Uma pergunta aos relojoeiros profissionais do fórum sobre relógios de pêndulo

[flávio]

Antigamente, para ajuste do relógio de pulso, os relojoeiros tinham que ter saco e observá-los por vários dias. Eis que um cabra inventou o vibrograph, depois o sistema se aperfeiçoou e virou o Witchi, etc. Facilitou a vida dos relojoeiros.

Mas...Outro dia lia uma revista do BHI e notei que há timers para relógios de pêndulo. O cara até citou "nada de contar" batimentos como antes.

Fiquei a pensar. Para mim, o "antes" significava comparar o relógio a um "master" e perder tempo, muito tempo. Que história é essa de contar batimentos? Eu sei, por exemplo, que os pêndulos longos de relógios costumam ter frequência de um segundo, ou seja, o ciclo completo do arco (vai e vem) dura 1 segundo (pelo menos deveria durar, de acordo com o trem de engrenagens); nos relógios de mesa, normalmente, meio segundo. Ora, mas não dá para contar isso e usar como parâmetro, não que eu saiba!

Enfim, como vocês ajustam os relógios de pêndulo que caem nas suas mãos para conserto nos dias atuais?


Flávio

[Adriano]

Bom, a pergunta é para relojoeiros profissionais, e como nem relojoeiro sou, nem devia me meter a responder. Mas sei que para relogios grandes existem sensores acusticos de alta sensibilidade, escutando diretamente o som do escapamento, ou sensores óticos, medindo diretamente a oscilação do pêndulo.

Abraços!

Adriano

[Gravina]

Bom, a pergunta é para relojoeiros profissionais, e como nem relojoeiro sou, nem devia me meter a responder.

Muito menos, eu

Nos meus, o velho método:

Em 24 horas, atrasou, ou adiantou 1 minuto, giro uma volta e meia naquela "rosca" do final do pêndulo.........subindo, quando atrasa, e descendo quando adianta, portanto, esquerda, ou direita.

2 minutos?.........duas voltas.e assim vai...............


Abs

Gravina

[Mac1969]

Pessoas, boa noite,

Não tenho idéia mas vale uma passagem no mínimo curiosa:

Tem um relojoeiro em Moema, SP (não é o JC) que faz a última regulagem da seguinte forma:

Estando já pendurado começa a marcação das horas, 3 dias depois meu pai (o relógio está na casa dele) liga para este senhor e diz quanto atrasa ou adianta.

Com isso ele diz quantos mm tem que inclinar o relógio na parede, direita ou esquerda. Isto feito, o relógio começa a andar corretamente.

Como diria meu sobrinho.... "sinistro"......


[ ] ´s...

[Gravina]

Pessoas, boa noite,

Não tenho idéia mas vale uma passagem no mínimo curiosa:

Tem um relojoeiro em Moema, SP (não é o JC) que faz a última regulagem da seguinte forma:

Estando já pendurado começa a marcação das horas, 3 dias depois meu pai (o relógio está na casa dele) liga para este senhor e diz quanto atrasa ou adianta.

Com isso ele diz quantos mm tem que inclinar o relógio na parede, direita ou esquerda. Isto feito, o relógio começa a andar corretamente.

Como diria meu sobrinho.... "sinistro"......


[ ] ´s...

E funciona?.....até onde sei, este tipo de movimento tem relação com um melhor escape (escape ideal /nível) do pêndulo, mas isso eu tiro pelo "som"
Isso só pode ser  coisa do experiente Bartolo (pronuncia-se Bártolo)

Abs

Gravina

[Mac1969]

Gravina!!!

É ele mesmo!!! Bartolo, um senhor extremamente simpático.

Funciona sim, não me pergunte como e nem o porque...  lembrei deste causo no mês passado quando meus pais reformaram o apartamento e me chamaram para ajudar a pendurar o relógio.

Estava com o nível de bolha acertando ele quando meu pai disse que não precisava, acertaria ele corretamente via fone.

E este não é um fato isolado, avô de minha esposa, já falecido, usava o mesmo método com ele.


[ ] ´s...

