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Weimaraner

Iniciado por solano, 17 Novembro 2010 às 07:01:44

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solano

Weimaraner

Já fui criador dessa raça de cães, são superiores e especiais, e tenho algumas estórias para contar. Meu Pai, um eterno otimista, gostava de animais e mais ainda de aparecer, vaidoso, estava sempre na vanguarda de seu tempo. Ainda pequeno, na época da construção de Brasília, o engenheiro José Solano por lá trabalhou e, como bom aventureiro, achou na estrada um filhote de avestruz o colocando no carro, trazendo a ave para conhecer a cidade maravilhosa. Na ladeira do Leme tinha uma bela casa com um pátio grande aonde a ave seria cuidada pela minha mãe ( sobrava sempre prá ela ) e ele tomaria seus whiskys acompanhado das estórias do planalto central e amigos incrédulos, esse era o plano ! Falhou... O bicho sobreviveu uma semana e foi de encontro ao Padre eterno, morreu de fome, tadinho. Não , por favor, meu querido Pai não era má pessoa não, ele não deixou de dar milho, farinha com leite, migalhas de pão, e outros alimentos para a penosa. A moça não comia, simplesmente. O velho entrou em contacto com biólogos e estudantes do assunto, só que não se tinha celular nem o papai Google para ajudar e quando chegou o solução o óbito já tinha ocorrido. Explico : A mamãe Avestruz bota seus ovos e antes de chocá-los bica um e deixa lá apodrecendo, os outros quando saem vão comer as moscas do irmão morto, e assim a espécie sobrevive nos primeiros dias. Esse meu Pai...
Voltemos aos cães. Com mesmo espírito de vanguarda e exibição pessoal o Coroa passou na casa do Moogen , um biólogo famoso da época, e após a sua conversa fantástica e sábia, fez amizade com o cientista. Esse homem tinha os Weimaraners , um cão diferente e raro, lindo, pêlos prateados, olhos claros, belo porte e grande caçador. Papai voltou com a cadela no carro, tal qual o filhote de avestruz do passado, com uns quatro meses de vida eu vi Iaba, uma paixão logo de cara e um projeto de renda extra. Jovem, já morando em Ipanema e com casa no Alto da Boa Vista resolvi criar os cães. Munido das informações básicas e desfilando com aquela belezura fiz uma pesquisa de campo e vi um negócio bem rendoso : Investimento ZERO, custo de manutenção ( comida ) ZERO, venda FÁCIL, preço ÒTIMO, então nasceu meu canil de weimaraners, sucesso total ! Vendi alguns, e quando estava prosperando me mudei para a barra da tijuca, avenida " F " ( hoje Adilson Seroa da Motta), quadra da praia e me desfiz da criação, sem antes trazer a cadela Tula, filha de Iaba . Tulinha era um amor, conquistava todos com seu suspiro ao sentar e no cruzar elegante das pernas. Corria comigo na praia da barra, atrás dos pombos; era lindo vê-la tentar pegá-los, sem sucesso, mas com aquele porte de caçadora, que ao chegar perto da presa " congelava ", isto é, a clássica pose de três patas no chão e a outra suspensa no ar, dobrada, prenúncio do ataque fatal ! Bons tempos de praia vazia. Barra da Tijuca limpa, mar caribenho todos os dias, saudades... Taciana tinha medo de todos os cachorros nessa vida, menos de Tulinha. Tulinha sabia das unhas treinadas da patroa e ao vê-la corria com seu focinho frio para o meio das pernas dela e suspirava esperando a divina carícia na cabeça. Bem, nem tudo é maravilha e a danada tinha problemas digestivos, com uma fabricação espetacular de gases tóxicos, coisa de louco! Porém, tudo tem um ponto positivo pois quando em uma reunião familiar algum conviva soltava um traque a coitada levava a culpa " Foi Tulinha ", escurralada para fora aos gritos de Mamãe saía ela, cabeça baixa, para o jardim e o mão pálida se safava do vexame.
Eles são animais especiais e com uma boa dose de sorte você pode ter um " Buck " na sua vida. Meu amigo de colégio, infância e bar, foi convidado a levar para sua casa um belo macho, que escolhi em prova da minha forte amizade. E lá foi Luiz com aquele cachorrinho de 3 meses, já vacinado e rabo cortado ( Eu mesmo aprendi a cortá-los nas ninhadas, era fera nisso ! ), a cabeça de formato quadrado, pequena mancha no peito, cor adequada e patas grandes, um belo exemplar de weimaraner. O fato é que esse amigo morava no Flamengo em um apartamento que tinha uma área pequena, não adequada para receber o novo habitante. O plano " B " era , em caso de recusa da Mãe ( Dona Lúcia ) o quatro patas voltava lá prá casa e seria vendido, mas o bicho era charmoso e bonito demais! Aqueles olhos azuis conquistaram a família Castro, não deu outra, virou um ente querido da casa. Ele cresceu com o carinho habitual e a disciplina do meu querido Luiz e foi o animal mais humano que conheci : Educado, comportado e obediente ! Aprendeu a andar sem coleiras e atravessar a rua. Seu " playground " era o aterro do Flamengo, uma festa ! Ele corria feliz da vida, nas gramas, pegando as bolas que Luiz jogava, até um fatídico dia que a namorada do Antonio, tio do cão, levou o bichinho para andar de bicicleta com ela na pista escaldante do aterro ! Que sofrimento ! O animal foi até o MAM com aquelas almofadinhas que a espécie tem nas patas, um amortecedor natural, e voltou sem. Vocês já checaram um hambúrguer que está sendo feito com o pão por cima e dá aquela levantadinha prá ver o ponto da carne, uns 30 graus de inclinação já é o bastante para ver o cozimento, né ? Assim estava o Buck, com 4 hamburgers nas patas, olhos vermelhos e lacrimejantes, com Tereza a reclamar de Luiz " Você disse que esse cachorro corria, que decepção... " o bichinho mancava e olhava para o Pai em um suplício final " Me afaste dessa mulher " . E lá foi Luiz colocar as patas do bicho " on the Rocks ".
Nossa casa em arraial era um paraíso e BUCK sabia que o mar era gelado, tanto que, ao olhar Tereza, corria desesperado para água, estranho isso, nunca entendi, cachorro tem cada coisa esquisita... Outro drama era CHOPP, um animal grande, pesado, e morador da praia grande, um boxer. O tal cão odiava o Buck, latia desvairadamente ao vê-lo, ódio mortal : Um feio e preso , o outro lindo e solto, de férias ! Sacanagem ! E aí se deu o embate, a tal bebida alemã se soltou das ferragens que o prendia e em um átimo correu na direção de Buck, indefeso adolescente, uma luta de um atleta de vale tudo com o cantor Fiuk, um cheiro de morte emergiu da areia branca , nós tínhamos que salvar o Buck ! Foi feito com coragem e valentia ! Cadeira de praia quebrando, barraca no quengo do cachorro e pau comeu, quando num lance de habilidade, entre uma dentada e outra, nossa vítima foi resgatada com vida.
Hoje sinto falta de um cão, amigo e parceiro, e se um dia você leitor quiser viver essa alegria animal tenha um weimaraner, com muita sorte e benção divina um outro Buck pode reaparecer aqui na face da terra mas longe, bem longe do aterro do Flamengo.

