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Como analisar um boletim de marcha?Vários questionamentos.

Iniciado por admin, 05 Fevereiro 2011 às 13:17:16

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flávio

A foto abaixo é do boletim de marcha de um relógio meu revisado recentemente pelo colega Mauro (um Omega Speedmaster Auto, calibre 1143 - base ETA 2892 com módulo Depraz) que, na minha opinião, ficou realmente excelente, como se houvesse saído da loja (o relógio é de 1998). Ao analisar o boletim de marcha que ele teve o cuidado de enviar, porém, fiquei com algumas dúvidas (na verdade, coloco esse boletim não para analisar o serviço realizado pelo colega Mauro, mas para que tenhamos capacidade de entender todos os parâmetros que são observados. Confesso, por exemplo, que não conhecia nenhum dos parâmetros da coluna direita). Vamos lá, eis a foto:



Normalmente, os relógios são ajustados em 3 posições:mostrador para cima, coroa à esquerda, coroa para baixo (normalmente as que o nosso pulso se encontra no dia à dia). Nos cronômetros, esse ajuste é feito em 5 posições.

De acordo com o manual técnico da Omega para esse calibre, que eu possuo, as tolerâncias são as seguintes:

Limite de - 9 a + 15 em todas as posições, variação máxima entre as posições de 15 segundos e amplitude mínima de 266 graus.

Confesso que acho esses parâmetros da Omega para movimentos não cronômetros muito flexíveis, mas vamos lá.

No mostrador para cima, o meu relógio em particular apresentou + 4 ou seja, dentro dos parâmetros.
O que a Omega não pede para olhar, mas olhei, foi a posição mostrador para baixo, indicada no boletim, que é de +3. Em tese, elas deveriam ser iguais, pois não há variação de centro de gravidade no balanço. No meu caso, houve variação pequena, de um segundo. Sei que também está dentro dos parâmetros de um bom relógio, mas pergunto: qual a variação aceitável e o que causam essas variações?

Na coroa à esquerda, ele se mostrou com + 07, também dentro dos parâmetros; coroa para baixo, + 9, idem. A variação entre a mínima e máxima foi de +5, também dentro dos parâmetros, e a amplitude mínima se deu na coroa para baixo, ligeiramente fora do parâmetro, muito pouco (não sei, também, se o crono estava acionado, pois isso leva a uma queda natural da amplitude).

As perguntas: no que diz respeito a variações nas posições, o que devemos buscar? Em regra, qual posição deve adiantar mais, menos, onde a amplitude deve ser menor, etc?

Observei, na outra coluna, que a abertura do escape ficou entre 0 milisegundos a 0.3. Qual a tolerância? Digo isso porque certa feita li em texto que o ideal em relógio de altíssima qualidade era essa não passar de 0.2. No exemplo citado, ficou assim, menos na posição coroa para cima.

Perguntas: o que causam as variações de abertura de escape? Por que se alteram nas posições? O que devemos buscar ao analisá-las?

Mas aí vem a novidade, como diria os caras do Pânico na TV: a coluna da direita é completamente nova para mim! Não faço a mínima idéia do que significam D, X, Xv, Xh etc! O que são esses parâmetros?


Flávio


Ps. O Mauro enviou 4 boletins de marcha de dois dias diferentes, horários diferentes, escolhi esse aleatoriamente.

Adriano

#1
Flávio, um dos parâmetros mais importantes é o "delta", que é a letra "D", que é a maior diferença entre posições. Uma diferença muito grande, mais de 15 segundos, por exemplo, já indica um pouco de distorção na espiral e/ou desbalanceamento do balanço. Para ir além nesse diagnóstico, é preciso observar não somente o delta geral, mas especialmente o delta só das posições verticais, que é o Dv.

Isso porque o delta entre horizontais e verticais é muito natural por causa da diferença de amplitude. Por isso o delta entre H e V é mais desprezível. Mas quando observado um delta pequeno nesse caso, indica ótimo isocronismo, por ter pouca variação de marcha com diferentes condições de amplitude. Balanços free-sprung se comportam melhor nesse parâmetro.

