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Aftermarket ou não, eis a questão...??

Iniciado por Jefferson, 07 Setembro 2010 às 16:11:32

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Jefferson

Olá pessoal,

Gostaria de iniciar este debate pela seguinte razão: acumulei alguns Seikos que desejava bastante. Porém, ainda não tenho nenhum exemplar de diver.

Pretendo adquirir um vintage no futuro, mais especificamente o modelo 6309 - 7040.

No entanto, percebo que aqueles dotados de mostrador, ponteiros e aplique do bezel originais são os mais caros.

Pode-se encontrar modelos mais baratos, mas geralmente dotados com as referidas peças do tipo aftermarket.

Daí pergunto: mostradores, ponteiros e adesivos de bezel do tipo aftermarket, são necessariamente produtos de baixa qualidade?

Entendo perfeitamente que para o colecionismo a completa originalidade de uma peça é o mais importante. Mas se o interesse é curtir o relógio, a diferença em termos de desenho, durabilidade contra oxidação e outras características é muito grande?

O que os colegas pensam a respeito??  ???

Abraços,

Jefferson

HumbertoReis

Penso que vale aquilo que é bom pra você.

Curto carros antigos e posso afirmar que nos últimos anos houve uma mudança na postura da maioria das pessoas do ramo, em relação ao conceito do que é bom e do que é repugnante. Me explico:

Hoje em dia é comum encontrar espaço nos encontros de carros antigos reservados para os hot cars, veículos com a 'carcaça' antiga, mas customizados ao gosto do dono. Tais carros não eram bem vistos antes pelo grupo antigomobilista, por apresentarem mudanças no motos, no acabamento e outros detalhes.  Com o passar do tempo, os antigomobilistas 'puristas' perceberam que era melhor alguém retirar um modelo antigo do ferro-velho e dar-lhe vida do que deixar o carro às traças. Hoje, o grupo dos hot cars cresce e tem sua valorização dentro do mercado antigomobilista.

Se transferirmos o conceito atual no antigomobilismo para a horologia, conseguiremos responder claramente sua pergunta.

Paulo Sergio

Olá...
Boa colocação do amigo Humberto!!!
No meu modo de ver, digo que vale muito como o amigo quer sua peça...
Explico - tenho relógios que têm "algo por fazer", tipo uma reforma no mostrador... só que não vou fazê-la, pois creio, sem radicalismos, que a peça "perderia" muito... e nem estou falando no valor, falo no que ela representa!!!  ;)  ;)  ;)
Agora, quanto ao caso das peças "after", até onde sei, não seriam como, por exemplo, "peças de segunda", do tipo de um "paralama não original", como vemos em peças para carros...
Em relojoaria, principalmente quando se trata de "retornar ao estado original", a coisa é outra amigo!!!  ;)  ;)  ;)
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Alberto Ferreira

#3
Salve, amigos!
A pergunta é simples, mas a resposta pode ser "complexa".
Para quem se interessa pelo tema das "restaurações", bem entendido.

Eu vou tentar enfocar a questão pelo lado pragmático da (construção da) peça original versus as de "reposição".
E, obviamente, eu não estarei falando das chamadas "tunagens", ou se preferirem, das personalizações, etc.
Digamos, que apenas tentando ver por um outro ponto de vista. Sem ficarmos "agarrados" às questões da "originalidade", etc.

Pois bem,...
Neste "conceito", o que seria (de fato) uma peça "aftermarket"?
Seriam estas peças sempre ruins?  Seriam sempre piores que as originais? Por que?
São uma opção válida? Por que nós precisamos delas?
::)

Para mim, estes são os pontos.
E as respostas devem considerar vários fatores, que muitas vezes nós nem sequer temos como "avaliar" ao certo.

Uma peça "aftermarket" (nome genérico) pode, e muitas vezes é mesmo, ser um mero sinônimo de um componente "falso" (no sentido de ser enganador quanto à qualidade), o famoso "denorex".
Picaretagens e soluções que visam apenas "parecer ser", aqueles componentes que visam apenas o lucro, sem nem passar perto dos princípios de construção do componente original. Pinturas mal feitas, detalhes mal aplicados, medidas a "olhômetro, usinagens "precárias", materiais idem, etc.

Aí, meus amigos, elas são piores ou, melhor dizendo, são ruins mesmo.
E eu não falo apenas da estética, e dos seus detalhes, eu falo de pura falta de qualidade mesmo.
Aquele mostrador que descasca, o insert do bezel que cai, os ponteiros que não encaixam bem, que oxidam em seis meses, e por aí vamos.

Mas,...
Aí também cabe o critério, a paciência, para encarar, ou não, a "solução" (temporária ou não) que nós nos permitimos aceitar, simplesmente por não haver alternativa imediata.

O problema, a meu ver, é que os alhos e bugalhos podem tornar uma experiência "válida", ou não.  :P
E, infelizmente, não há muitos comparativos (quanto à vida útil, etc).

Há peças de reposição (fabricadas por terceiros) de qualidade aceitável?
Sim, há. E, provavelmente muitas seriam até uma opção...  ;)

Mas,...
E quando quem "pondera" é um "amante dos vintages"?...
Pois é...
O pior de tudo é deixá-los na gaveta.

Então, com estas considerações em mente, por que não "arriscar", mesmo que seja enquanto esperamos uma solução melhor...
Se é que ela existe.
;)

Um abraço a todos!
Alberto

Jefferson

Olá pessoal,

Muito interessantes as colocações de vocês.

Eu tenho pensado a respeito já faz algum tempo.

