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Pergunta filosófica do dia: o que define uma marca de "alta relojoaria"

Iniciado por igorschutz, 13 Junho 2010 às 16:33:28

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igorschutz

Amigos,

De volta ao Brasil, após uma fantástica viagem ao "nosso Playcenter", nas palavras do Mestre Gravina, chegou a hora do debriefing:

Vimos muitas coisas, discutimos outras tanto (descobri que viajar em dupla/grupo é zilhões de vezes mais agradável que sozinho, e falo por experiência própria), e chegamos num impasse: o que define uma marca de "alta relojoaria"?

Seria a Rolex, com seus milhares de movimentos de alto nível, totalmente in house (movimentos, caixas, braceletes, vidros, mostradores, ponteiros), uma marca de alta relojoaria? Sim? Não? Por que?

Ter alguns relógios complicados em seu portfólio não quer dizer nada. É só dar um rolêzinho e comprar um movimento pronto de alguma das diversas empresas que vendem este tipo de produto (Christophe Claret, La Joux-Perret, Renaud & Papi, etc.).

E aí, alguém se habilita a nos ajudar a definir "alta relojoaria"?
Lembrando sempre que, neste tópico, não há certo ou errado, e não há resposta definida. Trata-se apenas de um exercício filosófico.

Um abraço,

Igor

Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

João de Deus

Oi Igor, acredito que a Rolex não seria considerada alta relojoaria porque os relógios são feitos em série (linha de produção) e não existe o fator humano no fabrico. Acho que para ser alta relojoaria pelo menos algumas fases de produção tem que ser manuais.
É minha opinião, mas posso estar enganado.
Abs
João
João

igorschutz

Boa João, obrigado! Seu ponto de vista merece ser visto com atenção.

"Fator humano" seria uma condição sine qua non para a alta relojoaria? Ou pode haver esta sem aquela?

Só para abalizar os demais colegas: esqueçam a Rolex. Utilizei-a apenas como exemplo.
Senão o tópico vira outra discussão sobre a marca (já tivemos vááárias).

Um abraço,

Igor
Opinião é como bunda: todos têm a sua. Você dá se quiser.
Opinião é como bunda: você dá a sua e eu meto o pau.

NÃO ACREDITE NO QUE 'FALAM' AQUI, ESTUDE BEM E TIRE SUAS PRÓPRIAS CONCLUSÕES

Gravina

Putz Igor!!!

Questão filosófica mesmo!!!........como é bão viajar!!! :-* :-* :-*......a cabeça fica a mil!!!

Permita-me colocar os critérios da FHH

The Perimeter of Technical and Precious Fine Watches
The Fondation de la Haute Horlogerie has convened a Steering Committee of international personalities from various horizons (curators, experts, collectors, entrepreneurs and journalists), all of whom are recognised for their complete independence. The Committee's priority is to define the perimeter of Technical and Precious Fine Watches and identify its main players. This perimeter is reviewed each year.

The Steering Committee has defined the following fundamental principles as governing the "Fine Watch" designation:

The Product (one-off, limited edition or collections) is the main reference and must meet with precise criteria with regards to expertise.

These are:

Technical watches:
A simple mechanical movement or a mechanical movement with complications such as a perpetual calendar, simple or split-seconds chronograph, minute repeater, tourbillon and/or any other highly technical and mechanical specification.
The movement is designed, developed and manufactured, partially or entirely, by the brand or by a supplier with an established reputation and working to very high standards of quality.
The movement parts are finished to the highest standard.
Authenticity, reliability, traceability and guarantee of the movement and of the noble and precious materials with which it is made.
The exterior shows creativity, originality, authenticity and distinctiveness

Precious watches:
The same movement and complications as technical watches (see above) or a "non-mechanical" movement in order to respect the aesthetic requirements of precious creations.
Exceptional emphasis on the exterior elements, demonstrating unique creativity and embracing the mechanical and aesthetic requirements of a fine jewellery watch (originality and authenticity).
The movement and exterior are made from noble materials and set with precious stones of certified origin.

