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Selo de importação de relógios

Iniciado por Davi-RJ, 25 Janeiro 2013 às 22:35:58

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Davi-RJ

Vi esse artigo e achei que valia a pena compartilhar.

A fantástica fábrica de selos
25 de janeiro de 2013
Autor: Roberto Rachewsky

"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada." Ayn Rand

Em 1999, foi criada, e ainda segue em vigor, uma das mais esdrúxulas, incompreensíveis e escravizantes atividades que já se teve notícia neste país, a selagem de relógios importados.
Entenda-se por relógios, nesse caso, de acordo com a descrição kafkaniana que lhes dá o governo, aqueles medidores de tempo, de pulso ou de bolso, com caixa de metais preciosos ou de metais folheados ou chapeados de metais preciosos (plaquê) ou semelhantes que contenham maquinismos de pequeno volume compostos por dispositivos regulados por um balanceiro com espiral, um cristal de quartzo ou qualquer outro sistema próprio para determinar intervalos de tempo, com um mostrador ou um sistema que permita incorporar um mostrador mecânico. A espessura de tais maquinismos não deverá exceder 12 mm e a largura, o comprimento ou o diâmetro não deverá exceder 50 mm.

Com o alegado propósito de taxar e controlar o tráfego de relógios de pulso e de bolso, o governo implementou uma instrução normativa (SRF nº 030, de 1 de março de 1999) estabelecendo que todo e qualquer relógio importado para comercialização no Brasil, deveria receber um selo, vendido pela Receita Federal ao preço de R$13,63 o milheiro, a ser colado, manualmente, com uma substância especial, na parte de trás da caixa metálica ou plástica, onde situa-se o mecanismo do equipamento.

Não importa se o produto vier embalado e lacrado. Se assim for, a embalagem deverá ser violada e aberta para permitir que o produto seja selado e então reembalado, oportunamente.

Caso a autoridade permitir, a selagem poderá se realizar nas dependências da empresa importadora, e terá que sofrer, obviamente, fiscalização por parte dos auditores da Receita Federal, que atestarão ter sido efetivamente realizada.

O importador de relógios tem a obrigação de concluir tal selagem, até que o ponteiro das horas dos relógios adquiridos tenham completado 192 giros em torno do seu eixo, sob pena de punição, se não ocorrer neste prazo.
Fico me perguntando, mas por que raios o fisco inventou esse sistema?
Será que seremos parados na rua para verificarem se nossos relógios estão selados? Mas como o fisco identificará que estão, uma vez que o selo fica na parte de trás do relógio? Pedirão, com sua costumeira gentileza, que desafivelemos nossas pulseiras para expor o selo oficial, dando certeza que as horas que comandam nossas vidas estão devidamente quites com o erário?
Em plena era digital, onde impressoras 3D criam artefatos tridimensionais, não lhes parece possível que contrabandistas falsifiquem os selos para iludir as autoridades?

A norma se torna ainda mais ridícula, ao saber-se que estão dispensados dos selos, os relógios introduzidos no Brasil por um dos seguintes caminhos:
a) importados pelas missões diplomáticas e repartições consulares de carreira e de caráter permanente ou pelos respectivos integrantes;
b) importados pelas representações de organismos internacionais de caráter permanente, inclusive os de âmbito regional, dos quais o Brasil seja membro, ou por seus integrantes;
c) introduzidos no país como amostras ou como remessas postais internacionais, sem valor comercial;
d) introduzidos no país como remessas postais e encomendas internacionais destinadas a pessoa física;
e) constantes de bagagem de viajantes procedentes do exterior;
f) despachados em regimes aduaneiros especiais, ou a eles equiparados;
g) integrantes de bens de residente no exterior por mais de três anos ininterruptos, que se tenha transferido para o País a fim de aqui fixar residência permanente;
h) adquiridos, no país, em loja franca;

Inacreditável!