Quando leio um relato sobre a compra de um vintage, percebo sempre aquela expectativa em torno da certeza se as peças (especialmente estas que citei anteriormente), são originais (sejam "nativas" do relógio, ou repostas, mas as chamadas NOS), ou se há alguma peça genérica na composição.

A maior satisfação e mesmo valor comercial em torno de um relógio com peças totalmente originais é óbvia e justificada, mas confesso que, para determinados casos, eu não me importaria de um relógio com peças aftermarket. Certamente, desde que a qualidade fosse aceitável, ou seja, peças com as mesmas características das originais, apenas a diferença de que são produzidas para reposição.

Seguindo o paralelo feito pelo Humberto, conheço razoavelmente bem o caso das motos inglesas antigas. Motos dos anos 1930, 1940, etc (Tenho uma BSA M20 1948, que está "no fundo da gaveta"  ;D).

Suas peças tornam-se cada vez mais raras de serem encontradas. Peças NOS então... :-\

Ocorre que surgiu na Inglaterra e nos EUA uma verdadeira indústria especializada em produzir réplicas das peças originais destas antigas. Acho fantástico. Isso garante a possibilidade de mais motos serem restauradas e preservadas.

Seguindo este raciocínio, imagino que os estoques de peças NOS para relógios devem estar se tornando cada vez menores.

Seria muito positivo se essa "indústria" do aftermarket se qualificasse.

Algum dos colegas teria uma experiência para nos relatar sobre tais peças?

Abraços,

Jefferson

Cigano

Nossa, que aula os senhores estão nos passando!!
Por isso adoro este fórum, aind mais que sou chegado em um vintage!!

Fico muito grato ao Jefferson por abordar esse tema, e aos mestres "Alberto e Paulo Sergio e Humberto" por explicarem melhor essa coisa do "aftermarket", que para que gosta de vintage e tem alguns para recuperar, as vezes a opção que nos resta é só elas mesmo, peças "aftermarket"

Tem gente que coloca uma até achar uma original em condições "usáveis"
Abraços,
Cigano!

shun

Jefferson, no caso do 6309-7040 faça questão de um mostrador original, o bezel insert e o jogo de ponteiros encontram-se "aftermarkets" de boa qualidade.. Já no caso do mostrador dá pra notar instantaneamente um aftermarket de um original..!

Adriano

Eu defendo que, quando o assunto é restauração, não existe regra: cada caso é um caso, e não me refiro ao modelo, mas sim ao exemplar. Cada relógio deve ser analisado isoladamente para decidir qual abordagem tomar.

Por exemplo, dentro da própria gama dos 6309, sou mais permissivo para os 6309 e bem menos para um 6306, quando o assunto é originalidade.

Também penso que não é simples resumir as peças entre originais e paralelas. Existem as originais de época e do exemplar. Existem as originais de época mas de outro exemplar, que foi removida para ser colocada nele. Existem as originais, mas novas. E existem as paralelas ou aftermarket. E dentro destas, há as de boa qualidade ou não. Cada qual tem seu valor e isso varia de peça para peça.

Vidros de acrílico são peças que raramente desvalorizam um relógio se não forem originais. Claro que temos os casos específicos como da Omega, que possuem o emblema. Mas em muitos casos é uma peça cujo peso é pequeno.

E, repetindo, defendo que cada caso seja analisada isoladamente, mas costumo seguir, para mim, a máxima de que não suporto relógio feio, com cara de detonado. Logo, se eu puder ter o relógio todo original com cara de novo, ótimo. Senão, parto para a troca de peças. Prefiro peças aftermarket do que originais com aparência de sucata.

Para o caso do 6309, minha sugestão é: se quer um, e um todo original está difícil de achar ou caro demais, pegue um reformado com peças aftermarket. Use e relaxe. Uma hora aparece um todo original, e aí avalie se vale a pena comprar. O que quero dizer é que não fique esperando aparecer o modelo perfeito. Pode ser frustrante.

Abraços!

Adriano

Alberto Ferreira

Citação de: Adriano online 07 Setembro 2010 às 23:57:00
...
... sou mais permissivo para os 6309 e bem menos para um 6306, quando o assunto é originalidade.
...


Salve!
Interessante, Adriano.  ::)

Mas por que você pensa assim?

Um abraço,
Alberto

Adriano

Citação de: Alberto Ferreira online 08 Setembro 2010 às 19:26:01
Citação de: Adriano online 07 Setembro 2010 às 23:57:00
...
... sou mais permissivo para os 6309 e bem menos para um 6306, quando o assunto é originalidade.
...


Salve!
Interessante, Adriano.  ::)

Mas por que você pensa assim?

Um abraço,
Alberto

Pelos simples fato da raridade maior do 6306. O 6309, queira ou não, é um relógio bastante comum. Não existe nada de especial nele nesse quesito. É um relógio mais para uso do que para coleção mesmo, salvo algumas versões/referências mais raras. Quando a coisa vai para um 6306, exclusivo do mercado japonês, a coisa muda: é bem mais raro, e bem mais um item de coleção do que de uso. É muito mais valorizado, como um todo, e o próprio mercado mostra que um 6306 é infinitamente mais valorizado quando está todo original. É uma coisa louca, mas é o melhor exemplo de que cada exemplar deve ser analisado isoladamente. Afinal, tirando um pequeno detalhe técnico aqui ou ali (presença do hack, por exemplo), o 6306 é o mesmo relógio que um 6309. Mas há um abismo entre os dois no quesito "colecionável".

Abraços!

Adriano

Alberto Ferreira

Okey-dokey!  :D

Eu concordo, Adriano!

Grato!
Alberto