O que ainda me espanta, na verdade, é que ainda ache-se graça em turbilhões... hoje eles funcionam muito pior do que um bom escapamento convencional... Um Rolex basicão, um Omega Co-Axial com silício, dão um pau de longe, mas de muito longe, na maioria dos turbilhões que há no mercado, em termos de desempenho.
E eu particularmente acho feio pra dedéu o turbilhão aparecendo no mostrador...
Acho muito mais interessante uma máquina que extrai um desempenho extraordinário de um escapamento comum - especialmente sem silício nem nada de especial - do que uma que usa um artifício, um traquitana, para compensar os defeitos do escapamento - vulgo, turbilhão.
É óbvio que o turbilhão é um dispositivo com enorme valor histórico e técnico. Foi uma das melhores - e mais simples - idéias para se melhorar globalmente a precisão de um relógio. E é um dispositivo que precisa ser feito com muito cuidado, pois rouba muita energia. E é claro que é, ou pelo menos já foi, um exemplo do nível de manufatura que uma marca pode atingir. Mas ainda acho que existe um fascínio exagerado sobre ele... você senta em uma mesa com leigos em relojoaria, e eles vêm te perguntar o que você acha do turbilhão. Como assim? Se onde saiu essa pergunta? Da indústria, que forçou a barra com esse negócio de turbilhão nas últimas décadas. O cara não sabe o que é um escapamento, mas ele está interessado em um turbilhão. Se isso não é "arte" do marketing, não sei do que chamar. É mais ou menos como um cara que não sabe onde vai uma vela de ignição, ou nunca nem viu na vida uma vela de ignição, ficar fascinado em saber se o motor do carro "X" possui, sei lá, bielas de titânio, porque a indústria enfiou (hipoteticamente) essa ideia goela abaixo por alguns anos.
Abraços!
Adriano