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Seiko 6r35

Iniciado por Devenalme Sousa, 25 Maio 2022 às 19:12:12

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flávio

Olha, as rodas reversoras não são o problema, o sistema está aí desde que Adão rodava peão. Os problemas dizem respeito a alguns modelos e, sobretudo, manutenção. A lubrificação dessas rodas é algo muito delicado e precisa de fixodrop. A questão é que muitos relojoeiros lubrificam demais essas rodas reversoras e, com o tempo, os cliqués "colam" e a eficiência já era. Há, também, a questão de projeto mal feito. Os ETA 2890, por exemplo, eram péeeeeeeeeeeeessimos na carga, algo crônico, que advinha da pouca massa do rotor. Isso foi parcialmente resolvido com a atualização do 2890, o 2892 e, depois, com o 2892a2 que, diga-se de passagem, é MUITO diferente dos primeiros 2892. Eu os acho horríveis na carga mas... Devo ser um azarado.

Mas veja... O sistema Magic Lever da Seiko, que também é usado por alguns suíços, como a Lemania (Breguet) e UN, também costuma dar seus paus... O que costuma acontecer nestes relógios é que a lubrificação da ponta da alavanca vai para o espaço, fica aço no latão no "pelo" e, depois, tudo acaba carcomido.

O sistema Magic Lever funciona bem como as rodas reversoras, mas quando desgasta...


Flávio

Adriano

Citação de: flávio online 01 Junho 2022 às 13:39:46
Olha, as rodas reversoras não são o problema, o sistema está aí desde que Adão rodava peão. Os problemas dizem respeito a alguns modelos e, sobretudo, manutenção. A lubrificação dessas rodas é algo muito delicado e precisa de fixodrop. A questão é que muitos relojoeiros lubrificam demais essas rodas reversoras e, com o tempo, os cliqués "colam" e a eficiência já era. Há, também, a questão de projeto mal feito. Os ETA 2890, por exemplo, eram péeeeeeeeeeeeessimos na carga, algo crônico, que advinha da pouca massa do rotor. Isso foi parcialmente resolvido com a atualização do 2890, o 2892 e, depois, com o 2892a2 que, diga-se de passagem, é MUITO diferente dos primeiros 2892. Eu os acho horríveis na carga mas... Devo ser um azarado.

Mas veja... O sistema Magic Lever da Seiko, que também é usado por alguns suíços, como a Lemania (Breguet) e UN, também costuma dar seus paus... O que costuma acontecer nestes relógios é que a lubrificação da ponta da alavanca vai para o espaço, fica aço no latão no "pelo" e, depois, tudo acaba carcomido.

O sistema Magic Lever funciona bem como as rodas reversoras, mas quando desgasta...


Flávio

Não estou "contestando" sua informação, mas não me lembro de nenhum manual da ETA ou de nenhuma marca que solicite/recomende Fixodrop no 289x ou similares, nem Sellita.

O que é recomendável sim é usar o Lubeta, que é um líquido, que essencialmente é óleo diluido em muito solvente. Você mergulha a roda inversora inteira nele, retira e espera secar. O solvente vai embora e fica uma camada oleosa permeada na roda. Mais eficiente do que tentar aplicar pontualmente qualquer óleo. Na falta dele, pode-se diluir 9010 em hexano (benzina) em uma proporção que não me lembro agora. Serve para rodas inversoras de 282x, 289x e 775x (ou seus equivalentes Sellita e etc.) Um segundo líquido serve para ser aplicado no rolamento do 289x. Na falta dele, pode-se usar 9010 em quantidade bem pequena.

Porém, dito tudo isso, e depois de eu ter corroborado essa teoria todos esses anos de que a lubrificação é delicada e etc., hoje mudei de idéia. Estou com quase 2 anos de bancada agora. O que é nada e faz da minha opinião irrelevante. Mas nesse tempo já perdi a conta de quantos 289x já revisei e o que percebi nesse tempo, tanto inspecionando antes da revisão, como efetivamente lubrificando essas peças, é que a lubrificação não é difícil nem complicada, e precisa ser muito, mas muito mal feita para implicar em prejuízo na eficiência de carregamento.

