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Qual é o relógio??

Iniciado por Abrantes, 18 Julho 2009 às 00:04:53

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flávio

Este Nautilus tem uma história... O lance foi o seguinte. Daniels foi até a Patek para vender sua ideia, como já havia ido à Rolex e Porterscap (não necessariamente nesta ordem). Fato é que Daniels havia projetado o Coaxial para relógios de bolso, depois o diminuído para pulso (o adaptou a um Omega Speedmaster Mark qualquer coisa...) e... Quando se aproximou da Patek, os caras disseram. Bem... O conceito é interessante, mas o futuro (isso no início dos anos 80) para nós, da indústria tradicional, são os relógios mais finos. Portanto, para sequer discutirmos a possibilidade de você nos vender essa ideia, você deve conseguir colocar seu escapamento neste movimento aqui! E lhe deram um Patek, que hoje presumo ser este aí, para que ocorresse a adaptação (estes calibres são extra planos). Daniels narra na sua biografia que a impressão que teve é que os técnicos da Patek (que ele critica pra caramba no livro, assim com a Rolex...) lhe deram a tarefa, praticamente impossível, para se verem livres dele.

E Daniels, quando voltou a Londres (eu não lembro se ele já estava na Ilha de Man nessa época), pensou: de fato, é impossível colocar o escapamento neste troço. Até que ele teve um sonho, no mesmo dia, e pensou que se passasse o pinhão que impulsionava a roda de escape coaxial para algo "ao lado" (uma engrenagem a mais), o troço ficaria plano o suficiente para caber no movimento Patek.

Fato é, no entanto, que Daniels já vinha trabalhando no máximo da tolerância dos seus tornos e não teria condição de fazer a tal roda "pinhão" (que, aliás, se tornou padrão nos primeiros coaxiais da Omega). No seu livro ele diz, então, que contatou Derek Pratt, que lhe emprestou um torno mais pica (a oficina de Pratt era mais bem equipada do que a de Daniels. Mais sobre isso outro dia...) e ele pode fazer a peça.

Essa história é uma meia verdade de Daniels, que só descobri este ano, ao ler um livro sobre Pratt.

Na verdade Pratt, que teve sua formação como relojoeiro da Inglaterra, mudou-se para a Suíça nos anos 60 para projetar relógios para caixas preta de aviões. E sua área de especialização era a produção de componentes através de algo novo na época (e até hoje!), a eletro-erosão. Neste tipo de fabricação não se usam tornos, mas descargas elétricas através de um eletrodo, que fabricam os componentes. Não vou explicar como é, mas é algo que garante muito mais precisão na fabricação de componentes do que prensas, tornos, etc.

Daniels não sabia (nunca soube...) operar isso. Aliás, que eu saiba Pratt é o único independente que usava eletro erosão na sua oficina, e estamos falando de coisas do final dos anos 70! A indústria suíça só começou a usar eletro erosão nos anos 90 e mesmo assim, só as grandes marcas. Pratt estava pelo menos uns 20 anos à frente de todo mundo no quesito fabricação de peças de relojoaria. E vejam: estamos falando de alguém que tinha todo domínio de técnicas tradicionais, ao ponto de dizer que a ferramenta mais importante do relojoeiro é a serra de joalheiro. Mas enfim... A verdade verdadeira, descobri só este ano, é que PRATT FABRICOU ELE PRÓPRIO, ATRAVÉS DE ELETRO EROSÃO, a roda pinhão do escapamento coaxial que foi instalada no Patek.

Provavelmente Daniels deve ter elaborado, depois, um meio de fazer isso em torno. Mas na época da Patek e a pressa (ele apresentou o relógio Patek à marca, com escapamento instalado, apenas 2 semanas depois de visitar a fábrica) em apresentar algo crível para eles, Daniels buscou ajuda... E mesmo na sua biografia, apesar de citar Pratt e ser seu amigo, não lhe deu os devidos créditos.

No livro li de Pratt, há menção no sentido de Pratt ter ficado ressabiado com Daniels por não ter recebido o devido crédito por isso.