Roberto Solano
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

Arrais


Solano...

escreve um blog...e conta estas historias todas. Eu seria um leitor fiel...de verdade. Gosto de ler os teus relatos...São muito bons!

Um abraço

Arrais
Easily satisfied with the Best

DAURIA


Solano,
Gostei muito de ler a sua história e me identifico totalmente com esta "alegria animal".
Há muitos anos que meus filhos me pediam um cachorrinho. Considerando que trabalho muito e vivo estressada nunca quis encarar esta responsabilidade.Eu só conseguia visualizar o trabalho envolvido nisto e não o prazer.
Há dois anos, quando minha filha mais velha completou dezoito anos e começou a cursar veterinária, achei que podia dividir a tarefa com ela e com o meu filho e, num ato de coragem, comprei a Charlotte. Morando num apartamento de 90m2, trabalhando o dia todo fora, com casa, marido e filhos pra tomar conta, treinando para a meia-maratona, achei que não era o bastante e comprei a cachorrinha. Para a maluquice ser completa, a Charlotte é uma PASTORA SUIÇA. Tinha que ser suíça como nossos relógios.
Pois bem, passado o choque inicial, posso dizer que tenho em casa uma massa peluda de aproximadamente 30 kg que é nossa fonte constante de amor e alegria.Já faz parte da nossa família e, apesar da minha casa ter pelos por todo lado,tem muito bom humor, amor ,carinho e aquela carinha linda  nos acompanhando com o olhar o tempo todo. Quando temos um bichinho destes convivendo com a gente, se aprende a amar e respeitar os animais. Muitos humanos deveriam aprender algumas lições de vida com eles.
Grande abraço,
DAURIA

solano

Citação de: Arrais online 17 Novembro 2010 às 15:05:24

Solano...

escreve um blog...e conta estas historias todas. Eu seria um leitor fiel...de verdade. Gosto de ler os teus relatos...São muito bons!

