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A hora da Tag Heuer / Revista Dinheiro

Iniciado por automatic, 11 Agosto 2012 às 15:02:22

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A hora da Tag Heuer
A grife suíça de relógios de alto padrão dobra seus investimentos no País e se prepara para abrir uma rede de lojas próprias.

Por Bruna BORELLI
http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/92411_A+HORA+DA+TAG+HEUER


O executivo francês Jean-Christophe Babin, CEO da relojoaria suíça de luxo Tag Heuer, é um velho admirador do País, que não esconde sua atração pelo calor das praias brasileiras. Antigamente, sempre que podia, Babin trocava o frio e pacato vilarejo La Chaux-de-Fonds, na Suíça, onde está localizada a sede da empresa, pelas quentes e agitadas cidades do Brasil. Desde o ano passado, porém, um outro tipo de aquecimento, o da economia, combinado com a expansão do mercado de luxo, se tornou mais uma forte razão para suas visitas. "Quero que a Tag Heuer seja a marca de relógio de alto padrão mais lembrada pelos brasileiros", diz Babin, em entrevista exclusiva à DINHEIRO.

Jean-Christophe Babin, CEO: "É possível crescer em meio à crise
se os investimentos forem mantidos".

Para colocar esse ousado plano em ação, Babin revela, sem especificar números, que duplicou o investimento no mercado local. "Essa quantia faz do Brasil um dos países em que a companhia mais tem aumentado seus investimentos", diz ele. Parte desse montante destina-se ao investimento pesado em diferentes tipos de mídia no Brasil, ação que era feita de forma tímida até então. A abertura de uma loja própria da Tag Heuer no sofisticado shopping Cidade Jardim, na capital paulista, que deverá ser inaugurada em novembro deste ano, também está dentro do plano de ação. Até agora, os relógios da marca suíça eram vendidos somente na rede de joalherias H.Stern, representante oficial da Tag Heuer.

Segundo Babin, com a nova butique, será possível dar maior destaque para a marca, que na H.Stern disputa espaço com concorrentes, como a suíça Patek Philippe e a italiana Gucci. "Se antes os consumidores encontravam apenas alguns modelos de cada linha, agora vão desfrutar todo o nosso portfólio, nos mais diversos detalhes", afirma o executivo, exibindo em seu pulso a peça mais cara da Tag Heuer: o relógio Mikrotourbillons, da linha Carrera, que custa US$ 20 mil fora do Brasil. Com a unidade paulistana, a primeira de um plano de lojas próprias no País, os fãs da marca terão acesso, inclusive, a um modelo exclusivo da linha Fórmula 1. Produzido especialmente para o Brasil, esse modelo ainda não tem data de chegada nem preço definidos.


No pódio: o piloto escocês David Coulthard foi um dos principais
garotos-propaganda da marca no automobilismo.

Segundo Marcos Hiller, coordenador do MBA gestão de marca da Trevisan Escola de Negócios, o interesse da Tag Heuer no Brasil é mais um exemplo que reflete o bom momento que vive o mercado de luxo nacional. Tanto é verdade que os brasileiros estão entre as dez nacionalidades que mais consomem os produtos da marca suíça – isso contabilizando compras feitas em outros lugares, como Miami e Nova York, porque as vendas domésticas estão apenas no top 20. "O problema do Brasil são os impostos, os maiores do mundo", diz Babin. Para contornar essa situação e conquistar o mercado local de vez, a Tag Heuer teve que achatar as margens de lucro de seus produtos aqui.

Apesar de contar com América Latina e Caribe para ampliar de 150 lojas para 162 em todo o mundo ainda nesse semestre, a Tag Heuer não está de olho apenas nos países emergentes. "Acabei de receber os resultados de julho e tivemos um bom crescimento na Europa", diz Babin, que tem como maiores mercados consumidores os EUA, o Japão e a China, além dos países europeus como um todo. "Não é fácil, mas, desde que a gente continue investindo, dá para crescer em meio a crises." Fundada em 1860, a Tag Heuer se mantém firme através dos anos. O que nem todos sabem, no entanto, é que muito desse sucesso veio da ideia de aliar a marca ao esporte.


Casa própria: a inauguração da loja exclusiva, em São Paulo,
abrirá um novo ciclo da marca no mercado nacional.

Essa dobradinha teve início em 1992, quando a Tag Heuer – famosa por ser a primeira a registrar com precisão o centésimo de segundo, em 1916 – foi convocada a cronometrar a Fórmula 1. Hoje, apesar de cravar com exatidão as marcas conquistadas pelos atletas em várias modalidades, ainda está presente no cenário da F-1 com o patrocínio oficial do Automobile Club de Mónaco, o organizador do Grand Prix de Mônaco, além de ter os ingleses Lewis Hamilton e Janson Button como garotos-propaganda, posição já ocupada pelo escocês David Coulthard. A tenista russa Maria Sharapova e os hollywoodianos Leonardo DiCaprio e Cameron Diaz também ajudam a reforçar a imagem da marca.

"Associar uma marca ao esporte ou ao cinema é uma excelente ação, pois você relaciona a grife com vitória, fama e qualidade de vida", afirma Hiller, da Trevisan. Outra estratégia importante foi a expansão para outros setores do luxo. A Tag Heuer, que antes só produzia relógios, agora também faz óculos, outros acessórios masculinos e até smartphones. "Por que devemos assistir a grifes como Louis Vuitton e Chanel entrarem no segmento de relógios sem fazer nada?", diz Babin. Ao que tudo indica, essa audácia tem dado resultado. "Só nos seis primeiros meses deste ano, a Tag Heuer cresceu 20%. Esperamos ir ainda melhor neste segundo semestre."