Assim como percebi que essa deficiência, ainda que mais comum do que em outras máquinas, ainda assim é rara e as queixas de clientes com relação a isso são igualmente raras.

Mas o mais importante que percebi: variações enormes de qualidade de confecção e principalmente de materiais empregados em todas as peças envolvidas, se comparadas 289x de diferentes marcas e diferentes idades, resultando em níveis de desgaste muito diferentes em mecanismos sujeitos ao mesmo tipo de uso. Tenho hoje comigo a idéia de que esses problemas de carregamento são oriundos de desgastes e que por sua vez são oriundos dessas variações.

O que explica inclusive o motivo de haver 289x da década de 1990 totalmente maltratada mas funcionando com eficiência (quando revisada, claro) enquanto uma enxurrada dessa mesma máquina de uma certa marca durante meados ao fim dos anos 2000 iam para manutenção ainda dentro da garantia com o sistema todo moído como se tivesse sido usado com areia dentro por 80 anos ininterruptos.

Posso talvez voltar aqui daqui uns anos e dizer tudo o contrário de novo. Mas hoje eu não apoio mais a teoria da lubrificação complicada, delicada e etc. É problema de material de algumas marcas/épocas somado a manutenções tardias e que não corrigiram desgastes (com substituição de peças) logo que qualquer sinal aparecesse.

PS 1: não muda o fato de que o carregamento deles é em geral menos eficiente que da maioria dos outros mecanismos contemporâneos. Mas isso é diferente de ser ineficiente ou arregar.

PS 2: 289x com módulo de cronógrafo que eventualmente usem cordas com mais tensão podem eventualmente exacerbar os problemas.

PS 3: aí vão perguntar "como assim materiais e acabamentos diferentes? Não é tudo ETA?". Sim, mas descobri nesses 2 anos que além de uma diferença muito notável entre mecanismos de diferentes idades, aparentemente existe um "cardápio" de qualidade de componentes que é bem amplo e vai muito, muito além daqueles "grades" como standard, top, etc.

Meus 2 cents, como sempre.

Abs.,

Adriano

flávio

Adriano, sobre o Lubetta, pensei nisso, falei no fixodrop. O que pensei é o que falou.
Sobre o resto, valeu pelas informações. E é mais ou menos isso aí, tenho uns 3 ou 4 relógio com 2982 e cada um deles tem uma história. Mas todos são ruins de carga hahahaha. Menos o Omega 2500

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flávio

Ah. E complementando. Fui olhar agora o manual técnico dos primeiros etarotor, o primeiro automático eta com rodas reversosoras e a recomendação era... Trabalhar a seco! Hahaha.

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flávio

Adriano, ainda no tópico lubrificação das reversoras, acho que já sei de onde surge a confusão: da própria ETA. Os manuais técnicos dela dizem para lubrificar a ponta dos cliquês com 9010, nada mencionando sobre o Lubeta. Sim, o Lubeta é o padrão no mercado e foi desenvolvido pela própria Eta, mas nos manuais técnicos dela (não sei os atuais), a recomendação era outra. Veja este tópico (para quem estiver lendo e não souber inglês, o ponto de lubrificação indicado é o da seta vermelha, na foto da roda reversora).

https://www.watchuseek.com/threads/lubricating-reversing-wheels-on-eta-2836-2.3600882/

Devenalme Sousa

Citação de: flávio online 02 Junho 2022 às 10:38:03
Adriano, ainda no tópico lubrificação das reversoras, acho que já sei de onde surge a confusão: da própria ETA. Os manuais técnicos dela dizem para lubrificar a ponta dos cliquês com 9010, nada mencionando sobre o Lubeta. Sim, o Lubeta é o padrão no mercado e foi desenvolvido pela própria Eta, mas nos manuais técnicos dela (não sei os atuais), a recomendação era outra. Veja este tópico (para quem estiver lendo e não souber inglês, o ponto de lubrificação indicado é o da seta vermelha, na foto da roda reversora).

https://www.watchuseek.com/threads/lubricating-reversing-wheels-on-eta-2836-2.3600882/

