Ah, fui criado em carros grandes. Galaxie e Maverick, depois um Opala. Aliás, aprendi a dirigir nesse Opala Comodoro. Meu primeiro e segundo carros foram dois Monza.
Gostou de Peugeot. Começou porque meu pai comprou um 405 e lá no final da década de 1990 era um carro bem mais moderno, mais potente, mais estável e mais confortável que todos os concorrentes nacionais. Tinha preço um pouco maior que um nacional mas oferecia quase o mesmo que um bom alemão. Não dava defeito e a manutenção não era cara. Bom carro, ficamos com ele um tempão.
Acabou que hoje tenho um 406 3.0 V6, versão "executive", top de linha. O carro tem tudo que um BMW série 3 ou quase tudo que um série 5, ou tudo que um MB classe C e quase tudo que um classe E. Tem motor de 210 cavalos, 28 kg.m de torque, 4 airbags, controle de estabilidade, controle de tração, frenagem de emergencia, direção eletro-hidráulica, sensor de chuva, sensor de luminosidade, banco com ajuste elétrico e memória para o banco do motorista conjugado com a posição dos retrovisores, entre outras viadagens que muito carro de luxo mais moderno não tem. O único opção que ele não tem, ainda bem, é suspensão eletrônica. A manuntenção deve ser um saco, e cara. Não é perfeito: o câmbio automático de 4 marchas privilegia demais o conforto, o que significa que para ter mais agilidade no trânsito urbano tem que usar o modo esportivo ou travar o cambio em primeira e segunda, já que a segunda vai até 130 km/h.
Não é barato de manter, e isso eu sabia desde o princípio. Vai fácil um salário mínimo de gasolina por mês. Já tive que trocar as seis bobinas e jogo de velas, de platina e os cambal. Ok, duram pacas, e eu podia colocar velas de 30 reais o jogo, mas queria tudo certinho, então é uma manutenção simples mas que custa bem caro.
O conforto ao rodar e estabilidade é excelente, melhor do que alguns BMW e MB e já vi mecânicos confirmar isso também. É muito confortável nesse rally que é São Paulo, mas ao mesmo tempo muito estável em curvas em alta velocidade. As rodas traseiras têm esterçamento passivo, o que ajuda muito. O resultado, só como comparação, é que o New Civic da minha mãe parece uma Kombi em termos de estabilidade perto do 406.
Sim, sim, eu sei, comercialmente, meu carro é um "casamento". Não vale nada. Tanto que o 3.0 vale a mesma coisa que um 2.0, pois brasileiro é assim, quer ter carrão mas não quer dar de mamar pro bicho, por isso ninguém quer motor grande. Todo carro usado por aí é assim, o motor grande vale a mesma coisa que o menor.
Mas mesmo com a manutenção cara, prefiro ir mantendo, pois hoje, eu não gastaria menos de R$ 95.000,00 para ter um carro equivalente. Sem chance, não posso.
Enfim, nunca tivemos em casa Peugeots pequenos, que são aqueles em que 90% do povo se baseia para opinar sobre a marca. Há quem adora, há quem odeie. Eu e minha família pelo menos, que tivemos dois sedãs grandes da marca, não temos do que nos queixar.
Não gostei do fato do novo 408 ser na verdade um 308 sedã. A série 400 encolheu. Acho que a Peugeot poderia trazer o 508 para cá.
Abraços!
Adriano