Nasci em São Paulo, mas tenho minhas raízes no interior. Na cidade de meu avô (Matão - SP), tinha perto da casa dele uma alfaiataria, uma sapataria, uma farmácia, uma relojoaria, uma oficina mecânica e uma barbearia... Quase todas, tinham OFICIAIS...
Lá nas primeiras décadas do século XX, as famílias por diversos motivos eram bem grandes, tinham muitos filhos. Quando a molecada tava começando a crescer, os pais logo se preocupavam em arranjar ocupação para eles, pois como se dizia, "Mente desocupada é oficina do diabo"...
Conforme o que fosse possível, principalmente os garotos eram mandados para trabalhar como APRENDIZES em empresas do tipo que citei acima. Um aprendiz de mecânico, começava lavando peças... Um aprendiz de alfaiate, começava pregando botões... Um aprendiz de barbeiro, começava varrendo a barbearia... E por aí a coisa andava.
Quando o jovem progredia no aprendizado, começava gradativamente a exercer funções mais importantes no negócio, até se tornar um OFICIAL, ou seja, alguém que APRENDEU O OFÍCIO.
Havia empresas, que NÃO PAGAVAM NADA aos aprendizes, pois entendia-se que ensinar um ofício, era algo que simplesmente não tinha valor possível de ser avaliado...
O dono da alfaiataria, começou como aprendiz... Tornou-se oficial... Como o antigo dono não tinha filhos, esse jovem enamorou-se da filha do antigo dono e tornou-se mais do que um oficial, tornou-se o filho que levou o negócio pra frente...
Histórias como essa, mostram como certas profissões surgiram e desapareceram.
Hoje, não se pode empregar crianças. Com isso, acredita-se que elas vão estudar para poderem exercer mais tarde melhores funções. Mas na prática, quando se colocava um garoto para ser aprendiz, ele NÃO FICAVA VAGABUNDEANDO PELA RUA e de quebra, aprendia um OFÍCIO que na maioria das vezes, garantia o sustento honesto e digno para o resto da vida.
Essa inversão de valores, condenou vários ofícios à extinção. Tornaram-se PROFISSÕES MORTAS...