Uma rápida análise do livro Masters os Contemporary Watchmaking

[flávio]

Acabei de ler. E, como não sou afiliado e se alguém for comprar terá que ser na Amazon mesmo, não considero propaganda indicar o "caminho das pedras". Esse preço é ridículo! Muito barato para o que o livro é:


http://www.amazon.com/Masters-Contemporary-Watchmaking-Michael-Clerizo/dp/0500514852/ref=sr_1_1?ie=UTF8&s=books&qid=1295701696&sr=8-1


O livro em si pesa uns 3 quilos, possui cerca de 300 páginas em papel de excelente qualidade e mais de 600 fotos. Mas não é um "table book" apenas com fotos bacanas. É algo interessante de se ler, gostei muito.

Aborda, em entrevistas, o perfil de 11 membros da AHCI, iniciando por George Daniels e, paradoxalmente (ou não...), terminando com o Roger Smith que, eu achava, havia sido efetivamente aprendiz do Daniels, o que não é verdade. Quando se conheceram, Smith já havia feito um relógio de forma totalmente independente e só foi chamado por Daniels para trabalhar nos Millenium Watches. Claro, o próprio Smith admite que seu senso de estética veio nessa época. Aliás, todos, simplesmente todos os entrevistados admitem que Daniels foi a grande inspiração do trabalho deles, porque mostrou que podia ser feito.

Há uma mistura de pessoas. Aqueles que encontraram a relojoaria como verdadeira fuga para as péssimas notas na época da escola, mostrando seu verdadeiro potencial em uma área tão difícil quanto a relojoaria. Outros, como Pita, que na falta de opções no seu país, seguiram a carreira acadêmica da faculdade de Engenharia e depois mudaram para a relojoaria.

Mas o principa é ver a paixão com que tratam suas criações, a vontade de continuarem independentes e um certo desapego com a questão do "dinheiro" propriamente dita, pois a maioria não faz mais do que 100 relógios ao ano (com exceção do Franck Muller, que hoje, na verdade, nem põe a mão na massa, é acionista da empresa).

Aliás, gostei de todas as entrevistas e todos se mostraram bastante humildes, com exceção, é claro, do Muller, que, na minha opinião, em que pese ter criado várias coisas que não existiam na época, pareceu-me um fanfarrão. Sim, adora o que faz, criou coisas novas, mas, tirando Daniels, que ele efetivamente exalta, parece não haver (na sua cabeça) relojoeiro melhor no mundo do que ele.

Livro muito legal. Gostei mesmo. Apresenta o lado humano do relojoeiro, as inspirações que os levaram a criar os relógios, às vezes com pensamentos filosóficos que eu nunca havia pensado, e com uma mensagem final: a "era de ouro da relojoaria não passou, a estamos vivenciando!".

Recomendo. Daria 5 estrelas para o livro se não fosse tão difícil lê-lo à noite. Ele possui letras brancas foscas sobre páginas marrom/dourado. À noite você tem que encontrar o ângulo certo para ler, senão, impossível. 5 estrelas pelo conteúdo, 4 por conta da diagramação ruim de ler (pelo menos para mim).


Flávio

[Serafim]

Obrigado pela dica Flávio!
estou terminando o Revolution in Time (que é um puta livro, muito bom) e estava mesmo a procura de uma nova coisa para ler.

Serafim

[igorschutz]

igorschutz curtiu sua publicação.

[flávio]

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Flávio