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Calibre Hamilton H-10

Iniciado por carlosjc, 02 Agosto 2017 às 12:27:00

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carlosjc

Pessoal, saudações.

Antes de abrir o presente tópico, tomei o cuidado de pesquisar se havia algum outro que trouxesse o questionamento que aqui irei expor.

Pois bem, trata-se do calibre H-10 da Hamilton. Pelo que consta nos foruns gringos, este movimento vem equipando os relógios da linha "khaki field" da referida marca, que antes era tracionado pelo ETA 2824-2.  Pelo que pude entender, à luz da minha incipiente compreensão da língua inglesa,  todo o "diferencial" está na reserva de marcha de 80h.

Diante do exposto, questiono:

Haveria outro diferencial além do aumento da power reserve?

Diante da presença do novo calibre, existe a possibilidade do modelo equipado com o antigo ETA 2824-2 ser descontinuado pela marca?

Considerando que o calibre H-10 já foi embarcado nos Hamilton Khaki Field há uns bons anos, ainda é possivel encontrar este modelo com o movimento antigo, sendo vendido nas lojas credenciadas?
"O impossível reside nas mãos inertes daqueles que não tentam."

flávio

#1
O movimento é o ETA/Tissot Powermatic que chutou a bunda de vários competidores mais caros, bem mais caros, na última competição de cronômetros em Besançon, mas naquela oportunidade usava um escapamento em silício.

Eu tenho uma teoria sobre esse movimento. Olha, alterar uma reserva de marcha para "só" 80 horas não é coisa simples, basta ver que a Rolex, que sempre teve reservas de marcha em torno de 50 horas, teve que reprojetar todo seu calibre 3130 nas novas versões do Day Date para extrair a metade disso.

No caso do Tissot/ETA/Hamilton, a "injeção eletrônica", o escapamento, consumia muito, vibrando a 28800. Eles diminuíram o "consumo" para 21600. Mas isso, por si só, não explicaria o brutal aumento de reserva que, diga-se, MAIS DO QUE DOBROU o normal do 2824. O tambor não aumentou de tamanho... A corda talvez, não sei, mas provavelmente sim. E para aumentar de tamanho, das duas uma: reduziram espessuras internas para caber uma corda maior ou mesmo reduziram a espessura da corda, mantendo seu torque.

Por que fizeram isso? Malandrinhos os caras da ETA... É muito difícil um relógio com reserva de marcha tão longa e tambor único manter isocronismo semelhante corda cheia e corda vazia. Num teste no COSC, que é feito em períodos de 24 horas, portanto, talvez a "meia corda" a precisão começasse a se deteriorar. Mas com 80 horas de reserva de marcha, passadas 24 horas, apenas um terço da corda terá se desenrolado e o teste será feito no torque ótimo.

Ou seja, você não precisa de escapamentos de silício, balanços isso, balanço aquilo, para fazer um relógio ser certificado como cronômetro e, pior, se dar bem numa competição de observatório.

Em resumo. É o 2824 que conhecemos, muito melhorado pela reserva de corda longa, que é mão na roda no uso normal mas, acredito, surgiu de uma tentativa de se obter boa precisão nas primeiras 24 horas num "golpe do João sem braço". Que fique claro, isso é uma teoria minha, compartilhada, acho, com o Adriano, que se não me falha a memória já escreveu longo artigo na Pulso sobre esse movimento.


Flávio

Adriano

Sim, escrevi e deixei a entender justamente que a idéia é essa mesma: com reserva de marcha maior, a máquina passa mais fácil no COSC ao "driblar" a parte mais difícil do teste: a estabilidade de marcha ente 0 hora (corda cheia) e 24 horas.

Com uma reserva de marcha dessa, depois de 24 horas a diferença é mínima e o relógio passa fácil. Aliás é esse o motivo de várias marcas buscarem reservas de marcha mais longa. Bobinhos os que acham que é em prol da comodidade do usuário.

E isso é obtido com o uso de uma corda mais longa. O tambor é do mesmo tamanho, mas a árvore é bem mais fina, ganhando espaço interno, somado à redução da frequência, que permite uma corda de tensão bem mais baixa, com espessura bem menor (espessura é o que dá tensão), e portanto cabendo bem mais voltas de corda.

Se a frequência fosse a mesma, isso não seria possível.

Não bastante, esses mecanismos usam balanço de inércia variável (free-sprung), o que é uma boa ajuda.

Notem que a Tissot usa escapamento sintético, de polímero, enquanto Mido e Hamilton usam o mesmo mecanismo com escapamento convencional (aço e rubis).

E agora eles ainda têm espiral de silício.

Maquinão. Um baita avanço sobre os 2824.

Abraços!

Adriano


mmmcosta

Carlos,

Além do tema interessante, a sua redação é primorosa!


Obrigado e parabéns!

Marcelo

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Marcelo

carlosjc

"O impossível reside nas mãos inertes daqueles que não tentam."

Quark

Fantástico! Obrigado senhores, uma aula sobre o movimento do meu Mido!


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carlosjc

Saudações mais uma vez, estimados.

Ainda sobre calibres. Estou pensando em adquirir um Tag Heuer CAF2010 (calibre.16). Pois bem, durante uma pesquisa que realizei sobre o presente movimento no site "watchbase.com" constatei que se trata de um calibre com base ETA 7750. Ocorre que tenho um Hamilton Khaki X-wind cujo movimento é um Valjoux 7750. O meu questionamento seria: em termos racionais e alheios a qualquer influencia publicitária, haveria, de fato, diferença entre o calibre 16 e o Valjoux 7750?

Senhores, perdoem-me caso tenha perguntado alguma besteira.. Acontece que não quero investir num relógio apenas pelo "peso" da marca.

Conto com a colaboração dos colegas foristas e desde logo renovo os agradecimentos.
"O impossível reside nas mãos inertes daqueles que não tentam."

flávio

Nenhuma. O calibre 16 é um eta na versão elabore, apenas com um rotor decorado e com inscrição heuer.

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Dicbetts

Citação de: carlosjc online 16 Agosto 2017 às 03:20:59
Saudações mais uma vez, estimados.

Ainda sobre calibres. Estou pensando em adquirir um Tag Heuer CAF2010 (calibre.16). Pois bem, durante uma pesquisa que realizei sobre o presente movimento no site "watchbase.com" constatei que se trata de um calibre com base ETA 7750. Ocorre que tenho um Hamilton Khaki X-wind cujo movimento é um Valjoux 7750. O meu questionamento seria: em termos racionais e alheios a qualquer influencia publicitária, haveria, de fato, diferença entre o calibre 16 e o Valjoux 7750?

Senhores, perdoem-me caso tenha perguntado alguma besteira.. Acontece que não quero investir num relógio apenas pelo "peso" da marca.

Conto com a colaboração dos colegas foristas e desde logo renovo os agradecimentos.

Nesse caso, creio que não. O Calibre 16 é o 7750 de gama média, que, por si só, é um maquinaço - durabilidade e facilidade de manutenção são com ele mesmo.

Se fosse uma versão turbinada, como as Breitling (B13) e IWC (79320), por exemplo, pagarias pela versão topo da 7750. Essas fábricas ainda fazem mudanças expressivas na máquina, sobretudo a Breitling que a regula de forma a obter certificação COSC.

Dic