Porque os importadores honestos são penalizados com tão pesada burocracia? Não é suficiente já terem sido taxados com a exorbitante carga de impostos incidentes?
Relógios importados, como anteriormente descritos, pagam para serem liberados pela aduana brasileira, ou seja, apenas para cruzarem a fronteira fiscal, aproximadamente 92% sobre seu valor original, acrescido do frete. Incidem sobre o custo destes produtos, 20% de imposto de importação, 20% de imposto sobre produtos industrializados, 1,65% de PIS, 7,6% de Cofins, 17% de ICMS. E mais, se a carga vier por via marítima, pagará ainda, 25% sobre o valor do frete sob o título de Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante.
Não satisfaz ao fisco saber que todos estes impostos foram pagos antecipadamente? Na importação, os impostos federais são debitados diretamente da conta bancária do importador.
Os indivíduos tem ainda que realizar esta ultrajante tarefa de colar pedacinhos de papel, um-a-um, manualmente, nos milhões de relógios importados para o nosso país.
Mas o fisco não é um carrasco dos brasileiros, ele pode ser muito generoso permitindo que o trabalho com esta burocracia exasperante seja exportado.
Os relógios podem ser selados no exterior!
Basta o importador adquirir com antecedência os selos, solicitar permissão para exportá-los, e lá se vão os tais papeizinhos para que chineses, japoneses, coreanos, italianos, holandeses ou suíços, executem tão edificante trabalho.
Esse método arcaico e contraproducente de controle é de eficiência próxima de zero. Sua vigência tem que ser imediatamente revogada pelos legisladores de plantão.
Não sendo revogada, comprovar-se-á que, para os estatistas, toda hora é hora de infernizar a vida alheia, e o momento sublime culmina quando a fantástica fábrica de selos entra em funcionamento.

Fonte:http://www.imil.org.br/destaque/a-fantastica-fabrica-de-selos/

Adriano

Até que enfim alguém falou sobre isso!

Eu acho incrível que o fisco, em pleno ano de 2013, controle seus "reféns" por um método tão medieval quanto uma porcaria de um selo que qualquer zé ruela imprime no fundo de um quintal. O que quero dizer é que, como, um método tão frágil e sujeito a fraudes, pode controlar alguma coisa? Como isso basta para garantir que o IPI foi recolhido?

Quero dizer, se a porcaria do selo descolar e cair, já era: em um segundo, o revendedor passa de honesto a criminoso. Por causa de um selo mal colado. Se a fiscalização abaixa na loja do cara e acha um relógio sem o puto do selo, já era.

E quando precisa trocar bateria de um relógio de estoque? Ai da assistência técnica se perder o maldito selo no manuseio. E quando, por qualquer razão, também tem que se polir o raio da tampa do fundo? E quando o lojista vende, e por alguma razão o cliente devolve, sem o selo?

Agora saindo da parte "burrocrática", vou para o lado técnico. Hoje, usam uma cola tão fraca que o selo sai com o vento. Mas não há muito tempo, usavam uma cola que devia ser uma coisa produzida no inferno. O selo não saía por completo e a cola, menos ainda. Tem relógio aí de uns 10 a 20 anos que mesmo depois de usado diariamente por todo esse tempo, tá com a cola impregnada ainda. Especiamente nos sulcos dos desenhos da tampa do fundo, como o Seamonster e os observatórios dos Constellation. E quando vai se polir, às veze sai, para se descobrir que a cola diabólica manchou o aço inox e/ou criou pequenas crateras de corrosão.

Ou seja, a Patek faz lá sei relógio perfeito, com selo de Genebra ou selo Patek, impecável, imaculado, para quando chegar no Brasil, meterem um selo de IPI nojento com a cola do satanás?

Às vezes me canso de viver em Cuba... ou seria na União Soviética? Seria na Coréia do Norte? Ah não, é no Brasil mesmo.

Abraços!

Adriano

Jmm

Citação de: Adriano online 26 Janeiro 2013 às 00:37:25
...

