A fabricação dos mostradores em enamel da Hermés (vídeo)

O enamel, ou esmaltado (porcelana) foi usado na indústria relojoeira até o início do século 20. Com a chegada dos mostradores em metal e pintura, a técnica praticamente foi esquecida, pois tinha alto custo para fazer, sem contar as limitações em design e técnicas. Nós, brasileiros, pouco contato tivemos com mostradores esmaltados em porcelana, salvo em relógios de bolso e, na sua maioria, brancos. Quando visitei o museu Patek em Genebra, pude ter contato com todas as técnicas de esmaltaria, com pinturas, filigranas em ouro, etc. Quem já viu um mostrador esmaltado com essas técnicas, que os deixam absolutamente translúcidos, dá muito valor à técnica.

Mas mesmo os mostradores planos brancos são muito bonitos: o branco de um mostrador de relógio de bolso não é o branco pintado ao qual estamos acostumados.

A vantagem técnica da porcelana é que ele é imune a ação do tempo. Enquanto um mostrador da Rolex em latão pintado irá ficar "tropic" em poucos anos, a porcelana estará aí com o mesmo aspecto, por séculos. O problema é que esta é frágil, mas colocada dentro da caixa de um relógio, só irá quebrar se o relógio for lançado ao chão (e olhe lá, pois os mostradores em porcelana de relógios de pulso não são tão grandes quanto os de bolso, que de tanto "fuçarem", abrirem, etc, costumava apresentar trincas).

Enfim, o vídeo mostra a fabricação de um "simples" mostrador esmaltado branco da Hermés. Parece simples, mas não é: as perdas giram em 40%... São depositadas pelo menos 6 camadas de sílica numa base em cobre que é fundida cada vez no fogo, em temperatura que tem que ser controlada.

Vejam só:

https://www.youtube.com/watch?v=-bDtCwNo-oo

Que eu saiba a JLC tem um departamento somente pra atender a demanda de esmaltados, vi na TV esses dias, no programa "brinquedos de luxo".
Abraço

Existe um documentário bacana, em dois volumes de uma hora, que aborda as diversas áreas da relojoaria e uma delas é sobre o "Esmaltador". A fulana abordada, Anita Porchet, ganhou o prêmio Gaia pelo conjunto da obra no ano passado. Eu não vi esse programa da JLC, mas o grande problema do esmalte são as diversas técnicas. Normalmente, com quase 99% de certeza, quando é necessário fazer esmaltação com fios de ouro, pintura, etc, as fábricas, por mais foda que sejam, terceirizam (basta ver para quem a fulana está fabricando no vídeo...). Esse vídeo também é massa. Aborda as outras técnicas, aliás, muito mais complexas. Repito, essa fulana aí ganhou o prêmio Gaia ano passado e, para quem sabe sobre o que estou me referindo, ganhar um Gaia é como ganhar um Nobel da relojoaria. Para terem uma noção do que é, vejam o número de agraciados e o naipe...

 https://en.wikipedia.org/wiki/Prix_Ga%C3%AFa

E aqui o vídeo sobre ela, Anita Porchet


https://www.youtube.com/watch?v=KPazHOaiX2w

Parabéns Flávio, excelente matéria.

Boa noite!

A Arte da esmaltação sobre metal, e eu digo assim mesmo, com letra maiúscula  , é milenar e muito sofisticada.

É coisa "da pesada"...
E sobretudo ela é "viva", pois tudo (o)corre num "fio" vivo de muita técnica e sensibilidade.

Os enamel´s mais elaborados são, nos seu diversos tipos e técnicas, algo não raro simplesmente quase "inacreditável" para o leigo.
Quem não conhece os resultados (aqueles com sofisticadas imagens e não apenas dígitos e cifras) eu sugiro que procure vê-los, mas que os vejam mais além e não apenas nos mostradores de relógios.

O artista se dedica, literalmente, meses na confecção da imagem, com todas as suas sutilezas e nuances,...
...para depois, em cerca de três minutos, fundir tudo em um forno especial, elétrico, com temperatura controlada em cerca de 800-900 graus centígrados.

Aí, meus caros, é a glória ou a decepção (ou perda) total, pois não há como restaurar ou refazer o trabalho.

Como na vida... 
É ou "bola" ou "búlica"... No "fio da navalha".   

Abraços!
Alberto