César, você vai me desculpar, mas conquanto seu SM 300 seja lindo e novo, o que faria com que eu gostasse de ter um, já que não curto relógio com cara de museu, ele é um "franken".
Como ressaltei acima, um relógio seria atestado pela própria fábrica como the real deal original da época se e somente se todos os números de série batessem. Tem uma pegadinha aí, como quis indicar acima nos meus textos. A fábrica, estando os números de série compatíveis entre si, o que só existe em praticamente três peças, não conseguiria, ela própria, deixar de afirmar a absoluta originalidade e, dependendo do caso, "mint" (alidade) da coisa.
Por outro lado, seu relógio tomaria fumo na hora de qualquer colecionador, ainda que com todas as peças "originais", simplesmente porque número de movimento (contido apenas na platina), não bate com o restante.
Aí voltamos aos exemplos da Rolex acima descritos. Relógios desse naipe, ou seja, relógios normais, nunca foram "para colecionar". Era mero objeto de uso. Assim, não era anormal que peças gastas fossem trocadas na revisão. Aliás, a obrigação do relojoeiro é entregar-lhe o relógio na melhor condição possível.
Tenho certeza, portanto, que no passado muitos chegaram com seus relógios Rolex numa autorizada e, vendo seus marcadores em trítio já amarelados pelo tempo, conquanto os mostradores em bom estado, pediram para trocá-los. Muitas vezes a Rolex não tinha os mostradores de época, e os atualizou. Problema nenhum...
O problema foi esses relógios terem virado com o passar do tempo peça de colecionador. E um colecionador quer o modelo tal qual saiu da loja, "não atualizado", ainda que corretamente falando, pela Rolex.
Nesse quesito, o exemplo em nada difere dos colecionadores de carro que restauram seus veículos com peças da referência do carro. O que não pode é pegar uma BMW 320, sei lá, da década de 70 e colocar um para choque dos anos 80, ainda que o carro só tenha mudado, sei lá, a furação do para choque. Mudou a originalidade.
O que me causa espanto, pelo que ouvi falar, é a Rolex, sabendo disso nos dias de hoje, negar-se a devolver o mostrador antigo para o dono em eventual revisão.
Um cara que não coleciona mas ainda vê o relógio como futuro bem para negociar, pode querer usar seu Rolex como novo e, por causa disso, trocar voluntariamente na autorizada o mostrador de dez em dez anos, por achar que está amarelando. Se a Rolex se dispor a arruma um mostrador "vintage" do seu estoque, mas zero, tudo bem. Se resolver mudar a referência, tem a obrigação LEGAL de devolver o antigo.
Resumindo. Acho que todo colecionador quer o relógio tal qual este saiu da loja, ainda que restaurado, COM PEÇAS DA ÉPOCA E DAS REFERÊNCIAS CORRETAS. Afinal, não há colecionador que irá conseguir descobrir se relógio x ou y ficou ou não guardado numa caixa ou foi remontado com peças de época. Isso é impossível.
Mas colecionador PURISTA algum quer relógio com referências diversas no mesmo relógio, ainda mais com números de séries diversos entre os componentes que possuem tal numeração.
Flávio