The Brand proposes collections of one or several types of product among which Fine Watches are significant in both quality and quantity.

Through its distinctive Fine Watch products, the brand must demonstrate:

Culture and expertise
A proven commitment and capacity to invest in research and development
A commitment to preserving, developing and transmitting this unique expertise, in particular by training young watchmakers
Legitimacy and heritage for traditional brands; personality and originality for contemporary brands
A specific DNA; the brand is acknowledged and respected by connoisseurs
A selective and qualified sales network
Competent and quality after-sales service
International communication in keeping with the values of Fine Watchmaking
Active contribution to the fight against counterfeits and servile copies
To date, 60 Technical and Precious Fine Watch brands fall within the perimeter defined by the Steering Committee. Of these, 28 (in gold below) are already partner to the Foundation and involved in its various cultural activities:

A.Lange & Söhne, Alain Silberstein, Andreas Strehler, Antoine Preziuso, Audemars Piguet, Baume & Mercier, Beat Haldimann, Blancpain, Bovet Fleurier, Boucheron, Breguet, Breitling, Bulgari, Cartier, Chanel, Chopard, Corum, De Bethune, De Grisogono, DeWitt, F.P.Journe Invenit et Fecit, Franck Muller, Girard-Perregaux, Glashütte Original, Greubel Forsey, Vianney Halter, Harry Winston Timepieces, Hautlence, Hublot, IWC, Jaeger-LeCoultre, Jaquet Droz, JeanRichard, Kari Voutilainen, La Montre Hermès, Maîtres du temps, Manufacture Contemporaine du Temps, MB & F SA, H. Moser & cie, Montblanc, Omega, Panerai, Parmigiani, Patek Philippe, Paul Gerber, Perrelet, Piaget, Philippe Dufour, Richard Mille, Roger Dubuis, Rolex, Speake Marin, TAG Heuer, Thomas Prescher, Ulysse Nardin, Union Glasshütte, Urwerk, Vacheron Constantin, Van Cleef and Arpels, Vincent Bérard, Zenith.




No meu pedestre, e resumido entender,....... "in-house" é a chave...........a palavra artesanal é o chaveiro!..................esmero, qualidade, precisão, e complicação..........é a fechadura! (ciclo fechado)

Abs

Gravina

HumbertoReis

Ao tentar explicar, me dei conta que a definição é mais filosófica, mesmo, como propõe o Igor.

Pra mim, para pertencer à alta relojoaria a empresa teria de possuir tecnologia para a produção de movimentos com complicações do tipo Equação do Tempo
ou Turbilhão.

flávio

Gravina e demais

Essa definição da FHH é o troço mais subjetivo que já vi na minha vida e define os contornos da discussão lançada pelo Igor ainda na Europa, e que me pegou de jeito.

Colocar a Rolex na rodada é um perigo porque há os passionais. Eu, por exemplo, sempre fui muito fiel: gostava da marca, mas não tanto assim. Achava (acho) a Omega algo mais interessante para meus olhos.

Por outro lado, poderíamos pegar uma marca surgida ontem, como as do portfolio British Masters, e pensar: qual a tradição desse troço?

A Omega mesmo. Ela tem uma linha que vai de relógios de 2 mil dólares a 200000. A Rolex idem, muito embora não faça nada " complicado".

Na minha mente, quando comecei a prosa de boteco com o Igor, coloquei na minha cabeça um preconceito: "ora, marca de alta relojoaria tem que fazer algo desafiador".

Aí o Igor falou. E o que seria isso? Comprar, como a Hublot fez, uma fábrica de movimentos top, colocar sob seu guarda chuvas e, mesmo sem tradição, "transformar-se" num dia para o outro em algo "pica grossa"?. Aliás, coincidências à parte, quem colocou a marca no mainstream foi o Biver, que fez a mesma coisa com a Blancpain que, convenhamos, antes dos anos 80, paradoxalmente, era uma merda de marca.

