Menu principal

Dúvida na Frequencia de manutenções

Iniciado por automatic, 06 Janeiro 2010 às 11:34:04

tópico anterior - próximo tópico

automatic

Já há algum tempo frequentando fóruns, verifiquei que o tempo médio para a revisão geral é de 5 anos.
Mas tenho algumas dúvidas:  ???

(1) Tenho alguns vintages que NÃO uso, devido ao medo e fragilidade. Semanalmente eu dou corda ou balanço um pouco ou deixo rodar no watch winder por um dia. Nestes relógios, caso estejam ainda com razoável precisão preciso enviá-los para revisão á cada 5 anos ? Ou posso ainda aguardar em média uns 10 anos ?

(2) Tenho alguns automáticos que comprei desde zero, nunca foram abertos, estão ainda com precisão. Como tenho vários relógios, eles são usados em média um dia a cada 2 meses ou menos... Mas todo fim de semana tenho o ritual de balançá-los e eventualmente deixá-los no watch winder. Então pergunto, preciso fazer manutenção neles pois já fizeram 5 anos ? Ou posso aguardar mais ?

Quais os riscos que tenho passando do prazo limite de manutenção ?
Quando que percebemos realmente que o relógio precisa de manutenção ?
Melhor deixar os relógios que NÃO uso parados ou continuar com o procedimento semanal de dar corda ?

Agradeço a ajuda de todos !

nilomis

Meus 2c:

Considero que o uso ou o não uso não impede a deterioração dos lubrificantes do movimento. Isto sem considerar que as juntas de vedação podem "melar".

Assim sendo, dependendo do valor/preço/raridade/gosto do relógio, julgo ser uma boa ideia manter o período de cinco anos (ou menos até, se v. gosta mesmo da peça ou a usa em locais hostis -- tipo mar) entre revisões.

Afinal, o preço que pagamos por uma revisão, é uma parcela bem pequena do valor (que pode ser somente sentimental) do relógio.

Outro critério, exceto em relógios que compro novos, é o de, pelo menos, dar uma verificada no Vibrograph (Witschi) para sentir como está o movimento.
Se tiver com algo abaixo da média -> revisão.

No caso de vintages, é mandar para revisão mesmo que o vendedor jure que a revisão foi feita "ontem". Estou ainda por comprar um vintage que realmente foi revisado pelo vendedor.

Controlo os períodos de revisão usando uma planilha bem tosca mas que fornece o controle que julgo ser necessário.

Isto sou eu e esta mania de somente ter relógios funcionando com perfeição pode não ser o que todos praticam.
Mas isto é uma outra história.

Abs,

Nilo




igorschutz

Acredito que esse tempo de revisão de cinco anos seja para aqueles relógios usados com diariamente, ou então com bastante freqüência.
Se o relógio não for tão exigido assim, esse intervalo pode ser maior.

A bem da verdade, nunca me atentei à estes detalhes.
Se eu achar que um relógio não está bom, mando pra revisão...

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

automatic

Citação de: igorschutz online 06 Janeiro 2010 às 13:19:15
Acredito que esse tempo de revisão de cinco anos seja para aqueles relógios usados com diariamente, ou então com bastante freqüência.
Se o relógio não for tão exigido assim, esse intervalo pode ser maior.


Igor

Igor, também acho !
Me dá uma pena enviar aquele relógio virgem para a revisão...

Nos divers, que eu uso na praia vão para revisão a cada 5 anos com certeza.
MAs os deskdivers como meu Seastar 1000... Este eu vou adiar bastante...

automatic

Citação de: nilomis online 06 Janeiro 2010 às 12:27:02
Outro critério, exceto em relógios que compro novos, é o de, pelo menos, dar uma verificada no Vibrograph (Witschi) para sentir como está o movimento.
Se tiver com algo abaixo da média -> revisão.

Controlo os períodos de revisão usando uma planilha bem tosca mas que fornece o controle que julgo ser necessário.

Nilo

NILO, boa dica esta do Vibrograph.
Eu tb controlo em uma planilha bem sismples.

Alberto Ferreira

Salve!

Muitos dos chamados "vintages" têm uma característica fundamental.
Em muitos casos, por simples construção, eles não são bem vedados.

Portanto, antes de considerar a possível (e inexorável) "decadência" das vedações, eu creio que temos que considerar o fato de que em muitos casos ela é pouco melhor que "precária".
Os relógios de bolso talvez sejam um bom exemplo. Ou não?
Que "vedações" há neles?