Flávio,  o Chrome traduz automaticamente.
Eu não sei se entendi direito a foto. Essa rodinha de nada tem dois rubis? Pra que eles estão aí? Não consegui entender por que eles estão excêntricos.

flávio

#26
Sim. O que ocorre é que os cliques estão num sanduíche de engrenagens. O funcionamento dessas rodas é como de uma catraca de bike, que gira livre numa direção e permite torque na outra. Afinal, o torque tem que chegar na corda em uma direção apenas, já que esta só se enrola para um lado. Para dizer a verdade, eu nunca tinha prestado atenção nesses rubis, mas o que imagino é que eles estão ali apenas como apoios, para impedir que a "fatia" do sanduíche de cima (a engrenagem de cima) atrite com a debaixo. Ah! Veja esse vídeo. Uma pecinha como essa é algo complexo.

https://youtu.be/SBZctrLlj2w


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flávio

E aqui um forista zueiro do watchuseek propondo uma modificação no manual técnico da eta, para ficar claro que não é para lubrificar com o 9010 que sugerem



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Adriano

Citação de: flávio online 02 Junho 2022 às 17:11:16
E aqui um forista zueiro do watchuseek propondo uma modificação no manual técnico da eta, para ficar claro que não é para lubrificar com o 9010 que sugerem



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Cara, de fato, esse manual é MUITO antigo. Tem mais de 15 anos certamente. O que uso é o mais atualizado que há e é de 2014. Ele não aponta nada para as inversoras, exceto o sinal de "não lavar", que na verdade significa "recomendamos jogar no lixo e pegar uma nova da gaveta, que já vem lubrificada de fábrica".

Outra coisa: nem sempre, ou quase nunca, manuais técnicos indicam onde exatamente aplicar o lubrificante. O sinalzinho indica apenas que aquela peça deve ser lubrificada (ou não) e com qual lubrificante, e se for algo crítico, pode sinalizar a quantidade. Mas não o local exato da aplicação, que normalmente ou é padrão (supondo que o relojoeiro profissional saiba como aplicar o lubrificante em diferentes situações) ou é ensinado em um treinamento específico do calibre.

Isso quando o manual não indica algo errado com relação à ordem de montagem e posição de algumas peças. Aconteceu comigo recentemente ao fazer um ETA 251.412, cuja posição de montagem do saltador da tirete estava completamente errado no manual (e eu me bati por alguns minutos confiando nele).

Mas existem sim manuais bem detalhados. Os da Omega por exemplo. Indicam exatamente onde depositar o lubrificante.

Abs.,

Adriano

Adriano

Voltando ao 289x, uma coisa que esqueci de mencionar: é comum que, quando esse mecanismo está com a carga deficiente, o problema nem seja no rotor, ponte do automático, inversora e etc., mas sim debaixo da ponte do tambor, com as auxiliares detonadas e às vezes até a ponte.

Veja exemplos que peguei hoje. Primeiro uma mais "rodada" e mais antiga, com um histórico de manutenção que eu não sei qual é. E detalhe: sem queixa de carregamento. Mas olha a situação das auxiliares, da ponte e etc. Problema de material? Lubrificação anterior duvidosa? Intervalo de manutenção muito longo? Não sei. Mas depois de tudo lavado é que vou decidir se vai precisar trocar algo ou não.

Fotos abaixo.

Abs.,

Adriano

Adriano

Note o pretume para todo lado. Isso é resíduo de material misturado com óleo deteriorado. Um veneno abrasivo.

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Adriano

E aqui outro 2892 desmontado logo em seguida. Bem mais novo ( +/- 2012) e cujo histórico é que nunca passou por manutenção. Primeira revisão. Tudo limpo. Meio seco, mas limpo.

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Devenalme Sousa

Cara, que negócio cheio de detalhes a lubrificação de relógios! Um tipo de óleo diferente pra cada parte, medidas precisas em locais específicos. Sou cada vez mais fascinado com a relojoaria.
Obrigado por compartilharem tanto conhecimento,  Flávio e Adriano.