Flávio

flávio

Ah... Quer saber? Não vou deixar coisa pelas metades. Vou explicar pelo menos o conceito da eletro erosão. O troço funciona assim. O cara esculpe um eletrodo do formato que quer a peça, em negativo. Por exemplo, usando o modelo do vídeo abaixo, que pequei aleatoriamente no Youtube: o cara queria fazer um "caninho oco quadrado". O eletrodo deve ter um formato de quadrado sólido... Quando for energizado e encostado no bloco sólido metálico, fará um furo... Ou seja, o formato onde tem parte "sólida" no eletrodo fica oco na parte a ser produzida, sacaram? O material que se quer trabalhar é mergulhado em solução não condutora de eletricidade, porque se houver fuga de energia, por óbvio, a peça não terá o formato desejado. A solução normalmente é parafina. E é isso.

https://www.youtube.com/watch?v=PoskFAiTCy8

igorschutz

A PP apenas deu um ébauche para GD, que instalou o escapamento nele.

Depois de ficaram um tempão avaliando o escapamento, a PP devolveu todo o material para GD, e, como gentileza, finalizaram e "encaixotaram" o ébauche em um relógio completo para ele.

* O Omega no qual GD colocou o co-axial a primeira vez foi um Speed Mark 4,5 com cal. 1045 (Lemania 5100).
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

paulobalsan

Citação de: flávio online 16 Maio 2022 às 15:18:58
Este Nautilus tem uma história... O lance foi o seguinte. Daniels foi até a Patek para vender sua ideia, como já havia ido à Rolex e Porterscap (não necessariamente nesta ordem). Fato é que Daniels havia projetado o Coaxial para relógios de bolso, depois o diminuído para pulso (o adaptou a um Omega Speedmaster Mark qualquer coisa...) e... Quando se aproximou da Patek, os caras disseram. Bem... O conceito é interessante, mas o futuro (isso no início dos anos 80) para nós, da indústria tradicional, são os relógios mais finos. Portanto, para sequer discutirmos a possibilidade de você nos vender essa ideia, você deve conseguir colocar seu escapamento neste movimento aqui! E lhe deram um Patek, que hoje presumo ser este aí, para que ocorresse a adaptação (estes calibres são extra planos). Daniels narra na sua biografia que a impressão que teve é que os técnicos da Patek (que ele critica pra caramba no livro, assim com a Rolex...) lhe deram a tarefa, praticamente impossível, para se verem livres dele.

E Daniels, quando voltou a Londres (eu não lembro se ele já estava na Ilha de Man nessa época), pensou: de fato, é impossível colocar o escapamento neste troço. Até que ele teve um sonho, no mesmo dia, e pensou que se passasse o pinhão que impulsionava a roda de escape coaxial para algo "ao lado" (uma engrenagem a mais), o troço ficaria plano o suficiente para caber no movimento Patek.

Fato é, no entanto, que Daniels já vinha trabalhando no máximo da tolerância dos seus tornos e não teria condição de fazer a tal roda "pinhão" (que, aliás, se tornou padrão nos primeiros coaxiais da Omega). No seu livro ele diz, então, que contatou Derek Pratt, que lhe emprestou um torno mais pica (a oficina de Pratt era mais bem equipada do que a de Daniels. Mais sobre isso outro dia...) e ele pode fazer a peça.

Essa história é uma meia verdade de Daniels, que só descobri este ano, ao ler um livro sobre Pratt.

Na verdade Pratt, que teve sua formação como relojoeiro da Inglaterra, mudou-se para a Suíça nos anos 60 para projetar relógios para caixas preta de aviões. E sua área de especialização era a produção de componentes através de algo novo na época (e até hoje!), a eletro-erosão. Neste tipo de fabricação não se usam tornos, mas descargas elétricas através de um eletrodo, que fabricam os componentes. Não vou explicar como é, mas é algo que garante muito mais precisão na fabricação de componentes do que prensas, tornos, etc.

Daniels não sabia (nunca soube...) operar isso. Aliás, que eu saiba Pratt é o único independente que usava eletro erosão na sua oficina, e estamos falando de coisas do final dos anos 70! A indústria suíça só começou a usar eletro erosão nos anos 90 e mesmo assim, só as grandes marcas. Pratt estava pelo menos uns 20 anos à frente de todo mundo no quesito fabricação de peças de relojoaria. E vejam: estamos falando de alguém que tinha todo domínio de técnicas tradicionais, ao ponto de dizer que a ferramenta mais importante do relojoeiro é a serra de joalheiro. Mas enfim... A verdade verdadeira, descobri só este ano, é que PRATT FABRICOU ELE PRÓPRIO, ATRAVÉS DE ELETRO EROSÃO, a roda pinhão do escapamento coaxial que foi instalada no Patek.