Um abraço

Arrais

Amigo

Isso me alegra muito ! :D A minha mulher quer editar um livro de crônicas e poesias...

Abs,
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

solano

Citação de: DAURIA online 17 Novembro 2010 às 16:06:43

Solano,
Gostei muito de ler a sua história e me identifico totalmente com esta "alegria animal".
Há muitos anos que meus filhos me pediam um cachorrinho. Considerando que trabalho muito e vivo estressada nunca quis encarar esta responsabilidade.Eu só conseguia visualizar o trabalho envolvido nisto e não o prazer.
Há dois anos, quando minha filha mais velha completou dezoito anos e começou a cursar veterinária, achei que podia dividir a tarefa com ela e com o meu filho e, num ato de coragem, comprei a Charlotte. Morando num apartamento de 90m2, trabalhando o dia todo fora, com casa, marido e filhos pra tomar conta, treinando para a meia-maratona, achei que não era o bastante e comprei a cachorrinha. Para a maluquice ser completa, a Charlotte é uma PASTORA SUIÇA. Tinha que ser suíça como nossos relógios.
Pois bem, passado o choque inicial, posso dizer que tenho em casa uma massa peluda de aproximadamente 30 kg que é nossa fonte constante de amor e alegria.Já faz parte da nossa família e, apesar da minha casa ter pelos por todo lado,tem muito bom humor, amor ,carinho e aquela carinha linda  nos acompanhando com o olhar o tempo todo. Quando temos um bichinho destes convivendo com a gente, se aprende a amar e respeitar os animais. Muitos humanos deveriam aprender algumas lições de vida com eles.
Grande abraço,
DAURIA


Dauria

Que bom que tens esse carinho especial pelos cães, são animais fantásticos e nos ensinam muito, principalmente ás crianças.

Obrigado por ler o texto ! ;)

Abs,
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

Jose Luis

Tenho dois Golden Retriever, Truck e Tequila.  Já correram, nadaram (se atiravam das pedras em frente ao restaurante Rios) e brincaram muito no Aterro.  Hoje como são idosos, tem dez anos, não tem mais pique para isso.  São grandes companheiros e nos seguem o tempo todo, um amor completamente incondicional.
"A vitória ou a derrota estão nas mãos dos deuses.  Festejemos então a batalha."

el guapo


solano

" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

gutozandona

Linda história Solano, somente quem conhece a cor ambar dos olhos de um Waimaraner sabe do que vc está falando!

Tive uma, a Lanna....

O Boxer é outro cão fantastico...

Abraços!

Marcelo-MS

Belo tópico!

Grande  Weimaraner!
Meu amigo tinha um desses na fazenda, o nome dele era Chicão! Lembro dos tempos de muleque que quando bebia umas a mais, danava de conversar com o cachorro que sempre me escutava muito atencioso  ;)  ;D

Pra quem não conhece a raça:


Chicão na direita e sua filha a esquerda!

solano

 Lindos animais ! Valeu pela foto ! :D :D :D :D :D Esse chicão tem cara de gostar de tomar umas e outras e ser bom de papo ! ;D ;D ;D ;D ;D
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

solano

Citação de: gutozandona online 23 Novembro 2010 às 18:17:19
Linda história Solano, somente quem conhece a cor ambar dos olhos de um Waimaraner sabe do que vc está falando!

Tive uma, a Lanna....

O Boxer é outro cão fantastico...

Abraços!

É verdade, um olhar que acalma...

Abs,
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana

leon

Que saudade do meu Perí  :'( :'( :'( :'( :'( , belo tópico amigo Solano , quando vivia no Brasil tinha um ( entre outros ),era castanho , pelo muito brilhoso,tinha a mesma idade que eu , um excelente companheiro , óptimo cão de guarda .....enfim deixou muitas saudades :'( :'( :'( :'( :'( :'(,meu pai também tinha Fila brasileiro,Bulldog,São Bernardo e um vira-lata.........bons tempos da minha infância..

Abs
Leon
MACACO ERRADO SÓ OLHA O RABO DOS OUTROS

DAURIA

Nossa!!!!Que cães lindos!

Rosanna

solano

 Dauria

A minha cadela tinha um porte de classe, ela se sentava cruzando as pernas e ,ao me olhar, suspirava... Eu ficava todo envaidecido ! 8)

Abs,
" Otempo é a insônia da eternidade "  Poeta Mário Quintana