E retornamos à questão. A Rolex fabrica cerca de um milhão de relógios ao ano com qualidade indiscutível, tudo feito em casa, o que não é fácil. Quantos Rolex já ouviram falar que deram defeito por projeto, por montagem mal feita, etc? Aí você pega uma fábrica mais ou menos que lança no ano uma série com 5 turbilhões comprados de terceiro e essa se transforma em alta relojoaria?

Sei lá...Como já disse aqui, essa conversa de in house, magos fazendo relógios, etc, é algo que pouco existiu na indústria relojoeira e Breguet é seu maior exemplo: o cara fez pouquíssimos relógios na sua vida. Aliás, era impossível ter feito 5 mil relógios sozinho. Comprava tudo de terceiros, mas tinha NOME, exigia controle de qualidade rígido e, enfim, era alta relojoaria, mesmo nos seus relógios mais simples.

Em síntese, acho que a tradição e esmero na construção definem a alta relojoaria. O problema é compatibilizar as duas coisas. Vejo fábricas que possuem ambas qualidades ao mesmo tempo. Ok. Mas há uma linha tênue em marcas que possuem uma das duas. E aí? Só para pensarem. Ninguém nega que um Seiko militar não seja alta relojoaria. Mas a Seiko tem potência, pois faz relógios de espantar, como os GS. Mas a Seiko como um todo é alta relojoaria? A Tissot - que na minha opinião é a correspondente da marca no mundo Suíço - é?

Enfim, perguntas e pensamentos sem resposta.


Flávio

melao

Eu acho que alta relojoaria tem a ver com esmero na produçao,montagem manual,criterios rigorosos e nem tanto por marcas..O primeiro que me vem a mente sao os relogios da A.Lange e Sohne.Tenho um DVD da marca e o que eles fazem é incrivel.Ficar dias polindo manualmente uma peça até chegar ao objetivo.Usar chatons de ouro para fixar os rubis.Engrenagens polidas manualmente para melhor precisao  e outros tantos diferenciais.
Tambem acredito que uma marca nao é só alta relojoaria.Podem fazer relogios em massa e tambem produzir peças que podem sim ser representantes deste nicho.
Um exemplo que eu acho interessante é a IWC.Alem da linha dita normal eles tem peças como turbilhao,repetiçao,o proprio Grand Complication que recebem uma atençao bem maior da fabrica.
Até a Orient que produz em massa relogios baratos tem na minha opniao seus representantes na alta relojoaria.Como os maravilhosos Orient Star Royal.
nao sei se me expressei bem,mais meu pensamento segue nesta linha.Nao existem marcas de alta relojoarioa e sim relogios de alta relojoaria.

Gravina

Citação de: flavio online 13 Junho 2010 às 21:05:19
Gravina e demais

Essa definição da FHH é o troço mais subjetivo que já vi na minha vida ...........
Flávio

;D ;D ;D

Bingo!!!! ;).......

Abs

Gravina

Ps Parece que a "chave" do meu parco entender, é  pura utopia ......nestes nossos dias ;)

ACPavanato

Penso que a indústria de relógios, para ser melhor entendida, deveria ser vista como a indústria automobolística.

Tem para todos os gostos e bolsos!  ::)  ::)  ::)

Alta relojoaria é para qual público a indústria tem seu foco direcionado.
Acho que, se a alta relojoaria produz 100% para o público "da alta $$$$" - é alta relojoaria.

Se produz algo para ser vendido em "série" deixa de ser "considerada" alta relojoaria, e isso não quer dizer que não tenha suas qualidades!

É mais ou menos assim que penso sobre este assunto.

Abraços!

ACPavanato

Adriano

Putz, eu tenho que pensar nisso antes de responder qualquer coisa.