Provavelmente Daniels deve ter elaborado, depois, um meio de fazer isso em torno. Mas na época da Patek e a pressa (ele apresentou o relógio Patek à marca, com escapamento instalado, apenas 2 semanas depois de visitar a fábrica) em apresentar algo crível para eles, Daniels buscou ajuda... E mesmo na sua biografia, apesar de citar Pratt e ser seu amigo, não lhe deu os devidos créditos.

No livro li de Pratt, há menção no sentido de Pratt ter ficado ressabiado com Daniels por não ter recebido o devido crédito por isso.

Flávio

Obrigado pela história Flávio, mas fiquei curioso: Se o Daniels conseguiu colocar o coaxial no Nautilus em 2 semanas, porque os caras não quiseram seguir com esse projeto? Que eu saibe somente a Omega topou essa parada né?

paulobalsan

Citação de: igorschutz online 16 Maio 2022 às 15:41:49
A PP apenas deu um ébauche para GD, que instalou o escapamento nele.

Depois de ficaram um tempão avaliando o escapamento, a PP devolveu todo o material para GD, e, como gentileza, finalizaram e "encaixotaram" o ébauche em um relógio completo para ele.

* O Omega no qual GD colocou o co-axial a primeira vez foi um Speed Mark 4,5 com cal. 1045 (Lemania 5100).

Valeu Igor, vc respondeu minha pergunta.

flávio

Bem... Estamos falando do início dos anos 80, a Omega só encampou isso no meio dos 90... Os tempos eram outros, as pessoas eram outras... A Omega não só precisava, naquele momento, de um "diferencial" que a colocasse em voga novamente, a ponto de poder competir com a Rolex, como um fã do Daniels, chamado Kilian Eiseneger, era na época o diretor técnico na ETA e isso ajudou bastante. Contei essa história aqui

https://forum.relogiosmecanicos.com.br/index.php?topic=16199.0

flávio

Godfather


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fbmj

O quê????? quer dizer que não foi esse?

kkkkk

cass

Jô Soares ( janeiro de 1938 - agosto de 2022)



QUANTO MAIS AUMENTA-SE  NOSSO CONHECIMENTO, MAIS EVIDENTE FICA NOSSA IGNORÂNCIA.

cass

Sub ou GMT?






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QUANTO MAIS AUMENTA-SE  NOSSO CONHECIMENTO, MAIS EVIDENTE FICA NOSSA IGNORÂNCIA.

paulobalsan

Kevin Malone - Richard Mille




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flávio

O do Jô é o quê?

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cass

Citação de: flávio online 07 Agosto 2022 às 22:10:39
O do Jô é o quê?

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Pelo bezel, acho que é um GMT...
QUANTO MAIS AUMENTA-SE  NOSSO CONHECIMENTO, MAIS EVIDENTE FICA NOSSA IGNORÂNCIA.

CSM

o Jô soares durante anos usou um submariner todo de ouro. provavelmente este da foto.....

abraços
Membro do RedBarBrazil

flávio


Paulo Sergio

Citação de: flávio online 19 Agosto 2022 às 15:40:40
Esse Swatch que o Rodman usou nos anos 90 é bem... Rodman e anos 90. hahahaha
https://www.hodinkee.com/articles/dennis-rodman-wears-a-swatch-chronograph-in-double-team-1997

E usa o mesmo mecanismo dos atuais MoonSwatch!!!    ;D ;D ;D
Abraço
Paulo Sergio

flávio

Na prática, na prática mesmo, acho que esses relógios pouco subiram de preço. Nos anos 90, um Irony Chrono custava uns 120 dólares (claro que para nós isso não era tanta grana, pois o dólar ficou pareado muito tempo). Hoje o Moonswatch custa 250, eu não acho fora da realidade o preço...

Heu



Foto tirada da TV [emoji51]
Filme O Mago das mentiras. Logo após essa cena aparece uma parte maior da coleção, mas de longe


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fbmj



História interessante...

flávio

Eu costumo seguir um quadro no Youtube que entrevista artistas, perguntando-lhe: "quais as 10 coisas com as quais você não consegue viver sem?" E não é que ontem, ao assistir um novo episódio com o Pierce Brosnan, ele falou até muito sobre relógios? Não sei se tem legendas em português, mas para quem entende inglês, vale a pena ver.

https://www.youtube.com/watch?v=0IlEIQH8uYk