Olá meus caros,
Momentos difíceis esses vividos pelo povo do Rio de Janeiro...
Estas tragédias são manifestações das distorções da nossa construção como sociedade e como território.
- Uma lei de terras em 1850 que vedou o acesso ao meio fundamental de produção para aqueles que seriam libertos em 1888...o que restou além de buscar as cidades?
- Os processos de "modernização" urbana do início do século XX que iniciaram o movimento de expulsão das populações pobres dos cortiços no centro das cidades. O Rio é caso emblemático.
Contraditoriamente, o pobre é aquele que mais necessita do centro da cidade, pois lá está sua possibilidade de sobreviência econômica. No caso do Rio, sobraram os morros. Em Rio Grande, cidade vizinha à minha, restou construir um aterro com lixo, onde passaram a morar, mas próximos ao centro.
- Uma organização da economia baseada em monocultivos agrícolas exportáveis, pouco necessitados de mão de obra...
- A industrialização brasileira, tardia, e concentrada em poucos pontos do território nacional, especialmente Rio e São Paulo...
Em função desta industrialização, uma urbanização acelerada, formando nossas grandes metrópoles. No estado do Rio, mais de 70% da população vive concentrada na região metropolitana...
A partir daí, o que os colegas já disseram sintetiza tudo. Obras infra-estruturais, justamente por permancerem "infra", abaixo do solo, escondidas...são pouco valorizadas politicamente...
Como geógrafo, vivo repetindo para mim mesmo a pergunta levantada pelo Alberto: onde está o planejamento??
Como podemos deixar que nosso território seja construído na espontaneidade, ao sabor das vaidades políticas e dos interesses privados?
A todos do estado Rio, meus sinceros votos de que a "normalidade" se restabeleça o mais breve possível.
Desculpem pelas idéias pouco organizadas, escritas no calor da indignação.
Abraços,
Jefferson