Interessante pergunta, sobretudo porque o que deu a "partida" no meu interesse pela relojoaria foi um relógio deixado pelo meu avô, no seu leito de morte. Ele disse: "Flávio, o Constellation no cofre é seu..." Ao fazê-lo, no entanto, não só criou meu interesse em relojoaria mecânica como, para o bem ou para o mal, determinou, indiretamente (ou diretamente,pois, para mim o recado foi claro...), que eu não me desfizesse do bem. Digo isso porque esse tipo de herança deixada, com a respectiva obrigação de cuidado, pode-se tornar um estorvo para vários... E não estou falando somente de relógios, pois tenho exemplo de outros pedidos mais sérios feitos em leito de morte que "obrigaram" o receptor a moralmente cumpri-lo, e não foi (e não é fácil...).
Eu não tenho uma coleção de relógios ultra mega blaster cara, mas para mim isso pouco importa, mas sim a conexão que o bem cria. Confesso que já pensei no assunto e, sei lá, gostaria que cada um dos meus amigos (amigos mesmo, aqueles que se contam nas mãos...), ficassem com algo meu se eu batesse as botas... Não necessariamente "esse fica com fulano, isso com cicrano..." Por outro lado, esse tipo de coisa, como ressaltei acima, pode levar a situações que a pessoa ache um estorvo.
Aliás, não faz duas semanas um cara entrou em contato comigo querendo vender o relógio que pertencera a seu pai, um Breitling dos anos 60. Confesso que achei estranho, eu não venderia nem em sonho um relógio que houvesse pertencido a um parente próximo. Por outro lado, compreendo que às vezes mais vale uma grana no bolso a uma lembrança parada na gaveta...
Flávio