O delta das verticais é mais importante por revelar desbalanceamentos. É preciso ficar atento à ele.

Sobre a diferença entre mostrador para cima e mostrador para baixo, a teoria realmente reza que as marchas deveriam ser iguais, mas isso é utopia e é atingido por sorte. É normal diferença pois a espiral tem seu próprio peso e se distorce ligeiramente quando está com mostrador para cima ou para baixo. Além disso, o próprio jogo vertical do balanço muda sua realção com âncora e isso afeta seu comportamente também. No seu caso está ótimo, ainda mais para um não cronômetro.

Temos por hábito testar os relógios em seis posições não importando se é cronômetro ou não.

Sobre a abertura do escapamento, a tolerância geral da Omega é 0.6ms. Raramente deixamos passar de 0.4ms. Seu relógio está muito bom, para sua categoria. A variação entre posições se dá exclusivamente pela distorção natural que a espiral sofre pela ação da gravidade em diferentes posuções verticais. A espiral de Breguet reduz bastante esse fenômeno, ajudando assim diretamente no isocronismo posicional.

Por fim, oa números das colunas da direta são os deltas (diferenças máximas) representados pela letra D, e as médis representadas pelo "X". O "v" e o "h" ao lado das letras referem-se às horizontais e verticais. Logo, o "X" é  a média geral, o Xv média vertical e o Xh média horizontal. O D é o delta geral, o Dhv é o delta entre verticais e horizontais (e mostra o quanto a mplitude caiu em relação Às horizontais e verticais) e o Dv é o delta das verticais. De todos esses parâmetros lemos a marcha, a amplitude e a abertura do escapamento, todos em seus deltas e médias.

PS: o teste é sempre com crono desligado. Note no seu caso que a amplitude deu igual entre mostrador para cima e para baixo. Isso é exemplar e mostra a perfeita lubrificação das contra-pedras que mestre Mauro fez. A diferença de marcha é culpa exclusiva das caracterísitcas da espiral. Ah, e a amplitude não está baixa não, está normal naquele 266º lá.

PS2: só para fins de diagnóstico de defeitos no crono é que fazemos testes preliminares com crono ligado, para avaliarmos a variação de amplitude e sua queda com o crono ligado.

Abraços!

Adriano

Mauro

CitarNormalmente, os relógios são ajustados em 3 posições:mostrador para cima, coroa à esquerda, coroa para baixo (normalmente as que o nosso pulso se encontra no dia à dia). Nos cronômetros, esse ajuste é feito em 5 posições.


Flavio, como você mesmo informou ele somente é testado em 3 posições pelo fabricante , eu prefiro fazer em 6 porque vai me dar um regulagem mais exata, mais fiel,

Por exemplo se o balanço estiver um pouco descompensado , em 3 posições eu não tenho como verificar , e para mim se um relógio foi bem feito ou bem consertado, ele não pode variar muito de 3 , 5 ou 6 posições.

Abs,

Mauro

Mauro

O Adriano ja respondeu muita coisa , e basicamente está resolvido, mais vou dar mais algumas esplanas aqui,

CitarDe acordo com o manual técnico da Omega para esse calibre, que eu possuo, as tolerâncias são as seguintes:

Limite de - 9 a + 15 em todas as posições, variação máxima entre as posições de 15 segundos e amplitude mínima de 266 graus.

Confesso que acho esses parâmetros da Omega para movimentos não cronômetros muito flexíveis, mas vamos lá.

Para mim mais uma novidade, o coisa de Brasileiro , rsss , nunca li completamente um manual Omega , e esta amplitude mínima de 266 graus , nunca ouvi falar, nem mesmo nas formações técnicas, agora uma pergunta estes 266 graus é o mínimo na vertical ou na horizontal?

