picotes, a Rolex só cobrou a Safira + mão de obra e olha que eu não achei caro não acho que saiu tudo por 800,00 posso ver direito.
Rolex ou Rolex.

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