Post que fiz para o Instagram
Em 1960, baseando-se nos estudos do engenheiro suíço Max Hetzel, a Bulova lançou o revolucionário modelo “Accutron”, que utilizava um diapasão vibrando a 360Hz como órgão regulador. A altíssima precisão e confiabilidade do modelo o transformaram num imediato sucesso de vendas. Os suíços, embora em uma situação confortável de mercado, eis que as vendas de relógios mecânicos aumentavam a cada ano, resolveram investir em um centro de pesquisas eletrônicas. Em 1962, então, recrutaram diversos engenheiros que haviam trabalhado em empresas de microtecnologia americanas e fundaram o “CEH”, Centro Eletrônico Relojoeiro. O objetivo inicial do laboratório era modesto: criar um relógio que possuísse alguma vantagem, por menor que fosse, se comparado ao Accutron. Entre 1962 e 1964, as pesquisas do CEH concentraram-se na tecnologia de transistores e resistores. Em 1965, com as bases tecnológicas consolidadas, havia dois projetos em curso no CEH que visavam a fabricação de modelos de relógios baseados no diapasão. Em 1965, porém, Armin Frei e Rolf Lochinger, pesquisando de forma independente no CEH, fabricaram um protótipo de oscilador a quartzo, determinando o próximo objetivo do laboratório: um relógio de pulso. Dois anos depois, o CEH apresentou o primeiro relógio de pulso a quartzo da história, chamado Beta 1. Levado à competição anual de cronômetros do Observatório de Neuchâtel, pulverizou todos recordes. Os suíços, temerosos que outros países também desenvolvessem relógios eletrônicos precisos o suficiente para ganhar as competições em seu próprio território, resolveram encerrá-las naquele ano… Como o Beta 1 funcionava com motor de passo, avançando o ponteiro de um em um segundo (como os atuais), suas baterias não duravam nem um ano. Para produção em série de um modelo, então, o CEH optou pelo projeto mais simples do engenheiro Max Forrer, denominado Beta 2, no qual a movimentação dos ponteiros se dava através de um motovibrador (como no Accutron) controlado pelo oscilador a quartzo. A versão em série, chamada Beta 21 (dois/um), costuma ser indicada como o primeiro relógio de pulso a quartzo da história. Justiça seja feita: o Beta 1 de Frei tem primazia…
E complemento o post aqui, pois o Insta tem limitação de caracteres. A história é muito mais complexa do que isso... Mas alguns dados devem ser ressaltados. A escolha dos suíços em lançar o Beta 2 o mais rápido possível, ao invés de desenvolver o Beta 1 por um tempo mostrou-se um tiro no pé. Afinal, em pouco tempo a Seiko lançou no mercado o Astron, que funcionava EXATAMENTE com o Beta 1, mas com um circuito integrado mais eficaz, algo que o CEH tinha plena condições de fazer.
Frei, aliás, processou Forrer depois por ele se auto intitular o inventor do relógio a quartzo, quando o próprio Frei ressalta que foi um trabalho em equipe de todo CEH (quer dizer... Da equipe que trabalhava com ele...).
As versões industriais do Beta 21, independente de quem as usava, eram fabricadas artesanalmente pelo CEH (circuito), Ebauches SA (platina, rodagem, etc) e Omega (motor vibratório).