Se não se lembram, a marca Louis Moinet foi ressuscitada há alguns anos e, como marketing, usaram o fato (o que parece ser verdade...) de o cabra ter criado o primeiro cronógrafo funcional da história, tal qual conhecemos hoje. Mas minha intervenção aqui é outra, a respeito de uma história obscura com a qual me deparei ao ler uma revista da própria Breguet.
Já no final da sua vida, Breguet pensou que deveria deixar um legado, não uma autobiografia, mas um livro técnico que explicasse toda sua vida relojoeira, para as gerações futuras. Contratou, então, Louis Moinet como seu secretário e "ghost writer", uma vez que teria conhecimento técnico para transportar a técnica de Breguet para o papel (inclusive fazendo desenhos). E para isso recebeu uma boa grana, cerca de 6000 livres anuais. Para lhes darem uma noção, com isso era possível comprar um relógio complicado feito pelo próprio Breguet ou uns 6 souscription. Era muita grana, salário de classe média alta.
Pois bem... Com cerca de 1000 páginas em manuscrito feitas, sabe-se-lá o motivo, Moinet brigou com o filho de Breguet e... Quando seu pai morreu, exigiu-lhe a devolução de todos os escritos, ao que Moinet DECLINOU, sabe-se-lá também o motivo. Fato é que isso foi parar nos tribunais e o ganho de causa foi dado ao filho de Breguet, que recuperou os manuscritos que... Acabaram se perdendo em grande parte nesse tempo todo, sem que fossem publicados (o Swatch Group comprou uma parte deles há alguns anos, por uma fábula, mas grande parte se perdeu).
Fato é, porém, que alguns anos depois, e vamos colocar os pingos nos is, Moinet era sim um relojoeiro "fodão", além de excelente projetista, o próprio Moinet publicou aquele que viria a ser considerado o maior tratado de relojoaria do século. Só posso conjecturar o que serviu de inspiração para a tal obra e se algo que foi parar nela não teria sido criada pelo seu antigo mestre, Breguet.
Mais sobre o cabra na Wiki, em português
https://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Moinet