O ar entra e sai, os lubrificantes "evaporam", etc.

Por isso, se o relógio não for bem "vedado" (como um diver, por exemplo), no caso dos "vintages", eu preferiria pensar em um prazo médio entre revisões de uns três anos.

Abraços!
Alberto

FALCO

Eu pratico o "somente ter relógios funcionando com perfeição".

E acho que o que não está quebrado não deve ser consertado.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

Adriano



Todos estão corretos e reforço alguns pontos:

- conforme o Nilo falou, a lubrificação de fato se deteriora usando ou não o relógio. Manter o relógio parado preserva-o do desgaste que ocorre mesmo com lubrificação, por outro lado promove um deslocamento indesejado de certas lubrificações, podendo fazer com que certas áreas de contato percam lubrificação por migração. Logo, um meio termo entre uso e repouso é o ideal. Não é bom deixar o relógio parado por meses a fio como é ainda menos recomendado deixar o relógio "descansando" em um watchwinder. Alías, apoio o uso de watchwinders apenas para manter um ou dois relógios que se pretende usar nos próximos dias em funcionamento. Condeno fortemente que o watch winder seja usado como lugar para se guardar relógios. O uso certamente é o que mais "gasta" o relógio e mantê-lo funcionando sem estar usando de fato comparo como deixar o carro com o motor ligado dentro da garagem. O relógio durará menos do que um que foi mantido parado entre intervalos de uso.

- uso demais e uso de menos abreviam intervalo entre revisões, mas o uso demais acentua o desgaste, algo que não acontece com o uso de menos.

- marcas as horas não é tudo em um relógio. A vedação não apenas é parte fundamental da "saúde" do relógio, como é fundamental para um bom funcionamento. Relógios de mergulho dão consideravelmente menos manutenção do que relógios mais sociais, pela simples razão da máquina ficar mais protegida e incólume, especialmente da umidade. Isso é fato, não é chute. Reforça o comentário do mestre Alberto.

- é importantíssimo ter em mente que o desgaste se acentua quanto mais o tempo passa da última revisão. Não vale a pena usar um relógio em condição precária de funcionamento, pois estará mais estragando o relógio do que qualquer outra coisa. A revisão, quando ele parar de vez, sairá mais cara.

- também atento ao ponto levantado pelo Nilo, de que aparelhos são bastante precisos ao determinar a necessidade de revisão, meramente pela amplitude. Ela, entre outras coisas, resume todo o estado de transmissão de força dentro do relógio, e logo, a situação da lubrificação.

- concordo também em partes com o Fernando: não se conserta o que não tem defeito. Isso pode ser levado mais à risca em se tratando de quartz, uma vez que o atrito é muito pequeno e é raro haver prejuízo de peças mecânicas por abuso. O relógio começa a atrasar ou parar bem antes. As forças são pequenas. O mesmo não ocorre com o mecânico, cuja força sai empurrando tudo, com sujeira ou sem sujeira, com óleo ou sem óleo.

- completando então, acho bobagem revisar um relógio perfeito, com amplitude adequada, meramente porque fazem "x" anos que ele foi revisado pela última vez (ou que saiu da fábrica). Mas a manutenção não necessariamente deve ser encarada como conserto. O relógio pode e deve ser revisado sem necessariamente ter um defeito. A manutenção "mantém" ele em ordem, evitando gastos maiores no futuro. Mas reitero que revisar relógio perfeito meramente por causa da quilometragem, não vale a pena sob diversos pontos de vista.

- o mesmo não vale para vedações. Elas não avisam quando vão falhar e quando acontece, é de uma vez. É melhor trocar em intervalos regulares, estando boas ou ruins.

Por fim, minha opinião sobre prazo: dependendo de diversas condições e uso de 5 em 5 a 10 em 10 anos está muito bom.

Abraços!

Adriano

Marcelo Costa

Olá Amigos, ótimo tópico.

Também tenho muitas dúvidas sobre este tema.

Uma delas é quanto aos cronógrafos mecânicos. Gostaria de saber se é prejudicial mantê-los acionados direto. Alguns movimentos dão a impressão que quando o crono não está acionado as engrenagens têm até mais atrito.

Abs

Marcelo

automatic

Citação de: Adriano online 06 Janeiro 2010 às 21:10:38



- completando então, acho bobagem revisar um relógio perfeito, com amplitude adequada, meramente porque fazem "x" anos que ele foi revisado pela última vez (ou que saiu da fábrica). Mas a manutenção não necessariamente deve ser encarada como conserto. O relógio pode e deve ser revisado sem necessariamente ter um defeito. A manutenção "mantém" ele em ordem, evitando gastos maiores no futuro. Mas reitero que revisar relógio perfeito meramente por causa da quilometragem, não vale a pena sob diversos pontos de vista.