E quanto ao limite de - 9 e + 15, isso é brincadeira , nem pirata iria aceitar uma variação destas.



Mauro

CitarNo mostrador para cima, o meu relógio em particular apresentou + 4 ou seja, dentro dos parâmetros.
O que a Omega não pede para olhar, mas olhei, foi a posição mostrador para baixo, indicada no boletim, que é de +3. Em tese, elas deveriam ser iguais, pois não há variação de centro de gravidade no balanço. No meu caso, houve variação pequena, de um segundo. Sei que também está dentro dos parâmetros de um bom relógio, mas pergunto: qual a variação aceitável e o que causam essas variações?

Uma variação aceitável em mostrador para cima e mostrador para baixo é até 5 a 6 s/dia.

O que causa as variações são várias , mais podemos dizer que o tempo de vida do relógio, o estado do eixo do balanço, se ele ja teve desgaste ou não, o estado das contra pedras e dos incabloc, quando mais idade o relógio tiver , geralmente as variações de M.C. e M.B. aumentaram , mais não poderá subir muito disso.

Além do estado do espiral, que neste seu relógio parecia que veio de uma gerra, rsss, estava todo torto , o espiral deve estar bem centrado e plano, caso contrário vai dar diferença,


Mauro

CitarNa coroa à esquerda, ele se mostrou com + 07, também dentro dos parâmetros; coroa para baixo, + 9, idem. A variação entre a mínima e máxima foi de +5, também dentro dos parâmetros, e a amplitude mínima se deu na coroa para baixo, ligeiramente fora do parâmetro, muito pouco (não sei, também, se o crono estava acionado, pois isso leva a uma queda natural da amplitude).

Flávio , eu acabei não marcando os tickts, se era com crono acionado ou não, mais acho que não,

E levando em consideração o 266 graus, que para mim é um absurdo, isso não tem sentido, se for na vertical, que é o caso de coroa abaixo, mesmo assim ele estaria dentro do limite , então não considero que esteja fora,

Em resumo de todas as marcas que ja fiz formação , o que se leva em conta é amplitude em HH e HB, mostrador para cima e para baixo, mínimo 270 e máximo 325, em cima destas amplitudes temos uma queda entre 20 e 40 graus na vertical , exceto o co-axial, que as vezes a amplitude na vertical é até maior que a horizontal,

Então fique despreocupado quanto a isso.

Mauro

CitarAs perguntas: no que diz respeito a variações nas posições, o que devemos buscar? Em regra, qual posição deve adiantar mais, menos, onde a amplitude deve ser menor, etc?

Observei, na outra coluna, que a abertura do escape ficou entre 0 milisegundos a 0.3. Qual a tolerância? Digo isso porque certa feita li em texto que o ideal em relógio de altíssima qualidade era essa não passar de 0.2. No exemplo citado, ficou assim, menos na posição coroa para cima.

Quanto ao adiantar mais ou menos em alguma posição , não tem regra, tendo um conjunto funcionando legal , fazendo o teste em 6 posições, basicamente está resolvido,

Quanto ao bat error que é a abertura do escape, até onde eu sei a média mundial é 0.6 para todas as posições, claro isso é limite, e também desconheço qual marca usa este limite de 0.2 , saberia me dizer qual marca usa está tolerância ?


Mauro

Bom caros amigos,

Acho que a outra questão o Adriano ja tinha deixado bem claro,

Agora resumindo para um leigo , pegamos a tabela ao lado e consideramos apenas o primeiro Delta = D, e o primeiro X = marcha média diária.
Neste caso D=10.6 e X= 03.6 s/d, que o relógio está perfeito, não me preocuparia com mais nada,

Como foi feito em 6 posições está ótimo, mais se fosse feito apenas em 3 ficaria assim D=5 e um X=06,6 s/d , que pelos termos técnicos deste calíbre o máximo permitido é um Delta de 12 e uma variação entre -1 a +12.

