Aliás, sobre carga e relojoaria. Quando a Rolex lançou a caixa Oyster e os mecanismos automáticos, ela não queria algo mais "prático" para o usuário no dia a dia, por mais bizarro que o que eu vou dizer possa parecer... Ela queria algo mais prático para ela! As caixas Oyster surgiram como um meio de impedir POEIRA de ingressar no relógio e, assim, aumentar o intervalo entre revisões. O lance do ser "à prova d´ água" era mera consequência da adoção de uma caixa "dust proof". Mas os Rolexes ainda eram de corda manual... E então, o usuário, acostumado com relógios de corda manual comuns, sem rosca, acabavam deixando a coroa aberta e as vantagens iam para o espaço. A Rolex, então, cansada de receber relógios com caixa Oyster em curto espaço de tempo, para revisão, pensou: ora, vamos acabar com esse "esquecimento" do usuário, de fato aumentar o intervalo das revisões e melhorar nossa imagem IMPEDINDO que o oreia seca do usuário fique mexendo na coroa todo tempo. E por correria de projeto, a Agler simplesmente sequer se deu ao trabalho de projetar um movimento novo, mas apenas acoplou um módulo no existente e, então, surgia o "Perpetual". E como o troço era uma "semi gambiarra", só mudaram as tampas traseiras das caixas Oyster que fabricavam, para algo mais abaulado, para acomodar o tal módulo (daí o nome "bubble back"). Os primeiros Oyster Perpetual, para serem a prova de idiotas que poderiam continuar deixando a coroa rosqueada aberta, vinham com coroas bem pequeninas, para complicar para o usuário a tarefa de abrir e fechar. A ideia de Hans Wilsdorf é que o usuário ajustasse o relógio raramente, porque a praticidade havia chegado ao ponto máximo: o relógio era dust proof, water proof, PRECISO, eis que a Rolex já tinha obtido classificação até mesmo em Kew, e automático. Só idiotas continuariam "fuçando" na coroa a ponto de levar o relógio cedo para revisão... Porém, pouco tempo depois, por questões estéticas e porque a marca passou a fazer relógios "profissionais", com o Submariner, as coroas voltaram a ser grandalhonas. Talvez, nessa época, a maioria dos usuários de relógios já estavam acostumados com modelos automáticos e, portanto, já não davam corda por hábito em relógios que não precisavam de corda.
Flávio