Por fim, minha opinião sobre prazo: dependendo de diversas condições e uso de 5 em 5 a 10 em 10 anos está muito bom.


Adriano

Adriano,
Realmente este é o ponto que eu queria chegar.
Tenho relógios como falei ZERO, uso pouco, estão perfeitos. Só porque fizeram 5 anos não vou fazer manutenção. Vou aguardar mais um pouco.
Obrigado pela excelente explicação !

Adriano

Acho bobagem a preocupação com causa desgaste em deixar o crono acionado. Nenhuma peça, especialmente eixos das rodas que compõe o sistema do crono, são subdimensionadas, de maneira que deixá-lo funcionando prejudique em algo ou diminua a vida útil, ou cause algum esforço maior, ou aumente o desgaste em alguma parte. Em centenas e centenas de cronos desmontados, nunca vi um crono sequer que demonstrasse claramente possuir algum desgaste ocasionado pelo uso constante do crono.

O pivô de uma roda central de crono não é menor que o de uma quarta roda normal, nem recebe esforço maior. Pelo contrário, é usado ocasionalmente. Além disso, não é o dimensionamento que promove ou retarda o desgaste. Existe uma relação entre pressão, velocidade de giro e viscosidade da lubrificação (regime hidrodinâmico, curva de Stribeck, etc.) que resulta em uma fórmula de atrito e desgaste. Vide minha matéria técnica na Pulso sobre isso há um ano, mais ou menos.

Não é só isso: o crono normalmente é regido pelo ponteiro e logo sua roda central de segundos, que recebe uma carga de força bem pequena, se comparado com o que acontece nas rodas que a antecedem. O desgaste é mínimo e é raríssimo precisar substituir uma quarta roda de um relógio por desgaste, mesmo com um século de uso.

Logo, penso que quem quiser usar o crono ligado, que use. Quem quiser deixar parado, que pare. Eu vario entre um e outro sem critério. Às vezes deixo ligado. às vezes paro...

Há apenas que se lembrar que o crono acionado pode causar uma variação de marcha nos sistemas de acoplamento do tipo pinhão ou roda basculante (Valjoux 7750, Omega 861, e cronos mais antigos, estilo Valjoux 72 e etc.), devido à queda de amplitude que ocorre quando estão acionados. O efeito é nulo ou quase indetectável nos cronos com acoplamento de embreagem vertical (Frederic Piguet 118x, Seiko 6139, Omega 33xx, Patek 5960, por exemplo). Em alguns casos, inclusive, a amplitude pode subir um pouco com o acionamento do crono, uma vez que a tensão do ombro da roda central é aliviada contra seu rubi, e deixa de existir o deslizamento entre as partes da roda central da embreagem. Logo, na verdade, há mais atrito ocorrendo com crono parado do que rodando.

E para terminar, apenas como curiosidade, ouvi da boca de um mestre relojoeiro de uma famosa e nobre manufatura suíça que a Frederic Piguet enfrentou problemas no desenvolvimento do calibre 118x pois ele funcionava melhor com o crono acionado do que parado...

Abraços!

Adriano

Marcelo Costa

Adriano, seu post foi uma verdadeira aula!!  :)

Sua experiência e conhecimento tem sido de grande valia e tenho aprendido muito com seus comentários!

Muito obrigado pela atenção!

Grande abraço!

Marcelo

Desotti

Excepcional tópico, uma verdadeira aula de todos, profundamente esclarecedor.

Obrigado e um grande abraço!

Marcelo.

igorschutz

Pior (melhor) que acho que não é a primeira vez que o Adriano nos dá uma aula sobre este assunto...

Muito bom!

clapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclapclap

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Glauco GM

Tópico assim vale a pena !

obrigado também de minha parte, Adriano.
São dúvidas que sempre voltam.

abs

Glauco

bdalla

Adriano,

Parabéns e obrigado pela aula !!

Além de conhecer profundamente a matéria é importante registrar que você escreve bem demais cara !! de forma clara, objetiva e desembaraçada !!  ( Lembra o estilo do Igor) ;)

Abraço !