Resumindo tudo dentro do tolerável,

Espero ter ajudado,

Um forte abraço,

Mauro

flávio

Mauro


Como disse, eu achei os parâmetros do boletim de marcha do meu relógio excelentes. Coloquei-o aqui para que os colegas do fórum soubesse interpretá-lo e, mais, que esquececem, de vez, essa história de marcha acumulada como sinônimo de "precisão" no relógio, o que já foi discutido muito aqui e, resumindo, não prova nada. O boletim de marcha prova, é o "eletrocardiograma" do seu relógio.

Quanto às perguntas, vamos lá.

O beat error máximo de 0,2 é utilizado nos testes do BHI e verificado Dial up, Dial down. É o máximo. Se, ao fizer os testes, o relógio usado não se mantiver nesses padrões, você está reprovado. Está nas regras dos exames bianuais do BHI.

Quanto ao manual técnico na Omega para este específico modelo, passo os parâmetros, como escrito no manual:

Regulagem em 3 posições, mostrador para cima, coroa à esquerda, coroda para baixo.
Movimento de 28800, lift angle de 53 graus
Limite: entre - 9 e + 15 nas 3 posições
Variação máxima: 15 segundos, nas 3 posições;
Amplitude mínima mostrador para cima carga cheia: 270 graus;
Amplitude mínima após 24 horas, coroa à esquerda: 230 graus.
Com o cronógrafo em marcha: perda máxima de amplitude de 20 a 40 graus
Com o cronógrafo acionado, coroa à esquerda, após 24 horas, amplitude mínima 190 graus.



Flávio




Mauro

Flávio,

Eu entendi, apenas vim , escrevendo e tentando explicar de modo mais simples, mais tudo entendido,

Quanto ao bat error de 0,2 apenas em HH e HB, isso também é aceitável, não vai mudar , se o relógio estiver bom no teste 24 horas, apenas baixará a amplitude um pouco,

Quanto ao teu relógio e o manual técnico, foi feito o teste do seu relógio com angulo de 52 graus, se fazer em 53 graus, vai aumentar um pouquinho, mais não vai mudar muito não,

E quanto a amplitude carga cheia 270 é o mínimo , confere o que tinha mencionado, mais na minha opinião , isso serve apenas para relógio de 40 anos para lá ou casos especificos, que entrou agua ou coisa deste genero,

Mais como mencionei acima, eu usaria para controle com teste zero e vinte e quatro horas, apenas o Delta e Marcha média e claro a amplitude minima também em vinte e quatro horas,

Um abraço,

Mauro

jgaeti

Fala galera, pra ilustrar, estou postando o boletim do meu Hamilton Jazzmaster 7750 feito pelo Adriano.
Achei Excelente!!!!!! ;D ;D ;D ;D



Abs

João Gaeti

PS. Não gosto de comparar mas com relação ao Omega do Flavio, qual esta "melhor" assim digamos?

flávio

Citação de: jgaeti online 10 Fevereiro 2011 às 17:26:29
Fala galera, pra ilustrar, estou postando o boletim do meu Hamilton Jazzmaster 7750 feito pelo Adriano.
Achei Excelente!!!!!! ;D ;D ;D ;D



Abs

João Gaeti

PS. Não gosto de comparar mas com relação ao Omega do Flavio, qual esta "melhor" assim digamos?



Desempenho claramente melhor do que o meu.


Flávio

jgaeti

Caro Flávio, desculpe a minha ignorância mas por que melhor, vc poderia explicar melhor? O a média do seu é melhor que o do meu não é?
Abs

Cigano

Nossa quando uma discussão junta os caros amigos Adriano e Flávio, com certeza sai uma grande aula!!
Só que sou tão lezado que esse negócio ainda é muito técnico para mim enteder, um dia eu chego lá!!
Vou dar mais uma lida, quem sabe sai alguma coisa para im entender !!