Também acho que há muitos fatores. Por exemplo, tradição, história, contam, certo? Mas como considerar isso em casos como a Tissot? A marca é tradicionalíssima, fez modelos que são muito exclusivos, que são a cara da Tissot, e sempre relembra sua história nesse sentido, como o revival dos PR 516 sob o nome de PRS 516, entre vários outros. E o novo Visodate, e a belíssima linha Heritage? A marca já fez movimentos próprios, e nunca abandonou suas raízes. E é um símbolo mundial de relógio suíço. É uma marca absurdamente presente em todo o mundo! Mas, o que ela faz hoje em termos de relojoaria, no sentido mais técnico? Ela monta máquinas dentro dos relógios que desenham. Então com todos esses requisitos, de ter tudo para estar no "topo", não está, porque monta relógios e vende a preços baixos.

É justo desclassificar a Tissot, com tudo que ela tem, do ranking de "alta relojoaria" ou "fina relojoaria" só por causa dos ETA's G10 e do preço?

Putz... é só uma reflexão. Haja cachaça para chegar a qualquer conclusão!

Abraços!

Adriano

HumbertoReis

A definição do Pavanato se ajusta bem à realidade, melhor do que tentarmos fixar esta ou aquela marca como 'alta relojoaria'.

Sim, pois o mercado é de alto ou baixo custo e o produto se ajustará ao mercado, podendo estar nos dois extremos com a mesma marca, a depender da filosofia da empresa. Sendo assim, a manufatura poderá estar no mercado de alta relojoaria ou não, sendo tradicional ou não.

Byron

Caros, embora não entenda patavina da questão, cometo minha ideia (sem acento, agora):
Creio que "alta relojoaria" nasceu assim, é genética, predisposição...qual seja: tradição.
Tem que ter lá o "since", o "depuis", concordam?
A mim não me adianta neguinho comprar hoje uma fábrica, empanturrar o relógio com turbilhões, calendários eternos e depois sair cobrando os óio-da-cara pelo troço!!

Abraço.
" J'ai plus de souvenirs que si j'avais mille ans."  C. Baudelaire

mestreaudi

Difícil...

É um conjunto de fatores!
Tradição é um deles, assim como "in house" é outro!
apenas 2 exemplos....

Abs!
Rafael.

Alberto Ferreira

Salve!

Eu creio que o "xis" nem seja o fato de ser uma pergunta sem respostas.
Para mim, a coisa estaria mais para uma pergunta com várias respostas.

A qualificação "alta" já é por si só subjetiva.
E, ainda na minha concepção, ela "elencaria" uma série de atributos, que não são excludentes.

- Ter a capacidade de criar (eu disse criar) peças "in house" é para mim uma delas.
- Ter uma característica de "exclusividade", nada (tanto) "déjá vu", digamos assim, é outra, mas sem contudo estar necessariamente "criando" coisas novas a cada momento...
- Tradição.
- Manter uma "aura" (e aí a coisa fica mesmo subjetiva  :D) que para quem "qualifica" seja visível e sensível embora por vezes difícil de dizer exatamente o que é.


E a maior dúvida, na minha opinião,...

Alta relojoaria é sempre uma característica da marca ou de alguns produtos (que podem ser todos) e...
É para sempre?
Sempre?


Abraços a todos,
Alberto

mestreaudi

Citação de: Alberto Ferreira online 14 Junho 2010 às 09:47:42
Alta relojoaria é sempre uma característica da marca ou de alguns produtos (que podem ser todos) e...
É para sempre?
Sempre?


Abraços a todos,
Alberto

Eu creio q definitivamente não é para sempre!!

É uma característica q deve ser mantida!
Rafael.

EduBSB

O que pude "absorver" é que, pelos próprios pressupostos, é dificílimo não associar uma marca defininida como de "alta relojoaria" a muito, muito $$$$$ :'(.


                                                                                                                 Edu.