[Paulo Sergio]

Desculpe, mas a lateralidade influencia na qualidade da marcha... quanto à precisão, subir ou descer a massa oscilante é o que vale!!! 
Abraço
Paulo Sergio

[flávio]

Gente, parece-me óbvio que esse lance aí do colega Bartolo é tabajarice. Relógio tem que ser colocado o mais "reto" possível e menos sujeito às interferências externas. Os reguladores de observatório, para terem uma noção, eram CHUMBADOS na parede e, não qualquer parede: em regra eram de puro concreto, mas não sofrerem variações que o planeta poderia levar para o relógio, para terem uma noção.

O ajuste, pois, é feito atrávés de vários meios no pêndulo. Nos relógios que estamos acostumados, através do regulador na ponta do pêndulo em si.

Minha pergunta não é essa. O povo ainda fica testando o relógio por dias à fio, comparando-o a um sinal, ou usa um método instantâneo, eletrônico? E que história é essa de contar batidas que li?


Flávio

[Gravina]

Relógio tem que ser colocado o mais "reto" possível e menos sujeito às interferências externas.

Sim, sim, patrão..........o senhor está mais do que correto , porém, entretanto, todavia , um relógio deste tipo pode funcionar com até, por exemplo, 20 graus de inclinação para qualquer dos lados, e funcionará corretamente, pois basta um infeliz remover a "âncora" do ângulo correto para com a roda de escape, e isso ocorrerá.(digo-lhe ainda que não é incomum ocorrer isso).............e, neste caso, se estiver visualmente no "plumo", o troço não funionará, entendes?

Quanto a questão da tal contagem, aguardo com expectativa a resposta dos profissionais relojoeiros...........tem lógica, é claro, mas tem equipamento?............não seria coisa do Bratolo Jr? .........Brincadeira, meus respeitos ao lusitano relojoeiro....sempre muito educado, e com vasta bagagem..........O Bartolo nos anos 50/60, juntamente com o relojoeiro Giudice, eram os relojoeiros do representante V&C, Piaget, etc........

Apenas uma curiosidade: Conheci o Bartolo nos anos 80, quando ele estava ainda na Rua São Sebastião - Sto. Amaro.............dele comprei um torno, pois àquela altura ele estava voltando para Portugal..........quem me assessorou nesta compra foi outro relojoeiro, que também é figura carimbada, o famoso, internacional,  televisivo " Queridão", meu amigo Jan J. Drabeck.

Putz..........tenho a impressão que nasci há 10.000, e a parte boa é que tenho muito a aprender, e estou sempre aprendendo!

Abs

Gravina

[flávio]

Ou seja, tabajarice! Seu carro estoura um amortecedor e abaixa uma das rodas. Aí, para compensar, você não compra outro amortecedor, mas estoura os demais!

Ora, estou partindo do pressuposto que tudo está correto. Nos escapamentos de âncora tabajara pode ser que isso funcione. Pegue agora um Graham, com sua roda de escape com dentes ultra finos e tente colocar o troço para rodar com 1 grau de erro no ajuste âncora/roda. Não vai!

A título de curiosidade, meu reloginho de mesa fodidaço da Herlme, todo em latão, sem compesação para nada (mas possui escapamento Graham com âncora em aço) faz 5 minutos por semana, já há dois anos, desde que comprei. Muito bom para algo com um pêndulo tão pequeno sem nada, produzido em massa. De qualquer modo: MADE IN GERMANY!





Flávio

[Gravina]

Não tenho dados estatísticos, mas creio que 95% dos escapamentos que temos nas paredes, e mesas deste nosso Brasil varonil, são do tipo que o patrão denomina de escapamento tabajara

Tratores do tipo Junghans, Gustav Becker, Mauthe, etc................sim, todos produzidos em massa, mas como duram, não?...ou melhor, duravam!

Abs

Gravina

[Pandolfi]

Olá amigos, tenhos vários relógios de parede e de mesa.
Alguns de parede têm um pino na parte de baixo que regula o prumo.
Mas a ténica é a seguinte: pendure o relógio na posição mais reta possível, com a pontinha do pêndulo posicionado naquela reguinha que tem na direção da ponta dele. Dê corda e um impulso.
Aí faz como o Gravina disse: enrosque a porquinha da ponta do pêndulo para a direita para adiantar ou para a esquerda para atrasar.
Não dá chabu.
"Chocante" como diz meu sobrinho, ou "sem noção" como dizem minhas gêmeas uma pra outra.
Abração.
Pandolfi
P.S.: não sou relojoeiro, quem me ensinou foi um restaurador.