Bingo! e parabéns por pensar assim!
Este relógio tem história...........não tem preço, penso!
Faz me lembrar uma passagem ocorrida há anos (meus amigos já escutaram mais de uma vez esta passagem
........estava eu garimpando relógios (quando ainda fazia isso.....era um verdadeiro barato naquela época), e neste dia estava na oficina de um relojoeiro daqui de São Paulo (indicado pelo saudoso Don Camilo
), profissional fera, das antigas......vários cursos na Suíça, técnico relojoeiro credenciado (autorizado) V&C nos anos 50 e 60 aqui no Brasil........este relojoeiro já beirava 80, quando entra um casal (cinquentão), e o homem disse mais ou menos isso "O sr. foi indicado por um grande amigo meu (e citou um nome qualquer.....era um foderoso qualquer da elite tal extinta elite paulista , se bem me lembro)........trago um Patek de bolso que era do meu avô para conserto, relógio de grandes recordações da minha infância, portanto, muito valioso........não quero saber preço, complementou, quero funcionando.........e tira a valiosa peça do bolso do paletó para entregar ao famoso, e competente relojoeiro...........vejo, de longe estava, um relógio de bolso com caixa branca.....tipo argent, mas tudo bem.....até então, para mim, Patek era só de ouro (o que não é verdade...existem sim os de aço... e são raríssimos)........O relojoeiro setentão ao receber o tal Patek em mãos, dá uma longa gargalhada (Cazzo...nunca tinha visto aquele homem de avental branco impecável sorrir, quanto mais gargalhar............e de pronto diz: "Isso não é Patek, é um Roskopf......é um relógio "sistema" (termo extremamente comum, entre os relojoeiros, naquela época para definir os relógios de baixa qualidade.........sem rubis, pin lever, etc....
Talvez uns do momentos que mais envergonhado fiquei ao longo destes anos nesta paixão.........mais jovem senti raiva, de verdade, do meu conhecido relojoeiro pela grosseria nunca por mim imaginada daquele culto profissional (não era só fera na relojoaria, tinha uma cultura invejável).........o 'homem', não viu o que eu vi, ou seja, não encarou em nada como grosseria, e de imediato disse: Sempre pensei que fosse um Patek, e agradeço pelas suas informações, quero que conserte!
Saí da oficina com um pensamento de nunca mais voltar, e aí, passados uns dois anos, aprendi que "nunca mais", é uma promessa longa demais.......Porquê? Passados uns dois anos, este mesmo relojoeiro me liga e diz: Tenho um relógio aqui que é para você!..........pensei, mas a curiosidade era maior (naquela época.era mesmo intensa..relógios!!!), fui........e comprei...um Flightmaster da Omega.....tenho-o até hoje...zeradão!.......Aproveitei para perguntar (aquela bosta da tal curiosidade....hoje silente com a minha idade), se ele havia consertado o tal Roskopf.........ele disse...Ahhh era o sr. que estava aqui!!!,,,,,,,nunca ganhei tanto dinheiro com uma coisa tão fácil, e num relógio medíocre (palavras dele).......eixo quebrado (ele mesmo pivotava....), e cobrei R$ 1.200,00 já era Real, mas era dinheiro pacas.......batendo no peito!.......sentiu que era de estimação, sentiu que não sabia a diferença entre um Patek e um Roskopf (acreditem...isso é muito comum entre os nossos anciões), e viu que tinha muita grana.........chutou o pau da barraca.
Quem sou eu para julgar? ..........ainda que naquela altura de receptor do fato quisesse esganar o "desonesto".....ainda que feliz com a minha aquisição , nunca mais lá voltei em outros telefonemas que recebi posteriormente.........hoje ele é falecido (RIP), e eu continuo a não julgar........até porque algum outro relojoeiro iria cobrar R$ 50,00 (à época), e o 'homem" poderia não ficar satisfeito, sei lá....à primeira vista, isso é fato, não parece honesto utilizar-se de um valor sentimental envolvido, para cobrar qualquer espécie de solução acima do padrão.......o tal padrão é um termômetro, e a desonestidade, tem algum aparelho de medição?