Mesmo assim, muito obrigado por abordar o tema, sempre vejo esses resultados por aí em outros sites, e nunca entendi nada!!
Abraços,
Cigano!

flávio

Não está muito superior como disse, mas superior: veja que as variações de amplitude nas posições verticais são desprezíveis, assim como as marchas. A diferença entre a menor marcha e maior marcha também é menor do que no meu relógio. Porém, como é mesmo que olha o isocronismo aí (onde está a diferença de marcha 24 horas depois?).

Mas há coisas a serem olhadas: meu relógio estava com a espiral torta, em virtude de um tombo. O Mauro teve que desentortá-la (e desentortar espirais não e trabalho para qualquer um); minha corda precisou trocar; o relógio já possui 13 anos (muito embora com pouco uso). É provável, também, que algo se altere se eu fizer um novo teste depois de um mês de uso, pelo menos é consenso entre os relojoeiros que tudo só se "estabiliza" depois de um tempinho de uso.


Flávio

flávio

Ah, e só a título de curiosidade, para verem que é "fácil", mas não tão "fácil" assim: confiram no meu texto sobre o certificado de cronômetro os padrões e irão perceber que ambos os relógios, apesar de estarem bem ajustados, tomariam "bomba" nos testes do COSC.


Flávio

Mauro

Meus Caros Amigos,

Sim concordo que o desempenho é melhor por um olhar rápido, mais temos algo que leve em conta algumas considerações e que tem que ser ponderadas,

A impressão abaixo do JGaeti é um 7750, não sei dizer se é Cosc, apesar da ficha técnica ou  impressão estar fora do -4s a +6s/dia que é o padrão Cosc, mesmo não sendo Cosc, estou supondo,  é somente atrazar um pouco e deixar dentro das tolerâncias do Cosc, mais ai vem algo que os anos nos trazem de lição, se eu deixar o relógio ajustado com uma regulação de marcha média entre + 1 a 3 S/d , de 10 relógios consertados 5 teremos problemas com regulagens de clientes que dizem que seu relógio está atrazando, então sempre procuramos deixar o relógio com um leve adiantamento a mais,

Quanto ao relógio do Flávio, que não é Cosc , se for colocar em situação de Cosc, reduziria aquela posição que esta em atrazo para -4 e o resto iria se estabelecer dentro do parametro Cosc, 

Claro de nada adianta apenas fazer um teste , temos que ter zero e vinte quatro horas ,

Quanto ao 7750 o delta é menor sim , está com 06.2 e o do Flávio um Delta de 10. , mais como o Flávio citou , o cabelo estava bem torto e bem fora , acho que além do impacto alguém tinha deixado escapar a pinça ou chave e também tinha tocado nele , maos para um relógio que ja tinha sido aberto várias vezes e o cabelo do estado que estava, dizemos que ficou show de bola, sem sombras de dúvidas,

E quanto a amplitude , temos um 7750 X 2892 com um modulo D.D. , se não tiver o modulo com certeza a amplitude do relógio do Flávio seria no mínimo igual ou superior ao do JGaeti, pois o modulo retira entre 20 a 30 graus de amplitude do movimento, então resumindo digamos que está tudo beleza,

Um abraço,

Mauro

Citação de: flavio online 10 Fevereiro 2011 às 20:00:22
Citação de: jgaeti online 10 Fevereiro 2011 às 17:26:29
Fala galera, pra ilustrar, estou postando o boletim do meu Hamilton Jazzmaster 7750 feito pelo Adriano.
Achei Excelente!!!!!! ;D ;D ;D ;D



Abs

João Gaeti

PS. Não gosto de comparar mas com relação ao Omega do Flavio, qual esta "melhor" assim digamos?



Desempenho claramente melhor do que o meu.


Flávio

Mauro

Citarse eu deixar o relógio ajustado com uma regulação
eheheh era para ter escrito regulagem

Mauro



Aqui o tambor de corda do relógio do Flávio, a corda estava torta e roçou as paredes da tampa e do tambor, o tambor ficou o mesmo no relógio apenas trocamos a corda, isso implicaria talvés ai entre 10 a 15 graus a mais de amplitude.

