Shackleton, a travessia do James Caird e os cronômetros

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Shackleton, a travessia do James Caird e os cronômetros
« Online: 07 Julho 2021 às 11:43:56 »
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A latitude – a posição em um paralelo do globo – pode ser obtida com um sextante, através da verificação da altura do Sol. A longitude – a posição em um meridiano – é calculada através da comparação entre o horário local (obtido através do zênite do Sol) e outro, cuja coordenada é conhecida (em regra o horário de Greenwich, cuja longitude convencionou-se 0º). Como a Terra leva 24 horas para completar uma revolução de 360º, uma hora equivale a 1/24 da revolução, ou 15º. Em um navio, por exemplo, o navegador compara o horário de Greenwich, mantido em um cronômetro, com o meio dia local, obtido através da observação do Sol: cada hora de discrepância equivale a 15º de longitude.
Em 1914, Ernest Shackleton liderava uma expedição em direção à Antártica quando o navio no qual estava, o “Endurance”, ficou preso em um banco de gelo. A tripulação permaneceu na embarcação por quase um ano, até que a pressão do gelo a esmagou. Por mais seis meses permaneceram à deriva em um banco de gelo flutuando, até que conseguiram chegar à remota Ilha Elefante. Shackleton sabia que se permanecesse na Ilha Elefante nunca seria resgatado. Então, reuniu-se com outros cinco tripulantes, entre eles o navegador Worsley, embarcaram em um pequeno bote salva vidas chamado “James Caird” e realizaram uma travessia considerada impossível: 1300 km entre a Ilha Elefante e a Geórgia do Sul. Sobre a travessia, Worsley escreveu:
“A navegação às cegas – o cálculo de rumo e distância pelos navegadores – tornou-se uma piada, uma adivinhação… O procedimento era o seguinte: eu saía de dentro de nosso tugúrio – com o precioso sextante aninhado ao meu peito para evitar que fosse molhado pela água do mar. Sir Ernest ficava a postos debaixo da lona com o cronômetro, o lápis e o livro. Eu gritava, “atenção”, e me ajoelhava no banco – com dois homens me segurando de cada lado. Eu trazia o sol para onde deveria ser o horizonte e, enquanto o barco saltava freneticamente na crista de alguma vaga, escolhia um bom palpite em relação à altitude e berrava, “Pare”. Sir Ernest olhava a hora e depois eu calculava o resultado…”
Worsley usou dois cronômetros: um Thomas Mercer, que vi em Greenwich, e outro, da Smith & Son.


Fotos pelo Observatório de Greenwich e Instituto Polar Scott


Re:Shackleton, a travessia do James Caird e os cronômetros
« Resposta #1 Online: 07 Julho 2021 às 19:45:00 »
Quando um cronômetro (aqui, no caso dois), é uma ferramenta de sobrevivência. Isso me fez lembrar, guardadas as óbvias proporções, a travessia do atlântico feita pelo Amyr Klink, um cara que diga-se de passagem, adora relógios. Talvez a foto abaixo devesse ir para o tópico "que relógio é esse", mas como estamos falando de travessias e relógios, me pareceu adequado. Alguém sabe qual relógio Amyr usava na travessia de 84?

Aquele que melhor goza a riqueza é aquele que menos necessidade dela tem.

Epicuro

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Re:Shackleton, a travessia do James Caird e os cronômetros
« Resposta #2 Online: 08 Julho 2021 às 10:29:45 »
Tá aí um livro que nunca li... Vou colocar na lista. Sobre o relógio, sinceramente não faço ideia...

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