Cara, assim, respondendo à queima roupa, eu diria que é um péssimo momento, no mesmo sentido já explicitado pelo Adriano.
Há tempos que os relógios vêm ficando cada dia mais caros e, para piorar, nossa economia local também vem se deteriorando, o que torna ainda maior a sensação de que "o jogo acabou".
Por outro lado, o acesso à informação tem sido bem facilitado. Quando comecei no hobby, havia bem menos publicações (impressas ou eletrônicas); era muito mais difícil pesquisar; os livros, que ainda eram todos em papel, bem mais escassos; e a gente tinha de acabar confiando em estórias inventadas pela indústria, então muita abobrinha foi dita e passada pra frente como a mais absoluta verdade.
Hoje, diversos livros que até então estavam fora de catálogo foram reeditados; há diversos blogs sérios, como o Grail Watch, ou mecanismos de busca especializados, como o watchlibrary.org, que permite procurar em um acervo imenso de publicações do passado, então a gente tem muito mais informação de qualidade, ainda que, em sua maioria, sejamos inundados por anúncios disfarçados de artigo em blogs populares, ou então por publicações de lifestyle no Instagram.
Para quem quer aprender, o momento é melhor, mas, para quem quer ter relógios, especialmente de marcas consagradas, aí a coisa piorou MUITO!
A visibilidade maior dos relógios mecânicos fodeu um pouco a vida de quem genuinamente aprecia os relógios de uma perspectiva não comercial/narcisista, pois contribuiu o aumento geral de preços, tantos dos relógios novos quanto usados, como para uma homogeneização das marcas.
Esses dias, numa conversa privada com o Patrão, comentei, indignado, sobre um dos lançamentos mais genéricos que já vi nas últimas décadas:
Sério que isso é um IWC? Poderia ser um Tissot, um Certina, um Victorinox, um Oris, e ninguém duvidaria...
Vinte anos atrás, você olhava um IWC e sabia que era um IWC (e como eram belos!), hoje, se você não olhar bem a marca ali impressa no mostrador, você não sabe o que é.
Afora esse lado dos relógios genéricos, tenho visto que marcas que se situavam confortavelmente em um segmento de mercado agora querem estar num patamar mais elevado, mas sem querer fazer muito esforço por isso. Mudam um pouco a caixa, um pouco o mostrador, às vezes metem ouro onde antes era aço, e o preço sobe 5x...
O que anda nos restando são os chinas mesmo, mas são poucos os que querem ter uma coleção de chinas.