Oficial... E não é militar...

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edulpj

Oficial... E não é militar...
« Online: 08 Maio 2012 às 09:39:13 »
Nasci em São Paulo, mas tenho minhas raízes no interior. Na cidade de meu avô (Matão - SP), tinha perto da casa dele uma alfaiataria, uma sapataria, uma farmácia, uma relojoaria, uma oficina mecânica e uma barbearia... Quase todas, tinham OFICIAIS...

Lá nas primeiras décadas do século XX, as famílias por diversos motivos eram bem grandes, tinham muitos filhos. Quando a molecada tava começando a crescer, os pais logo se preocupavam em arranjar ocupação para eles, pois como se dizia, "Mente desocupada é oficina do diabo"...

Conforme o que fosse possível, principalmente os garotos eram mandados para trabalhar como APRENDIZES em empresas do tipo que citei acima. Um aprendiz de mecânico, começava lavando peças... Um aprendiz de alfaiate, começava pregando botões... Um aprendiz de barbeiro, começava varrendo a barbearia... E por aí a coisa andava.

Quando o jovem progredia no aprendizado, começava gradativamente a exercer funções mais importantes no negócio, até se tornar um OFICIAL, ou seja, alguém que APRENDEU O OFÍCIO.

Havia empresas, que NÃO PAGAVAM NADA aos aprendizes, pois entendia-se que ensinar um ofício, era algo que simplesmente não tinha valor possível de ser avaliado...

O dono da alfaiataria, começou como aprendiz... Tornou-se oficial... Como o antigo dono não tinha filhos, esse jovem enamorou-se da filha do antigo dono e tornou-se mais do que um oficial, tornou-se o filho que levou o negócio pra frente...

Histórias como essa, mostram como certas profissões surgiram e desapareceram.

Hoje, não se pode empregar crianças. Com isso, acredita-se que elas vão estudar para poderem exercer mais tarde melhores funções. Mas na prática, quando se colocava um garoto para ser aprendiz, ele NÃO FICAVA VAGABUNDEANDO PELA RUA e de quebra, aprendia um OFÍCIO que na maioria das vezes, garantia o sustento honesto e digno para o resto da vida.

Essa inversão de valores, condenou vários ofícios à extinção. Tornaram-se PROFISSÕES MORTAS...

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Offline Jmm

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Re: Oficial... E não é militar...
« Resposta #1 Online: 08 Maio 2012 às 10:16:06 »
O fato de não poder admitir jovens como aprendizes realmente condena algumas profissões. Pra essas profissões não tem escola, e se não se aprende jovem, acaba-se por dedicar a outra formação. As formações escolares de hoje, pelo sistema de ensino, são totalmente voltadas para a área industrial. Praticamente formando mão de obra substituível, peças de um sistema.
Comecei a trabalhar muito cedo, sou do interior de Minas, morei na roça até os 18 anos, desde que me lembro estive entre a lavoura e o gado, era um aprendiz no ofício de lavrador (Tomo a liberdade de dizer que é um ofício. Tem que fazer de tudo: ser veterinário, pedreiro, carpinteiro, encanador, agronômo, tem que ser uma enciclopédia. Meu pai é!). E com pouca idade ainda já dava conta. Mas sempre me dediquei à escola, formação profissional e acabei me enveredando pelas trilhas da eletricidade e trabalho com isso. Agora estou me graduando.
Vejo que onde meu pai mora, onde antes havia muita lavoura hoje exixtem sítios cada vez mais parecidos com casa de cidade. Os jovens como eu não ficam mais cuidando da terra. Esse também é um ofício que vai morrendo.

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Alberto Ferreira

Re: Oficial... E não é militar...
« Resposta #2 Online: 08 Maio 2012 às 11:01:07 »
Salve!

Caro edulpj,

Eu concordo com as suas palavras. É mesmo uma (concreta) visão dos fatos.

Mas, se você me permite,...
Como sempre, há exceções.

Neste exemplo que eu vou citar há, logicamente, uma boa carga de crítica...
A minha intenção é mesmo esta, a crítica dos nossos (atuais) costumes, pelo "exagero" (da minha colocação) e não apenas do estrito ponto da veracidade de todas as situações eventualmente nela envolvidas...

Eu falo dos profissionais do futebol.
Continuam seguindo aquele caminho (o das peladas, que alguns até levam a sério e logo depois têm filhos com elas...  ::)  :-X).  E eles são até "empregados", "contratados", com direito a "procurador" e tudo mais  (indicados por "olheiros", etc)...

Ah!
Mas não há “exploração do trabalho infantil” e eles estudam. Talvez digam alguns...
Será mesmo? Quando?  E onde? ::)

Pois é...  ::)


E,...
Tem até anúncio de banco dizendo...
"Vamos jogar bola!"

Pois é...
E se falasse em "Vamos estudar!"? Será que ganharia mais clientes?  ::)

Abraços a todos!
Alberto

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edulpj

Re: Oficial... E não é militar...
« Resposta #3 Online: 08 Maio 2012 às 12:59:42 »
O caso específico dos esportistas, desvia um pouco do eixo central. Um esportista de destaque, precisa de um TALENTO que uma ínfima parcela da população tem. Talento, é o motor de profissões de ARTE. Ofícios, são profissões de ENGENHO entretanto...

Sou profissional de Informática. Filho de pai sucateiro e fazendeiro. Trabalhando com meu pai, adquiri uma bagagem de conhecimentos e habilidades, que me habilitaram a seguir profissão de engenho.

Da mesma forma que meu pai que me pôs a trabalhar com seis anos de idade (eu desenrolava cobre em sucata de transformadores), fiz o mesmo com meus filhos. Estudavam e sempre que necessário, eu os levava a trabalhar comigo. Dinheiro nunca sobrou aqui em casa, de forma que criei meus filhos com a clara noção de que se o dinheiro é pouco, deve ser bem aproveitado.

Felizmente, os frutos já começaram a pender... Meu filho mais velho há quatro anos prestou vestibular e passou na USP. Ano passado, candidatou-se a uma bolsa do Programa Ciência sem Fronteiras e conseguiu. Está terminando o primeiro semestre na Universidade de Minnesota. Ah! Já foi contratado para um emprego/estágio de férias na Rockwell Automation.

Cometi o crime de colocar duas crianças pra trabalhar "antes da hora"... E eles são MUITO AGRADECIDOS por isso...

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Alberto Ferreira

Re: Oficial... E não é militar...
« Resposta #4 Online: 08 Maio 2012 às 14:18:03 »
Salve!

Sim,... Eu entendo o ponto, é claro.

Mas,...
Os de destaque... Não é?

E os outros milhões, que pensam que o caminho é aquele?

E que os pais continuam pondo, ou deixando, (prioritariamente) para "jogar bola", com aquele sonho em mente.

Abraços,
Alberto