Isso nos deixa claro o que um relojoeiro sem ferramenta ou sem conhecimento pode fazer com um relógio, a corda estava torta , e trabalhou por vários anos desta maneira , além de uma perda de amplitude e reserva de marcha durante anos, roçou o tambor por todo este tempo.

Att,

Mauro


flávio

Resolvi desenterrar esse tópico após receber novos relógios com boletins de marcha e ler novamente alguns tópicos na net, o livro do De Carle, etc. Também, porque recentemente surgiu um tópico sobre precisão do relógio, onde limitavam-se a aferir a marcha diária média como padrão de ajuste e "saúde" do relógio.

Como já disse aqui, um dos relógios que meu pai usa, um Seiko militar com movimento tosco 7s26 apresenta excelente marcha diária média. Mas isso não ocorre porque o relógio está adequadamente ajustado, mas por pura sorte. Provavelmente ele adianta no pulso do velho e, colocado sobre a cabeceira à noite, acaba atrasando pela mudança de posição, zerando tudo no final do dia. Isso, porém, ocorre por acaso. Em um relógio ajustado, o resultado é mais previsível, muito embora, em termos de marcha diária média, normalmente não observemos muita diferença entre algo de 100 reais e de 10 mil.

No final das contas, desenterrei o tópico para que os mais novatos tenham as seguintes noções:

- Um relógio não ajustado, na verdade foi ajustado, em uma posição, mostrador para cima. Poderia ser ajustado em várias? Sim. Poderia atingir padrões de Cosc...Bem, aí depende do projeto do relógio. Há relógios que tem potência para atingir os padrões do COSC. Outros, por questões de projeto, simplesmente não atingirão nunca os padrões, nem que o melhor relojoeiro do mundo toque no relógio.

- Nos relógios ajustados em várias posições, como o Adriano ressaltou, o melhor é olhar a variação entre máxima e mínima, que efetivamente mostra a qualidade do ajuste. Porém, na vida prática, as posições que mais afetarão a marcha diária média de um relógio são a de mostrador para cima, que normalmente é a posição em que deixamos o relógio à noite, e coroa para baixo, no caso das pessoas que usam relógios no pulso esquerdo. Não precisa ser um grande cientista para prever que, se as duas posições mostram adiantamentos muito díspares, no final do dia, tudo isso irá se acumular. Claro, depende dos seus usos. Eu, por exemplo, não deixo meus relógios de pulseira metálica com mostrador para cima na mesa, muito menos com a coroa para baixo, mas para cima! Acho que entenderam o ponto de vista.

- No final das contas, a primeira coisa que se deve observar em um relógio é a amplitude. Amplitude baixa normalmente significa deterioração de lubrificante e necessidade de revisão. Coloco aí algo em torno de no mínimo uns 260 graus em posições horizontais e 230 nas verticais. Nas verticais, a tendência do relógio é perder amplitude, pelo maior atrito do pivô com o rubi, que no caso das posições horizontais, ocorre apenas na "pontinha". E a tendência, com menor amplitude, é o relógio adiantar, porque cada tic e tac ocorrerá em um tempo menor. Claro, o projeto busca que o relógio seja absolutamente isócrono, mas isso é utopia.

- Olhar as posições horizontais é importante, como indicado por mim e Adriano, porque basicamente representam a mesma coisa no relógio. Não deve haver grande variação. Se ela ocorre, pode ser por um zilhão de motivos, como um pivô mais gasto do que outro, mais ou menos lubrificação, posição da espiral, regulador, etc...

No final das contas, em um relógio bem ajustado, quanto mais próximas estiverem as marchas uma das outras (o tal delta), melhor; quanto mais semelhante estiver mostrador para cima, mostrador para baixo, melhor; e a amplitude, a principal marca de saúde do relógio, deve estar em um parâmetro aceitável.



Flávio