Às vezes me canso de viver em Cuba... ou seria na União Soviética? Seria na Coréia do Norte? Ah não, é no Brasil mesmo.


E o governo se vangloria pela redução da tarifa de energia elétrica.
Isso é um absurdo, a redução está prevista desde a concessão de cada usina!

Mas o que isso tem a ver com selo de importação de relógios? Os diretores do espetáculo são os mesmos.

FALCO

Eu comprei um Speedmaster, na década de 90, Top Time, ele veio com o selo de IPI colocado sobre um calanguinho que vem desenhado no caseback, deve ter resto de cola até hoje nas reentrâncias, quase 20 anos depois.
FRM: contra argumentos, não há fatos !!!

Betocd

Citação de: Adriano online 26 Janeiro 2013 às 00:37:25


Às vezes me canso de viver em Cuba... ou seria na União Soviética? Seria na Coréia do Norte? Ah não, é no Brasil mesmo.

Abraços!

Adriano

E' Adriano... Concordo em genero, numeor e grau com vc....

Uma das coisas que mais me cansa nesse pais e' essa BuRRocracia Stalinista Comunistas a que somos submetidos.....
Da um desanimo enorme...

Depois querem falar em crescimento, aumento de producao, competitividade internacional... Humpf....

Abs,

Roberto

Alberto Ferreira

Eu concordo com o Falco e, digo mais, eu acho que o "segredo" da coisa está na cola... Esta sim, (quase) "eterna".

Mas eu falo sério.
Alguém já tentou tirar o maldito "selinho", com sua cola "impostora".

Alberto

Paulo Sergio

Nos modelos novos até sai fácil Alberto!!!
Nos velhos, sem esperança... vi poucos, mas com danos à tampa!
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Alberto Ferreira

::)

;D ;D ;D

Pois é...
Mais um problema, básico, para os "vintageiros".  ;)

Mas...
O pior é nós lermos em certos anúncios... Como se fora uma espécie de "atestado"...

"Ainda com o selo no fundo."
;D ;D ;D

Abraço!
Alberto

Paulo Sergio

É que "selo", seja ele qual for, virou moda ser "enaltecido"!!! ;D ;D ;D ;D ;D
Abraço
Paulo Sergio
Abraço
Paulo Sergio

Carbonieri

a Geise Arruda disse que colocou o selinho de volta na tampa do relogio dela...
sic transit gloria mundi

Sifion

Eu tive com um em mãos hoje com esse selo de IPI vermelho.

Estragou o fundo inteiro do relógio!!! Cola pra tudo quanto era lado, uma p***ria só o fundo do relógio. Triste

flávio

Meu Longines Avigation veio com o selo e algo mais, um "arranhado" tosquérrimo "PZFM" na tampa traseira. Quem os caras queriam enganar? Colocaram o tal PZFM tão perto do número de série que, quando pedi para polir, o relojoeiro não deu garantia de que não pudesse tirar parte do número, escrito a laser (uma porcaria inventada pela indústria). Resumo: lá se foi o primeiro algarismo do número de série e, finalmente, pedi para tirar tudo. No final das contas, meu Longines Avigation não tem mais o número de série, a não ser no certificado. >:(

Mas o tal selo veio pregado no plástico do meu tosquérrimo Swatch Automatico ainda com levees em rubis (primeira série. Nunca deu nada em 15 anos! Fantástico! Amplitude baixa? Vá! O troço nem é lubrificado, acho que por isso funciona bem até hoje). Quando tirei, tive que mandar polir o fundo em plástico transparente, pois no local onde estava o selo, o relógio "derreteu", literalmente!

Flávio

Alberto Ferreira

Pois é...

Nos de plástico, só polindo mesmo.
E mesmo assim com sorte...   Pois eu já vi o fundo quebrar naquele "derretimento", na tentativa um pouco mais "enérgica" de tirar.

A tal cola como que interage com o acrílico do fundo e depois de um certo tempo, bau-bau.

Alberto