Normalmente uso meu trajeto de volta do trabalho, que fica a mais de 30 km de casa, para refletir sobre a vida (e ouvir heavy metal, muito embora ontem eu estivesse numa vibe Dire Straits). Pensando no tal evento que a Omega faria, lembrei do meu avô que, no seu leito de morte, doou me seu relógio da marca e pediu para que cuidasse dele.
É claro que as empresas pensam financeiramente e eventos como este evidentemente possuem conotação de "business". Confesso, porém, que fiquei extremamente lisonjeado com o encontro.
O Estrela é meio exagerado, porque Guilherme Lago, Dic, Thiago, Seedorf eu e ele nos conhecemos diretamente em virtude do site. E o evento tinha número restrito de convidado, salvo engano 10 ou 12, até mesmo porque feito num restaurante de "patrão" de Brasília, com tudo pago. E o rango estava muito bom!
Não deve ter sido algo barato para fazer, sério.
Tivemos a oportunidade de conhecer o brand manager para o Brasil da Omega, Rodrigo, que veio de Sampa para o evento. Fiz várias perguntas para ele e surpreendi-me com algumas respostas. Não pediu que nada fosse deixado em "off".
Ele disse, por exemplo, que a linha Speedmaster - acreditem se quiser - é a que menos vende no mundo, mas muito menos mesmo do que as demais. No mundo, segundo me contou, a linha Constellation é a que mais vende, mas muito mais do que as outras. Depois, a De Ville, então Seamaster e no final do espectro a Speemaster.
Essa informação para mim foi surpreendente, mas explicada pelo fato de, no Brasil, como ele ressaltou, a linha Seamaster ser a melhor colocada. Ele disse que o fator "James Bond" vende muito! As pessoas já chegam nas boutiques determinadas a comprar o "relógio do James Bond".
No Brasil, ele também disse que a linha Speedmaster e, pasmem, o Pro, que na minha visão, por ser de corda manual, não venderia nada, vende muito. E as pessoas também chegam nas lojas querendo o "relógio da Lua".
Partindo do pressuposto que a Omega do Brasil não faz propagandas do Speedmaster a respeito da sua vinculação à Lua, a impressão que tive é que sites como o FRM alavancam vendas, até mesmo porque possuímos um fluxo imenso de usuários não registrados que aqui logam todo dia apenas como visitantes.
Questionei-o a respeito do perfil do consumidor da Omega, sobretudo porque o gerente regional, Paulo, já havia trabalhado na Rolex São Paulo e tinha condições de comparar.
Segundo ele, o simples fato de existir uma boutique Omega no local, com logotipo da loja, etc, chama consumidores antigos da marca, que possuíram algum contato com o nome no passado. Disse ele que a maioria dos consumidores da Omega situa-se na faixa de idade dos 40 anos para cima e cujos pais, avós, etc, falavam no tal "Omega ferradura".
Segundo ele, por experiência, o consumidor da Omega é mais esclarecido do que o da Rolex e compra por tradição de família - como foi meu caso -, por saudosismo mesmo.
Perguntei-lhe sobre a viabilidade das operações brasileiras, sobretudo em virtude de discussões que travamos aqui, como o tópico da boutique Vacheron. Para meu espanto, ele disse que a operação é viável e lucrativa! Ele disse que as fábricas possuem gordura para queimar e que a diminuição dos custos simplesmente por não existir intermediário na distribuição gira em torno de 40%! Sim, 40%! Ele disse que o simples fato de a Omega ter retirado a joalheria da cadeia de vendas possibilitou uma redução de custos em 40%.
O grande problema nos custos da operação, segundo ele me contou, são os preços para instalação e manutenção das lojas.
Enfim, eu gostei do evento e acho que o povo curtiu muito também. Afinal, todos chegaram às 8 da noite em ponto e só saíram de lá uma e meia da matina! Eu, por exemplo, só fui deitar lá pelas 3 da madrugada!
Foi bom.
Flávio