Bruno
O valor perfeito é fazer sem testemunhas o que se faria diante de todo mundo ( La Rochefoucauld)

bfskinner

Citação de: Adriano online 06 Janeiro 2010 às 21:10:38


Todos estão corretos e reforço alguns pontos:

- conforme o Nilo falou, a lubrificação de fato se deteriora usando ou não o relógio. Manter o relógio parado preserva-o do desgaste que ocorre mesmo com lubrificação, por outro lado promove um deslocamento indesejado de certas lubrificações, podendo fazer com que certas áreas de contato percam lubrificação por migração. Logo, um meio termo entre uso e repouso é o ideal. Não é bom deixar o relógio parado por meses a fio como é ainda menos recomendado deixar o relógio "descansando" em um watchwinder. Alías, apoio o uso de watchwinders apenas para manter um ou dois relógios que se pretende usar nos próximos dias em funcionamento. Condeno fortemente que o watch winder seja usado como lugar para se guardar relógios. O uso certamente é o que mais "gasta" o relógio e mantê-lo funcionando sem estar usando de fato comparo como deixar o carro com o motor ligado dentro da garagem. O relógio durará menos do que um que foi mantido parado entre intervalos de uso.

- uso demais e uso de menos abreviam intervalo entre revisões, mas o uso demais acentua o desgaste, algo que não acontece com o uso de menos.

- marcas as horas não é tudo em um relógio. A vedação não apenas é parte fundamental da "saúde" do relógio, como é fundamental para um bom funcionamento. Relógios de mergulho dão consideravelmente menos manutenção do que relógios mais sociais, pela simples razão da máquina ficar mais protegida e incólume, especialmente da umidade. Isso é fato, não é chute. Reforça o comentário do mestre Alberto.

- é importantíssimo ter em mente que o desgaste se acentua quanto mais o tempo passa da última revisão. Não vale a pena usar um relógio em condição precária de funcionamento, pois estará mais estragando o relógio do que qualquer outra coisa. A revisão, quando ele parar de vez, sairá mais cara.

- também atento ao ponto levantado pelo Nilo, de que aparelhos são bastante precisos ao determinar a necessidade de revisão, meramente pela amplitude. Ela, entre outras coisas, resume todo o estado de transmissão de força dentro do relógio, e logo, a situação da lubrificação.

- concordo também em partes com o Fernando: não se conserta o que não tem defeito. Isso pode ser levado mais à risca em se tratando de quartz, uma vez que o atrito é muito pequeno e é raro haver prejuízo de peças mecânicas por abuso. O relógio começa a atrasar ou parar bem antes. As forças são pequenas. O mesmo não ocorre com o mecânico, cuja força sai empurrando tudo, com sujeira ou sem sujeira, com óleo ou sem óleo.

- completando então, acho bobagem revisar um relógio perfeito, com amplitude adequada, meramente porque fazem "x" anos que ele foi revisado pela última vez (ou que saiu da fábrica). Mas a manutenção não necessariamente deve ser encarada como conserto. O relógio pode e deve ser revisado sem necessariamente ter um defeito. A manutenção "mantém" ele em ordem, evitando gastos maiores no futuro. Mas reitero que revisar relógio perfeito meramente por causa da quilometragem, não vale a pena sob diversos pontos de vista.

- o mesmo não vale para vedações. Elas não avisam quando vão falhar e quando acontece, é de uma vez. É melhor trocar em intervalos regulares, estando boas ou ruins.

Por fim, minha opinião sobre prazo: dependendo de diversas condições e uso de 5 em 5 a 10 em 10 anos está muito bom.

Abraços!

Adriano

Adriano, após ler esta explicação (e várias outras) não pude deixar de comentar o que percebi. Você consegue explicar termos técnicos em linguagem acessível e extremamente clara... Para tal, faz uso de várias figuras de linguagem como metáforas, analogias etc. o que facilita a compreensão. Por acaso você é professor? orientador de Mestrado ou Doutorado? É exatamente este tipo de habilidade que é exigido em um bom professor... Explicar termos considerados difíceis em linguagem clara.... PARABÉNS!!!!


João de Deus

#17
Parabéns Adriano!
Realmente os colegas aqui do Fórum tem razão. Você sempre demonstrou profundo conhecimento, objetividade em responder e principalmente humildade.
Aproveitando a oportunidade, obrigado pela gentileza em sempre esclarecer nossas dúvidas.
Abraços

João de Deus
João

leon

 ;D Automatic parabéns excelente tópico , eu também tinha as mesmas dúvidas... ??? ??? ???

Abs

Leon
MACACO ERRADO SÓ OLHA O RABO DOS OUTROS